Absurdité escrita por Sayami


Capítulo 1
Regardez-moi


Notas iniciais do capítulo

OHISASHIBURI~
Quanto tempo nao passo por esses N quadrados brancos pra postar no nyah xD
Entao, essa fic é de meses atrás e só agora consegui postá-la, pq só agora ela ganhou um nome e uma capa xD
Quero agradecer a minha seme linda, Kurou, pela capa igualmente linda S2~~ E as minhas amigs da faculdade q leram :333
Espero q gostem~ Pq eu to cheia de moes por esse casal *ngm reparou, né?*
ENJOY~~~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/170570/chapter/1

Tinha certeza de que não conseguiria falar com ele.

Aquilo me chateava tanto que não conseguia mais sustentar meu sorriso por muito tempo.

Mas o que me chateava mais, não era o fato de não estar recebendo um pingo de atenção dele. Era o fato de eu estar agindo como alguém mimado e egoísta.

Como eu realmente sou.

Desviei de mais um ou dois fotógrafos com um sorriso gentil. Meus olhos doíam com tantas luzes em todos os lugares possíveis daquele salão.

Caminhei até meus superiores, ainda sustentando um sorriso que tornava minhas palavras formais ainda mais melodiosas.

Sim, sim, dor de cabeça. Estava me retirando mais cedo. Perdão pela indelicadeza. Estaria cedo na gravadora amanhã sem falta.

Reverência.

Cuidado para saia não levantar.

Esqueça o cansaço, a dor de cabeça e trate de se equilibrar nessas botas até o camarim.

Tranquei a porta e recostei sobre a mesma, suspirando pesadamente. De olhos fechados, sentindo a cabeça latejar. Ainda vendo o vulto dele tão distante, distribuindo sorriso para os amigos da banda, conhecidos, staffs...

Tantos sorrisos e nenhum pra mim.

Sorri. Patético.

Despi-me sem pressa, me arrastando até o pequeno banheiro do cômodo. Coloquei-me sobre a água quente, relaxando cada músculo, xingando-me mentalmente por não ter retirado os cílios postiços.

Meu rosto era porcamente refletido no vidro embaçado pelo vapor da água quente do chuveiro. Podia ver a maquiagem dos olhos escorrer por linhas negras em meus rosto. Maquiagem que se fundia com as poucas lágrimas que sabia estar derramando.

Mas por que todo aquele drama?

Por que eu me sentia deixado de lado? Ignorado? Por que ele não vira nenhum sorriso ou aceno que dei durante toda a noite?

Eu só precisava ir pra casa e esquecer aquela noite. Talvez pela manhã percebesse o quão lamentável estava sendo.

Talvez não.

Fechei a água, me permitindo apoiar no azulejo úmido e frio, até arrepios de frio percorrerem meu corpo. Abracei-me com a toalha branquinha, retirando o resto da maquiagem quase violentamente, deixando meu rosto meio vermelho.

Encarei-me no espelho, também embaçado. Tirei meus cílios num puxão só, deixando de lado qualquer vaidade que eu possuía naquele momento.

Eu pensava: Vaidade pra que? Pra quem?

Deslizei a calça jeans por minhas pernas, vesti a blusa preta de malha com tantos lugares pra amarrar que só podia agradecer por já estarem todos amarrados.

O calor do secador expulsava um pouco do frio que ainda sentia. Logo as leves ondas do meu cabelo foram surgindo, o castanho escuro brilhava diante do espelho não mais embaçado.

Talvez eu ainda estivesse com alguma vaidade.

Bolsa no ombro, óculos escuros protegendo meus olhos sensíveis pelas luzes e eu só pedia por minha cama e meus gatos para abraçar.

Fui parado no caminho pela indagação sorridente de Hizaki. Tão bonito, o sorriso feliz e adoravelmente infantil. Levava uma taça nas mãos.

Gentilmente me ofereceu um gole, que recusei educadamente.

