Olhos Verdes escrita por illusion


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Estou aumentando os caps o/



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Alguns amigos de Jake o chamaram, mais ele respondeu que depois os encontrava.

– Você é novata... se quiser eu posso te mostrar a escola. – sugeriu.

Eu já estava saindo porta afora, resignada, quando Louise me chamou.

– Ah, por que não sentamos em algum lugar para conversar?

Jake concordou. Louise me perguntou onde era aquele lugar em que tinha me encontrado no recreio anterior e eu os levei lá, permanecendo quieta durante todo o caminho.

Quando cheguei e sentei no banco de pedra, subitamente me lembrei do cadeado. E da história de Louise e David. E de minha irmã...

Olhei para ela, que estava sorrindo docemente para Jake.

Ela também tinha uma história para carregar. E conseguia sorrir.

Como?

Enchi-me de admiração por ela.

E, quando ela veio se sentar ao meu lado, sorrindo, eu lhe sorri de volta. Seus olhos verdes estacionaram nos meus por alguns segundos, penetrantes, e então ela virou-se para responder uma pergunta de Jake. Acho que nunca tinha sorrido para ela. Aliás, quando fora a última vez que eu sorrira? Lembrei-me de uma tarde distante, há mais de um ano, eu, minha mãe, minha irmã... Com um movimento rápido com a cabeça, tirei aquilo da mente.

Conversamos durante todo o resto do recreio. Digo, eles conversaram. Jake parecia totalmente absorto nela, como um imã. E com razão. Louise era uma pessoa tão agradável, tão sorridente, reconfortante, bonita, e seus olhos... seus olhos...

O que eu estava pensando!?

Abaixei a cabeça rapidamente, e depois a levantei, enchendo meus olhos do céu.

Pouco depois o sinal tocou.

Fomos andando pelo corredor, eu mantendo uma pequena distância dos dois que andavam lado a lado à minha frente.

Na sala, paramos perto da mesa vazia do professor, e fomos engolfados pelos amigos de Jake. Com uns dois passos para trás, saí daquela roda, me encostando na parede. Louise estava sendo apresentada para todo mundo. Me perguntei quanto demoraria para que ela desistisse de falar comigo. Como ela conseguiria ficar arrastando atrás de si alguém tão sem graça e muda quanto eu?

E se eu dissesse tudo isso para ela? O que será que ela diria? Suspirei. Já ia voltando para o meu lugar quando duas meninas chegaram perto de mim. Uma era ruiva, muito bonita, traços marcantes, e a outra loira, mais baixa, delicada.

– Oi, você é novata também? – perguntou a ruiva.

– Não... tomei bomba.

– Ah eh? Acho que estávamos em salas diferentes ano passado, não me lembro de você.

Claro que não se lembra.

Na primeira semana algumas pessoas olhavam torto para mim, aquela menina que não falava com ninguém e andava de preto como uma morta-viva. E logo depois esqueceram-se. O que era bom.

Olhei de relance para Louise. Ela falava com todos à sua volta, com seu sorriso cativante, duvidei que houvesse alguém ali que não estivesse se sentindo encantado por ela.

Estreitei os olhos e mordi os lábios. Rapidamente. Depois voltei-me para as duas e sorri.

Acho que meu sorriso tremeu um pouco, mais não foi tão ruim assim.

– Qual é o seu nome? – perguntou a ruiva novamente. Ela parecia menos tímida que a loira.

– Elizabeth.

– Hmm... podemos te chamar de Beth?

– Sim, claro.

– Eu sou Lilian, e esta é Grace – disse apontando para a amiga.

Sorri novamente.

Essa conversa àtoa me deixava um pouco nervosa, mas continuei respondendo-as. Em algum ponto percebi que estava falando naturalmente. Era agradável. Senti-me como voltando um pouco no tempo, quando estudava na escola antiga, na outra cidade. Lá eu era realmente bastante sociável, vivia rodeada de amigas.

Naquele momento eu descobria que sentia falta daquilo. Louise chegou perto.

– Oi, Bell – cumprimentou, e depois, virando-se para as duas – Vocês são Lilian e Grace, não é?

– É – respondeu Lilian.

Grace, a loira, havia se afastado um pouco, e olhava pela janela. As duas estavam de mãos dadas. Jake chegou perto.

– Lily, Grace, vamos para o cinema hoje à tarde, topam?

– Acho que sim – respondeu Lily pelas duas. – você também vai, Louise?

– É, e a Beth também, eu acho.

– Que filme a gente vai assistir?

