Depois que Amber se foi, eu viajei pelas sombras e voltei para o Acampamento, bem na orla da floresta. Suspirei. Era isso. Acabou minha missão bizarra e dramática com as garotas Vikings. Pelo menos eu tinha algo para contar. Pena que não estava com vontade de fazê-lo no momento.

Enquanto caminhava pelo acampamento, recebi vários olhares confusos e murmúrios. Nada muito fora do normal. As pessoas já olhavam para mim assim antes. Antes que pudesse voltar para o meu chalé e me jogar na cama, Annabeth me viu e veio em minha direção. Gemi baixo, e esperei que ele se aproximasse.

– Nico, você voltou!- Ela exclamou, me abraçando rapidamente. Oque exatamente está acontecendo? Ninguém está entendendo nada, e você sabe que eu não gosto de não entender nada. – Eu suspirei, coçando a cabeça.

– Tenho mesmo que fazer isso agora? Eu estou cansado, Annabeth. Depois eu falo com todo mundo. Onde está o Percy? – Ela arregalou os olhos, e pude vir tristeza e desespero neles. Ela escondeu o rosto entre as mãos.

– Eu... Não sei, Nico. – Ela disse, tentando não soluçar. – Ele desapareceu. Não o vejo desde ontem à noite. – Involuntariamente, passei o braço sobre suas costas.

– Tenho certeza que ele está bem. – Disse a ela, ouvindo-a soluçar. – Provavelmente está só fazendo merda por aí, como sempre. Aquele Cabeça-de-Alga sempre se mete em problemas, você sabe disso melhor que ninguém. - Ela gemeu.

– Ah meus deuses! E se ele tiver se metido em problemas? – Suspirei, desejando não ter dito aquilo. Acho que consolo não é meu forte. Ela engoliu em seco, e voltou seus olhos cinzentos (e agora vermelhos) para mim. – Eu preciso tirar isso da cabeça. Por favor, Nico, me conte oque aconteceu. Se não acho que enlouqueço. – Suspirei novamente, sentindo o pouco de força emocional que eu tinha se esvaindo. Abri a porta do chalé e indiquei a Annabeth que entrasse e se sentasse. Sentei-me ao lado dela e contei tudo. Até sobre oque sentia por Amber. Pelo menos isso a ajudaria a esquecer do desaparecimento de Percy. Ela apenas me encarou, com olhos tristes.

– Ah Nico, e você a deixou ir? – Ela perguntou, fazendo eu me sentir pior ainda. – Se você gosta dela, deveria ter dito isso a ela!

– Depois que ela me disse que oque aconteceu foi um erro? Ótima ideia, Annabeth. Adoro passar por momentos embaraçosos e ridículos. – Eu respondi levemente irritado.

–Nico... - Ela murmurou, me abraçando de lado. Era estranho ficar tão perto dela. A algum tempo atrás, eu tinha algo por Annabeth. E agora ali estava, contando a ela que gostava de uma garota que não era ela. – Bom, pelo visto nós dois estamos miseráveis no momento. Pelo menos podemos nos fazer companhia. – Ela riu, mas era uma risada triste.

– Eu posso tentar ir atrás dele se você quiser. Procurá-lo por aí. – Ela me encarou, hesitante.

– Talvez. Mas não agora. Acho que você precisa descansar, física e emocionalmente. Tente dormir um pouco, eu te chamo mais tarde para o jantar.

– Ok. – Eu disse apenas, acabado. Depois que ela se foi, me joguei na cama e dormi. Felizmente, meu pai não decidiu vir me encher o saco dessa vez.

Depois de algum tempo, Annabeth bateu na porta uma duas vezes, e então eu levantei. Cocei os olhos, passei as mãos pelo cabelo e abri a porta.

–Hora do jantar, Nico!- Ela disse , sorridente. Franzi as sobrancelhas, mas ela não parava de sorrir. – Vamos logo, estou com fome.

