Efeito Bumerangue escrita por SofiaB, SarahRiot_


Capítulo 24
Capítulo 23 - At the studio with some old ghosts


Notas iniciais do capítulo

OI GENTE LINDA QUE ME QUER MATAAARRR!!! :DDDDDDDD
Olhe que é meia noite e meia, eu acabo de vir do teatro e vim postar pra vocês, não me podem odiar tanto assim!!!
............Ok, podem. E devem. E merecem uma justificação.
A questão é que eu tenho dois exames para a semana, pelo que passei as últimas duas semanas estudando 400 páginas de matéria de Geografia. No me gusta. Agora vamos ver como correrá o exame, né (tenho Geografia na próxima segunda e Espanhol na terça).
A outra questão é que a inspiração também sumiu. Tenho montes de ideias para capítulos à frente, mas para chegar, tenho que passar essa fase da história, né? Certo, é lógico! Mas minha veia literária parece não querer entender isso. Então falta de inspiração + falta de tempo = no capítulo para vocês durante duas semanas. E espero eu que sejam duas certas :S
MAAASSSS, não se preocupem. Tamos chegando à parte do "fervo", como se costuma dizer, e é exatamente para isso que minha mente tá tão virada, então suspeito que isso será mais fácil. Para além de que eu estarei de férias ~~TODOS SE LEVANTAM, FAZENDO A DANÇA DA VITÓRIA E CANTANDO ALELUIA~~
Que mais?
Sim! Quero agradecer às meninas que SEMPRE comentam: Iza, Rafa e Tânia. Elas são minhas preciosidades e eu as amo muito ODSPFKSOD Mas parece que temos um novo acréscimo ao clube, seu nome é Luana e ela merece uma salva de palmas, porque me deixou uma infinitude de reviews seguidos em TODOS os capítulos que ela leu desde o início, pelo que eu fiquei MUUUYYY feliz :))) Espero que ela chegue depressa a esse capítulo para ver minha referência e apreço pela sua maravilhosa pessoa! OXPSKF Quero também agradecer a Sarinha, nossa beta, porque ela se divertiu mucho a colocar essas coisinhas aí -> ^ em montes de palavras como ônibus (APRENDIII!), que tem bastante aqui. Falaremos muito do ônibus.
E por agora é tudo. Sejam felizes e leiam o capítulo, que só por acaso, ficou GINORMESCOOOOOO (olha a barrinha -------->), tem mais de 4000 palavras, mas tá levezinho até. Acho que vocês vão gostar. É, leiam :*



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Segunda-feira, 15 de Fevereiro

Sarah

O estúdio é incrível!

E eu já disse que o estúdio é incrível?!

Desculpe, não consigo escutar nem minha própria voz devido ao som do quanto O ESTÚDIO É INCRÍVEL!

É, desculpe, tô surtada! Mas também não é para menos! Faz ideia do que é estar num estúdio gravando um álbum?!

Pois é, eu sei que não (olha eu aqui convencida). É melhor eu contar tudo, então.

De manhã, todos tivemos escola – como infelizmente temos que ter, né. Não que tivesse servido de muito, porque duvido que qualquer um de nós tenha percebido grande coisa dos longos discursos dos professores. A questão é que a condição para sequer termos assinado o contrato foi que isso não afetasse a escola (no meu caso, o meu avô nem pediu, exigiu mesmo). Então temos que aguentar, mas no fim compensará.

Aliás, já compensou! Bastou aparecer o Taylor à minha porta no final do almoço, me chamando para irmos juntos para casa da Hayley.

Oivocêquevaigravarumálbumhoje! – você não pensou realmente que eu fosse a única surtada, certo?

Enquanto ria do seu cumprimento falado de um só fôlego, atirei meus braços ao redor do seu pescoço, apertando Taylor com quanta força tinha. Ele segurou-me pela cintura e facilmente me levantou, fazendo-nos girar a ambos e cortar o vento de Franklin que, deixa eu te contar, também estava entusiasmado demais. Nossos risos ecoavam por toda a rua, mas durante esse tempo nenhum de nós disse nada. O que íamos dizer? Tudo o que um sentia, o outro entendia por completo.

