Pov, Sam

A vida de uma certa forma, de uma pequena forma quase imperceptível, faz as coisas se encaixarem no seu devido lugar, mas antes de descobrir que isso acontece, ela destrói, te faz perder as esperança, te faz querer correr atrás de algo que parece ser impossível e te faz perder essa batalha...

Era exatamente como eu me sentia agora, uma derrotada , sem quaisquer forças, tais forças que me levaram ao único homem, ao um único amor.

Todo meu esforço havia se esgotado, como se eu tivesse feito um eterno pacto com a tristeza.

Mas era um bom tempo para respirar, e tentar ver outras coisas, eu tinha uma filha, e não poderia me deixar levar, não desta vez, não para sempre.

- Você pode ir mais rápido? Sophie falou retirando e espalhando quaisquer pensamentos que me afligiam. Respirei fundo controlando minhas mãos no volante e a olhei através do espalho que havia logo acima.

- Estamos chegando, precisa se acalmar. A respondi voltando rapidamente minha atenção ao transito. Sophie simplesmente bufou em sinal de contradição.

- Vamos perder o que vai acontecer. Ela falou em um tom de simplicidade.

Revirei os olhos em sinal de protesto, afinal estava indo a um lugar, e nem sabia qual o real motivo. Mas sem entrar em contradição, fui seguindo caminho, tentando puxar o máximo de assunto com Sophie, porque precisa ocupar minha mente, precisa distrair minha tristeza, e ela era mestre em fazer isso.

Então a pouco mais de alguns minutos, conseguimos chegar no lugar certo.

Eu já poderia avistar luzes cintilantes, que brilhavam em contraste com as perfeitas luzes das estrelas, o lugar parecia um magnetismo interessante, aonde conseguia sentir as vibrações através do vento. Instintivamente, apenas de olhar aquele tal lugar modificado , sorri.

- Aqui está bonito. Sophie suspirou e voltei minha vista pra ela por alguns segundo e concordei.

- Simplesmente lindo. Respirei fundo e fui encontrando qualquer lugar para estacionar... Isso naquele minuto era o de menos, ao longe pude avistar um belo palco que havia sobre as águas, as luzes também pareciam tão a vontade enquanto circulavam dentre as arvores atingindo o céu.

Consegui parar o quarto e assim me retirei, logo após retirando Sophie e fui me aproximando daquela maravilha com ela em meus braços.

- Porque me trouxe aqui? A perguntei enquanto matinha minha vista naquele perfeito palco.

- Precisa sair um pouco...Olhei pra aquele rostinho sorridente por um minuto e suspirei.

- Sim, eu precisava... Respirei fundo e apressei meus passos para perto do acostamento, o mais perto que poderia ficar daquele palco.

- Então o que vai ter aqui? Um show?.. Franzi o cenho colocando Sophie ao chão.

- Eu não sei. Ela deu com os ombros e voltou sua atenção para o palco.

Acho que isso nem importava tanto, o fato dela me querer bem, já compensava qualquer coisa, então assim como Sophie voltei minha atenção pro palco, que por um breve segundo ficou escuro. Tão breve que quando as luzes voltaram, tomei um leve susto. Eu não sabia qual seria o espetáculo, ou que iria acontecer, porém fiquei atenciosa, assim como Sophie...

Então o tal espetáculo deu-se inicio, cada movimento dos artista, cada consagração, cada detalhe, parecia ser perfeito, parecia ser único. A musica ao fundo, que ainda tornava tudo ainda melhor. Não era em si uma peça teatral, na verdade resumia em um musical épico, cheio de transições e efeitos.

Era algo na verdade que prendia sua atenção a qualquer custo, e antes que pela beleza, o que mais prendia você, era o fato de como tudo se dava, como as coisas ia acontecendo com fluidez.

Por um minuto, breves minutos, eu consegui esquecer qualquer problema. E não por conta de um espetáculo, mas porque estava ali com minha filha...E isso tudo já bastava.

Pov Freddie.

Como poderia começar agora? Se me sentia ao ponto do fim..O fim se nenhuma possibilidade de voltar? Respirar naquele momento se tornou uma tarefa tão difícil, porém tão digna, quanto um sopro divino. Depois da singela conversa com minha mãe, e com a ida ao hospital, a única coisa que pensava no momento, era falar com Sam, dizer toda a verdade, soltar tudo de uma vez e fazer com que tudo se tornasse melhor...

Mas, bastou segundos para desfazer qualquer pensamento, porque eu ainda me sentia culpado por tudo...Afinal, eu tive uma escolha não tive? Eu tive a oportunidade de escolher, o destino de merda me deu isso nas mãos e assim fiz...

Não existia pior ser do que aquele homem cansado que agora subia as escadas, apenas para descansar por segundos, na verdade apenas para colocar em ordem seus pensamentos que vieram como destroço na sua mente.

Respirei fundo a frente daquela porta e a abri vagarosamente. . . E isso me deu tempo o suficiente para ver alguém de pé em frente a janela, na qual apenas a luz de fora refletia em sua pele branca.