Eu a segui até o pavilhão , onde todos os campistas estavam e uma música podia ser ouvida de longe. Era incomum todos os campistas já estarem lá, com música era ainda mais estranho. “Será que é aniversário de alguém de novo?” Pensei. Conforme eu passava entre eles, os campistas me encaravam, também com sorrisos. Fiquei um pouco apreensivo por isso. Eles não tinham nenhum truque idiota preparado pra mim, tinham ?

Em vez de ir até a mesa do chalé de Hades, Annabeth me puxou mais a frente. Quando eu cheguei à frente do palco, a música parou. Quíron se aproximou, enquanto Sr.D estava sentado em sua mesa resmungando alguma coisa sobre semideuses imprestáveis. De repente, ouvi uma voz familiar do palco. Não vi ninguém, mas então uma música começou, e a pessoa entrou no palco .

Eu olhei boquiaberto, sem acreditar, enquanto Amber Grossville se aproximava do microfone, usando um vestido preto curto na frente mas longo atrás e um batom bem vermelho. Ela sorriu um de seus melhores sorrisos maliciosos, e começou a cantar:

La la

La la la la

La la

La la la

I like your smile

I like your vibe

I like your style

But that's not why I love you

And I, I like the way

You're such a star

But that's not why I love you

Hey

Do you feel, do you feel me?

Do you feel what I feel, too?

Do you need, do you need me?

Do you need me?

You're so beautiful

But that's not why I love you

I'm not sure you know

That the reason I love you is you

Being you

Just you

Yeah the reason I love you is all that we've been through

And that's why I love you

La la

La la la la

La la

La la la

I like the way you misbehave

When we get wasted

But that's not why I love you

And how you keep your cool

When I am complicated

But that's not why I love you

Hey

Do you feel, do you feel me?

Do you feel what I feel, too?

Do you need, do you need me?

Do you need me?

You're so beautiful

But that's not why I love you

And I'm not sure you know

That the reason I love you is you

Being you

Just you

Yeah the reason I love you is all that we've been through

And that's why I love you

Yeah - Oh.

Oh.

Even though we didn't make it through

I am always here for you

You

You're so beautiful

But that's not why I love you

I'm not sure you know

That the reason I love you is you

Being you

Just you

Yeah the reason I love you is all that we've been through

And that's why I love you

La la

La la la la (oh oh)

La la

La la la la (That's why I love you)

La la

La la la la (oh oh)

La la

La la la la (That's why I love you)

Quando a música acabou, todos aplaudiram. Com um sinal de silêncio, Amber ergueu as sobrancelhas, me encarando, e disse :

– Eu te amo, Semimorto. Então será que você pode me perdoar?

Eu não sabia se chutava a cara dela, se a beijava ou se corria para longe, humilhado. Não fiz nenhuma das três; fiquei paralisado, encarando-a. Ela pigarreou, fazendo com que todos rissem e então fizessem silêncio, esperando minha resposta.

Eu fiquei tão vermelho mais tão vermelho que acho que os filhos de Ares tiveram inveja . Engoli em seco e olhei para Amber novamente .

– Eu te perdoo . – Gaguejei um pouco, mas consegui dizer. – Desde que você nunca mais me humilhe em público. Ela riu, descendo do palco, enquanto ao redor todos riam. Menos Sr.D é claro.

Amber parou a alguns metros de distância e olhou pra mim como se esperasse algo. Então os campistas começaram a gritar:

– Beija ! Beija ! Beija !

Engoli em seco e cocei a cabeça, não conseguindo deixar de sorrir, me sentindo totalmente derrotado e humilhado. Algumas pessoas gritaram que eu não era macho o bastante. Foi só oque precisou . Caminhei em direção a ela, e, tentando me lembrar ao máximo dos filmes de romance que Bianca e minha mãe adoravam, e dei a Amber um beijo de filme. Ou pelo menos uma tentativa de.

Todos começaram a gritar novamente, me deixando mais agitado do que já estava. Quando a soltei, Amber me encarou, ofegante, e riu.

– Só um detalhe, - Ela começou. – Sobre aquilo que você falou, não posso prometer nada.

Eu ri, e a beijei de novo.