Capítulo 32.

“OS IMPREVISTOS DA VIDA SÃO COMO UMA NUVEM. ÀS VEZES VEM BRANCA, LIMPA. ÀS VEZES VEM NEGRA, CARREGADA... MAS ATRÁS DELA SEMPRE HAVERÁ UM CÉU AZUL.” – Jade Ohara Mesquita

PDV Edward Cullen

- Não, mãe. Hoje não. Vamos ficar em casa.

- Tem certeza, filho? Eu posso preparar o prato preferido da Nessie.

- Obrigado, mãe. – eu ri – Mas vamos deixar para outro dia. Quero ficar em casa com elas essa noite.

- Ok. Mande um beijo para elas então. Se cuide, meu filho.

- Sim, mãe. Tchau.

Desliguei o telefone e entrei no elevador da empresa. Minha mãe ligou para nos convidar para jantar na casa dela esta noite, mas recusei. Embora Bella, Nessie e eu adorássemos passar um tempo com a família, não queria fazer isso hoje. Queria ficar com elas em casa. Talvez um banho de banheira para nós três, muitas brincadeiras, beijos, conversas... eu queria um tempinho com minha família; isso não era pedir demais.

Saí do elevador e fui até meu carro na garagem do prédio. Liguei o Volvo e saí com pressa para chegar em casa. O movimento não era grande, a cidade parecia calma nesse fim de tarde e isso facilitou meu trajeto. Cheguei em casa em menos de meia hora.

O porteiro do prédio me cumprimentou normalmente e subi para meu apartamento. Teria que comprar uma casa logo, Nessie precisava de espaço para brincar... Achei que entraria no apartamento e ouviria as gargalhadas de Nessie assistindo um desenho na televisão ou o som do rádio ligado e Nessie dançando balé na sala como ela fazia sempre ultimamente... ou, quem sabe, eu entraria e ouviria o barulho das duas no banho ou então Bella mexendo com alguma coisa na cozinha.

Nada.

Silêncio.

Mortal.

Frio.

Assustador.

Negro.

Um silêncio absurdo que gelou meu corpo todo. Alguma coisa estava errada. Agora eu sentia isso. Não era normal elas estarem em casa sem fazer barulho. Isso quer dizer que pela falta de barulho não há ninguém em casa! Então, elas estão em algum outro lugar. Mas isso também não faz sentido já que Bella sempre avisa quando vai sair.

Minha primeira reação foi conferir nos quartos caso elas estivessem dormindo. Nada. Claro que não estavam, eu já tinha sentido que elas não estavam em casa.

Peguei meu celular e liguei para o número de Bella. ‘Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens e estará sujeita a cobrança após o sinal.’

Direto na caixa-postal. Isso me apavorou. O telefone poderia estar sem bateria, poderia estar desligado, fora de área ou sei lá que outra opção... mas minha mente imaginava as piores situações, as piores opções. Sem ter pra quem ligar, disquei o número da casa da minha mãe.

- Olá.

- Mãe! Bella está aí?

- Não, Edward. Por quê?

- Ela passou por aí hoje? Disse aonde ia?

- Ela não veio aqui hoje, filho. Também não falei com ela. Aconteceu alguma coisa?

- Não sei, mãe. – passei a mão pelos cabelos – Elas não estão em casa. Já liguei no celular dela, mas não funciona.

- Devem ter dado uma saidinha rápida, filho. Espere um pouco, devem voltar logo. Se conseguir falar com ela ou ela vier aqui, te ligo.

- Ok. Obrigado, mãe.

Desligamos, mas minha ansiedade não seria capaz de esperar para ver se elas chegariam. Tentei outra vez o celular de Bella, mas deu a mesma coisa. Liguei para Claire então.

- Oi, Edward. – atendeu feliz – Como vai?

- Oi, Claire. Bella está com você?

- Não. Por quê?

- Estou tentando falar com ela, mas o celular não funciona.

- Ah, ela deve estar em algum lugar onde a rede não funciona direito. Logo deve estar em casa.

- É. Vou esperar. Se falar com ela, peça pra me ligar.

- Aham. Beijos. Tchau.

Nada. Claire também não sabia sobre Bella. Liguei para Rosalie e Emmett, Jasper e até para o trabalho de Bella. Ninguém sabia do seu paradeiro. Na escola, ninguém atendia porque já estava fechada. Outra vez aquela sensação de pavor tomou conta do meu corpo. Atirei-me no sofá e fiquei pensando onde mais elas poderiam estar. Meu celular tocou.

