Remo passou algumas horas dentro de um estojo, pensando na morte da bezerra e quanto tempo seus amigos demorariam pra o encontrar. Até que foi cutucado com um lápis por Jacques.

            - Remo...Remo! – Jacques chamou. Remo acordou do transe da morte da bezerra.     

           - Suivre moi – ele disse tirando Remo do estojo e colocando na mesa. Remo fez cara de “quê?”.

            - Siga-me – Jacques repetiu em inglês, rolando os olhos. Ele foi andando até Bolota, Gurgle e Bolhas, que esperavam de pé no fim da mesa do professor, empunhando as varinhas. Gil apareceu e se posicionou na frente dos três.

            - Diga o seu nome. – ele disse sério.

            - Remo. – o outro respondeu confuso. Eles já não sabiam seu nome?

            - Irmão Bolota, prossiga. – Gil disse, e Bolota tomou o seu lugar. Estufou o peito e começou:

            - Remo! Recém chegado dourado e vermelho! Você foi chamado ao crânio-baba-lava-pela-boca para se juntar a nós fraternalmente na irmandade da detenção! – ele disse com gestos largos.

            - Te queremos no clube. – Estela cochichou, ela estava do outro lado da mesa, apoiando a cabeça na mão.

            - Jura?

            - Se você puder passar pelo...anel de fogo! – Bolota exclamou enfático, apontando para o crânio como se alguma coisa especial fosse acontecer. – acende o anel de fogo, o anel de fogo! – ele cochichou para Jacques.

            - Oui – ele disse se lembrando de seu papel, e apontou a varinha para o crânio, que começou a soltar bolhas vermelhas pela boca e pelos buracos dos olhos.

            - O ANEL DE FOGO!! – Bolota bradou finalmente.

            - Bolhas, bolhinhas... – murmurou Bolhas ansioso para estourar todas aquelas bolhas. Deb o segurou pelo ombro.

Remo hesitou encarando as bolhas.

            - Não tem outro jeito? Ele só tem cinco centímetros! – Estela disse preocupada.

Remo passou correndo pelo jato de bolhas e, surpresa, saiu vivo e bem. Todos aplaudiram.

            - De agora em diante, você será conhecido como...Minhoca! – disse Gil satisfeito.

            - Minhoca, u-há-há! – fizeram todos.

            - Bem vindo, irmão Minhoca! – continuou Gil.

            - Minhoca, u-há-ha!

            - Chega de Minhoca.

            - Minhoca uh...ep...foi mal. – disse Gurgle se afastando constrangido.

            - Ele é um de nós agora, concordam? – disse Gil.

            - SIM! – todos concordaram.

            - Não podemos mandá-lo para a morte. A nossa detenção é daqui a trinta minutos. Então? O que fazemos? – Gil começou com um tom de general.

Todos se entreolharam sem nenhuma idéia.

            - Eu digo o que fazemos. A gente vai tirar ele daqui. Ele vai conseguir escapar. – Gil continuou.

            - Escapar? Sério? – disse Remo.

            - Gil, por favor, chega de planos de fuga... – disse Gurgle torcendo as mãos.

            - Desculpe, mas é que eles nunca funcionam – concordou Deb.

            -É, e porque esse seria diferente? – acrescentou Bolota.

            - Porque a gente tem ele. – Gil respondeu apontando para Remo, como se fosse óbvio.

            - Eu?

            - Já viu a mesa do Filch?

            - Já.

            - Você é o único que pode entrar e sair daquela gaveta. A gente joga a chave para você, você entra lá pela fresta e abre a gaveta por dentro, assim podemos pegar a ficha de ocorrência e apagar os nossos nomes de lá, depois nós tiramos você de lá, trancamos de novo e saímos ilesos! Só precisamos que Bolota quebre alguma coisa no andar de cima, ele com certeza vai achar que foi o Pirraça. É infalível! Quem compra essa?

            - Eu! – Bolota disse animado.

            - Eu. – disse Jacques.

            - Eeu! – disse Deb.

            - Eu! – disse Bolhas.

            - E-eu acho loucura. – disse Gurgle por fim. – sem ofender, garoto...mas você não é muito esquivo.

            - Ele vai se dar bem, ele consegue...então, Minhoca? O que é que você acha?

            - Vamo' nessa. – ele concordou.