- Calma, eu estava apenas fazendo o curativo – levantei o pé para ela e ri

- Você quase nos matou – falou me fuzilando e eu ri. Olhei para os uniformes e estavam bem legais e estranhos, é.

- Ficaram legais os uniformes, ótimo trabalho – sorri vendo o da Eve que tinha três estrelas de ouro coladas nas laterais dos ombros da jaqueta, não querendo esconder que foi a melhor aluna a três anos seguidos

- A diretora deixou você mudar de idioma?

- Não

- Eu tentei trocar de idioma ano passado e ela não deixou – a Samatha comentou – Eu queria ir para o alemão, mas eu continuei em espanhol. Mas esse ano eu estou estudando alemão - comemorou e rimos

- Vocês conhecem Luke, amigo do Chaz e do tal Bieber? – perguntei a fim de saber mais sobre o garoto

- Não sei – respondeu a Holly

- Parece que ele é o colega de quarto deles – uma delas falou – Novo amigo do Justin – outra comentou – Ele é muito lindo – eu disse que elas eram meio vadias... - Mas porque você quer saber sobre ele? – riram com a insinuação

- Não, é que, ele parece ser um cara legal – falei e todas soltaram gritinhos e eu ri

- O Bieber não conseguiu acertar o alvo, mas o amigo dele conseguiu – colocaram lenha na fogueira

- Não é nada disso, certo? É que ele não parece com o tipo do Bieber. Quando eu estava voltando, eu me encontrei com eles e ele me pareceu diferente dos outros, foi só isso. E sem falar que ele esta na turma de espanhol, mas queria esta na de francês. Trágico – as repreendi e a minha barriga roncou para acabar com esse assunto

- Acho que você vai ter que vestir uma roupa apropriada já que seus planos para o começo de noite não vai funcionar – ironizou.

O desejo do meu estomago é uma ordem. Vesti um jeans rasgado, um all star surrado e uma blusa com a estampa do Pink Floyd. Desarrumei um pouco o cabelo que ainda estava molhado e elas me arrastaram para fora do quarto.

- Legal a sua blusa – a Samatha me elogiou

- Você gosta do PFloyd? – perguntei a ela com um sorriso no rosto

- Muito – deu um meio sorriso para mim e eu sussurrei um “legal”

- Será que já serviram o jantar? – perguntei por que minha barriga roncou outra vez e elas riram – Eu sempre fui muito bem alimentada, certo? – as cortei com gozação e sai correndo ate o refeitório, não iria chegar nunca se continuasse naquele ritmo.

Peguei a bandeja e escolhi o tipo de macarrão para o spaguetti, peguei um pratinho e coloquei bacon, calabresa, muito queijo; depois fui ate à senhora para ela preparar a minha belezinha com molho branco, esperei alguns longos minutos ate ficar pronto, voltei e coloquei batata palha e escolhi um suco de uva. Sentei a mesa e comecei a comer meu spaguetti em silêncio enquanto todo o refeitório atirava palavras como uma metralhadora fazendo um grande barulho.

- Parece que o Bieber aprontou de novo – comentaram em minha mesa – Com a nossa vizinha de quarto – olhei assustada para a Eve, Samatha e Millie - Não, não, elas não. Uhuum, o outro quarto vizinho – aliviei minha expressão

- Ela é legal? Quem é ela? – perguntei

- Sim, Dianna, 18 anos - Millie respondeu com calma

-Ela é legal e burrinha não é? – gargalhei e elas me olharam como desprezo – Eu vou acabar virando fã desse cara, ele conseguiu enrolar uma garota mais velha – ri mais ainda e todos me olhavam estranho

- Você é idiota – Ruby cuspiu as palavras na minha cara.

- Tanto quanto você é esperta – mandei um olhar acompanhado com um sorriso irônico

- O amor deixa você bobo – ela disse

- Não, você já era bestinha antes de amar o Justin, tenho certeza, porque se não fosse nunca teria cometido a burrada – ela e as outras me fuzilaram com os olhos

- Você é tão babaca que acha que pode mandar no coração – ela disse – Eu não sou bestinha tiro boas notas – retrucou a mesma

- A inteligência não te leva para frente se a esperteza não acompanha-lá  - Soltei um beijinho no ar

- Vamos acabar com isso, vamos? - a Holly tentou colocar a ordem – Vocês sabem da ultima? – falou animadamente

- Odeio fofoca – falei em um sussurro virando o rosto para o lado

- Não parece – ela me cortou

-Nem tudo é o que parece ser – a cortei

- Cala a boca – falou brava

- Vadias não me mandam calar a boca – cuspi as palavras em  um tom baixo com o olhar desafiador

- Porque você não se mata? – perguntou se levantando

- Porque alguém já está fazendo isso por mim – falei em um sussurro, mas que elas pudessem ouvir.

