Tigre E Dragão; Folha E Areia escrita por JEOA71


Capítulo 1
Oneshot


Notas iniciais do capítulo

Fanfic escrita ao som de uma música que não tem nada a ver com ela e não combina em nada com o enredo, mas, por incrível que pareça, eu apenas consigo escrever algo se estiver ouvindo rock. Redigida com a música A Demon's fate, do Within Temptation.
E se possível, não deem bola aos possíveis erros que a fanfic possa ter; não tenho beta e raramente noto algo que escrevi errado (pois é).



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Que naturezas desafiadoras um dragão e um tigre podem ter?

É de praxe, que o dragão seja uma criatura medonha que imponha mais medo, mas desde que o tigre aprendeu a defender-se e atacar, o dragão encontra um forte oponente com o qual batalhar.

A folha dança sempre e sempre, sem interromper seu majestoso espetáculo por ar, até que ela perde o ritmo, sua dança diminui e a folha caí, entrando em contato com o chão, assim tocando a areia.

Podem duas naturezas tão diferentes co-existirem em um mesmo espaço, sem se destruírem, mesmo que seus instintos quase obriguem as duas feras a matarem uma a outra?

Gaara e Rock Lee provam que essa possibilidade existe.

Gaara estava deitado no chão, a grama verde e fresca de primavera criando um encosto suave e plano para que o shinobi descansasse suas costas. A pesada cabaça exigia muito esforço físico, fazendo com que o habilidoso ninja tivesse de ter algumas horas de completa nostalgia.

Porém, a dança da bela besta verde e alegre em sua frente, não permitia que seus olhos se fechassem, nem por sua vontade; os movimentos gracioso e despreocupados do rápido shinobi da folha espantando o ócio da figura cansada de Gaara. Era tudo tão bom, que o garoto de cabelos cor de sangue queria poder viver para sempre observando aquela leve ondulação do corpo majestoso do dragão por sobre a grama.

Executando chutes e socos, totalmente concentrado em seu treino, Lee não notava o olhar afetuoso e pensativo que o tigre da areia direcionava a ele.

— Se eu chutar cem vezes, certamente, meus músculos das pernas terão mais força!

Lee mal teria percebido o ninja tão calmo deitado no chão, se não fosse o riso baixo do ruivo penetrar-lhe os ouvidos de forma doce. Aquele som, aquela risada... Era um som tão bonito, que Lee não pode evitar movimentar a cabeça na direção do barulho risonho, seus olhos atraídos para o estranho movimento de alguém bem próximo, a apenas alguns passos.

— Ahn? - Rock Lee sentia-se confuso. A quanto tempo o cara da areia, aliado de Konoha estaria lhe observado? — Você é Gaara, certo?

O beicinho que Gaara viu Lee fazer, certamente, teriam feito o ninja acalmar-se até mesmo em seu estado de mais puro ódio. Teriam feito até mesmo Gaara refrear o Shukaku, por sua própria vontade. Mas, em tal estado de calmaria que se encontrava, aquele bico nos lábios do amigo da folha, fez com que Gaara sentisse algo bom em seu peito.

— Sim. — Ele disse simplesmente. Nunca fora de falar. Geralmente, fazia o que tinha vontade, não precisando muito de palavras.

O que faz ai, me observando? Gaara notou que ainda havia dúvida na expressão do outro ninja. O ruivo se movimentou, levantando as costas da grama fofa e sentando-se. Seus olhos não deixavam os de Lee por nenhum momento.

Eu estava cansado. Decidi parar e me deitar, para aliviar minhas costas. Eu teria cochilado um pouco, mas sua dança é tão bonita que só pude ficar olhando. Gaara riu, algo que Lee achou estranho. Pelo pouco que ele sabia do ninja da areia, sorrir não era uma coisa muito comum do garoto. O que dizem é verdade, as folhas dançam.

Lee aproximou-se do outro shinobi devagar, não querendo assustar o menino ruivo de seu estado de êxtase. Não sabia exatamente porque, mas parecia se importar com ele.

— Eu estava treinando, não dançando. Eu preciso ficar mais forte; ao que parece não está funcionando.

O ruivo de pele de areia notou que seu comentário havia surtido o efeito contrário do que ele esperava. Ao falar sobre a dança da folha, Gaara havia se referido sobre a maneira graciosa que o outro ninja se movimentava, mesmo quando estava sobre forte pressão de seu treinamento.

— Você estava indo muito bem. É só que... Mesmo quando está dando o melhor de si e treinando, não sei... Você me pareceu gracioso, eu pude ver beleza nisso.

Por um longo tempo, nem Gaara, nem Lee disseram qualquer palavra, apenas olhavam um ao outro, ruminando cada um seus próprio pensamentos.