Olhei o visor e apareceu um número que eu não conhecia. Comecei a respirar com dificuldade.

- Alô. – atendi com urgência, a respiração difícil e rápida – Quem fala?

- Edward Cullen? – a voz pediu.

- Sou eu. Quem está falando?

- Não importa. O que você precisa saber é que sua mulher e sua filha não irão voltar pra casa hoje.

- Quem é você? Onde elas estão? – gritei.

- Eu sou alguém que está cumprindo ordens apenas. Pediram que eu ligasse e é isso o que estou fazendo. E onde elas estão? Bem, elas estão longe daqui. Esqueça as duas porque você nunca mais vai ver elas.

- Ei! Seu desgraçado!

A ligação caiu. Ele desligou. Tentei ligar de volta pra ele, mas o telefone já estava desligado. Me apavorei. Elas foram sequestradas. Só podia ser isso. Não havia outra explicação para o sumiço delas e ninguém saber onde estavam.

Apaguei as luzes do apartamento e desci as escadas correndo, não teria tempo para esperar o elevador chegar. Peguei o carro e tentei mais uma vez no celular da Bella, mas não consegui nada.

Liguei para Emmett, precisava de ajuda.

- Fala, cara. – ele disse.

- Emmett! Rosalie está perto de você?

- Não, por quê?

- Ótimo. Preciso da sua ajuda.

- Onde você tá, Edward?

- Tô dirigindo, nem eu sei pra onde tô indo. – eu disse e desviei de um carro e buzinei.

- Edward, não pode ficar no celular e dirigir. – Emmett repreendeu como todo irmão mais velho faz.

- Fica tranquilo, eu sei me cuidar. Olha, preciso que você me encontre na delegacia.

- O que você aprontou, cara? Bella já sabe disso?

- Não aprontei nada. E se isso fosse significar ter a Bella aqui, eu preferia ter aprontado e ser preso.

- Para de falar em código e me diz logo o que aconteceu!

- Bella e Nessie foram sequestradas.

Falei e ele ficou mudo. Continuei andando e desviando de alguns carros porque eu não podia esperar. Se levaram mesmo elas pra longe de mim, eu precisava agir rápido e encontrá-las.

- Edward, você tem certeza disso?

- Emmett, eu já procurei elas em todos os lugares possíveis. Ninguém sabe o paradeiro delas. Elas não estão na casa de ninguém que eu conheça.

- E por que não liga pra ela?

- E você acha que eu já não tentei fazer isso?! – gritei embora ele não tivesse culpa de nada – Desculpe. Mas eu tô preocupado, Emmett. Não consigo falar com ela no celular e recebi uma ligação dizendo que elas estão longe e que nunca mais vou vê-las.

- Ok. Eu te encontro na delegacia em dez minutos.

- Obrigado.

Desliguei e respirei aliviado. Emmett era uma criança quando queria, mas também sabia ser sério e agir rápido quando necessário. Eu tinha até medo de pensar nas possibilidades de quem fez isso. Alice foi a primeira pessoa em que pensei, mas eu não posso acusá-la sem ter certeza.

Parei num cruzamento e aproveitei pra discar o número de Alice. Há muito tempo eu não falava com ela.

- Edward? – pediu esperançosa – É mesmo você?

- Sim, sou eu.

- Está tudo bem? Por que está me ligando?

- Alice, não quero criar problemas e nem te acusar do que não fez... mas você falou com a Bella hoje?

- Não vi ela.

- Tem certeza?

Voltei a andar pela rua, com pressa de chegar à delegacia. Tinha um caminhão na minha frente e eu não tinha paciência pra esperar. Dei uma buzinada pra ver se ele se afastava para que eu pudesse ultrapassar.

- Eu não quero acreditar nisso, Alice, mas Bella sumiu. E Nessie também.

- Quem sabe ela resolveu deixar você em paz.

- Alice! – gritei e dei sinal para o caminhão de que iria ultrapassá-lo – Eu não quero ouvir você falar desse jeito. Eu acho que elas foram sequestradas e infelizmente acho que você tem algo a ver com isso.

- Edward, eu queria algo melhor pra você, mas...

Desviei do caminhão enquanto ela dizia essas palavras. Uma luz forte cegou meus olhos. Uma buzina foi acionada ininterruptamente e eu não pude fazer nada. Um carro colidiu contra o meu. Ouvi o grito de Alice. Senti o impacto da batida. O carro rodopiou e capotou. E ouvi um estouro. Depois tudo se apagou.