Capítulo 2: Começo das Implicâncias.

Os dias passaram-se em Hogwarts, e logo se fazia um mês desde que Lílian Evans, Severo Snape, James Potter, Remo Lupin, Sirius Black e Pedro Pettigrew tinham chegado.

Como dissera o Chapéu Seletor, a ruiva era muito inteligente e demonstrara um talento excepcional em todas as matérias, principalmente em Poções, que era a sua favorita.

Potter e seus amigos, no entanto, como ela reparou, não eram muito de se dedicarem aos estudos, à exceção de Lupin, que sempre se encontrava na biblioteca e que era o mais sensato do grupo.

James só se destacava em voar. Lily tinha que admitir, ninguém era páreo para James Potter em cima de uma vassoura. E voava tão bem que logo entrou para o time de quadribol da Grifinória, o que era proibido para alunos do primeiro ano, mas Potter teve a permissão e ocupava o cargo de apanhador.

Lílian nunca o vira nos treinos, mas as meninas que assediavam seu grupo lhe contara que era o melhor de todos os tempos. Provavelmente estavam exagerando, já que entendiam tão pouco de quadribol, como a própria Lílian.

“Pelo menos, ele é bom em algo” pensava Lily quando o via chegando dos treinos, à noite. Ela percebeu também que sempre que estava por perto, Potter começava a desgrenhar os cabelos já desgrenhados.

- E você não quer ver? - perguntou Marlene em uma tarde, surpresa.

- Do que interessa? - ela replicou.

- Ah, não sei! - Marlene revirou os olhos com ironia. - Mas seria bom se você fosse ver o garoto, que te olha toda vez que passa por ele!

- Ele não olha para mim assim! - disse, mas ficou da cor de seus cabelos.

- Olha sim. - interveio Alice calmamente.

Lílian bufou, porém não disse mais nada, não sairia do lugar brigando com aquelas duas. Ficaram amigas na mesma noite em que as três chegaram, e dividiam o mesmo quarto.

- Se ele me olha, não reparo. Mas vamos voltar a estudar? Ou os deveres vão acumular. - falou e pegou a pena, molhando-a e recomeçando a escrever seu dever de 30 cm para Defesa Contra Arte das Trevas.

- Tudo bem, sua nerd. - disse Marlene e também voltou a escrever, ocasionalmente olhando para o dever vizinho.

- Por falar no Potter... - Alice voltou ao assunto e indicou a porta do retrato, que se abria para o grupo dos garotos. - Agora, Lily, observe se James não a olha.

Ela mal acabou de falar e James procurou Lílian com o olhar dando-lhe um pequeno sorriso e bagunçando seus cabelos. Sirius riu e o empurrou.

- Ei! - chamou Lene. - Venham se sentar conosco.

Alice riu e Lílian fuzilou Marlene com o olhar, mas quando os garotos chegaram, voltou seu olhar para o dever e escreveu fervorosamente.

- Boa Noite. - cumprimentou Lupin. Pedro só assentiu, com a boca cheia de comida.

- Noite’. - ecoaram Sirius e James.

- Olá. - as meninas responderam e algumas outras suspiraram com a presença de James e Sirius. Lily as achou bobas, mas ergueu seu olhar para eles, ignorando Potter e observando Lupin.

- Tudo bem, Lupin? - perguntou preocupada. - Está pálido e muito magro...

- Estou bem, sim, Lily. - Lupin sorriu.

“Ah, com Remo ela se preocupa! Mas nem olhar, me olha!” exclamou James em pensamento.

- Ótimo. - ela sorriu e voltou para seu dever.

- E como vai o quadribol, James? - perguntou Marlene. Evans percebeu que ela a encarava abertamente.

- Muito bom. Mês que vem temos um jogo contra Sonserina. Vocês três vão? - ele também encarava Lílian, sem disfarçar.

- Sim. - Alice respondeu.

- Sim. - Marlene disse e sorriu.

- Não. - Lílian respondeu sem olhar para ninguém, escrevendo a conclusão de sua lição.

Todos ficaram em silêncio por um instante, até que Sirius o quebrou, dando uma risada forçada.

- Ah, mas Potter a queria torcendo para ele. Aposto que ia lhe dedicar o pomo de ouro! - falou.

Lílian acabou seu trabalho e guardou seu material, dizendo calmamente:

- Não ia, não. Potter tem muitas torcedoras, mas não sou uma delas. - ela fechou o zíper da mochila e encarou James, que abriu um sorriso quase perfeito, apenas um pouco afetado pelas palavras da garota.

- Não se preocupe, Sirius. - ele olhou para a ruiva. - Nosso filho ainda vai repetir meus passos, mas terá os olhos verdes da mãe.