Taylor acabou me pousando no mesmo lugar e, quando nos separamos, ele olhou para trás de mim, parecendo um pouco envergonhado. Voltei-me instantaneamente, dando de cara com um Senhor Bayley que tentava, muito claramente, engolir um sorriso. Ou se calhar sou eu que o conheço bem demais.

- Olá, Taylor. Eu até perguntaria se está tudo bem, mas me parece um pouco óbvio…

- Sério, vô? Nós vamos entrar num estúdio hoje e você vem perguntar se está tudo bem?! – retorqui de imediato, não dando chance a Taylor para sequer cogitar uma resposta.

- Mas por isso é que eu disse que era óbvio demais!

- VÔ!

- Tá, tô indo, tô indo… Se divirtam, ok?

- Claro, Senhor Bayley, obrigado! – escutei a voz de Taylor falar algures atrás de mim, enquanto eu sorria e piscava para meu avô. Ele fechou a porta de seguida e eu me voltei para Taylor de novo.

- E nós?

- Nós o quê? – Taylor me olhou, duvidoso.

- Também vamos…? – gesticulei com os dedos o ato de caminhar, falando devagar para ele seguir meu raciocínio.

- Claro, senão não chegamos ao estúdio hoje, né?

- CREDO! Bata na madeira – corri de volta à minha porta e bati na ombreira. – Ok, agora podemos ir.

Taylor me olhou como se eu fosse louca, mas desatou a rir logo depois. Revirei os olhos – enquanto me ria também – e puxei-o em diante pela mão.

Pouco depois estávamos chegando a casa de Hayley. Fomos todo o caminho falando de coisas idiotas, fazendo piadas, rindo e surtando mais do que deve ser considerado saudável, mas quando paramos em frente à porta de Hayley e tocamos à campainha, instalou-se entre nós um silêncio de espera normal. Aproveitei para o olhar e tentar fazer uma qualquer careta de entusiasmo, porém ele não olhava de volta. De repente, parecia ter-se perdido num mundo de sombras e fitava a porta com uma preocupação que simplesmente não tinha lugar num dia como hoje.

Mas antes que eu pudesse reagir ou sequer processar aquela expressão deslocada, a louca da Hayley já estava abrindo a porta e saltando em cima de nós os dois ao mesmo tempo, de uma forma que eu tenho quase a certeza que violou as leis da gravidade.

- Dessa vez não vai reclamar de estarmos atrasados? – brinquei, recordando a última vez em que nos juntamos para ir ver Simon.

- Mas atrasados o quê! Vocês chegaram até antes da hora.

- Milagre você já estar arrumada, então – olhei rapidamente para Taylor, que parecia completamente recuperado do momento sombrio e até já brincava de novo.

- Fique sabendo que eu me arrumo a tempo para as coisas importantes, ok?!

Taylor deu um riso um pouco sarcástico perante a indignação divertida de Hayley e continuou atacando.

- Formatura do 9º ano?

- Álbum!

- Viagem de finalistas?

- Álbum!

- Comunhão da sua irmã? – Hayley, que antes tinha um ar convencido e pronto a contra-atacar, hesitou, fazendo surgir uma expressão vitoriosa na face de Taylor.

- Mas dessa vez eu não me atrasei porque quis!

Taylor tinha aberto a boca para falar, mas perante o descabimento da afirmação da ruiva, a confusão atingiu-o em cheio, franzindo sua expressão numa das caretas mais engraçadas que já vi. Eu explodi em gargalhadas, enquanto os dois me olhavam como se eu fosse louca. Isso antes de começarem a rir também, claro.

Ainda nos estávamos recuperando do riso quando a campainha tocou e uma voz do lado de fora gritou “eu sei que vocês estão aí!”. Hayley abriu a porta de uma vez, fazendo um Jeremy desprevenido se desequilibrar para cima dela. Por pouco não vinham os dois ao chão e isso, como é óbvio, não fez nada para acalmar nosso ataque de riso.

- Gente! O que tá acontecendo aqui?! – falou, pouco tempo depois, uma Jane recém-chegada que não hesitou em entrar pela porta ainda aberta.