Já indo embora? Sim sim, dor de cabeça.

E Kamijo? Não ia falar com ele?

Demorei a responder, esperando que o silêncio me sussurrasse uma desculpa.

Deixe que ele se divirta. Amanhã nos falamos. Quem sabe. Boa noite, Hizaki, aproveite a festa.

Lancei-lhe um beijo no ar e apressei meus passos para a saída.

A rua estava muito mais fria do que eu podia imaginar. Encolhi-me em meus braços, enquanto esperava pacientemente um táxi aparecer. Passava da meia-noite, talvez eu tivesse que pedir um por telefone.

Sentei-me como uma criança no degrau da entrada majestosa do prédio, abraçando meus joelhos, uma mão brincando com uma mecha de cabelo.

Ainda esperava que ele viesse correndo, dando falta de mim entre todas aquelas pessoas para as quais ele sorria. Viria ofegante, uma mão seguraria meu pulso, enquanto a outra afagaria meu rosto carinhosamente.

Ele me chamaria de baka, apertando minha bochecha de leve. Levaria-me novamente para dentro, mesmo eu estando desarrumado, me ofereceria algo quente, ou me abraçaria até que eu não sentisse mais frio.

E eu continuaria com frio só para que ele permanecesse perto de mim. Como bom egoísta mimado que eu era.

Sorri com o pequeno devaneio, afastando tais pensamentos da mente, enquanto reprimia um bocejo com uma das mãos. Estava realmente frio e não passava um bendito táxi. Olhei para a entrada do prédio com o canto dos olhos e não vi ninguém.

Quem você esperava ver?

Quanto tempo se passara desde que sentei naquela escada? O celular marcava meia-noite e meia. Mas que droga, eu teria que ir andando?

Como uma resposta, um farol surgiu na escuridão. Um táxi. Nunca ficara tão feliz em ver um. Fiz sinal quase desesperadamente e relaxei ao vê-lo diminuir e parar um pouco depois de onde eu estava.

Abri rapidamente a porta e entrei no táxi, já agradecendo com meu melhor e último sorriso daquela noite.

Mas antes que pudesse fechar a porta. A mão que eu tanto esperava segurou  a minha e ele entrou no carro ao meu lado.

De onde ele surgira? Quando ele apareceu? Por que meu coração batia tão rápido como se fosse a primeira vez que o estivesse vendo?

Também mudara de roupa. Vestia seu sóbrio conjunto de blazer e calça escuros com a camisa branca por baixo. Os óculos transparentes só serviam para acentuar seu charme. Os braços cruzados sobre o peito, enquanto dava as instruções para o motorista que nos olhava confuso.

Voltei do transe quando o ouvi falar meu endereço e o carro dar a partida.

Parei de encará-lo, sentindo meu rosto corar violentamente por ter ficado tanto tempo olhando para ele. Mil perguntas apareceram em minha mente e se dissiparam no momento em que o vi me encarar pelo canto dos olhos.

Naquelas ruas sem trânsito o carro percorreu o caminho em tempo recorde. O que para mim foi um alívio, pois senti minha respiração se suspender durante todo o trajeto. Não queria fazer o menor ruído que despertasse a atenção dele para mim.

Desci do carro, abrindo atrapalhadamente a bolsa em busca do dinheiro, mas ele adiantara-se e pagou o táxi antes mesmo de eu conseguir achar a carteira. O táxi se foi e ficamos nós dois diante do meu prédio.

No momento eu sentia mais frio do que vergonha de iniciar uma conversa. Tratei de apertar o interfone, identificando-me para o porteiro noturno que abriu de imediato o portão. Estava tão nervoso que esqueci até mesmo que tinha a chave.

Não precisava me virar para saber que ele me seguia. Ouvia seus passos logo atrás de mim e sentia seu olhar sobre minhas costas. Entramos no elevador e mais uma vez ele fora mais rápido, apertando o número do meu andar.

