A Lenda dos Jumis escrita por Hika-chan_16


Capítulo 4
Leires, a torre do destino




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Capítulo 4 – Leires, a torre do destino

 

 -Peguem-na!! - gritou um homem.

 No mesmo instante, vários cavaleiros avançaram em direção a uma garota encapuzada, cujo único crime foi proteger uma pequena vila das atrocidades de saqueadores.

 -Não a deixem viva seu bando de idiotas!! - mas os gritos eram inúteis. Homem por homem era derrotado pelas habilidades daquela heroína desconhecida. Sua habilidade com a espada era superior a daqueles míseros ladrões.

 -Droga... RECUAR!!! - gritou o mesmo homem. Os poucos bandidos que ainda conseguiam ficar de pé, fugiram o mais rápido que podiam, jurando vingança. Mas eles jamais retornariam. Aquela vila estava segura agora.

 Os habitantes iam saindo de seus esconderijos aos poucos. Estava tudo bem agora, o perigo passou. Eles se aproximaram da lutadora encantados. Batiam palmas, saudavam-na. Aqueles que chegaram primeiro, tocavam seu ombro e a cumprimentavam. Os que estavam atrás, aprumavam-se dentre a multidão para fazer o mesmo. Entretanto, o mais importante era conhecer a verdadeira identidade daquela garota.

 Ela tirou a capa e revelou uma beleza encantadora. Não era algo exagerado, beirando a perfeição. Era uma beleza humilde, simples, mas que chamava mais atenção do que qualquer outra.

 -Muito prazer. - disse a garota, sorrindo docemente. - Meu nome é Zeeny.

___________________~*~________________________

 

 Mais um dia havia se passado. Zeeny havia acabado de chegar em casa. Estava exausta depois de tantas lutas. A última havia sido em uma vila que estava sendo invadida por saqueadores. Ela gostava de lutar para fazer justiça e proteger pessoas indefesas; era seu trabalho. Não gostava de recompensas. Fazia tudo por prazer. Para ela, o mais importante era que as pessoas pudessem viver em paz e seguras.

 

 “-Você fica aqui Pearl. Pode ser muito perigoso. Ei garota, cuide dela enquanto eu vou verificar o que aconteceu.”

 “-E aquela garota ainda por cima...

 -EU JÁ DISSE QUE MEU NOME É ZEENY!!!!!!”

 A guerreira estava de olhos fechados. “Por que? Por que ele nunca diz meu nome? Não é tão difícil assim... Será que ele me odeia tanto?” Seu coração doía. Parecia que ia explodir.

 -Eu te odeio Elazul... Te odeio com todas as minhas forças. - ela afundava cada vez mais seu rosto no travesseiro. Queria tirar aquele rapaz rude da cabeça dela, mas não conseguia. E isso só a machucava mais.

 -Ei mana! - disse Bud ao entrar no quarto dela. - Eu e Lisa estivemos pesquisando sobre os Jumis. Mas não descobrimos quase nada...

 -Tudo bem... - respondeu Zeeny desanimada. Até pouco tempo atrás, a história desse povo magnífico era o que mais a encantava. Estivera pesquisando muito a respeito dele depois do incidente na Gruta do Gatto. Porém, não obteve muitas informações e agora, lembrar dos Jumis, era lembrar de Elazul. - Vá brincar com a sua irmã agora... Quero ficar sozinha...

 -Mas mana, hoje é o aniversário de morte do vovô. Nós não íamos juntos visitar o túmulo dele?

 Zeeny suspirou. Havia se esquecido completamente disso.

 -Dessa vez eu não irei acompanhá-los. Podem ir na frente. Irei mais tarde, está bem?

 O pequeno bruxo apenas afirmou com a cabeça e se retirou. Não conseguia dizer nada que pudesse animar a irmã, e mesmo que fosse capaz, não saberia quais palavras usar naquele momento.

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 Eram nove horas da noite. O céu estava estrelado e uma imponente lua cheia reinava soberana, iluminando todos os campos do Reino de Mana.

 Apenas um vulto solitário caminhava sob o luar. Zeeny havia chegado em seu destino: o cemitério onde seu pai adotivo descansava em paz. Foi difícil aceitar a morte dele no começo. Aquele velho e bondoso mago a acolheu e a criou. Ela era o que era graças a ele.

