Não precisávamos mais de palavras; nossos olhares diziam tudo.

Vendo o sim nos olhos de Samanta, a envolvi em meus braços. Meus lábios encontraram os dela num ritmo impaciente, urgente. Nossos movimentos, quase selvagens, se tornaram um só. Minha pele, tão quente quanto a dela, dançava querendo mais.

Uma loucura transformada em desejo, dois corpos que não se saciavam. Havíamos nos tornado seres perdidos no paraíso. E queríamos mais.

Quando caímos no chão, a cozinha sendo nossa única plateia, minha mão não se conteve, avançando pelas pernas e a cintura de Samanta.

-E-espera – ela disse, conseguindo se libertar de um beijo meu.

Sorri, alcançando aqueles lábios mais uma vez.

-Sshh – sussurrei no ouvido dela, beijando em seguida seu pescoço.

Sentia o coração da garota batendo acelerado embaixo do meu corpo.

Ela sabia o que iria acontecer; eu sabia o que iria acontecer.

Fitei por um instante os olhos dela, tão vivos e brilhantes como eu nunca tinha visto antes. Eu estava dentro de seus olhos, e ela dentro dos meus.

Tirei minha camisa e as calças numa rapidez em que até eu me impressionei. Samanta me olhou atônita, seu rosto corando no mesmo instante. Mostrei meu melhor sorriso de caçador.

Quando fui ajudá-la a se livrar daquelas peças de roupa, ela me parou de repente, se afastando de mim um segundo depois.

-E-eu já volto – Samanta correu para dentro de casa, o rosto totalmente em brasa – Me espere aqui.

Aquela foi a pior e mais agonizante espera da minha vida.

Deitado no piso frio da cozinha, eu a esperava ansioso. Uma sombra não demorou a me cobrir.

-Coloque isso. – a garota disse, atirando algo que caiu em cima do meu peito.

Baixei os olhos.

Camisinha.

-Ah... – tinha me esquecido disso.

Abrindo o envelope às pressas e me virando com aquilo, escutei um leve farfalhar de roupas tocando o chão enquanto isso.

Era o que eu estava pensando? Sim.

Samanta me abraçou pelas costas, seus lábios quentes tocando meu pescoço. Eu enlouqueci. Me virei um minuto depois, caindo no chão sobre ela.

Nossos olhos se encontraram. Se a eternidade pudesse ser descrita com um olhar, foi ele quem eternizou tudo naquele momento. E então aconteceu.

Tão intenso, mas ao mesmo tempo tão fantástico e indescritível. Nunca me senti tão vivo como naquele momento.

Quando enfim caí ao seu lado, não soltei sua mão uma vez sequer. Samanta sorria para mim, um sorriso tão único, tão dela, que, ao seu lado, me senti a pessoa mais feliz do mundo.

A envolvi em meus braços, beijando seus cabelos. A respiração dela flutuava calma, cálida, em minha pele.

-Eu só queria ter sido o primeiro... – murmurei comigo mesmo.

Samanta levantou os olhos. Ela havia escutado.

Sorri. Eu não ia estragar aquele momento.

-Esquece isso que eu disse. Tava falando sozinho.

Ela retribuiu meu sorriso, se aconchegando ainda mais a mim.

-Mas você foi. – ela disse.

-O quê? – minha voz saiu baixa e rouca.

Samanta ficou um instante em silêncio. Um leve tremor percorreu seu corpo.

-Isso mesmo que você ouviu. Aquela história com o Felipe era mentira.