Anjos E Demônios escrita por HeeyCarol


Capítulo 1
Anjos e Demônios


Notas iniciais do capítulo

Então galera, isso não é um sonho ou coisa parecida. Eu realmente estou postando uma Fic hétero. Fiz ela para um desafio do colégio. O tema era Terror e Romance. Mas a parte do terror fica à desejar.
Chega de enrolação e vamos ao que interessa.
Boa Leitura (:



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Sai pé ante pé do meu quarto e fui para a cozinha. Eu precisava tomar água se não morreria desidratada. Abri a porta do meu quarto e espiei o corredor. Olhei para os dois lados e não vi nada. Sai do meu quarto, senti o chão ranger sobre os meus pés. Estremeci, não sei porque, mas um medo terrível se apossou do meu corpo. Balancei a minha cabeça tentando para de pensar naquilo. Caminhei até a escada e desci me apoiando no corrimão. Estava tão frio! Corri até a cozinha, mas estaquei quando vi alguém sentado na mesa. Era um homem forte, com as costas largas. Seus cabelos eram de um preto muito escuro, arrepiados. Ele vestia uma calça jeans, uma camiseta normal e um All Star surrado. Eu pensei que poderia ser meu irmão, mas descartei a ideia logo após ouvir sua voz.


–Eu sei que você está ai. Seu cheiro me dá água na boca - Ele disse em uma voz rouca. Minha vontade era de sair correndo dali. Tinha um estranho na minha casa! - Se você mover um músculo eu vou ai e arranco sua cabeça - Ele disse em uma voz tranqüila.


Fiquei com medo, muito medo.


–Q-Quem é você? - Eu perguntei com a voz tremula. Vi ele se levantar da cadeira e me encarar. Seus olhos eram de cinzas, lindos e hipinotizantes.


–Seu pior pesadelo - Ele disse vindo ao meu encontro. Ele me prendeu em seus braços e colocou seu rosto na curva do meu pescoço. Senti seus dentes cravarem em minha pele, gritei.


Acordei suando e ofegante. Coloquei a mão no meu pescoço e parecia não ter nada ali. Olhei ao meu redor e eu estava na sala, a TV estava ligada e já era de manhã. Ainda bem que era férias e eu poderia descançar um pouco.


Olhei a hora no meu celular e decidi ir tomar um banho. Sai do sofá e segui até o banheiro. Tirei a roupa e entrei na água quentinha que caia do chuveiro.


Fiquei pensando no sonho que eu tive por algum motivo aquele homem não saia dos meus pensamentos. Eu conseguia ver com clareza seus olhos, seus cabelos e jurei que podia sentir seu cheiro. Ele era lindo, apesar de ser assustador.


Terminei meu banho e fui para o meu quarto. Estava fazendo muito frio naqueles dias. Eu amava inverno, sinceramente, eu não sei qual é a graça de quase fritar de tanto calor. Enfim, entrei no meu quarto e me deparei com alguém sentado na cama.


Fiquei surpresa, afinal, só estava eu em casa. Quando a pessoa se virou, eu consegui ver uma pessoa, ou melhor, dizendo, um anjo. Ele me olhava tão intensamente que eu fiquei com vergonha. Parecia que ele poderia ver minha alma.


–Quem é você? - Eu perguntei segura e tranqüila. Aquele ser me acalmava, não sei como e nem porque, apenas acalmava. Olhei em seus olhos e tive que desviar. Era algo tão... Perturbador.


–Eu sou Miguel, e estou aqui para te proteger. Você está em perigo, essa noite você teve um sonho certo? Quem estava em seu sonho era Matthew, um demônio muito poderoso, ele quer seu sangue. Por quê? Seu sangue é capaz de ressuscitar o demônio mais poderoso de todos os tempos, Lúcifer. - Ele disse parando perto de mim.


Eu sentia a calor irradiar do seu corpo.