 -Você partiu pensando que havia me ensinado tudo... Mas esqueceu de me ensinar como tirar do coração alguém que te faz sofrer. - lágrimas escorriam de seus olhos. Quando aquela dor iria terminar? Ela precisava esquecer Elazul de qualquer maneira. E o melhor jeito, era nunca mais encontrá-lo novamente.

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 A guerreira caminhava sem rumo pela noite. Nem percebia para onde estava indo. Apenas seguia em frente, até onde suas forças pudessem levá-la. A brisa suave tocava seu rosto e balançava seus cabelos em um ritmo constante.

 Até que ela parou e olhou em volta. Andara para tão longe que nem percebera. Estava em um lugar completamente desconhecido. No entanto, uma edificação ao longe chamou sua atenção: uma gigantesca torre abandonada.

 Aquela torre parecia brilhar diante da luz do luar, o que lhe dava um certo aspecto fantasmagórico. Curiosa, Zeeny caminhou até sua entrada. Não. Não era só uma curiosidade, era uma atração. Sem entender o porquê, aquela edificação antiga a atraía, e ela não resistiu.

 Sua entrada já era visível. Quanto mais se aproximava, mais aterrorizante aquela torre parecia ficar. “Como será seu interior?” perguntava-se. O que ela não imaginava, é que não havia sido a única vítima daquela misteriosa atração.

 No portão que dava acesso à entrada, havia uma garota parada olhando fixamente para o alto. À medida que a guerreira se aproximava, sua aparência tornava-se familiar: era sua distraída amiga Pearl. Zeeny olhou em volta. Se Elazul estivesse por perto, ela iria correr o mais rápido possível para bem longe, mas aparentemente, as duas estavam sozinhas ali.

 -Leires... - disse Pearl, de repente. Ela parecia hipnotizada pela torre. Nem percebeu que havia mais uma pessoa ali, até alguém tocar seu ombro.

 -Pearl, o que você está fazendo aqui? - disse Zeeny tentando tirar a Jumi do transe.

 -AAAAH!! - gritou a menina, virando-se rapidamente. - Z-Zeeny? - ela corou um pouco, sem jeito com aquela situação. - Me perdoe! Eu acabei ficando distraída novamente com meus pensamentos...

 “De novo?” pensou a guerreira. Ela era uma garota bem estranha, e tinha o dom de se perder. Com certeza o rapaz de Lápis Lazúli devia estar procurando-a desesperado.

 -Ahn... Obrigada por ter me encontrado lá na caverna, mas eu... acabei me separando de Elazul de novo...

 -O que aconteceu? - indagou Zeeny, curiosa.

 -Eu estava caminhando com Elazul quando vi essa torre. Sinto como se ela estivesse me chamando... Eu preciso entrar nela... - e começou a caminhar em direção à porta.

 Mesmo sem entender nada, Zeeny a seguiu. Apesar de tudo, era melhor ficar de olho em Pearl, afinal ela não possuía nenhum poder e era muito perigoso deixá-la sozinha. A porta estava aberta, e logo as duas já estavam caminhando dentre os longos corredores e escadarias daquele misterioso lugar.

 -Agora a pouco você disse Leires... É o nome dessa torre Pearl? - perguntou a guerreira.

 -Sim. Leires, a torre do destino.

 -A torre do destino? - Zeeny olhou em volta. Sem dúvida era um lugar tenebroso. As cortinas de todas as janelas estavam rasgadas, poucas tochas iluminavam o lugar e pequenas criaturas das trevas apareciam de vez em quando para observar as duas intrusas. Seus corredores eram largos, e elas precisavam caminhar durante alguns minutos até alcançarem as escadas para chegarem ao próximo andar.

 -Sim sim. Digamos que é um local secreto. - respondeu a Jumi, sorrindo.

 -Como uma torre tão grande pode ser um local secreto? Qualquer um poder vê-la.

 -Não exatamente. Me diga, você já a viu antes?

 -Bom... Para falar a verdade não. O que é estranho, porque o cemitério onde meu pai está enterrado não é muito longe daqui... E eu não acho que eu tenha me afastado tanto de lá. Então, eu já deveria ter visto esta torre antes.