- Não queira saber, amiga – respondi, tentando respirar fundo para recuperar o ar que me fazia falta e acalmar as dores no abdômen. Rir até doer não é legal, ok? Mentira, é legal demais.

Peguei na mão da Jane – que ainda estava meia desnorteada – e segui com ela para a garagem, onde os nossos instrumentos estavam montados.

- Minha casa tá virando de vocês, hein? – os outros três vinham atrás de nós, com Hayley encabeçando a fila.

- Só mostra que estamos confortáveis no nosso lugar de ensaio – me voltei para trás para encará-la, juntando à resposta um largo sorriso encantador. Ou algo assim.

Hayley revirou os olhos e passou por mim, fazendo algumas cócegas na minha cintura. Torci-me, enquanto passava a fita da guitarra por cima da cabeça. Todos os outros estavam tomando suas posições junto a seus instrumentos, entrando naquele modo sério e concentrado que só a noção de “ensaio” nos provoca. É algo mágico, com certeza.

Ainda tivemos tempo de aquecer e rever algumas partes onde erramos com mais frequência – conseguimos tudo isso porque somos muito concentrados, anote aí – mas logo o pai de Hayley estava buzinando do lado de fora, pronto para nos levar até Nashville. Jeremy, cheio de manias, insistiu em levar o seu baixo, por isso tivemos de esperar que ele arrumasse tudo. Por sorte não quis levar o amplificador.

Mesmo assim, alguns minutos depois, Hayley estava trancando sua humilde residência e nós, subindo para a van “das boas recordações” (inventei agora, mas espero bem que mereça esse nome no futuro, quando gravar nosso primeiro álbum pareça brincadeira de criança e já nem entendermos o que é estar nervoso para entrar num estúdio).

A viagem, entre conversas e piadas, nem pareceu tão longa quanto seria de esperar e quando voltei a sentir o nervosismo todo em força, já nós estávamos sentados nos sofás da sala de espera de Simon, que logo nos levaria para o piso dos estúdios. Mas claro que meu ataque súbito à unha do polegar esquerdo – que só por acaso é a minha preferida para roer – não fugiu à atenção de Taylor. Como sempre.

Ele pegou na minha mão esquerda e pousou-a em cima do meu colo, sussurrando um “vai dar tudo certo” logo depois. Não tenho a certeza se foi a frase, o sorriso ou os arrepios provocados pela voz dele tão próxima da minha orelha, mas alguma coisa funcionou. Retribui o sorriso e empurrei o seu ombro um pouquinho, num gesto de brincadeira. Ele riu.

- É verdade, Hayles. Seu pai vai poder nos trazer aqui todos os dias?

- Não, né – ela respondeu a Jane de forma pensativa, parecendo notar o problema pela primeira vez. – Ele só pôde hoje porque tirou folga…

- Vamos ter que vir de ônibus amanhã, suponho eu – constatou Jane, com um ar bem triste. Não é que fosse o maior dos problemas, mas ir e vir todos os dias de ônibus ia demorar uma boa hora extra, pra não falar do cansaço de ir em pé – o que vai acontecer sempre que tivermos de ir na hora de ponta, estou já imaginando… Não, o ônibus não era uma boa opção.

- O quê?! Minha Suzi¹ é que não vai ser maltratada todos os dias num ônibus!

- Então deixe ela em casa! Droga de baixo…

- Quem é essa Suzi e porque é que ela vai ser maltratada num ônibus? – perguntou a voz de um Simon Lee que não desapontava: camisa, calça jeans e uma piada capaz de cortar até o maior silêncio glaciar. Escusado será dizer que a gente riu o bastante, né?

- É o baixo de Jeremy, que ele não larga nem por nada nesse mundo – respondeu Jane, depois de se recompor, mas ainda sorrindo. – Incêndio, ciclone, cheia… não importa! O que importa é que Suzi esteja bem!

- Hey, eu não lhe dei o nome da baixista que mais revolucionou a discriminação sexual no mundo do rock para depois a deixar arder num incêndio! E tampouco para ser maltratada no ônibus.

- Mas por que dar nome de mulher a umbaixo? – pressionou Simon, com uma expressão confusa.

- Porque ela foi a baixista que mais revolucionou a discriminação sexual no mundo do rock… Sério que tenho que repetir?!