O maldito telefone tocou e eu atendi. Eu agora ouvia ruídos mais altos, parece que minha cabeça pode explodir a qualquer momento. Soltei um grito fino pela pontada forte que eu senti na cabeça e logo em seguida dei outro ao senti outra pontada perto da minha cicatriz; cai no chão e dessa vez eu me contorcia de dor e soltava gritos quase sem som.

Sem pudor algum a dor toma conta do meu corpo, pontadas vão invadindo sem permissão o templo de minha alma; Os ruídos ecoam na minha nave mãe e controla tudo o que eu sou. Alguém tem poder o suficiente para esmagar um ser sem culpa de forma que possa ser castigado de maneira trágica. Dês do psicológico ao físico. Existe o poder que vai matando sem pressa cada célula que me forma.

Todos os sentidos foram se acalmando em curto tempo; Pude sentir meus braços em contato com o chão gelado, meus olhos voltando ao seu foco normal, minha língua descansar; meu coração bater devagar quase parando, mas minha respiração ainda descompassada.  Eu ainda posso sentir os efeitos de sempre.

Peguei uma toalha limpa, minha maleta e um pijama; Entrei no banheiro liguei o chuveiro, caso as garotas chegarem acreditar que eu estava tomando banho, peguei minha gilete e fiz um corte bem maior que o normal no meu braço, eu sem pensar duas vezes coloquei a boca ali e joguei a lamina em algum lugar, consegui sugar um pouco de sangue e o fazer descer ardendo pela minha garganta; mas logo voltando com tudo o que eu comi pelo dia; cai de joelhos em baixo do chuveiro ainda forçando a saída de tudo o que estava no meu estômago ate sair um pouco de sangue; joguei a roupa que eu estava em qualquer lugar do banheiro, sentei no chão e minha respiração era descompassada; deixei que a água me lavasse por completa, e que ela mesma fizesse o sangue que ainda escorria pelo meu braço cessar, mas pelo visto eu estou querendo demais. Fiquei em baixo do chuveiro por alguns instantes, levantei mais sã e olhei para o corte em meu braço, meus curativos não dariam jeito nele, a única coisa que eu conseguia pensar era em “que merda!”. Ouvi a porta bater que deveria ser as meninas, eu preciso ir à enfermaria e elas não me ajudariam se eu não contasse o que aconteceu.

Peguei qualquer coisa de vidro que estava em cima do armário, e joguei com muita força contra o chão e em seguida soltando um falso grito de dor.

- Vinny você esta bem? – ouvi o grito de apreensão da Holly

Vesti o pijama rápido e coloquei a toalha molhada sobre o corte, sai do banheiro fingindo um falso choro. Apenas mostrei o grande corte em meu braço e logo a boca das duas se formaram em um perfeito O.

- Temos que ir a enfermaria. Troca de roupa agora a gente vai te leva lá. Vai rápido, isso tá muito feio – troquei de roupa e saímos do quarto.

- Segundo desastre de hoje – Ruby soltou a piada sem me olhar enquanto andávamos pelo corredor

- Me desculpe pelo que houve mais cedo – fitei meus pés

- O que? – perguntou

- Me desculpe, eu não queria falar aquilo. É que eu odeio ser desafiada – disse ainda rude

- Me desculpe também, eu não devia ter mandado você se matar

Grande merda, suas desculpas não mudam em nada sua vadia – falei em pensamentos

- Certo – a respondi

Chegamos à enfermaria e a senhora abriu a boca ao ver meu corte enquanto eu sentava na maca.

- Como isso aconteceu? – perguntou

- Eu passei meio mal depois que eu jantei, fui ao banheiro e vomitei. Quando eu fui pegar minha pasta dental eu acabei escorregando onde estava molhado ai eu bati no armário e o vidro caiu e pegou no meu braço – tentei fazer parecer verdade. Ela me olhou meio desconfiada

- Esta bem. Mas isso vai levar pontos – assenti com a cabeça.

Ela fez algumas coisas no meu braço e eu gritava de dor.