 -Você não a viu porque ela não estava aqui. Esta torre possui um poder mágico que muda a si própria de lugar de tempos em tempos. E a única razão para isso é que ela é procurada por várias pessoas para terem seus destinos revelados. No último andar há uma sala conhecida como a Sala do Destino. Quem entrar lá, poderá ter qualquer pergunta respondida.

 -Mas por que nós fomos capazes de vê-la e entrar nela também?

 -Porque ela nos chamou. - terminou Pearl com uma expressão muito tranqüila em seu rosto.

 A guerreira desviou o olhar e passou a olhar fixamente para frente. Queria dizer algo a Pearl, mas não podia...

 “-Prometa-me... - começou Elazul. - Que não dirá nada do que aconteceu hoje aqui à Pearl.

 -Mas por quê?

 -Não quero que ela saiba que encontramos um Jumi e que no final não deu em nada. - ele fechou seus punhos com força. - Rubens está morto agora, e não há nada que possamos fazer.

 -Tudo bem, eu prometo Elazul.”

 Zeeny ficava cada vez mais confusa. Era impressão dela ou desde que ela havia se encontrado com Pearl e Elazul sua vida virara de pernas para o ar?

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 As horas passavam. O último andar parecia não chegar nunca. Se ainda fosse uma simples subida, nenhuma das duas se importaria. Mas a medida que avançavam, monstros e mais monstros avançavam nelas. Pearl não sabia fazer nada, e por isso Zeeny tinha o trabalho dobrado: além de matar os monstros, ainda tinha que proteger sua amiga, e como não esperava enfrentar uma noite agitada daquela, estava desarmada.

 Zeeny precisava usar seus punhos e seus pés para golpear cada oponente. No entanto, houve uma hora que isto já estava se tornando cansativo. Elas precisavam chegar ao topo logo.

 Vinte e três andares percorridos e finalmente elas chegaram ao seu destino final. À frente delas estava uma imponente porta dourada, completamente diferente de todas as outras vistas dentro da torre. Aquele andar era o único que estava impecável; sem nenhum monstro, pó ou uma péssima iluminação.

 -A Sala do Destino está atrás dessa porta. - disse Pearl. - Todo mundo deve enfrentar seu passado.

 -Pearl? - Zeeny se assustou com as palavras da menina. Ela parecia novamente em uma espécie de transe. - Você está bem?

 -S-Sim... - respondeu ela, assustada novamente. Não percebeu que havia se distraído mais uma vez. - Eu... Eu sinto muito Zeeny. Corra se ficar perigoso demais... - e ao terminar, dirigiu-se até a porta dourada.

 Decidida, Pearl abriu a porta e entrou na sala. A guerreira a seguiu sem se importar com o que tivesse que enfrentar.

___________________~*~________________________

 

 Assim como o andar em que se encontrava, a Sala do Destino era muito bem cuidada e luxuosa. Suas paredes eram feitas de ouro, e diversos rubis e diamantes enfeitavam-nas. Em seu centro, havia um magnífico altar cercado por cinco pilares negros, e foi de trás de um desses pilares que uma pessoa surgiu.

 Pela sua silhueta, devia ser uma mulher. Era difícil saber, uma vez que uma longa capa negra cobria seu corpo e seu rosto. No entanto, ela tinha o mesmo tamanho que Pearl e Zeeny, então não devia ser muito velha. A princípio, não disse nada, apenas ficou encarando suas novas visitas.

 -Você é a guardiã desta torre? - perguntou Pearl, dando alguns passos à frente.

 A mulher não respondeu. Continuou encarando as duas.

 -Por favor... Me diz... - a Jumi insistia. - Eu preciso saber sobre o meu passado... - a Pérola Branca em seu pescoço começou a brilhar. A luz era intensa, foi então que...

 Gritos. Repentinamente, Zeeny e Pearl ouviram milhares de vozes em suas cabeças. Imagens e sons surgiam e desapareciam, partes do passado e do futuro eram revelados a cada segundo. A mente de Pearl estava tão confusa que não conseguia entender nada, já Zeeny só pôde entender uma única palavra: guerreira-guardiã.

 -PEARL!! - gritou uma voz conhecida. Ambas despertaram e viraram-se. Elazul vinha correndo até elas.

 -Elazul! - disse a menina e o abraçou. - Eu estava com tanto medo...

