-Haku, você tem um sonho?

            A voz forte de Zabuza despertou-me de meu transe. Se eu tinha um sonho? É claro que sim. Mas, o que será que ele pensaria se eu contasse detalhadamente?

            -Proteger quem é importante para mim, Zabuza-san.

            -E quem é importante para você, Haku?

            Você. Você. Você. Pena que eu não poderia dizer tudo que eu sinto... Talvez, algum dia. Bobagem. Zabuza-san é sem sentimentos, nunca olharia para mim. Aliais, ele era a única pessoa que eu tinha.

            -Você.

            Disse baixinho, em quanto preparava-me para dormir. Era tão simples, mas Zabuza-san poderia não entender realmente o que eu sinto. Na verdade, ele nunca me deu indícios de ter sentimentos, matava todos sem nem mesmo pensar, em quanto eu, tinha pena de atirar se quer uma kunai em alguém. Mas ele me criou, fazendo o melhor para mim. E sem escutar  sua resposta, adormeci. Quando amanheceu, fui direto à floresta, pegar algumas ervas para o remédio de Zabuza, era um dia quente e calor.

            -Hei. Você aí.

            Escutei uma voz masculina me chamar, e vireí-me. Olhei para os dois homens ali presentes. Não pareciam nada amigáveis, e então, com uma rapidez imorbita, os dois caíram ao chão, cortados. Eu sabia que ela ele, e quando fui virar-me para ver Zabuza, ele estava caído ao chão, junto com um terceiro homem. Sua respiração estava debilitada, e uma katana residia no local de seu coração.

            -Zabuza-san!

            Meu coração disparou, ele não poderia morrer.  A razão da minha vida, da minha existência, não poderia morrer. Agachei-me perto do corpo quase imóvel, e gotas cristalinas encheram meus olhos.

            -Não chore, Haku. Você tinha seu sonho de proteger quem era importante para você. –Ele pausou, tossindo. –E eu, tinha o meu de proteger quem eu amo.

            Involuntariamente, meus lábios encaixaram-se aos dele, sendo surpreendentemente correspondido. Sua mão, tremula, envolveu minha nuca, apertando-me contra si, como se não quisesse nos separar, e assim que paramos, quando ele quase fechava os olhos, consegui confessar.

            -Aishiteru*, Zabuza-san.

            -Aishiterumo*, Haku.

            E então, ele apagou, para sempre. Deixando esse mundo de vivos, onde todos corriam perigo. Agora, eu já não tinha mais sonhos.