A ruiva no outro cômodo sentou-se segurando uma pulseira clara que possuía um coração prata antigo. Ela a apertou nas mãos, fechando os olhos e deixando as lágrimas descerem lentamente por seu rosto. Aquela pulseira pertencia a Petúnia, sua irmã mais velha que ela tanto amava... Mas a mesma a odiava. Esse pensamento fez com que mais lágrimas caíssem e soluços se iniciassem. Ela não queria que ninguém a visse daquele jeito, tão frágil; por isso tinha fingido normalidade para a morena que se encontrava no banheiro. Mas na verdade, um sonho que tivera durante a madrugada atormentava sua cabeça. O sonho era tão vívido... Era do dia em que a irmã lhe dissera que ela era uma aberração, que a odiava e preferia que a garota nunca tivesse nascido. Aquilo a machucava tanto.

Por isso a pulseira estava em suas mãos. Era o único item que ela tinha da irmã e significava muito. Colocou-o no braço como um lembrete de que aquilo havia sido somente um pesadelo e que um dia Petúnia viria a volta-la a amá-la.

Com a antemão retirou as lágrimas que cessavam e desceu às escadas. Ela não se assustou por James Potter estar deitado no sofá despreocupadamente, parecendo muito interessado em um frasco que pousava na mão esquerda.

- Isso definitivamente é um milagre – comentou ele. – Você de pé às seis da manhã.

Ele sorriu finalizando:

- Em um domingo.

Ela o olhou por um instante e todos os insultos em que pensara saíram de sua mente ao ver o sorriso estampados nos lábios dele. Afinal, ele não tinha culpa alguma por ela estar chateada naquela manhã.

- Você é tão gentil – respondeu ela quando o fitou. Forçou um sorriso.

James percebeu. O par de olhos esmeraldas nunca poderia enganá-lo. Ela estava tão triste! Ele não sabia explicar, mas algo dentro de si se apertava e lhe dava essa sensação de não deixar que nada acontecesse com a ruiva.

Ele se levantou de imediato e inesperadamente a abraçou. Ela não teve nenhuma reação. Há alguns dias atrás o afastaria com chutes e pontas pés, mas ele era seu amigo agora e além do mais, ela precisava tanto daquilo. Um abraço.

Amigo.

Aquela palavra soava estranha. Mas ela gostava de tê-lo por perto, assim como os outros marotos, por mais que a irritassem. Era ainda mais estranho admitir isso.

Ele afagou seus cabelos e ela cedeu por completo. As lágrimas que antes cessaram, voltaram à tona com a mesma rapidez. Ele não fez perguntas, somente a puxou mais contra si, como se o aperto pudesse ampará-la. Lily percebeu o quão confortante o abraço do moreno era e riu em pensamento sobre isso. Merlim! Ela estava totalmente frágil e entregue aos braços do Potter!

Seus pensamentos alternavam entre o momento e Petúnia, o que faziam-na chorar e sorrir ao mesmo tempo.

- Você é totalmente louca, Lily – disse ele ao ver um sorriso torto nos delicados lábios avermelhados dela junto às lágrimas que desciam pelas suas bochechas pálidas.

- Cala a boca, James – respondeu ela ainda sorrindo.

- Você sabe, eu nunca convidaria uma pessoa normal durante anos para sair – falou ele. – Eu tenho uma queda irremediável por loucas bipolares e ruivas.  

Ela o olhou para cima, o encarando bem feio, e ele riu.

- E criaturas pequenas, obviamente – completou levando um tapa nos ombros.

- Como se você já não tivesse um experiência ampla com idiotas e loucos o bastante – ela respondeu se referindo aos marotos.

- Gênios loucos, devo acrescentar.

Ela fez uma careta e ele quase riu mais uma vez.

- Eu sinceramente não sei da onde você tirou isso, mas não vou estragar seu sonho.

Ele sem querer tocou na pulseira que repousava no braço da ruiva o que a fez ficar com o olhar vago. Ele notou isso e também que permaneciam abraçados. Afrouxou o aperto, e ela inconscientemente se aproximou dele. James sorriu, e depositou um beijo na testa da ruiva, o que a despertou. Seu olhar tornou-se confuso, e sentiu seu coração acelerar.

- Chocolates? – ofereceu ele, com um típico sorriso maroto no rosto.

- Você definitivamente é um chantagista, James Potter – ela disse com uma tentativa de sorriso, e o moreno subiu às escadas para pegar os doces, deixando-a na sala sozinha por alguns minutos. Ela sentou-se e esperou.

James a havia confortado e não fizera nenhuma pergunta. E pela primeira vez, ela viu sobre o que as amigas estavam falando. Revirou os olhos e mandou os pensamentos para longe.