 Zeeny sentiu uma pontada no peito. “Eu não estou com ciúmes, não estou. Aaahh... O que eu estou dizendo? Essa não sou eu!” pensou, dando um suave tapa em sua cabeça.

 -Eu pensei que tivesse dito a você para não ficar andando por aí sozinha.

 -Perdoe-me... Se eu conseguisse me lembrar de alguma coisa...

 Elazul ficou irritadiço, mas não disse mais nada. Apenas abraçou Pearl mais forte e fechou os olhos.

 -Só não saia mais de perto de mim, está bem? - abriu os olhos e encarou Zeeny. - Obrigado por protegê-la.

 -Tudo bem. Ela é minha amiga. - respondeu a guerreira, sorrindo. Porém, logo se lembrou do que havia acontecido e virou-se novamente em direção aos pilares. - Ei, você... - Entretanto, a mulher encapuzada já não estava mais lá. Quem era ela? Era tão estranho... Zeeny tinha certeza de que por um instante viu o rosto de Pearl sob o capuz.

 -Com quem você está falando? - perguntou o rapaz, confuso.

 -Ahn... Tinha uma mulher aqui agora a pouco. Não sei se foi apenas uma ilusão, mas ela era muito parecida com a Pearl.

 -Ela o quê? Droga... - Elazul ficou mais zangado ainda e puxou sua companheira para a saída. - Vamos embora daqui.

 Não querendo ficar para trás naquele lugar estranho, a guerreira os seguiu. Depois de tudo o que viu e ouviu, queria sair de lá logo.

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 Eles desciam correndo as escadas. Monstros apareciam para importuná-los de vez em quando, mas a luta havia se tornado bem mais fácil com a presença de Elazul ali. Já estavam no primeiro andar prestes a saírem, quando Pearl caiu no chão de repente.

 -Aiiii... - ela gemia de dor.

 -Pearl!! - Elazul tentou ajudá-la a se levantar, mas ao fazê-lo, a menina gritou. Na queda, ela torceu seu tornozelo e não conseguia ficar em pé. Sem alternativa, o rapaz a pegou no colo. - Pronto. Assim é melhor. - ele ia continuar correndo, mas deteve-se. - Ei garota, por que você está aí parada? Temos que sair logo daqui!

 Seus protestos não eram em vão. Zeeny, que outrora estava correndo na frente deles, agora estava parada. Sua total atenção estava voltada para uma parede.

 -A Caçadora... de Jóias? - disse em um fio de voz. Tais palavras estavam escritas com sangue na parede próxima à porta. E pelo cheiro, o sangue era recente.

 -Eu estava querendo encontrar vocês! - falou a voz de uma mulher bem conhecida. Sandra, do mesmo jeito que desapareceu na Gruta do Gatto, apareceu na frente deles. - Surpresos? Isto se chama teletransporte. - dizia em uma voz sádica.

 -Você!! - disseram Zeeny e Elazul em uníssono. Se Sandra estava aqui, isso só poderia significar uma coisa.

 -Julgo aqueles que perderam seu brilho. As pedras de vocês são minhas!! Kirara!!

 Uma forte luz surgiu, forçando Zeeny, Elazul e Pearl a fecharem os olhos. Quando eles puderam abrir, havia mais uma pessoa ali. Uma garota de mais ou menos dezoito anos olhava-os fixamente. Mas ela não era uma garota qualquer; sobre os longos cabelos loiros, duas orelhas felpudas balançavam atentas; seus olhos, vermelhos escarlate, brilhavam com ameaça, ao passo que duas caudas felinas tocavam o chão com suavidade. Para alguém que era de uma raça tão desprezada pelos humanos – os youkais -, ela era muito bonita.

 O guerreiro de Lápis Lazúli estava boquiaberto. Não era do feitio dele sentir atração por uma mulher que fosse diferente de seu povo, mas ela era excepcionalmente linda. Percebendo a reação dele, Zeeny deu uma cotovelada no estômago do rapaz, despertando-o de seu transe.

 -Idiota!! Ela é nossa inimiga!!

 -Você é quem é idiota!! Por que me bateu sua bruxa?

 -Como é que é?! - ela estava prestes a dar um soco bem dado em Elazul, mas conteve-se e se posicionou para um ataque. - Se quiser vir, que venha Youkai. Vou proteger meus amigos, por mais que certos deles não mereçam. - e olhou com frieza para o guerreiro.

