Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma – tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Eu via-o desconfortável ao meu lado, sempre a balançar de um lado para o outro no banco do carro enquanto voltavámos para o dormitório.

-Sungjongie... - sussurrei perto do seu ouvido e vi os arrepios que percorriam pelo seu corpo todo por consequência à minha proximação e o bater da minha respiração no seu pescoço – 'Tás bem?

Ele virou-se para mim como se fosse um robô e sorriu, um sorriso falso e feio nada característico do pequeno.

-S...Sim hyung – e voltou-se rapidamente para à frente

-Não se deve mentir ao hyung, Jongie – disse num tom meio brincalhão e num tom sarcástico.

-Hyung posso fazer uma pequena pergunta? - perguntou o maknae e eu respondi com um pequeno aceno afirmativo – Já gostaste de alguém?

-Não Jongie. Não tenho capacidade para isso. - respondi sincero e directamente e vi o restante ânimo do pequeno ir pela janela fora

E por muito que ambos quisessemos não ter ouvido o “Eu amo-te” que o pequeno sussurrou não podemos negar que, sim, o ouvimos.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Por mais amor que o maknae me possa me dar eu nunca o poderei retribui-lo. Porquê? Já veremos.

Eu sabia que o pequeno sentia algo mais forte de amizade por mim pelos olhares, os toques e por todas as coisas pequenas que as pessoas nunca notam, todas menos eu. Mas saber indirectamente e ouvi-lo sair da boca do maknae são duas coisas diferentes.

E eu sou o seu hyung, eu deveria protegê-lo, devia protegê-lo da dor e de quem a poderia causá-la mas como é que posso protegê-lo de mim próprio sabendo que não posso retribuir os sentimentos que ele sente por mim.

Pois só aqueles que tem uma vida em si é que podem sentir e, infelizmente, o Sungjong não conheceu o Myungsoo que tinha uma vida dentro de si mas sim o frio e distante L que tem um vazio dentro de si do que uma alma rica em emoções.

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Levantar o Sungjong e colocá-lo seguro na minha cintura foi fácil, já que o pequeno era leve como uma pena e, quando o puxei contra a parede uma parte de mim sentiu-se recioso de ter magoado um ser tão delicado como o maknae mas este só gemeu de uma dor prazerosa.

Arrancar a roupa rápido e despachar isto. Um acto rápido para não haver emoções misturadas e confundidas com outras mas lento o suficiente para guardar recordação.

Sem nenhum dos dois perceber, nós os dois já estavámos nus e eu entrava nele sem preparação nem aviso. E depois de ter entrado completamente não esperei que Sungjong se habituasse e comecei com uma “viagem” rápida e forte. O desejo carnal era demasiado para esperar e um passo bruto foi composto por mim enquanto penetrava o mais novo e vi as feições de dor e prazer na face dele.

Tudo acabou rápido e, depois de sair dentro dele, levei o pequeno para a cama mais proxima depositando-o lá. Vesti-me o mais rápido que o meu corpo cansado podia e sai do quarto.

Mas mesmo antes de sair ouvi o meu nome ser sussurrado e vi o olhar cheio de sofrimento do maknae

“Desculpa pensei”

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

Tu és belo, sem dúvida.

Tu, cheio de suor a escorrer pela tua face delicada cheia de características femininas e a mover o teu corpo de um lado para o outro enquanto uma música de uma girls-band saia das colunas da aparelhagem do dormitório.

Com tanta beleza e delicadeza, como foi possível que tiveste o azar de me amar? Não percebes que não mereço um ser tão perfeito como tu? Que é impossível eu amar espiritualmente? Que só irei te querer carnalmente?

Infelizmente tu não percebes e o amor também não porque tu não me deixas de amar por mais que te magoe, que te faça chorar, que destrua mil e uma vez o teu coração, tu não páras

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

-Porquê que não me amas? - tu choras depois de mais uma noite de sexo sem sentido, sim sexo mesmo que tu desejes o amor eu só te posso dar sexo e nada mais.

-Porque não amo Jongie.

E aquilo deteve mais alguma resposta de sair da bela e carnuda boca do pequeno que já fez coisas que nunca imaginei que alguma vez que ele o fizesse, pois não chega te magoar como, também, te sujei, tirei a tua inocência sem delicadeza e o amor que mereces mas tu nunca reclamaste pois só queres a única coisa que não te posso dar e isso é o meu amor.

E por mais que não te ame eu desejo-te mais e mais, o teu corpo fascina-me e o teu calor prende-me e eu só te quero mais e mais.

-Pelo menos beija-me. - pediu e pela primeira vez nós nos beijamos e eu o deitei na cama com tranquilidade e a nossa rotina irá, novamente, acontecer. - Eu amo-te.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não

-Eu quero-te. - disse e o olhar de Sungjong foi a coisa mais mofina que vi e daí percebi que sou um monstro sem conserto