Efeito Bumerangue escrita por SofiaB, SarahRiot_


Capítulo 31
Capítulo 30 - Steady feet, don't fail me now


Notas iniciais do capítulo

Hellos, pessoas bonitas!!! Tudo bom com vocês? :33
Capítulo enorme e mais que choroso saindo pra vocês, espero sinceramente que considerem que valeu a pena a espera ;) Se bem que ficou um pouco enrolation, mas é pra chorar, ok? OSIPDFMDSPOFM Brincadeira.
Ah, sim, tenho algo importante a agradecer ^^ A Luana linda, os meus >muito< obrigados pela sua recomendação linda e de derreter o coração :33 Coisa mais fofa, gente ^^ Segunda recomendação da EB!
O.O
:OOOOOOOOOOO
O/
WOOHOOO :333
Vocês que fazem isso aqui valer a pena ♥ Obrigada, babies. E agora vou parar de ser chata, boa leituraaaa!!!



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Música do Capítulo: Stop and Stare

POV Josh

BIP BIP BIP BIP BI—

Minha mão saltou quase automaticamente sobre o despertador. Normalmente, levar-me-ia mais tempo para silenciar o aparelho irritante, mas normalmente, eu também estaria dormindo a uma hora dessas, especialmente sendo sábado.

Não nesse sábado, claro. E se está se questionando sobre a diferença, ela consiste no fato de que, num sábado normal, eu não tenho que pegar um avião às 10 horas da manhã. Se bem que todo o conceito de “normalidade” não tem me dito grande coisa ultimamente…

Levantei-me de uma vez. Falando a verdade, não me custou acordar – e menos ainda levantar. Aliás, estava grato por não ter de ficar mais naquela cama, repassando as mesmas dúvidas uma e outra vez, Agora que a viagem estava tão próxima, ela estava finalmente se tornando real na minha ideia. Cada vez mais eu percebia que não ia para lá passar uns dias, ou tirar uma semana de férias – eu ia para Baltimore estudar durante uns meses. Caramba, eu ia para Baltimore viver!

Passei as mãos pela cara, enquanto meus pés desciam o último degrau das escadas para o sótão – que se havia tornado meu quarto no último mês. Rapidamente alcancei o banheiro comum do primeiro andar e fechei a porta atrás de mim, me apoiando no móvel da pia de seguida. Olhei no espelho, notando minhas olheiras fundas por só ter adormecido perto das quatro. Três horas de sono precedidas por cinco horas de viagens e reviragens na cama. Não admira que meu aspeto fosse tão péssimo.

Passei água no rosto, lavando-o de seguida, tentando fingir que não sabia qual era a razão de todas essas dúvidas recentes. Ou talvez não tão recentes; afinal, datavam de segunda.

Segunda-feira, segunda metade do segundo intervalo.

Suspirei com esse pensamento. Supostamente, eu não deveria estar fingindo que não sabia qual era a razão de tanta dúvida? Boa Josh, muito legal isso! Você decide ir para facilitar a vida a todo o mundo e acaba beijando Hayley. Ah, para não falar que depois não para de pensar nisso e fica reconsiderando se deve ir ou não. Só boas decisões, hein rapaz? Bom dia para você também, ironia.

Levei a toalha ao rosto, enxugando-o, à medida que suspirava de novo. Claro que não conseguia parar de pensar no beijo de Hayley. Por favor, ela era HayleyHayley! E eu sou apaixonado por Hayley desde que… bem, desde que deixei de ser idiota. Isto se isso alguma vez aconteceu. Quer dizer, olhe para mim agora! A única decisão acertada que tomei nos últimos tempos e eu estou reconsiderando. Fala sério!

Mas tão depressa quanto o avião em que embarcarei percorrerá os sei-lá-quantos quilômetros que separam Nashville de Baltimore, eu percebi.

Eu não estou apenas confuso. Nesse preciso momento, eu sou uma confusão de sentimentos.

E é exatamente por isso que preciso ir.

***

- Meu menino! – minha mãe exclamou – quase suplicou –, abraçando-se a mim pela terceira vez nessa manhã.

Apertei de volta.

- Não se preocupe, mãe, serei menos uma preocupação para a senhora.

- Que preocupação, o quê! Você é o filho que menos trabalho me dá! – disse a mulher que teve que responder por mim no gabinete do diretor umas duas vezes nesse último mês.