Pisquei duas vezes para acreditar na irrealidade que estava ali, mas aquele ser tão magnifico não saiu dali. Pensei seriamente em dar dois passos para trás, mas, não era motivo pra ter medo... Com certeza eu estava louco, minha respiração foi desembraçada aos poucos...

- Pensei que nunca iria subir. A menina de 1,45 virou-se e sorriu pra mim...Aquele sorriso ...Era o meu sorriso. Minha respiração falhou no mesmo momento e sentir toda paz que ela trazia pra dentro de mim...Eu conhecia aquele sorriso acima de qualquer coisa...Meus olhos rapidamente arderam até a primeira lagrima sair.

- Sop.. Foram as únicas coisas que eu conseguir dizer, estava totalmente paralisado sem acreditar no que eu via... A projeção perfeita de Sophie, com toda perfeição existente no mundo, aparentemente com 12 anos. - Isso não é real... Consegui cuspir tais palavras respirando pesadamente.

Eu realmente estava ficando louco.

- Nada é real neste mundo, todo objetivo é um sonho. Ela continuou sorrindo e me olhando. - Pai... Sophie sussurrou rapidamente correu até mim e envolveu os braços na minha cintura...Deus, eu sentia o toque dela, eu sentia o cheiro que ela transpassava através daqueles lindos cabelos loiros.

Eu fui forte até aquele momento, mas não podia mais suportar, então quando ela me abraçou, desmoronei em lagrimas que eu retive por tanto tempo, Sophie me abraçava de uma maneira tão reconfortante, que por mais que eu quisesse gritar, não conseguia, parecia que eu estava realmente aliviando aquela dor.

Tanta coisa me passava pela mente, cada coisa que eu não vive, aquele abraço veio carregado por pensamentos e lembranças tão fortes, tão únicos. . . Sophie estava ali por mim, e por mais que fosse uma ilusão, nada mais na vida me pareceu tão real.

- Pai. Ela sussurrou novamente algo que jamais havia ouvido sair de sua boca. Ela subitamente afastou-se de mim, e me olhou com profunda tristeza.

- Algo errado? Passei ligeiramente a mão no meu rosto para fastar vestígios de lagrimas. Sophie permaneceu em silencio me olhando...A cada minuto que passava parecia que seu rosto ficava mais aterrorizado e isso estava causando tal sensação parecida em mim.

- Sophie...? Tentei algum argumento, mas fui interrompido por uma forte do na região da cabeça que me fez gritar e de consequência cair de joelhos no chão. Tentei manter a vista em Sophie, mas era impossível se concentrar em algo.

Particularmente eu acho que a dor emocional não era o suficiente. . . Parecia que o mundo queria tudo de mim, tudo de mais terrível, de mais doloroso. E com isso, a imagem de Sophie se dissipou a minha frente...- NÃO, POR FAVOR..NÃO VÁ, gritei em vão...Ela já havia ido embora, e sinceramente, gostaria de ir junto com ela. Para qualquer dimensão, para qualquer lugar...Eu só queria...Sair daqui.

- Freddie? Ouvi a voz de minha mãe se espalhar por fora do quarto até a própria entrar as pressas...Eu continuava de joelhos, paralisado, porém a dor começava a desaparecer. - Querido... A voz dela trouxe um enorme tom de preocupação...

- Ela se foi mãe...Traga ela de volta. Eu falei entre lagrimas novamente, porem se olhá-la.

- Freddie... Ouvi o logo suspiro de minha mãe.. -Precisa acalmar-se, e saber que tudo vai dar certo.

- Não...mãe...Não vai. Rebati.

- Sam é tão cabeça dura quanto você, mas, eu tenho certeza que ela vai lhe ouvir. -A mãe de minha mãe passou sobre meu ombro em sinal de conforto. Apenas tenha mais tempo.

E foi assim, com a simplicidade de uma mulher que sempre me ajudava, que eu conseguir me levantar e ao menos encará-la. - Agora acalme-se. Ela aproximou-se e tocou no meu rosto.

- Eu realmente me sinto sujo, péssimo. Revelei a ela que me sorriu tristemente.

- Tenho certeza que vai ficar tudo bem. Ela encolheu os ombros, sem nenhuma certeza em seu tom de voz.

Respirei fundo e a olhei. - Não quero dormi hoje aqui...Quando...ela..vol.. Fitei o chão sem conseguir falar o nome daquela na qual eu me casei.

- Não...Precisa ficar aqui, e não se preocupe com Carly... Ela não virá pra casa.. Rapidamente a olhei e franzi o cenho.

- Porque? Engoli seco.

- Bom os hospitais de Seattle estão de greve, demorou algum tempo até que ela fosse atendida, porque só casos muito graves que estão mantendo pequenos grupos de médicos nos hospitais.. Então ela ligou dizendo que não viria pra casa... Minha mãe abaixou a cabeça.

- Isso...foi culpa minha. Suspirei infelizmente preocupado.

- Freddie...Ela só precisa de um tempo assim como você. Minha mãe pegou em minha mão e me olhou profundamente...- Durma...Tente dormi, amanhã terá um dia cheio. Sam precisa de um tempo, todos precisam... Até mesmo você. Depois você começa a tentar colocar as coisas no lugar. Mas hoje, apenas descanse...

Como poderia existir uma pessoa tão certa?