Por um segundo voltei a encará-lo, perdendo a coragem quando me olhou de volta.

Realmente parecia a primeira vez que o via. Aquela timidez patética não era típica de mim, não quando se tratava dele...

-Ano... – Comecei, minha voz não mais que um sussurro.

-No seu apartamento conversaremos caso não se importe. – O tom era calmo, mas senti a seriedade em suas palavras e aquilo me arrepiou por inteiro.

Achei minha chave na bolsa, abrindo atrapalhadamente a porta. Sapatos na entrada, dois vultos pretos e peludos, vindo se entrelaçar em nossas pernas. Abaixei-me para afagá-los, vendo que ele fazia o mesmo.

Ele os amava tanto quanto eu. Via isso no sorriso singelo que adornava seu rosto naturalmente bonito.

Andei até o sofá, a bolsa escorregando para o chão. Sentei-me, puxando meus joelhos para cima, deitando minha cabeça nas costas do sofá. Com calma ele sentou ao meu lado, tirando os óculos, deixando-os sobre a mesa.

-Por que você estava indo embora? – Arrepiei-me com seu timbre tão próximo de mim.

As pernas elegantemente cruzadas, sentado de lado, os olhos presos em mim, aguardando minha resposta pacientemente.

-Dor de cabeça. – Foi tudo que consegui sibilar, desviando o olhar para meus gatos que nos olhavam curiosamente.

-Por que não foi falar comigo? Se despedir de mim? – Perguntou calmamente, retirando os óculos escuros que eu esquecera em meu rosto, pousando-os ao lado dos seus na mesa.

-Do que adiantaria? Você nem sequer sabia que eu estava lá. – Mordi a língua por ter falado sem pensar. Era um péssimo hábito meu.

Abracei meus joelhos, escondendo minha vergonha com a franja. Ouvi seu suspiro e me senti mais envergonhado ainda.

- Kaya... – Mordi meu lábio em sinal de nervosismo. Odiava quando meu nome soava com esse tom de piedade. – Você está sendo...

-Mimado, egoísta. – Completei por ele, sem erguer o rosto.

- E infantil. – Minhas bochechas coraram, mas meu coração se acalmou quando ouvi uma risada descontraída. – O que te fez pensar assim, hum? – Quis saber, tombando a cabeça de um jeito que seu cabelo loiro cobriu charmosamente seu rosto.

-Eu... – Respirei fundo, sentindo que ia começar a falar sem parar. – Te procurei com os olhos a noite toda. Sorri, acenei, tentei te chamar e meus apelos não conseguiam te alcançar. – Engoli o choro que teimava em vir. – Enquanto você sorria e parecia se divertir com todos. Tão radiante e atencioso com todos. Senti-me pequeno, tão pequeno que você não podia me ver.

Fiz uma pausa, voltando a abaixar meu rosto, sentindo o gosto do líquido salgado que escorria dos meus olhos até meus lábios.

-Peguei minhas coisas e simplesmente sai. Não queria que minha infantilidade estragasse sua noite. – Murmurei a última frase, reunindo o resto da coragem que me restava para olhá-lo.

Seus olhos me encaravam com tanto carinho que achei que fosse desmanchar ali mesmo. Meu coração gritava para que ele me abraçasse e dissesse que eu só pensava besteiras.

Esqueça isso. Tire esses pensamentos da cabeça. Você não precisa ficar assim, eu estou aqui com você.

Abrace-me. Faça-me esquecer essa tristeza. Acaricie meu rosto, sussurre meu nome, seque minhas lágrimas com seus dedos quentes e macios, cubra sua boca com a minha e suma com essa dor que eu e minha insegurança criamos.

-Você tem muita imaginação, Kaya. – Meus olhos se arregalaram de leve. – Tente parar de pensar tão negativamente. – Por favor, pare de falar como se fosse meu psicólogo. – Nunca te dei motivos pra pensar essas coisas, certo?