- Sério, eu estou na faculdade e ele dá menos trabalho que eu?! – Nate sussurrou para Zac.

- Não estresse, você vem em segundo. Já eu, devo vir até depois daquele forno estragado que ela insiste em não substituir.

Ri disfarçadamente contra o topo da cabeça da minha mãe, esperando que ela se lembrasse de outra coisa que ainda tinha de fazer e me largasse tão subitamente quanto me tinha abraçado. Se bem que, com todo o mundo arrumado, pequeno-almoço tomado, louça lavada e malas duplamente verificadas, eu não sei o que isso será.

- Karen, deixe o garoto respirar, sim? Ele não vai respirar mais esse ar de Franklin durante duas semanas.

- Eu sei, por isso é que estou apertando-o em primeiro lugar – respondeu ela, ainda me apertando mais, o que fez todo o mundo rir.

- Karen – meu pai apelou de novo, se aproximando de nós –, Zac vai abrir a webcam, você vai nos ver todas as noites.

- Mas não vou poder abraçar, é diferente – ela insistia, enquanto meu pai revirava os olhos.

- E você abraça o garoto assim com tanta frequência? – meu pai arriscou, conseguindo fazer com que ela soltasse um braço de mim. Mas isso foi apenas para dar um tapa no braço dele. Eu e meus irmãos rimos de novo.

- Ok, ok… Então e eu, não vai ter saudades de me abraçar, não?

Sucesso por fim! Ela me largou e se atirou nos braços dele à velocidade da luz. Sibilei um obrigado e ele me piscou o olho e me indicou as malas com uma inclinação da cabeça. Peguei a maior, arrastando-a em direção à porta de saída, e meus irmãos seguiram meu exemplo.

- Precisa de ajuda aí, Senhor Músculo? – zombou Nate, quando cheguei à van já estacionada em frente à casa, e tive que pousar a mala para tentar entender como a ia meter no porta-malas. Logo ele alcançou a vane pegou a mala pela parte de cima, esperando que eu pegasse pela de baixo. Assim fiz e, quando Zac chegou com a mala que carregava mais a que Nate tinha largado a meio do caminho, já ela estava bem acomodada. Arrumámos o resto da bagagem na mala e nos assentos traseiros da carrinha de sete lugares – cinco malas ao todo, mais minha guitarra semi-acústica. Ainda estava preocupado com ela. Se chegasse lá e tivesse rebentado uma corda sequer, eu ia ter contas a acertar! Embora duvide que meu pai me deixasse acertá-las…

Fechei a porta da mala, suspirando. Meus pais estavam trancando a porta da frente, dirigindo-se a nós de seguida. Percebi que seria a última vez em duas semanas que iria olhar para aquela fachada e decidi aproveitar a vista enquanto eles não nos alcançavam.

- Ei, Josh – Nate me chamou – eu tenho que ir com Zac tratar de uma coisa…

Agora?! – como assim ele tinha de ir, quando a ele eu só veria dali a um mês?! E ainda por cima, logo agora, que minha garganta estava apertando e eu estava precisando do meu irmão mais velho.

- Sim, mas logo a gente chega ao aeroporto. Vai ver, ainda nem vai ter saído do check-in.

Suspirei, confrontado com seu sorriso confiante. Abracei-o com força e ele deixou algumas palmadas nas minhas costas. Era um alívio quando Nate estava cá, especialmente nesse último mês. Por alguns dias, parecia que havia menos preocupações. Minha mãe não discutia com ninguém, Jonathan saltava alegre por todos os cantos da casa, meu pai trabalhava menos, e eu e Zac… bem, eu e Zac parecíamos até irmãos de verdade, brincando com ele e com Jon, fazendo piada de nossos pais disfarçadamente, comendo pizza e outras porcarias sem ligar para a hora de jantar…

This town is colder now

I think it's sick of us

It's time to make our move

I'm shakin off the rust

I've got my heart set

On anywhere but here

(Esta cidade está mais fria agora
Acho que está farta de nós
É hora de irmos
Estou sacudindo a ferrugem
Tenho meu coração posto
Em qualquer lugar menos esse)

Nate era um eixo lá em casa. E como ele fazia falta. Apertei-o mais um pouco, mas logo o larguei.

- Tá, mas não demorem muito.

Ele assentiu, deixando um murro leve no meu ombro e seguindo de seguida com Zac para o seu próprio carro, que era uma coisa velha, mas que ele cuidava como se fosse um Ferrari – na verdade, essa era a única razão pela qual a coisa ainda funcionava.

