Asas negras escrita por Veneficae


Capítulo 24
Traição - parte 3




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Coou na minha mente como eco em uma caverna. Estremecer era apelido. Então a adaga perfurou meu peito numa afiada chama de vingança que atingiu sobre mim. Senti ela tocar meu coração e fazê-la explodir em sangue - bom, eu não podia ver, mas imaginava. Meu corpo mais do que tremeu, indescritível! Senti algo saindo de mim e empurrando Ckipton para longe de mau corpo. Obriguei meus olhos se abrirem.
Eu ri.
Ainda estava viva.
A adaga ainda estava enfiada em meu peito, mas logo se desfez. Virou pó. Era uma luz branca que tinha empurrado Ckipton, e depois sumiu. Era como se... se eu tivesse morrido e voltado a terra de novo, só que viva. Ofeguei, surpresa por não ter um ataque aquela hora. Teria me curado? Acho que não. Pouco provável.
Mas ele não parecia ter sofrido nada, não fisicamente. Eu sabia que anjos não se machucavam - pelo menos, segundo os livros. Toda aquela parafernalha do Moinho estava todo quebrado. Não ia funcionar tão cedo.
A porta se abriu num baque - quebrando tudo pela frente.
Agora duas asas negras estavam no meu campo de visão.
- Cai fora, traidor! Nunca poderá mata-la! Sabe disso. - gritou Kyle jogando Ckipton para fora do Moinho, mas ele não caiu no chão pela força como pensei. Conseguiu cair de pé e deu o fora. Foi tudo tão rapido que numa piscada perdi uma parte.
Não entendi o nunca poderá mata-la.
Ckipton e qualquer anjo caido podia me matar na hora. Era estranho ele não ter conseguido. A adaga simplesmente sumiu, quer dizer, virou pó. Algo que ele não tinha planejado tinha acontecido.
Kyle correu até a mim - ainda com as asas cinza-escuro para fora - e aninhou-me com seu braços.
- Está bem? - perguntou num tom mais do que preocupado.
- Estou, claro. Pelo menos não morri.
Havia divertimento em minha voz, mas ele não riu.
- Isso não é brincadeira Aure. Sorte que você é batizada.
- Por quê?
- Quando se batiza, protege a alma. Não que antes a sua estava indefesa, mas... - olhou para fora. - É melhor irmos. Outro dia eu te explico.
- Por quê?
- Chega de "por quê" Aure. Vamos! - Me carregou no colo e alcançou voo. Com um pouco de dificuldade - percebi -, mas foi o bastante para nos tirar dali antes que a policia chegasse. E a ambulância também.
O Moinho estava misteriosamente pegando fogo.
Um cheiro de carvão queimado incomodou meu nariz, vinha do incendio. Por quê Kyle tinha botado fogo? Fora por causa de algo que perdi naquela piscadela? Foi tão rápido assim? Devia ser importante. Mas não acreditei em mim mesma que estava pensando naquilo, e não em que estava voando! A sensação era boa... leve... flutuante...
Mas antes que a minha mente pudesse absorver as coisas e transforma-las em palavras para descrever - Kyle pousou. Ele estava aliviado, mas ainda parecia preocupado. Estávamos em frente de casa.
Kyle esperava minha possível pergunta.
- Por que o incêndio? - comecei.
- Para não encontrarem as asas.
- O que?! - meu grito foi o suficiente. Ephane, Joanne e Athos saíram na hora de casa até nós.
Asas, ele tinha arrancado as asas de Ckipton.
Não sei, mas isso me chocou. Talvez por isso que ele estava tão contido e preocupado comigo.

Estava preocupado de ter me horrorizado. De ter me assustado. De me perder, de eu fugir depois disso. É. Eu estava sim, não horrorizada, mas assustada.  
...elas especificamente não podem ser tiradas - mas se você tentar ou matar uma pessoa, sim...
Eu não ia fugir.
O batismo tinha salvado-me da morte.
A tentativa de morte tinha dado a chance de arrancar as asas.
Mas Ckipton não podia morrer.
Ele ia voltar.


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