Lee pensava sobre ser gracioso; Gaara tentava concentra-se em algo que não fossem os olhos castanhos e cheios de vida de Lee. Apesar do formato engraçado, o olhar puro do moreno lhe passavam uma boa sensação. Certamente, aquilo era algo bom para ser levado como lembrança em sua volta à aldeia da areia. A idéia de volta de repente era urgente, e Gaara sabia que não deveria demorar mais nenhum minuto na aldeia da folha.

Lee viu o ruivo levantar-se do chão, calado, de olhos fechados. Por mais estranho que fosse aquele ser quieto e um tanto distante, Rock Lee sentia-se leve perto daquele garoto. Desde a primeira luta, quando Gaara quase lhe tirara a vida, Lee vinha tentando entender o motivo do ódio que queimava o coração daquele ninja. Porém, no momento, seus olhos haviam se distraído com algo diferente de olhos, sorrisos ou momentos, ele analisava a tatuagem gravada permanentemente na testa de Gaara, escrita em vermelho, um os dois tons de diferença de seus cabelos de fogo.

Gaara espremeu os olhos quando levantou do chão. Dois tipos diferentes de dor possuíram seu corpo. A primeira e quase insignificante, era a dor nas costas, pelo jarro pesado de areia. Seu corpo, porém, administrava aquela dor automaticamente. Acostumado a sentir golpes piores no corpo magro, o garoto nem ligava mais para as marcas e hematomas em seu corpo.

A segunda e estranha dor, alojava-se em seu peito. Era diferente das dores de fome, machucados e de qualquer outra daquele momento. A ferida parecia latejar, só de sentir que a areia teria que deixar a folha. O ruivo limpou a roupa das poucas gramas que tinham se prendido nele e se preparava para partir.

Humm, Gaara? Lee chamou quando o ninja da areia agachava-se em um bote gracioso, pronto para saltar na direção das árvores e deixar a aldeia aliada.

Sim? Gaara virou o corpo todo na direção do garoto moreno, sentindo a dor no peito amainar com a ação.

Por que você tem a palavra amor tatuada em sua testa? Lee acariciou a palavra “amor” com sua voz normalmente rouca. A curiosidade ainda impregnada em sua voz, assim como o desapontamento de ter que ver o outro partir.

Sinceramente, ela significa o amor que eu sentia por mim mesmo, e esse era o único tipo de amor que eu tinha e compreendia: amor próprio. Gaara suspirou e olhou para o enorme céu que se estendia acima de sua cabeça; as nuvens brincavam com o sol no imenso azul, sem esconderem a beleza dos raios amarelos. Agora vejo que eu nunca entendi a simetria de um amor verdadeiro. Até o momento...

E como se não houvesse acontecido movimento, Gaara atravessou o curto espaço que separava ele de Lee.

Lee encolheu-se com a rápida aproximação do ninja ruivo. O que ele havia imaginado era um possível ataque daquele ser tão imprevisível.

Embora sua mente tenha reagido e a razão tenha o mandado revidar e se defender, Lee não conseguiu erguer nem um dedo, quanto mais os punhos contra o belo garoto pálido.

Então, esperando por um ataque sem revidar, Lee abriu os olhos de choque quando sentiu os lábios finos e macios de Gaara nos seus próprios. O que era aquela leve palpitação que seu coração teimava em tocar? Era como música de fundo, apenas dois corações batendo calmos, enquanto a grama era agitada pelo vento, fazendo folhas e areia voarem juntas pelo espaço aberto.

Gaara manteve os lábios nos do outro garoto por um longo tempo. Apenas um encostar de bocas, sem língua, sem malícia, uma leve troca de carinho e necessidades.

Tão calmamente como todas as suas ações naquele momento, Gaara abriu os olhos e separou os lábios dos do moreno. Ele esperou Lee abrir seus olhos como ele fizera e por fim, beijou a testa do ninja da folha.

Obrigado por me fazer ver a verdadeira simetria do amor. Lee piscou com a intensidade daquelas palavras. Porém, quando seus olhos se abriram novamente, não havia mais ninguém em sua frente, apenas o espaço vazio e ele mesmo. Gaara havia sumido.

Lee sentou-se devagar no chão forrado de gramas, a mente ainda vazia pela surpresa. Apenas observava uma folha extremamente verde, a mais bonita e viva de todas as folhas caídas, voar baixinho e logo em seguida pousar contra a areia do chão. Quando isso acontecia, a folha ficava totalmente parada contra a areia pálida, quase tão clara quanto a pele de Gaara...

E quem sabe talvez, folha e areia possam viver juntas sem se destruir. Dragão e tigre possam não só serem amigos, mas compartilhar de amores tão profundos quanto o esperado. E quem sabe, Sabaku no Gaara pudesse amar a bela besta verde de Konoha.


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