Meu pai olhou com curiosidade para os dois se afastando, mas logo se virou para mim de novo.

- Pronto, meu filho? – apenas assenti e encolhi um pouco os ombros, sem saber bem o que falar. Isto era confuso. Muito confuso. Mas eu precisava ir. E, de qualquer forma, eram só quatro meses. – Vamos, então.

Ele deu a volta à van, entrando no lugar do condutor e minha mãe entrou do lado dele, para o lugar do passageiro. Abri a porta para Jonathan e entrei atrás dele, decidido a sentar do lado da casa. O motivo para isso era simples: enquanto meu pai dava a partida, eu fiquei observando aquele lugar, tentando recordar os pormenores, tentando decorar como me sentia apenas de vê-la.

I'm staring down myself

Counting up the years

Steady hands, just take the wheel

And every glance is killing me

Time to make one last appeal

For the life I lead

(Estou olhando para mim mesmo

Contando os anos

Mãos firmes, tomem o volante

E cada olhar está me matando

É hora de fazer um último apelo

Pela vida que levo)

Veio-me à ideia a probabilidade de ficarmos num daqueles apartamentos modernos e frios, típicos das grandes cidades, e me arrepiei. Eu não estava acostumado com isso. Eu estava acostumado com famílias grandes, e pessoas em todos os cantos da casa, e casas de madeira, e móveis de madeira também, não daqueles metálicos estranhos…

Mordi o lábio inferior, enquanto observava a casa cada vez mais longe, desaparecendo para fora do meu campo de visão. Foquei no resto das casas daquelas ruas, quase todas iguais à minha, mas com famílias diferentes que não sabiam a sorte que tinham por não precisarem se mudar. Senti Jonathan se aproximar mais de mim e dar palmadinhas do meu ombro, por isso passei meu braço esquerdo pelos seus ombros, puxando-o contra mim e lançando-lhe um sorriso reconfortador. Ou uma tentativa dele. Jon sorriu de volta e voltou sua atenção para as casas de novo. Fiz o mesmo, enquanto meu pai parava no primeiro cruzamento da rua.

Stop and stare

I think I'm moving but I go nowhere

Yeah I know that everyone gets scared

But I've become what I can't be

 (Pare e olhe

Penso que me estou movendo mas não vou a lado nenhum

Sim, eu sei que todos sentem medo

Mas me tornei em quem não posso ser)

Porque eu estava indo, afinal? Porque eu estava aqui, nessa van, em vez de estar de pijama, assistindo Bob Esponja com Jon? Em vez de estarem casa? Eu sei que todo o mundo fica com dúvidas antes de decisões grandes, mas eu precisava mesmo ir?

Aff, eu precisava parar de olhar para a cidade, é o que é. Por sorte, meu pai já estava entrando na auto-via para Nashville, porque a visão do que eu estava deixando para trás estava me matando.

Aliás, estava matando minha decisão. Eu precisava ir. Precisava me livrar de muitas coisas pesadas com as quais eu não conseguia lidar aqui. Precisava me tornar em alguém feliz. Aqui, eu apenas ia conseguir o contrário e acabar sentindo mais ressentimento, mais remorso e mais ressetimento. Era um ciclo vicioso que eu tinha que quebrar. Então, eu precisava ir. Precisava dar tempo para todo o mundo. Precisava dar espaço para todo o mundo. Literalmente.

Eu precisava ir.

E eu ia.

Essa era uma decisão que estava tomada e eu tinha que me lembrar disso. Era pelo bem de todos e era também a única decisão nobre que eu já tomei – para além de renunciar aos últimos pedaços de bolo de chocolate pelo bem de meus irmãos mais novos, o que não deve valer para muito.

Stop and stare

You start to wonder why you're here, not there

And you'd give anything to get what's fair

But fair ain't what you really need

Oh, can you see what I see

(Pare e olhe

Você se questione porque está aqui, não lá

E você daria tudo para ter o que é justo

Mas justiça não é realmente o que você precisa

Oh, consegue ver o que eu vejo?)