 Kirara sacou sua katana e atacou Zeeny. Como esta estava desarmada, apenas pôde se esquivar dos ataques, e tentava um golpe assim que encontrava uma brecha na defesa de sua adversária.

 Elazul queria ajudar, mas era arriscado demais deixar Pearl sozinha com Sandra a apenas alguns metros de distância deles. Era frustante, porém tinha que confiar nas habilidades de Zeeny e torcer para que ela vencesse.

 A guerreira estava concentrada. Depois de anos de duros treinos, ela já não era mais uma garotinha fraca. Não iria permitir uma outra derrota desprezível como aconteceu na Caverna Mekiv. Ela iria vencer... Por seus amigos, ela ia.

 Cortes, socos, arranhões, chutes. O combate era de igual para igual. Ambas já estavam suadas, feridas e com suas roupas rasgadas. Kirara então, em um rápido movimento, criou uma esfera de fogo e jogou em Zeeny; mas antes que fosse atingida, ela concentrou o resto de suas forças em seus pés, e acertou em cheio o peito da Youkai.

 A luta havia terminado, mas não havia vencedores. Zeeny caiu perto de seus amigos, exausta, ferida e com seus braços e peito queimados; Kirara foi jogada contra a parede, quebrando-a, tão forte foi o chute da guerreira.

 -Uma bela guardiã vocês possuem, Jumis. - disse sarcasticamente Sandra, batendo palmas.

 -Por quê? Por que você nos caça? - perguntou Elazul, prestes a explodir de raiva.

 -Isso é terrível! - falou Pearl, encolhendo-se nos braços de Elazul.

 -Ouça sua jóia, Pearl. Seu coração. - respondeu Sandra, ignorando o guerreiro.

 -Hun? - piscou confusa a menina.

 -Nos encontraremos de novo. Boa noite... Pearl. - e mais uma vez Sandra desapareceu, juntamente com sua discípula que estava desacordada.

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 Zeeny abriu seus olhos. Estava deitada em sua cama, com várias ervas e curativos espalhados pelo seu corpo. Não sentia mais dor, parecia melhor do que nunca.

 -Até que enfim você acordou. - disse um alegre Bud que estava sentado no chão, ao lado de sua cama.

 -Nós estávamos preocupados com você. - interveio Lisa, que estava ao lado do irmão.

 -Ahn... Como eu cheguei aqui? A última coisa que eu me lembro é de estar caída no chão de Leires.

 -Elazul te trouxe até aqui. - explicou sua irmã. - Como você estava demorando muito para voltar, eu e Bud resolvemos ir atrás de você. Quando estávamos perto do cemitério, vimos ele carregando Pearl nas costas e você nos braços dele. Então os trouxemos até aqui, e curamos os ferimentos de todo mundo.

 -Ele me carregou... nos braços dele? - Zeeny ficou levemente corada. -Érr... Preciso agradecê-lo... Onde ele está?

 -Está lá embaixo, na sala com a Pearl.

 -Certo. Obrigada por me ajudarem maninhos. - e antes de sair, Zeeny beijou carinhosamente a testa de seus irmãos.

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 Desceu as escadas devagar. Não conseguia parar de pensar que aquele chato que estava sempre a incomodando, havia a carregado.

 -...eu vou morrer? - disse uma triste Pearl. Zeeny parou subitamente de descer e encostou na parede, ouvindo a conversa dos Jumis:

 -Uma guardiã sem um guerreiro é uma inútil. - continuou Pearl, olhando para o chão. - Você está procurando pelos outros, não está Elazul? Mas se você encontrar uma guardiã, então você vai... e eu ficarei sozinha...

 -Não diga isso! Eu jamais te deixaria Pearl. - defendeu-se o rapaz, aflito.

 -Sei que é egoísmo meu, mas... - subitamente, ela o abraçou apertado, fechando seus olhos. - Eu espero que você nunca ache ninguém... - e ficaram abraçados por um bom tempo.

 Mais uma vez, Zeeny sentiu um aperto no peito. Que sentimento era aquele? Aqueles dois... Não, ela não podia pensar nisso. Estava tudo bem. Ela subiu a escadas e voltou para o seu quarto. No momento, era melhor deixar Pearl e Elazul sozinhos.


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