- Sim – Simon olhava Jeremy com um ar sério. – Dez vezes e extremamente depressa. Se conseguir, entra para o Guiness.

- Então espero que o Guiness me dê dinheiro para comprar uma limusine e pagar ao motorista, porque eu não quero minha Suzi num ônibus! – imagine a cara birrenta de Jeremy e agora tente não rir.

- Mas esperem aí, que história é essa do ônibus? Ainda não entendi o que tá acontecendo.

- Bem… estamos sem transporte para vir de Franklin todos os dias – clarificou Hayley.

- Ah! Não se preocupem com isso, eu arranjo um carro da companhia pra vocês – a reação despreocupada de Simon fez-nos sentir que nem uns verdadeiros idiotas. Mas ei, nós não sabíamos que tínhamos direito a essas coisas! Isto de ser estrelas ainda é novo, né. – E então, vamos descer?

- Sim, claro, só estávamos à sua espera mesmo – ironizou Jane, como se estivesse completamente habituada ao processo. Na verdade, nós nem sequer sabíamos em que andar era o estúdio.

- Muito bem, então – respondeu Simon, entre risos. – Vocês podem até ir à frente, se preferirem.

A viagem de elevador foi rápida, alegre e deslumbrante – já que o elevador era o triplo de qualquer elevador normal, para não dizer que é triplamente sofisticado também. Mas a atração principal não era essa e nosso querido estúdio não seria julgado pela sua sofisticação – talvez pela sua tecnologia, mas não pela sua sofisticação (eu até estava rezando para que viesse acompanhado de algumas pizzas quando a sessão tivesse de durar mais que o previsto).

Mas assim que acabamos de descer um longo corredor e Simon abriu uma das muitas portas que o ladeavam, avisando-nos para nos recordarmos do número que lhe correspondia (2055, a foto no meu celular jamais se esquecerá), percebemos que o estúdio não era a única coisa a conhecer.

- Então essas é que são as nossas brilhantes novas estrelas, que irão inflamar todo o firmamento com seu som inovador e deslumbrante? – falou, de forma poética e idealista, um homem alto e magro, também de aspeto bastante descontraído, com sua camisa aberta para revelar uma camiseta preta por baixo, sua calça jeans e sua touca cinzenta. Mas foi o tom nada mais do que contentado e o encolher de ombros que usou de seguida que quebrou a dificuldade do contato inicial e nos fez gargalhar antes de sermos sequer apresentados – É, podia ser pior, acho eu… Têm um brilho decentezinho, até.

- Ora, Travis, não queira julgar o livro pela capa – respondeu Simon, piscando o olho. – Mas para quê eu falar, quando você vai ter a demonstração ao vivo daqui a nada? Um conselho: leve o balde para a baba, ok? A senhora da limpeza já tem trabalho que chegue com sua sujeira habitual.

- Mas por quê? Minha sujeira habitual apenas envolve algumas caixas de pizza!

“… algumas caixas de pizza!”

“…pizza…”

E a partir desse momento, entendi que iria amar aquele Travis para todo o sempre.

Mas bem, continuando com a narração.

Simon e Travis ainda trocaram mais alguns insultos, pelo que entendi que esses dois não se devem ficar apenas pela relação laboral e provavelmente vão beber uma cerveja juntos num bar qualquer quando saem do emprego. Devem ser realmente amigos, sabe? E se Simon escolheu Travis para nos guiar com nosso álbum, é porque nós somos bons o suficiente para ele nos confiar um de seus profissionais favoritos.

- Enfim, cortando uma longa história para uma pequena frase: esses são os membros atuais da Paramore, Jane, Jeremy, Hayley, Taylor e Sarah – Simon apresentou-nos pela ordem em que se encontrava nossa pequena fila e Travis apertou a mão de cada um com um sorriso entusiasmado no rosto. – Eles estão prontos para seu tratamento VIP e espero que você não lhes dê nada abaixo disso, escutou?

- Sim, pai, não se preocupe – brincou o mais novo, revirando os olhos para nós. Ah sim, porque Travis parecia até mais novo que Simon. Sério, essa gente entra cedo no mundo da música… - Eu tomarei  conta dos pequenos.