Suspirei. Meu pai acelerava mais, agora que estávamos na auto-via, e se concentrava completamente na condução, visto que minha mãe, muito contrariamente ao seu costume, não falava nada. Devia estar bem perturbada – afinal, quando levamos Nate para a faculdade pela primeira vez, ela não parava de falar, dando conselhos sobre tudo e sobre nada, até sobre coisas que Nate jamais precisaria. Claro que a situação era bem diferente, sendo que meu pai também estava indo. Talvez ela estivesse temendo a repercursão de tudo isso em Zac, logo agora que ele estava levantando as notas. Mal ela sabia que eu não tinha nada a ver com isso. Lisa era uma boa influência para Zac, exatamente o que ele precisava. Sorri ao pensar que nem toda essa situação fora completamente em vão, porque pelo menos servira para juntá-los.

Jon tinha adormecido com a cabeça encostada ao meu braço e, do jeito que meu pai acelerava, estaríamos chegando ao aeroporto em menos de meia-hora. Decidi fechar os olhos um pouquinho e imaginar o que me esperaria em Baltimore. Entre apartamentos, escolas e caras novas, acabei adormecendo.

Quando minha mãe me abanou e eu voltei a abri-los, porém, pareceu que não tinha passado nem cinco minutos. Fiquei na dúvida se isso seria o cansaço ou a aceleração do meu pai, pois agora ninguém falava. Fui buscar o que estava no banco traseiro – a guitarra e uma mala – e desci da vanlogo a seguir a Jon, que bocejava. Coloquei a guitarra às costas e pousei a outra mala que carregava, para ajudar meu pai a descarregar a bagagem. Peguei em duas das malas médias, minha mãe pegou as duas pequenas, acabando por ter que dar uma para Jon, que queria determinantemente ajudar, e meu pai levou a grande sem grande esforço, visto que era tipo trolley, logo era só puxar.

Dentro de alguns minutos, estávamos na fila do check-in, que para um sábado de manhã, nem estava muito grande – o que se notou, porque, em 15 minutos, já tínhamos chegado ao balcão. Tratamos de tudo, indo despachar a bagagem de seguida. Acabou que minha guitarra viria comigo – pelos vistos, era um “objeto pessoal”. Fiquei feliz, pelo menos poderia vigiá-la.

Com tudo arrumado, só faltava esperar o embarque, que era daí a mais ou menos meia hora. Jon estava com fome, então fomos até à lanchonete, eu com a guitarra ainda às costas. Todo o mundo bebeu qualquer coisa e eu aproveitei para comer algo também e me distrair do nervoso. Logo estávamos pagando e indo esperar nos bancos junto à porta de embarque. Mas onde estava Nathaniel? Se ele não aparecer no próximo quarto de hora, juro que o deserdo!

Mais uns dez minutos passaram – durantes os quais tirei a guitarrado saco e toquei algo para Jon, ele me ajudando a cantar. Minha mãe estava sentada ao lado de meu pai, mas com o braço dado e encostada a ele. Eles nos escutavam em silêncio, felizes, talvez até orgulhosos, mas também um pouco tristes. Eu também me sentia assim, mas cada vez mais o entusiasmo me atingia. O mesmo sentimento que me fez decidir ir em primeiro lugar.

They're trying to come back

All my senses push

Un-tie the weight bags

I never thought I could

(Eles estão tentando voltar

Todos os meus sentidos empurram

Desaperte as malas pesadas

Nunca pensei que pudesse)


Mas não era só o entusiasmo que crescia, o nervoso também. Decidi ir ao banheiro.

- Vai para a esquerda e vira à esquerda de novo ali ao fundo. Depois é no fim do corredor.

- Valeu, pai.

- Quer que vá com você?

Revirei os olhos.

- Não, melhor ficar, eu acho o lugar.

Com seu “ok, não se perca” soando atrás de mim,  segui o caminho que ele me indicou, secretamente procurando Nate e Zac. Onde raios tinham ido aqueles dois?! Eu me mudando e eles decidem arrumar outro programa?! Aff!

Decidi apenas me focar na tarefa. Seguir direções no aeroporto é mais difícil do que parece, mesmo sendo um aeroporto pequeno como o de Nashville. Há corredores por todo o lado – isso para não falar em pessoas. Empresários, casais, crianças… O aeroporto estava enchendo mais à medida que a manhã avançava, e eu ficava até feliz por não ter que ficar ali. Detesto locais com muita gente. Quer dizer, olhe só para aquela multidão junto da zona do check-in! Deve ser impossível andar—

Meu fio de raciocínio perdeu-se quando me pareceu cabelos laranja vivos ali no meio. Eu estava tendo alucinações?! Me voltei completamente na direção da multidão, sondando-a o melhor que meus olhos conseguiam. E rapidamente chegou minha confirmação: não, eu não estava tendo alucinações. Aquela era Hayley ali, atrás de Nate, Zac e Lisa. E também estavam Jeremy, Jane, Sarah, Taylor e alguém que parecia da idade de Nate, mas com semelhanças a Taylor. Devia ser Justin. Mas espera, o que raios estavam eles fazendo ali?!