–Só pode estar de brincadeira comigo né? Isso não existe. Você não é Miguel - não o Miguel de verdade, o anjo. Esse tal de Matthew não pode ser um demônio, isso não existe! E Lúcifer, pior ainda. Lúcifer é apenas uma lenda! - Eu quase cuspi as palavras na cara dele. Como alguém poderia falar tanta besteira de uma vez só? Cara, esse lance de Anjos e Demônios não existem!


–Então está bem. Não quer acreditar não acredite. Quem sou eu? Apenas um anjo destinado a cuidar de uma humana que não está nem ai. Mas se você se encontrar com ele de novo, não se preocupe, eu estarei lá - Ele disse e simplesmente desapareceu.


É, isso foi muito assustador. Olhei para o meu corpo e vi que estava apenas de toalha. Meu rosto ardeu em vergonha.


Fui correndo até meu guarda-roupa e peguei uma roupa bem confortável para vestir. Depois que eu me arrumei eu fui para a sala. Liguei a TV. Fiquei mais um tempo ali, sem fazer nada.


Depois de muito tempo eu levantei do sofá; já estava quase de noite. Liguei para os meus pais e eles disseram que não viria essa noite. Suspirei; eu odiava ficar sozinha em casa, ainda mais tento esses pesadelos estranhos.


Desliguei todas as luzes da casa e subi até meu quarto. Entrei no banheiro e fui tomar um banho. Não demorei muito, eu não estava suja; mas precisava de um banho para tirar o cansaço.


Enrolei-me na toalha e rumei até meu quarto. Peguei uma calça velha, uma blusa e um moletom. Vesti-me e deitei na cama. Eu não queria dormir, porque eu sabia que teria pesadelos. Suspirei baixinho e fechei os olhos. Dormi rapidamente.


–Acorde Any, nós temos que sair daqui! – Eu escutei uma voz me chamar.


–Mãe, me deixa dormir mais um pouco vai! – Eu disse fazendo uma careta ainda de olhos fechados.


–Any! Não sou sua mãe. E agora trate de acordar; você está em perigo! – O dono da voz disse me sentando na cama.


Como ele ousa!? Abri os olhos e quase cai para trás depois de ver quem era. Era Miguel, o suposto anjo.


–Cara, o que você quer aqui? – Eu disse coçando os olhos.


–Já te disse. Agora suba aqui! – Ele disse apontando para suas costas.


–Nem morta eu subo ai! Não mesmo – Eu disse cruzando os braços e balançando a cabeça.


–Any, não me obrige a fazer isso – Ele disse entre dentes. Fingir nem escutar – Ok, foi você quem pediu – Ele disse rolando os olhos e me pegando no colo.


–Me coloca no chão seu idiota! Você não tem esse direito! – Eu disse-me esperneando.


–Se você não parar eu vou te deixar aqui! Mas saiba; se você ficar, você morre – Ele falou. Eu não queria acreditar, mas algo em seus olhos me fez acreditar. Parei de me debater e dixei ele me levar.


Saímos da minha casa e ele me colocou em um carro. Ele entrou no banco do motorista e começou a dirigir. Ele dirigia rápido; e isso dava medo.


Resolvi ficar em silêncio, afinal, ele parecia não estar de bom-humor. Ele dirigiu por um bom tempo; paramos em uma casa abandonada, no meio do nada.


–O que nós estamos fazendo aqui? – Eu perguntei o seguindo para fora do carro.


–Nos escondendo – Ele disse entrando na casa. Se por fora ela parecia acabada por dentro ela não parecia; ela era.


–Nossa, isso é imundo – Eu disse fazendo uma careta enquanto olhava para as coisas.


–É o máximo que consegui – Ele disse dando de ombros. Ficamos um tempo em silêncio; um silêncio bem desconfortável. Resolvi quebrá-lo.


–Então quer dizer que todo esse lance de Demônios e Anjos é verdade? – Eu perguntei rindo amargamente.


