"Foi muito divertido aquele tempo, Midori sempre foi muito meiga e compreensiva. Ela fez de tudo por mim, mesmo que eu não reconhecesse, ela não se importava em dar sem receber nada em troca. Foi muito bom aquelas coisas todas terem acontecido, meu passado veio à tona e com isso eu pude me tornar uma pessoa melhor. Ela fez muito por mim mesmo sem ter inicialmente o reconhecimento que merecia de mim ou a correspondência imediata ao que sentia, agora eu sei que posso fazer tanto por ela quanto ela fez por mim. Desta vez ela vai receber todo o carinho que merece...
    Não quero nem pensar em como vai ser se chegar o dia do casamento e nós continuarmos assim... seria estranho eu me casar com minha mão direita kkkkkk
    Mas nós vamos sair dessa..."


    Passaram-se duas semanas desde o ocorrido e o dia havia começado muito frio, pois era fevereiro. Seiji já estava acordado e observava Midori, que estava bem encolhida, agarrada na manga do seu pijama. Ele a achava linda enquanto dormia, parecia um anjo. Ele não sabia se deveria levantar, pois estava muito frio e ele não queria que ela acordasse, então ele decidiu por continuar deitado por mais um pouco.
    Não demorou muito para que Midori acordasse e logo que abriu os olhos viu Seiji que a observava.
    - Bom dia dorminhoca!
    Ela sorriu e disse com seu jeito meigo.
    - Bom dia! - disse levantando-se e levando Seiji junto - vou preparar um café.
    - Está bem, mas hoje eu te ajudo.
    Midori achou estranha a atitude do noivo... estranha não, diferente, sorriu de volta e assentiu com a cabeça.
    Era incrível como eles tinham uma sincronia perfeita, sem palavras preparavam o café eficientemente rápido. Eles degustaram o café da manhã calmamente conversando sobre o que fariam na lua de mel (xD) quando o telefone toca. Seiji atendeu:
    - Alô?
    - Bom dia, aqui é da Oyomesan Store, eu gostaria de falar com Kasugano Midori.
    Ele passa o telefone a Midori e fala: - É da Oyomesan...
    Midori arregala os olhos, surpresa com o esquecimento. Ela deveria ir a loja ainda nesta semana para provar seu vestido. E agora? O que ela faria?
    Respira fundo, pega o telefone e diz:
    - Alô? - disse preparando-se para dar alguma desculpa.
    - Bom dia, srta Kasugano, estamos ligando para avisá-la que houve um pequeno contratempo e a prova do seu vestido não poderá ser esta semana, nós sentimos muito e entenderemos se não quiser mais contar com os nossos serviços.
    - Contratempo?? Ahn... não, está tudo bem... é... eu não poderia comparecer nesta semana mesmo. Obrigada por avisar, vou esperar uma ligação de vocês avisando a data para eu experimentar o vestido.
    Ela desliga o telefone e dá um suspiro aliviada. Eles voltam aos seus afazeres e preparativos. A prova do vestido aconteceria dali a um mês e Midori estava preparada para o caso de ter que cancelar o casamento, pois se os convidados a vissem do jeito que ela estava, não... isso não poderia acontecer. Enquanto ela estava na mão do Seiji, seu corpo de verdade permanecia em uma espécie de hibernação, como se a alma estivesse nesse outro corpo na mão dele. O corpo real dela estava na casa de sua mãe, como da outra vez, só que desta vez a sra Kasugano estava ciente de que sua filha não estava morta. Mas se fosse o caso de cancelar o casamento, ela o faria uma ou duas semanas antes da data, ficava meio triste ao pensar nisso, pois sempre sonhou em fazer um casamento grande, mas para ela o que importava era com quem ela ia casar, não como ou onde. Já estava tudo certo: Padrinhos e madrinhas, buffet, decoração, convidados...
    Eles não queriam pensar nisso agora, então ligaram para o Takamizawa e marcaram um encontro com ele (e Marin-chan, sua boneca) na loja de bonecas onde eles se conheceram.
    Mais duas semanas se passaram sem que nada mudasse, encontravam-se, agora no início de março, o encontro com Takamizawa seria na manhã seguinte .
    Já que Seiji estava de férias do trabalho, pôde sair em dia de semana, ele e Midori estavam muito ansiosos, afinal fazia tempo que não viam o amigo, e Takamizawa, apesar de não acreditar no início, deu muita força para os dois, eles sentiam que precisavam encontrá-lo novamente para que pudessem reforçar os laços, e também porque Takamizawa ia gostar de ver Midori quase como uma boneca de novo...
    Quando chegaram em frente à loja, Takamizawa já estava lá, e ao vê-los estampou um grande sorriso no rosto e foi em direção a eles, cumprimentando-os:
    - Seiji, quanto tempo!!! - disse abraçando Seiji, este apesar de estar com saudades também, nunca gostou muito de demonstrações exageradas de afeto, mas retribuiu o abraço e cumprimentou-o igualmente.
    Midori cumprimenta Takamizawa também, que retribui o cumprimento como se Marin falasse com Midori. Quem via de longe pensava que eram apenas dois otakus viciados em bonecas "brincando" com elas.
    De volta aos velhos tempos, Takamizawa, Seiji e Midori entraram na loja, passaram a tarde toda lá conversando e olhando roupas para Midori e Marin. Takamizawa contou que estava trabalhando em uma livraria especializada na venda de mangás, acessórios para cosplay e coisas do tipo, contou também que estava produzindo um galge* e estava namorando:
    - Seiji você se lembra de quando você tentou me ajudar a conquistar aquela menina que era muito parecida com minha boneca? Inclusive que ela se assustou comigo porque eu estava sem jeito... - fez uma cara de pena de si mesmo por causa da lembrança.
    - Ah eu lembro - disse Midori - hihihi ela se assustou mesmo...
    Seiji fez que sim com a cabeça segurando um sorriso que teimava em sair de seus lábios.
    - Pois é... eu encontrei ela de novo um tempo depois por acaso e aproveitei para pedir desculpas a ela dai nós conversamos e ela viu que eu não era um maluco tarado e marcamos de sair algumas vezes depois e começamos a namorar há algum tempo - diz encabulado.
    - Epa, neste caso, inclua ela no convite! - disse Seiji - faço questão ver o resultado do meu trabalho.
    - Hahah, mas nem deu resultado Seiji - disse Midori rindo - ela ficou assustada lembra?
    - Mas eu que encorajei ele a ir falar com ela e ajudei, se bem que aquele lance da vassoura não foi muito inteligente...
    - Hehehe é verdade, mas ainda assim eu agradeço - disse Takamixawa - mesmo que tenha causado uma má primeira impressão, foi o que me fez ir falar com ela depois.
    - Ai, que bom que deu tudo certo - disse Midori - em breve teremos mais um casamento hihihi
    Takamizawa fez cara de espanto e ficou todo vermelho, Seiji só ria. Eles se divertiram muito juntos e quando chegaram em casa estavam tão cansados que foram direto dormir.
    Midori estava pensativa, enquanto escrevia em seu diário deitada na cama, mania que nunca perdera. Seus pensamentos são atrapalhados pela voz do seu amado:
    - Midori - ela o encara, curiosa - não importa o que aconteça daqui pra frente... eu vou te amar pra sempre, mesmo que você continue deste jeito, você sabe disso né?
    Os olhos dela se enchem de lágrimas e ela diz:
    - Zutto?
    - Zutto.