Fiquei parado, vendo-os se aproximarem com a maior cara de idiota. Por sorte, Nate me avistou. Eles poderiam ter continuado a andar sem nem me ver, porque eu estava tão perplexo que acho que não conseguiria sequer chamá-los. Nate virou-se para eles e sussurrou algo, apontando para mim. Todos os nove olhares me acharam de imediato, ganhando um ar de alívio. Alívio, porquê? Nate se encaminhou para mim primeiro, abrindo o de seus sorrisos confiantes. Os outros também sorriam, mas não era do mesmo jeito confiante. Era, aliás, de um jeito bem preocupado. Também não devia ser para menos, minha expressão não estava propriamente amigável – atônita, incrédula, embasbacada mesmo, mas não amigável.

- E aí, Josh? Aqui está minha surpresa! – Nate perguntou, feliz, assim que me alcançou. Fiquei alternando o olhar entre ele e o grupo diante de mim, sem falar nada, como um perfeito idiota. Mas esse não foi meu grande passe de idiota – ah, não! Eu fui capaz de, ainda sem falar nada, dar costas a todo o mundo e seguir para o banheiro, que ficava no fundo do corredor atrás de mim.

Steady feet, don't fail me now

Gonna run till you can't walk

But something pulls my focus out

And I'm standing down

(Pés firmes, não me falhem agora

Vão correr até não poderem andar

Mas algo me chama a atenção

E eu estou desistindo)

Nem quis imaginar as expressões deles, nem quis imaginar nada! Apenas segui para o banheiro, abrindo a porta desesperadamente e me apoiando na pia livre mais próxima. Joguei água no rosto, tentando raciocinar. Porque eu me sentia tão irritado? Aliás, nem sei se irritado era a palavra… Bem sim, talvez um pouco, mas eu estava, acima de tudo, chocado. Perfeitamente chocado. Não fazia ideia como reagir! Como eles esperavam que eu reagisse? Como eles queriam que eu reagisse? Eu não esperava isso, eu não…

Suspirei, jogando mais água no rosto e passando a mão molhada pela nuca. Assim que levantei o olhar para o espelho, ele me mostrou um Nate preocupado adentrando o lugar.

- Josh – ele falou quase em tom de reprovação quando chegou mais perto. Mesmo assim, pousou uma mão no meu ombro e o apertou. – O que foi?

- Nate, você sabe perfeitamente bem o que aconteceu com eles – claro que sabia, fui eu mesmo que contei a história toda para ele.

- Mano – ele suspirou como se estivesse cansado –, por saber o que aconteceu é que eu os trouxe. Eles erraram, ok, mas você também errou. Eles já te perdoaram. Você vai insistir em recriminá-los?

- Por isso é que eu tô indo, Nate. Eu preciso organizar minhas ideias, preciso…

- Ok, ok. Sabe que mais, Josh? A situação é a seguinte: eles já te pediram desculpas, eu sei. Eles não tinham obrigação absolutamente nennhuma de vir aqui hoje, certo? Mas eles vieram. Não foi para te fazer mudar de ideia, não foi para pedir nada de você. Foi apenas para te desejar uma boa viagem e te lembrar que você sempre vai ter amigos aqui, por mais que não os queira.

Se toda a situação já me estava apertando a garganta, com essas últimas palavras é que as lágrimas começaram a cair. Abracei Nate com força, sem saber bem o que fazer, ou o que pensar, ou o que sentir.

Eu apenas…

Nate me abraçava também, falando que estava tudo bem. E talvez até estivesse, mas porque eu não me sentia assim?

Por fim, me acalmei e desfiz o aperto para passar mais água no rosto. Nate voltou a colocar uma mão no meu ombro e a apertá-lo.

- E agora? O que eu faço?

