Esta é a minha história. Nascido de pais que não me queriam e adoptado por outros que me amavam demais, sou ao mesmo tempo Han e Kim Jaejoong.

Tive uma infância diferente da dos outros. Eu era pequeno e tímido, não me encaixava bem com os outros meninos. Os únicos que me prestavam atenção eram os meus familiares mais próximos, pois os outros rejeitavam o facto de eu não ser do mesmo sangue.

Ouvia sempre comentários desse tipo. Apesar de não ser filho bastardo de nenhum dos meus pais, era tratado como tal, como se fosse fruto de uma traição e olhado de lado.

Na minha vida, tive várias namoradas, é verdade. Mas por mais namoradas que tivesse, nenhuma me fazia esquecer o quão feio, arrogante e inadequado eu era. Apesar de os meus pais adoptivos e as minhas irmãs me amarem, não me conseguia encaixar naquela família.

Claro que os amava. Do fundo do coração, sempre os amei e dei graças por eles existirem. Só nunca me senti merecedor deles. Por isso, quando finalmente soube que era adoptado, aos vinte anos, não foi grande choque. Uma pessoa como eu não merecia ser filha de pais tão extraordinários.

Mesmo assim, continuei a ser um bom filho e irmão. Mesmo com os pais biológicos que mais tarde cheguei a conhecer. Não os culpo por me terem abandonado – Qualquer pessoa faria o mesmo se soubesse a pessoa que eu seria.

E sim, a minha auto-estima é tão pequena assim. Apesar de me elogiarem muito e ter bastantes fãs e amigos, eu nunca acreditei que pudesse ser uma pessoa tão boa com eles diziam. Pelo menos, até conhecer a Moon.

Ela ajudou a que eu próprio me conhecesse e ensinou-me a amar o meu “eu”. Ela amou-me como eu sou e isso é algo que eu dou graças a Deus todos os dias. Por ter uma pessoa como ela ao meu lado e por construir uma família com ela.

O nosso casamento e o nascimento do nosso primeiro filho foi para mim o meu maior feito. Nunca pensei ser tão amado e sou-o. Sou feliz todos os dias e faço o meu melhor para que a minha família seja também.

Foi ela que me tornou uma pessoa feliz. E, pelo que ela me disse mais tarde, eu tornei-a igualmente feliz. É bom saber que alguém nos ama e sentir que fez algo para ajudar essa pessoa e tornar todos os dias da sua vida em dias felizes.

Bem, todos os dias não. Como o dia de hoje, por exemplo. Tudo começou quando eu acabei com o rolo do papel higiénico e me esqueci de repor e o Min Woo decidiu ir à casa-de-banho.

Ainda por cima, a Moon tinha saído e eu ficara a ver um jogo de futebol com o Junsu e o Changmin no andar de baixo… O que deu à Moon a desculpa perfeita para me culpar.

Mas tenho eu culpa que o miúdo de três anos ainda não tenha aprendido que quando não encontra o papel higiénico vai à despensa ou chama alguém? E que culpa tenho eu que ele tenha limpo o rabo aos livros da Moon e aos cortinados e paredes do nosso quarto? Bolas, eu fui o primeiro a lá entrar e saí logo de seguida. Ninguém ensinara bons modos àquele miúdo, que ainda teve a lata de sorrir para mim.

Claro que o castiguei. Não ia poder ir brincar a casa da Su e da Miri por duas semanas, disse-lhe eu. Mas a minha “querida” esposa, quando o descobriu, levou precisamente o miúdo para casa delas e obrigou-me a dormir trancado naquele quarto. E, passados dois dias de sofrimento, ainda me obrigou a limpar. Aparentemente confiava mais nelas e naqueles desgraçados da Su e do Yoochun que em mim mesmo.

Se eu não a conhecesse, ia pensar que ela não me amava tanto assim. Mas as minhas inseguranças já tinham acabado, e tudo graças a ela.

Depois disso, pediu-me desculpas e fomos todos comemorar o nosso quinto aniversário de casamento ao jardim zoológico. Mas espera aí, quem castiga o marido nas vésperas de um aniversário de casamento? Deveria pedir o divórcio?

Pensei na cara zangada da minha mulher e estremeci. Não. Isso era algo que eu nunca poderia fazer, tanto pela minha felicidade como pela minha saúde. Ámen a isso.

       The End