Marlene riu, mas Lílian o encarou, corando de raiva. Não suportava aquele garoto, que pensava que podia ter a todas quando bem entendesse. Bem, não a teria. Nunca.

- Prefiro ser morta pelos Comensais da Morte, Potter, do que ter um filho com você. - respondeu e se levantou.

- Nossa! - Sirius fez uma careta. - Depois dessa, Potter...

- Já disse para não se preocupar, Sirius. Ela ainda vai ser minha. - falou James.

- Só se for nos seus sonhos. - Lílian replicou e começou a andar para a escada que a levaria até seu dormitório.

- Ah, mas é claro, minha ruivinha. Sonho com você toda noite! - ele gritou enquanto a garota subia, suspirando audivelmente.

***

- Por que falou aquilo para ele?! - perguntou Marlene irritada. - Está óbvio que ele gosta de você...

- Potter não gosta de ninguém, a não ser de si mesmo. Vocês já notaram como ele é metido? Como se gaba a toa?! - Lílian estava irritada também, puxando as cobertas para si e tentando achar uma posição confortável para deitar-se, e para poder parar de pensar naquele menino que tanto desgostava.

- Você devia ter visto como ele ficou. - disse Alice. - Visivelmente magoado com suas palavras, Lily. Não falou a noite inteira, olhando sempre para a escada, esperando que você descesse...

- E o quê? - interrompeu ela. - E que me atirasse em seus braços? Por Merlin!

- Por que não dá uma chance a ele? - perguntou Lene.

- Porque não gosto dele, isso não é óbvio?! - retrucou.

- Quem muito desdenha quer ter. - a amiga provocou e Alice concordou. - Se você o odeia tanto assim...

- Não o odeio. Nunca disse isso. - defendeu-se a garota. - Simplesmente não gosto dele e pronto. Prefiro não ficar perto.

- Ainda assim, você se importa o suficiente com ele para não querer ficar perto de James. - contra-atacou Marlene. - Se você não gostasse dele, não implicaria tanto assim com o Potter.

- Ele procura! A culpa não é minha se ele fala besteiras. Se ainda ficasse na dele, não trocaríamos nem meias palavras, mas ele continua a querer me irritar...

- E você se deixa ser irritada por ele. É lógico, Lily, que você gosta que James lhe dê tanta atenção assim. - disse Alice.

- Quantas vezes tenho que falar que não gosto daquele garoto?! Que simplesmente não posso suportá-lo, como se ele roubasse todo o ar do local?! - Lílian gritou e seu rosto corou de nervoso.

 - Okay, okay. Não grite conosco. Prometemos que não vamos mais tocar nesse assunto com você. - Alice falou.

- Eu não prometo nada. - murmurou Marlene, mas Lílian não estava mais ouvindo. Deitara-se e virara-se para o lado, tentando bloquear os sussurros das suas melhores amigas, que ainda discutiam entre si sobre ela e aquele garoto irritante.

Tentou dormir e não sonhar com nada. Não sonhar com Potter.

***

- Lílian ficou mesmo nervosa. - falou James, que ainda estava triste. Tentara não demonstrar na frente da menina o quanto se magoou com suas palavras.

- É, ficou. - Lupin murmurou a esmo, lendo um livro qualquer da biblioteca.

- Se eu fosse você, desistia dela. Ruiva deve ter o pavio curto, não suportaria o idiota que você é. - Sirius riu. - Tem tanta garota atrás de você, James, porque não escolhe uma delas, ou mais de uma?!

- Porque não as quero. Quero Lílian Evans. - respondeu e suspirou. Não sabia por que ficara tão encantado com aquela menina que só o desdenhava. Talvez fosse por isso, porque sempre ficavam implicando um com o outro.

- Bem, essa eu acho que não está dando mole para você, amigo. Curta com as outras meninas, e tente fazer ciúmes na Evans. Sempre dá certo, pelo menos se ela gostar de você. - Sirius falou e deitou-se.

- Tenho certeza que ela gosta de mim. - James suspirou mais uma vez. - Só que não sabe disso ainda.

Dessa vez, todos os garotos no quarto riram.

- Bem, enquanto ela descobre que lhe ama - o que certamente não será agora - fique com outras garotas. - disse Sirius e bocejou. - Mas agora, vamos dormir, estou cansado e não posso ficar tentando-me interter com o assunto “Potter ama Evans”. Dá-me mais sono ainda.

James jogou-lhe um travesseiro na cara, mas Black o ignorou. Logo, já estava dormindo tranquilamente, enquanto o amigo ainda ficava se recordando dos olhos verdes da menina que o cativou.

“Nosso filho ainda vai repetir meus passos, mas terá os olhos verdes da mãe” ele recordou de suas próprias palavras, e adormeceu pensando em um garotinho de cabelos negros iguais aos seus e de belos olhos verdes, iguais aos de Lílian.