- Agora você faz o que quiser, irmão. Pode abraçá-los, pode apenas falar algo, pode nem falar e passar por eles como se não fosse nada… O que for melhor para você. Eles não vão mais levar a mal, eles entendem que você se sinta assim.

Suspirei, tentando assimilar toda a informação.

- Deixe-me perguntar de novo: o que eu devo fazer?

Nate riu.

- Isso só você sabe – suspirei mais uma vez, um pouco desagradado. Mas ele tinha razão. Como sempre.

Por fim, assenti.

- Vamos lá, então.

Ele abriu um sorriso e esperou eu sair primeiro. Assim fiz e segui corredor abaixo, até onde eles esperavam. Observei suas expressões antes de me notarem – puro desânimo. Eles realmente mereciam esse castigo todo, Josh? Afinal… eles estavam ali. Ainda.

Todo esse tempo e eles não desistiram.

Eles me olhavam em antecipação agora que eu estava bem à sua frente. Ainda eram olhares cuidadosos, como se tivessem medo do que eu ia dizer. Me senti horrível por causar tudo isso. Para onde foi a amizade? Onde estava a confiança de antes?

Stop and stare

I think I'm moving but I go nowhere

Yeah I know that everyone gets scared

But I've become what I can't be, oh

(Pare e olhe
Eu penso que estou me movendo mas não vou a lado nenhum
Sim, eu sei que todos sentem medo
Mas eu me tornei em quem não posso ser, oh)

Olhei para meus pés e suspirei antes sequer de começar. O que eu tinha para dizer, afinal? Tinha pensado em qualquer coisa antes, mas agora as palavras fugiam, desapareciam… Minha mente parecia estar em branco.

Subi meu olhar novamente, procurando em mim a verdadeira reação ao fato de eles estarem ali – talvez um pouco temerosos, mas decididos apesar disso. E logo a palavra surgiu, a única possível.

- Obrigado – falei, fazendo contato visual com cada um deles pela primeira vez em sei lá quanto tempo – obrigado por tudo.

Enquanto eles assentiam, cada um do seu jeito, vi lábios sendo mordidos e olhos lacrimosos. Eu não devia estar muito diferente.

- Só se lembre que você não está sozinho, ok? Nós estamos aqui – Hayley falou em pouco mais do que um sussurro, lutando muito provavelmente para segurar as lágrimas. Assenti, não conseguindo falar nada em resposta, mas não conseguindo também evitar um sorriso.

- Primeira chamada para o voo 525, com destino a Baltimore.

Apontei para cima, indicando a voz da aeromoça.

- Tenho que ir – falei, ainda os olhando, e andando alguns passos – mas muito obrigado, pessoal. Sério.

Eles assentiram outra vez e sorriram. Questionei-me se não devia… se não podia abraçá-los. Porém, eu sabia que se o fizesse, nunca mais iria querer sair dali. Por isso, apenas falem um “se cuidem”, ao que eles responderam com despedidas do gênero, e dei costas, me dirigindo à porta de embarque, onde o resto da minha família me esperava.

Stop and stare

You start to wonder why you're here not there

And you'd give anything to get what's fair

But fair ain't what you really need

Oh, you don't need
(Pare e  olhe
Você começa a se questionar porque está aqui, não lá
E você daria tudo para ter o que é justo
Mas justo não é o que você precisa
Oh, você não precisa)

Minha mãe se abraçou a mim, assim que me avistou. Abracei-a com mais força do que qualquer vez naquela manhã, querendo não chorar, mas falhando redondamente. Deixei as lágrimas cairem ao ritmo que queriam e continuei abraçando aquela mulher com a qual discutia tantas vezes, mas que nem por isso deixava de amar menos. Ia ter saudades dos seus abraços.

Mas não seria apenas dos dela, por isso, enquanto ela me largava e abraçava meu pai, dei um abraço de urso em Jon, levantando-o no ar. Aquela pequena peste barulhenta que ia fazer tanta falta no apartamento para onde iria. Como ele iria parecer vazio sem Jon e suas brincadeiras…

Logo foi a vez de Nate. Ele ainda tentou falar coisas tipo “tome cuidado”, “não desanime”, “aproveite o tempo lá”, mas as lágrimas também já embargavam sua voz, pelo que eu conseguia escutar não se parecia muito com nada. Acalmei minha voz o máximo que pude e respondi a todas suas tentativas apenas com um “eu também te amo”. Ele me apertou com mais força e acabamos os dois chorando ainda mais copiosamente.