Simon deu uma risada debochada.

- Eles só parecem pequenos enquanto estiverem aqui na sua frente. Quando você tiver os fones colocados e eles estiverem armados de seus instrumentos, você verá quem é o “pequeno” dessa sala, tá?

Travis riu e respondeu apenas com um “ok”. Simon deu alguns conselhos técnicos para ele que, por mais que me esforçasse, eu jamais conseguiria perceber, e saiu, desejando-nos boa sorte. Nós ainda estávamos tão maravilhados com a imensidão infinita de botões à nossa volta que mal nos lembramos de responder.

- Então, garotos – Travis começou, sentando-se e indicando para que nós o imitássemos, ocupando os vários assentos que estavam espalhados pelo cômodo –, o que vocês têm para me apresentar? Qual é o nosso projeto?

- Como eu espero que você saiba – começou Hayley, arrancando pequenas risadas de todos –, nós viemos gravar o nosso primeiro álbum. – O que, no fundo, significa que nossa única experiência com sistemas de gravação, ou lá como se chama, é um microfone ligado a um portátil. Foi assim que gravamos todas nossas músicas até agora. O que nem parece ter resultado mal, porque foi assim que acabamos sendo descobertos.

- Certo, entendi. Vou tentar não exagerar nos efeitos, então. O que é uma pena, adoro brincar com esses botões todos – me ocorreu nesse momento que uma tarde estritamente séria nesse prédio jamais existiria, pelo menos para nós.

- Podemos sempre experimentar, né? – sugeriu Jeremy, com um brilho nos olhos que mostrava claramente que ele adoraria brincar com aquela vastidão de botões também. Por outro lado, quem não adoraria?!

- Sim, claro, mas ainda temos muito tempo para isso – explicou Travis com um sorriso. – O que eu queria agora era que me explicassem o álbum e todo o conceito dele.

- Bem, o álbum se chama – ou chamará – “All We Know Is Falling” – começou Taylor. – Ele consiste em nove músicas que falam um pouco, aliás, muito sobre a banda. Contam um pouco das coisas porque temos passado ultimamente.

Isso pareceu perturbar Travis.

- Hm, ainda há pouco reparei em como Simon vos apresentou como “membros atuais” e agora isso… O que aconteceu?

Nós nos entreolhamos, engolindo em seco e esperando que alguém se voluntariasse para começar a história que, com toda a certeza, não nos apetecia contar. Como Taylor parecia se ter perdido outra vez naquele mundo sombrio, decidi ser eu a continuar.

- Hã… Bem, no início, só Hayley, Taylor e Jeremy, de nós os cinco, é que integravam a banda. Eles tinham com eles outro guitarrista e baterista que, entretanto, foram proibidos de continuar a tocar pelos pais.

- Ui, que tenso – comentou nosso produtor, com um ar pesado e sério que lhe acrescentava alguns anos ao rosto jovial.

- Sim, especialmente se você considerar a parte em que eles os cinco eram os melhores amigos e que, desde então, esse outro guitarrista deu bastantes problemas, acabando por quebrar a amizade que existia.

- Daí “All We Know Is Falling”, acho que segui o raciocínio…

- Exato. Aliás, nossa primeira música é a que inspirou o título. Mas acho que você vai entender isso quando escutar.

- Ora, aí está a minha parte favorita – falou um Travis muito mais animado, esfregando as mãos.

- Olha que coincidência, é a nossa também! – brincou Jane, criando um pequeno momento de humor que fez muito para renovar o nosso entusiasmo.

Face a tudo isso, o próximo passo era claro: entrar dentro daquela salinha fechada que ficava atrás do vidro. E ok, isso teria soado muito melhor se eu soubesse nomes técnicos… Mas como ainda não aprendi, vai ter que servir “salinha fechada” mesmo.

