Renascer escrita por emilydefarias


Capítulo 1
Visitantes, ou Melhor, Invasores na Minha Casa


Notas iniciais do capítulo

Sem pedras na mão, ok? Primeiro capítulo, segunda fic e um tema complicado de se lidar. Ai está o primeiro capítulo :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/169052/chapter/1

            Vamos começar pela primeira então. Eu costumava ser a garota nerd, feia e ignorada da sala de aula. Aquela com quem você só fala para pedir as respostas de alguma coisa da escola, sabe? Sou eu.

            Sempre tive uma vida comum. Eu só não era mais comum por eu não ser normal. Eu tinha bons amigos, mas poucos. Meus pais eram exigentes, antiquados e superproteções, só que nunca me queixei, pois eu os amava demais.

            Por parte sempre vivi feliz, de outro ponto de vista, sempre vivi sozinha no meu mundinho, de onde a dor vinha de algo para o qual eu ainda não tinha dado um nome.

            Foi depois da aula que dei meus primeiros passos para que absolutamente tudo na minha pacata vida mudasse.

Perdi meu ônibus de costume, e esperei o próximo, este estava tão lotado que o próprio motorista não parou no ponto de ônibus em que eu esperava. Já passava das oito da noite, era uma noite húmida, quente e chuvosa de verão. Peguei um ônibus vazio por volta das nove e meia. Meu celular tocou, era de casa. Eu achei que minha mãe já ia me encher de desaforos pelo telefone, mas suas únicas palavras foram: ‘conversamos quando você chegar’.

Para ajudar, meu ônibus pegou um engarrafamento do inferno, o que me custou mais uma hora.

Assim que cheguei em casa, o portão estava aberto e todas as luzes estavam apagadas, exceto a do quarto da minha mãe, no andar superior. Meus vizinhos eram quase todos idosos e já estavam dormindo.

Entrei pela porta da frente sem fazer barulho e ouvi gemidos acompanhados de sons muito estranhos. A luz do hall de entrada estava apagada, fui sorrateiramente até meu quarto e larguei minha mochila sobre a cama. Durante todo meu percurso, os gemidos não haviam parado, ondas de eletricidade desciam por minha espinha e os pelos do meu braço estavam todos arrepiados.

Tarde demais reparei que eu devia ter notado a estranheza que estava minha casa, sem a recepção calorosa e cheia de lição de moral que era o que provavelmente meus pais haviam preparado.

Um som gutural preencheu a casa, vinha do segundo andar.

Subi as escadas correndo, enquanto caminhava para a morte em pessoa.

Quando cheguei à frente da porta do quarto da minha mãe, ouvi um som de sucção, que embrulhou meu estomago. Automaticamente, parei para escutar.

- Por que raios você cisma em usar um copo? E ainda mais um canudo? – perguntou uma voz feminina de tom angelical atrás da porta, voz essa que eu nunca havia ouvido.

Fiquei boquiaberta com a doçura como aquela voz soava, não parecia humana. Só mais tarde, ainda naquela noite, cheguei à brilhante conclusão de que não era.

O barulho de sucção parou repentinamente, não havia notado como minha respiração estava alta.

- E por que você não faz tudo o que lhe ordeno? – perguntou uma voz aveludada e doce de homem. – Você deveria ter checado se eles não tinham outros filhos.

Gelei na hora. Ladrões. Deveriam ser. Assaltantes. Sequestradores. Mas algo me dizia que eles não estavam interessados nos nossos bens materiais.

Mais um gemido, e algo se chocou violentamente contra a parede.

Um rapaz, de cabelos loiros e olhos escuros abriu a porta lentamente. Eu não conseguia sequer me mover.

Seu olhar capturara minha atenção, eu me sentia uma idiota admirando toda aquela perfeição sem tamanho que sua face podia carregar. Seu queixo perfeitamente quadrado, sua pele tão branca quanto se pode imaginar e seus lábios finos afrouxados num sorriso zombeteiro roubaram minha concentração.

Naquele dia, pela ultima vez na minha vida, ouvi aquela vozinha mínima que lhe chama à razão nos mais confusos momentos, e ela dizia para que eu corresse como se minha vida dependesse daquilo.