Mas ele lá me conseguiu largar e logo dei por mim encarando Zac. Ele parecia meio dividido, não sabia se deveria me abraçar ou não. Mas como assim?! Me atirei nos braços dele com mais força do que em qualquer um dos outros membros da família que eu deixava para trás. Zac, como Nate, também falava, mas ele apenas repetia uma única palavra: “desculpe”. Assim que entendi o que ele tanto repetia, apertei-o mais e logo o afastei longe o suficiente apenas para que pudesse olhá-lo.

- Cara, você é meu irmão. Já estava perdoado antes sequer de errar. Eu é que não percebi isso.

E com isso, puxei-o de volta, nós dois chorando um no ombro do outro. Entre soluços, consegui, a grande custo, escutar a aeromoça falando que era a última chamada. Me afastei contrariado de Zac e peguei minha guitarra. Meu pai colocou a mão no meu ombro e, dando um último tchau para todos, viramo-nos na direção da porta de embarque, caminhando em direção ao avião.

Limpei as lágrimas com as costas da mão, enquanto imitava meu pai, dando meu bilhete ao segurança. Rapidamente encontramos nossos assentos e acomodei minha guitarra no compartimento sobre nossas cabeças.

- Vá você à janela, Josh. Vai ver que vai gostar – meu pai piscou para mim, dando-me espaço para entrar. Assenti, ainda um pouco choroso, mas gradativamente entusiasmado. A parte pior passou e agora eu só tinha que aproveitar o que viria.

Ainda assim, enquanto a voz de outra aeromoça nos indicava para nos acomodarmos e para apertar os cintos, que logo íamos levantar voo, eu olhei através da janela para a enorme parede de vidro do aeroporto, pensando nos que estariam talvez ainda esperando que o avião partisse para que eles pudessem partir também, e meu coração apertou.

Mas eu estava apenas com um pouco de medo e todo o mundo tem medo de vez em quando. A questão é que eu me tornei em algo que eu simplesmente não posso ser, e isso eu não vou aceitar!

Você consegue entender isso?

What you need, what you need...

Stop and stare

I think I'm moving but I go nowhere

Yeah I know that everyone gets scared

But I've become what I can't be

Oh, do you see what I see?

(O que você precisa, o que você precisa…

Pare e olhe
Eu acho que estou me movendo mas não vou a lado nenhum
Sim, eu sei que todos sentem medo
Mas me tornei em quem não posso ser
Oh, você vê o que eu vejo?)



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Notas finais do capítulo

Então, amores? Houve lágrimas? :333 Sou má, né? PODSPFOM E gente, nem quero contar quantos suspiros ocorreram no decorrer desse capítulo! PMSODFSMP Especialmente Josh, Deus do céu! Vou-me proibir de escrever pessoas suspirando daqui em diante kkk
Bem, Sarinha linda teve algumas dúvidas betando, então vou deixar duas fotos pra quem precisa de ver para crer. Ou entender, nesse caso kkk
- A van, que eu lindamente escrevi 20 mil vezes como "carrinha" (é assim que chama aqui, mais ou menos), também poderá ser chamado de monovolume, acho eu, e seria algo assim: http://77.91.202.130/images/4120698768-VW+Sharan+1+9+TDI+110+7+lugares+Monovolume.jpg
- A guitarra de Josh eu imaginei imediatamente como semi-acústica, mas fiquei de pesquisar se vocês chamariam igual e daí esqueci de voltar para escrever, o que confundiu Sarinha também. Bem, ela seria algo do tipo: http://images01.olx.pt/ui/4/47/98/67743998_1-Imagens-de-Vendo-Guitarra-Fender-Semi-Acustica.jpg
Pronto, espero que não haja mais dúvidas :33
MAAASSS, não se vão já embora! Eu queria fazer um pouquito de publicidade, pessoas lindas :3333 Pra quem gosta de mitologia grega e do género (e até pra quem não gosta, porque eu não entendo quase nada e amo a fic ^^), queria indicar pra vocês a fic de Luana, escrita em conjunto com um amigo dela super legal, o Wesley: https://fanfiction.com.br/historia/229346/A_Descendencia_Da_Morte. Se chama A Descendência da Morte e tem ação, mistério e coisas fofas :333 Tudo no perfeito equilíbrio! Dêem uma passadinha, amores :33
E é, é tudo PODSMPFMDSPM
BEIJÃO :***



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