Travis ficou do lado de fora – perto de todos os botões, o sortudo – com nossa tracklist para o álbum. Dentro da sala de gravação, todos os instrumentos de que necessitaríamos estavam já montados e bastou nós irmos para o nosso “posto” e criar alguma familiaridade com o instrumento. A guitarra com que fiquei era igual à do Taylor e, tchan tchan tchan: uma Fender. Minha guitarra, a que costuma ficar em casa de Hayley, também é Fender, mas a qualidade não se compara. Acho que meus olhos até brilharam quando me sentei e meus dedos correram as cordas. Olhei para Taylor, do meu lado, e ele sorria de orelha a orelha, parecendo feliz por segurar aquele pedaço de céu, além de cada vez mais recuperado da tristeza que eu ainda não percebi. Suspirei e sorri de volta, voltando logo à realidade com a voz de Travis enchendo o cômodo.

- Bem, como vocês devem entender, eu não consigo fazer nada com as músicas de vocês se eu não entender o geral – nós assentimos, isso era óbvio. – Por isso acho que o ideal para hoje era que vocês tocassem as músicas conforme as querem gravar e avançamos a partir daí, pode ser?

Todos voltamos a assentir, sentindo o entusiasmo e a antecipação encher as próprias partículas do ar. Olhei em volta, vendo os sorrisos nas caras dos meus amigos e sentindo neles a vontade avassaladora de tocar que eu própria sentia. Era a magia da música, demonstrada mais uma vez.

Jane deu a entrada e, quando dei por mim, o ritmo saía naturalmente e eu já me tinha perdido na música. Taylor cantava a voz de apoio no refrão, como já tínhamos combinado, e todos estavam dado o seu melhor, aproveitando cada segundo. A entrada de Pressure surgiu instintivamente e continuamos tocando, sem praticamente levantar o olhar para ver a reação de Travis. Mesmo assim, a sua pequena risada não me passou despercebida e apenas serviu para aumentar o sorriso na minha cara.

Enquanto isso, nós continuamos tocando.

Continuamos.

E… continuamos.

Quando chegamos a My Heart, demos tudo por tudo, mesmo estando cansados – não tanto pelo esforço físico, que ainda era algum, mas especialmente pela emoção que todas aquelas músicas, tão sinceras e cruas, exigem de nós. Ainda assim, My Heart não saiu menos que perfeita e era exatamente o que necessitávamos para terminar. Aliás, todas as músicas estavam na ordem perfeita.

 Aliás, tudo estava perfeito. Mesmo não tendo estado ali desde o início, senti-me orgulhosa do que tínhamos alcançado. Um álbum com músicas perfeitas, uma sequência perfeita, uma interpretação perto do perfeita – modéstia à parte – e tudo era fruto do nosso esforço.

Não foi difícil saber que os restantes estavam sentindo o mesmo quando olhei em volta e vi o brilho de lágrimas em todos os olhos (as minhas já estavam rolando, eeeh). Vários sorrisos foram lançados na minha direção e retribuídos de imediato.

Após alguns momentos de silêncio entre nós, Hayley se chegou ao microfone para o qual tinha cantado todo este tempo.

- E aí, Travis? Gostou?

- Se gostei? Utilizando a forma de Simon de pôr as coisas, pode-se dizer que me estou sentindo pequeno que nem um micróbio. Mas eu nunca gostei mesmo da forma de Simon pôr as coisas, então considerem que eu gostei. Ou que eu amei. Ou que eu estou fazendo a dança da vitória interiormente por ser o produtor de vocês.

As nossas gargalhadas substituíram o som da música por alguns momentos, mas foram as palavras de Travis que encheram o espacinho de realização pessoal que a música costuma preencher.

O resto da tarde foi para falarmos um pouco mais sobre o álbum e a nossa própria carreira (ao que eu reagi tipo: “eu tenho uma dessas? Porque ninguém me avisou?!”) e Travis foi realmente excelente, dando muitos conselhos e partilhando sua experiência. Ele pode ser novo, mas sabe o que faz – exatamente como Simon. Acho que viemos parar a boas mãos.

E foi sorrindo – seja pelo dia que tivemos, seja pelos muitos que ainda havemos de passar naquele estúdio – que entrei em casa, perto da hora de jantar.

- Olá, pequena!

- Boas noites às pessoas lindas presentes na sala!

- Você vem muito alegre!

- Por falar nisso, que carro era aquele que te veio trazer?