- Não tem nenhum caco de vidro no seu braço, sorte – eu tentei um sorriso

 Claro que não, eu não me cortei com vidro, me cortei com a gilete e você sabe disso– pensei

- Você dar lhe um atestado, não precisa ir à aula amanhã. Só descanse, pois pode inflamar infeccionar... – eu assenti com a cabeça com desdenha com o que ela tinha para falar – Pode ir – agradeci e me pus de pé

- Vamos? – saímos de volta aos corredores – Eu soube que aqui tem uma sala de ginástica, é verdade? – perguntei

- Tem sim, mas por quê? – perguntou

- E fica aberto o tempo todo? – perguntei, eu preciso descontar a minha força extra em alguma coisa e que se dane o meu machucado

- Sim. Você não esta pensando em ir fazer exercícios em uma hora dessas neste estado, não é?

- Claro que não – respondi atrevida sem olhar nos seus olhos

Deitei na cama fingindo dormir. Após elas dormirem, troquei de roupa peguei uma mochila qualquer e coloquei o DVD portátil, discos, toalha, maletinha e peguei uma garrafinha d’água e joguei tudo dentro. Sai de fininho.

Entrei na sala e parece que costumam frequentá-la com frequência. Enfaixei o pulso e a mão esquerda, porque não consigo fazer o mesmo com a direita, relevemos. Preparei Jogos Mortais 2  para assistir. Eu socava o saco de pancada como se eu estivesse lutando com um gigante e estava sendo uma luta dolorida se você quer saber, mas que não durou muito ate alguns garotos chegarem e me fitarem com uma cara de “paradoxo”.

- Oi? – falei

- Você é uma garota? – um deles perguntou espantado

- Eu acho que sim – o respondi com tom irônico

- Nossa. Mas, você gosta de garotos? – desconfiou

- Garotas gostam de garotos

- Certo.  E o quê uma garota faz na sala de academia em uma hora dessas? E no saco de pancadas?

- Descarregando as energias – dei um sorriso sarcástico

- Sou Joe e esses são Devon e Santiago

- Vinny – sorri – se você não se importa, eu vou voltar ao que estava fazendo, certo?

- Porque só uma mão esta enfaixada?

- Não consigo enfaixar a outra, mas enfim – disse

- Como eu sou um bom garoto eu vou te ajudar – puxou minha mão ate onde estava a maletinha e a enfaixou – agora pode voltar a bater no seu saco

- Obrigada – sorri em agradecimento e recebi outro em troca. Logo os três tiraram suas blusas deixando seus belos corpos em forma a amostra.

-Ei, ei, ei, o que é isso? Será que dá para colocar a blusa de volta – perguntei meio assustada. Riram

- O quê? Por quê? - se divertiram

- É que não é muito sensato três garotos ficarem sem blusa na frente de uma garota – riram e colocaram a blusa de volta

- Você esta assistindo Jogos Mortais? – perguntaram

- 2 – respondi

- Você não é normal – balançou a cabeça negativamente e riu fraco.

- Eu nunca disse que era - soquei o saco e soltei um “ai” forte

- O que aconteceu com o seu braço?

- Uma coisa boba

- Seja lá o que tenha acontecido esse machucado está feio e se você ficar forçando vai ficar uma coisa horrenda e ninguém vai achar seu braço sexy – o olhei com cara de “wut?” – Qual é? Seu braço é legal! – balançou a cabeça negativamente

-Quem acha um braço sexy? Você não é normal – disse e dei um gole na garrafa d’água

- Eu nunca disse que era – respondeu na mesma moeda soltando uma piscadela e eu sorri mostrando os dentes

- Então, vocês querem assistir o filme? – perguntei

Assistimos ao filme e depois, muito cavalheiros, eles foram me deixar no meu quarto para garantir que eu chegasse com segurança. Joguei a mochila em qualquer lugar e tomei um banho com cuidado para não magoar o machucado, deitei na cama e eu não digo que passei uns cinco minutos para dormir porque é muito.

- Vinny! Vinny acorda! – acordei com a Ruby me estrangulando e a metralhei com o olhar – O que você fez ontem à noite depois que dormimos? 

- Você se preocupa demais – falei a encarando

- Se você não faz isso por você, alguém tem que fazer – sentou na cama e eu mexi freneticamente os pés, ainda debaixo da coberta, para que ela levantasse da minha cama

- Sai da minha cama sua feia – disse como uma criança mimada com cara de choro

- Mal criada! - exclamou

- SAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI – gritei e uma lagrima escorreu pelo meu rosto. Eu sou meio boba quando me acordam e eu choro quando fico estressada.

- Você vai para aula, neném da mamãe – perguntou fazendo biquinho

- Vou

Arrumei-me e enquanto tomava banho as duas ficaram com gracinhas.