Certo. Eu era um idiota. Ele era um idiota. Meu único desejo era que ele fosse embora.

-Desu ne. – Murmurei, sentindo mais lágrimas rolarem. – O que posso fazer? Sou assim. Negativo, infantil, egoísta, mimado...Pelo perdão por meu comportamento. – Fiz uma breve reverência com a cabeça, sorrindo amargamente. – Será que...você podia ir embora? Eu quero dormir e... – Solucei não conseguindo conter mais o choro.

Escondi meu rosto entre as mãos, como se já não fosse tarde pra tentar esconder as lágrimas.

Ouvi o som dele se levantando e acreditei que ele realmente fosse embora.

Vá. Por favor, vá.

Mas ele estava do contra hoje. Senti sua mão puxar meu pulso, erguendo-me de um jeito não muito delicado. Meu corpo se chocou contra o seu por um breve segundo e então senti que ele me puxava para o quarto.

Deitou-me em minha cama, deitando logo atrás de mim. Os braços me envolvendo em seu calor tão aconchegante, aquecendo meu coração tão perturbado.

-Vamos dormir. – Murmurou em meu ouvido, encaixando o rosto sobre meu ombro. – Esqueça essa tristeza. Eu estou aqui. Sempre estarei. – Suspirei, fechando os olhos, deixando suas palavras secarem minhas lágrimas. – Não pense mais besteiras, por favor.

Sua voz parecia magoada, tão triste quanto a minha estava momentos antes.

- Você não faz idéia de como me senti quando não te vi naquele salão. Uma angústia insuportável se apossou de mim quando pensei que não poderia te dar ao menos um “boa noite”. – Suspirou, escondendo o rosto na curva do meu pescoço. – Passei a noite querendo abraçar você, sorri pra você, beijar você.

Automaticamente olhei para ele, meus olhos conseguiam enxergá-lo, mesmo embaçados pelas lágrimas. O rosto tão bonito, os olhos olhando só para mim, aquelas palavras lindas só para mim.

Eis o motivo de eu me sentir tão egoísta e mimado.

Senti a pressão de sua boca contra a minha e só pensei que era só daquilo que precisava. O beijo carinhoso dele, as mãos gentis que me viravam para si, abraçando minha cintura delicadamente, como se eu fosse quebrar.

Amo o jeito como cuida de mim. Como me abraça. Como sua boca parece saber cada movimento que a minha fará, harmonizando nosso toque tão íntimo.

Meus dedos em seus cabelos, massageando com carinho sua nuca, ouvindo ronronar como meus gatinhos.

A perda de fôlego após o toque, meu rosto visivelmente corado, mesmo com toda a escuridão do quarto. Seu sorriso sedutor me constrangendo mais ainda. Os lábios motivados por minhas carícias, tecendo beijos calmos pela pele do meu pescoço, só para me ouvir suspirar. Então ele se afasta para ver a reação que causara em minhas bochechas coradas.

Lábios de encontro a minha testa, os braços que me aconchegavam em seu peito quente e protetor, onde deitei e fechei os olhos, esquecendo qualquer lágrima que eu tenha derramado.

Esquecendo a espera fria na rua deserta que não parecia ter fim. O silêncio que imperava entre nós. A falta de seu sorriso durante a noite.

Tudo apagado.

Só importava aquele contato. Aquele calor. O perfume de sua pele tão próximo de mim.

Amo você. Por favor, nunca duvide disso. Ele diz.

E eu não preciso disso. Não preciso responder. Só preciso que você continue onde está.

Onde meus sorrisos possam te alcançar, onde minhas mãos possam te sentir, onde eu possa ouvir seu coração.

Onde seus beijos possam me consolar e me lembrar de que eu não preciso ter medo de nada nem ninguém.

Porque você está comigo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews, s'il vous plaît? :333 #besta