- Gente, falem com calma! – pedi, fechando os olhos e esticando as mãos com as palmas abertas, no sinal universal de “espera”. – É que eu sendo uma grande estrela agora, tenho direito a condutor privado e tudo. Quer dizer, privado não, porque tive que partilhar a van—limusine com os outros, mas… É, não sou uma estrela tão grande assim.

- Bem, estrelinha – minha mãe se levantou do sofá e seguiu em direção à cozinha, tendo meu avô no seu encalço –, não fique tristinha, porque até as estrelas pequenas ganham hamburguer nessa casa.

- TEM HAMBURGUER?

E esse foi o final do meu dia. Aliás, o final do meu dia foi pegar em você e relatar tudo, porque eu sou uma “diarista” (desculpe o trocadilho) muito assídua! E porque eu tinha necessidade de tirar tudo isso daqui de dentro se quero dormir essa noite. E porque… bem, porque ainda não entendi o que há com Taylor, nem tive chance de perguntar. Ele me tem parecido bem nos últimos dias, não sei o que aconteceu assim de repente. Ou sou eu que não tenho prestado atenção?

Hmm, de qualquer forma tentarei falar com ele amanhã. Entre a infinitude de coisas que temos para fazer, claro. Mas haverá um tempinho. Se não houver, eu arranjo.

Taylor

Estou cansado até a medula óssea, por isso é normal que isso não saía sequer perto de tão surtado como deveria sair.

Fora isso, o estúdio é incrível e nosso produtor, Travis, é um cara muito legal, divertido e profissional também. Acho que tivemos imensa sorte por, de tantas pessoas que poderiam nos descobrir e apostar em nós, nos terem calhado profissionais tão legais como Simon, Ben e Travis. Acho que eles vão ser realmente fundamentais para nós darmos o grande salto até… à fama. Credo, é estranho até escrever isso!

Mas enfim, é.

Ok, acho que minha falta de entusiasmo agora não é só questão de cansaço. Aliás, isso não é definitivamente uma questão de cansaço. Bastou me levantar da cama e me lembrar do que íamos fazer hoje para ficar assim.

Não me leve a mal, eu me sinto até abençoado por ter a oportunidade de entrar em estúdio! Mas me lembrei da altura em que todo esse sonho começou e… ficou complicado. Ficou doloroso. E agora me sinto culpado por estar apenas aproveitando aquilo porque eu lutei tanto.

Sabe o que é estranho? Nunca levei a sério quando as pessoas falam de assombrações e sempre arranjei forma de fazer disso uma piada. Como quando você levanta as mãos, ondula os dedos e diz “uuuuhhhhh”. Ou quando sua mãe está zangada com você e, vendo aquela expressão de pura ira, você diz “aquele olhar me assombra”.

Mas agora eu entendi o que as pessoas querem dizer.

Aquele olhar… me assombra.

Josh olhando para mim como se eu tivesse destruído seu mundo inteiro me assombra.

E nem foi preciso nenhum de nós morrer.


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Notas finais do capítulo

¹ Susan Kay "Suzi" Quatro (é assim que tá na Wikipedia, ok?)
é uma cantora/compositora, baixista e atriz americana. É considerada a primeira mulher baixista a ser uma grande estrela de rock, pelo que é vista como uma das maiores influências da emancipação da mulher na década de 70, no que toca ao mundo do rock, que era bem machista. Se quiser saber mais, pesquise :)))
.
E então???????? ODSIFPOJIDSJF Sarah toda surtada e Taylor todo tristinho :3333 Um abraço pros dois? :D
Quem ama o baixo de Jeremy levanta o braço!!!
Ah! e já agora, quero saber os pensamentos sobre Travis. O amor dele por pizza também despertou em vocês uma paixão avassaladora? OSDOFKDSPGK
E é :))) Eu já sei o que irá acontecer (quase tudo direitinho) no próximo cap, então dentro de uma semana, suspeito ter tudo arrumado :)
E eu amo-vos muito, embora não pareça OPDKSFOKP Apenas vos quero dar coisas com qualidade, ok?
E eu vou dormir, pq é meia noite e meia e eu tou falando que nem uma louca OPKDIDSPFDGOIS
É isso. Pessoas fantasmas: EU NÃO MORDOOO!!!! ~~le maior sorriso inocente do mundo~~



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