Eu não conseguia tirar os olhos daquele rosto divino.

- Talvez você queira fazer parte da nossa pequena confraternização. – levei alguns segundos para notar que era comigo com que ele falava, e ainda mais alguns segundos para responder.

- Confraternização? – minha voz soou rouca. – Na minha casa? Onde estão meus pais? – meu corpo todo tremia enquanto eu lançava aquelas perguntas, lançava ao vento (sei sei, não tem vendo dentro de casa, é só uma forma de expressão.), porque ninguém nunca me respondeu, e nunca precisou.

O sorriso dele se expandiu mais e mais, até virar uma mascara assassina. Na hora não fiquei sabendo como, mas num momento eu estava o olhando meio que boquiaberta e no outro estava sendo arrastada pelos cabelos para dentro do quarto.

Notei algumas coisas enquanto me debatia, gritava e era arrastada, não me pergunte como. O chão estava absurdamente vermelho e pegajoso. Uma garota de olhos grandes vermelhos, praticamente tão vermelhos quando o chão, cabelos negos escorridos e lábios grossos me observava com desdém.

- Aqui estão seus pais. – o rapaz falou com amargura, e me lançou com uma força sobrenatural em uma massa dura, gelada e disforme. Eu ofegava e olhei para baixo.

Meus pais e minha irmã caçula estavam ali, pálidos e sem vida.

Me desesperei e comecei a sacudir seus corpos inertes.

- Por quê?! – eu gritava enquanto tentava inutilmente, faze-los acordar do sono da morte.

Algo muito gelado, que mais parecia uma garra me agarrou pena nuca e me arremessou na parede oposta.

Tentei ficar de pé, não consegui, minha perna estava quebrada, doía muito, assim como alguma costela, que me impedia de respirar sem sentir dor.

- Imbecil. – vociferou a garota. – É tão complicado de intender que eles estão mortos? – ela sorriu com escarnio.

Como uma cachoeira, ou como uma nascente as lágrimas saiam de meus olhos, assim saia o sangue sob minha roupa, deixando a camiseta que eu usava banhada de vermelho vivo.

- Por quê? – perguntei num sussurro fraco, meus olhos estavam pesando e eu iria desmaiar a qualquer momento, de dor, física ou emocional, ou por falta de sangue.

Os olhos da garota estavam fixos na poça de liquido rubro que se formara ao meu lado. Engoli em seco.

A garota deu um paço em minha direção. Tive o impulso de fugir... Correr... Não que fosse adiantar algo, já que mais parecia que tinham aberto uma torneira de líquido rubro nas minhas costas. Fratura exposta... Sem dúvida, mas não tive se quer coragem de olhar, muito menos de desviar os olhos da psicótica que invadiu minha casa.

Ela deu mais um passo... E mais outro enquanto o loiro só observava, como quem observa uma pintura no museu. A pirada estava perigosamente perto, e talvez até os vizinhos ouvissem minha respiração apressada e meu coração, que pulsava desesperadamente.

Ela se agachou e passou o dedo fino e pálido no pequeno lago particular do cômodo, aquele que era feito de sangue, do meu sangue! E a garota fez mesmo o que eu pensava, lembra que eu a havia considerado uma pirada? Não, naquele momento eu tinha chegado à conclusão que era uma homicida, psicopata e muito nojenta, ela lambeu o dedo sujo de sangue!

Eu já estava ofegante ao extremo e meus olhos embaçados de lágrimas começaram a pesar.

Acho que eu ainda não me apresentei não é? Meu nome é Wenna, eu sei que é estranho, mas sem piadinhas, ok? Que coisa hilária para se fazer quando está se relatando a situação em que se morre, não é?

Voltando à historia banhada literalmente em sangue, acho que eu falo muito a palavra sangue, não? É, deve parecer que estou querendo protelar alguma coisa, talvez seja até verdade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Não gostaram? Odiaram e eu nem sei escrever direito? Tornem-se leitores e me deixem feliz com uma review :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Renascer" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.