– Algum romance provavelmente – disse Jake.

– Nada disso, terror – intrometeu-se um moreno.

E a conversa continuava, vez ou outra todos ríamos de algum comentário engraçado, e aos poucos comecei a falar também. Sentia-me simplesmente bem. Quando eu olhava do fundo da sala para aquelas pessoas conversando e rindo, parecia enjoativo. Mas agora não.

Alguns minutos depois, o professor chegou e fomos sentar. Algumas pessoas tinham mudado de lugar, e toda a sala estava concentrada naquele canto.

Pareceu que os professores de história e química só tiveram as paredes com quem falar. Conversávamos baixinho, descontraídos, ninguém prestando atenção na aula, que era apenas uma pequena revisão monótona. As horas passaram bem mais rápido.

Quando o sinal tocou a sala inteira levantou-se de uma vez e saímos da escola. Na rua da escola, haviam pequenos grupos. Segui Louise, que seguia Jake, e fomos apresentadas à bastante gente, das outras salas e outros anos. Um menino alto de cabelos castanho-claros, dourados, e olhos verde-acastanhados se aproximou de mim.

Eu estava encostada no muro da escola, próxima de Louise.

– Ei, eu lembro de você. – disse ele.

Pisquei para ele.

– Err... ano passado, você entrou no final do ano passado... era meio.. – continuou ele.

– Estranha? – completei sorrindo.

– Hmmm... mais ou menos... – sorriu ele sem jeito. Depois desviou – Em que ano você está?

– Primeiro. Bombei. E você ?

– Terceiro.

– Ah, qual seu nome?

– Elizabeth. Beth se quiser – respondi – E você?

– Andrew.

Silêncio. Ele parecia estar pensando no que falar.

– Você é linda – murmurou ele me olhando nos olhos. Depois arregalou os olhos e desviou-os.

Pisquei. Aquilo eu não sabia como responder.

De repente Louise estava do meu lado, me chamando. Que senso de oportunidade tinha ela!

Disse que iam se encontrar às cinco horas no shopping. Jake estava ao seu lado, falando alguma coisa. Andrew continuava parado à minha frente. Jake olhou dele para mim. E então convidou Andrew para ir também.

Quis esbofetá-lo. Meio que inexplicavelmente. Não tinha feito nada de errado, na verdade, mais descobri que ele me irritava. Ouvi Andrew aceitando o convite.

Discretamente eu me virei. E pulei para trás de susto.

As duas meninas, a ruiva e a loira, Lily e Grace, estavam se beijando. Ofeguei e me virei. Jake riu.

– É, elas são namoradas. – informou ele. – São gente boa – acrescentou, como algum tipo de justificativa protetora.

Não que eu tivesse absolutamente coisa alguma contra lésbicas. Só tinha me assustado. Tentei dizer isso, mais Jake já tinha se virado para falar com Louise. E ninguém parecia se importar.

Aquilo confirmava novamente, que aquelas pessoas não eram nem de longe tudo aquilo que uma observação de longe podia mostrar. Pelo que eu sabia em qualquer outra escola, a tendência seria que as duas meninas sofressem forte preconceito. Mas ninguém parecia ter problemas com isso, ou, se tivesse, disfarçava bem.

Lily e Grace tinham chegado mais perto. Pelo que parecia não tinham notado o meu susto, ou se tinham notado, não haviam falado. Estavam de mãos dadas. Grace olhava vez ou outra para o rosto de Lily, sorrindo para a namorada.

Eram um casal lindo.

Meu olhar recaiu sobre Louise.

O que!?, pensei.

Dei um passo para trás e tropecei.

Teria caído no chão se Andrew não tivesse estendido a mão forte e me segurado.

Agradeci, corando.

 

Conversamos por um tempo, aos poucos as pessoas iam se despedindo e indo para casa. Sobramos eu e Louise.

De repente, quando não haviam mais aquelas pessoas nos rodeando, toda a leveza e o conforto que havia tido até agora desapareceram subitamente.

A cortina de desanimo e apatia desceu sobre mim, varrendo o sorriso do meu rosto.

Louise olhou para mim, preocupada, mais eu desviei o olhar para o chão.

Minha mão fez o movimento automático em direção ao cadeado. Suspirei e olhei para Louise.

Os lábios dela se separaram, como se ela fosse falar ou perguntar algo, mais logo depois se fecharam.

Alguns minutos depois minha tia Andrea chegou de carro.

 


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Notas finais do capítulo

Grande demais ? Enrolado demais ?