–É o que parece não é? – Ele disse dando um sorriso assustador.


–Pode me explicar? – Eu disse sentando em uma cadeira perto dele.


–Não, isso é restrito. São regras – Ele completou quando eu ia interromper.


–Como assim? Eu estou envolvida nisso. É o meu sangue que está em jogo; não o seu. Então eu tenho todo o direito de saber – Eu disse batendo o pé. Eu sou muito teimosa.


–Tem razão. Mas o que eu vou falar não pode sair daqui ouviu bem? – Ele perguntou.


–Para falar a verdade, eu nem sei se eu irei sair viva daqui – Eu disse sorrindo ironicamente.


–Você tem razão. Não sabemos se sairemos vivos ou não. Mas em todo o caso; prometa – Ele disse em uma voz dura.


–Eu prometo não falar nada para ninguém – Eu disse. – Isso irá para o tumulo comigo – Eu disse seriamente.


–Eu vou confiar em você; então não me desaponte. – Ele disse caminhando até um armário e pegando uma bebida.


–Quer? – Ele perguntou depois de dar um gole no gargalo.


–Quero – Eu disse pegando de sua mão. Eu dei um gole; desceu rasgando. Mas eu não me importava, iria morrer de qualquer jeito.


–Não seja pessimista. Talvez podemos sair vivos – Ele disse sorrindo.


–Como você soube o que eu pensei? – Eu perguntei assustada.


–Eu posso ler mentes – Ele disse pegando a garrafa da minha mão.


–Sério? Então você sabe tudo o que eu estou pensando? – Eu perguntei assustada.


–Só algumas coisas. Quando você está com medo também. Podemos dizer que é uma questão de sintonia – Ele disse rindo. Ri junto.


–Ta, vai me contar ou não? – Eu perguntei depois de um tempo.


–Contar o que? – Ele perguntou voltando de um transe.


–Esse negocio de Anjos e Demônios – Eu disse.


–Há claro, vou sim – Ele disse virando-se para mim.


–Ok. Comece – Eu disse olhando para ele.


–Com certeza você já ouviu a história de Lúcifer e Deus não é? – Ele perguntou me olhando.


–Já sim – Eu respondi.-Então. Deus expulsou Lúcifer do céu e tudo o mais. Mas Lúcifer criou um Demônio que ninguém nunca soube quem era. Seu nome era Matthew. Lúcifer o fez justamente para que quando alguma coisa desse errado; ele o concertasse. Ninguém sabia da existência dele; nem mesmo Deus. Há muito tempo atrás aconteceu uma guerra; entre eu e Lúcifer. Eu consegui vencer e Lúcifer meio que morreu. Matthew que até então não tinha saído da sua toca resolveu se rebelar. Ele fez um grande estrago na terra e no céu. Ele ouviu Deus falando que existia uma Humana que poderia trazer Lúcifer de volta. Então ele veio para a terra a sua procura. Ele vagou por séculos aqui; até que você nasceu. Agora o Céu e o Inferno estão atrás de você. – Ele disse e me olhou.


–Então quer dizer que o Céu quer me matar também? – Eu perguntei de boca aberta.


–Esse é o propósito. Mas Matthew consegui te encontrar antes; então agora nós temos que te proteger ou te matar. Estou apenas aguardando ordens – Ele disse calmamente.


–Nossa, me deixa ver se entendi bem: Você e esse tal de Matthew querem me matar certo? Mas você está apenas esperando ordens. Legal isso – Eu disse rolando os olhos.


–Você não vai pirar nem nada? – Ele perguntou assustado.


–Isso vai adiantar alguma coisa? – Eu perguntei suspirando.


–Eu não esperava essa reação de você – Ele disse e pelo seu tom de voz eu pude perceber que ele estava falando a verdade.


–Sabe, eu não vou perder muita coisa morrendo não. Minha vida já é uma droga. Apenas vou adiantar o que é para acontecer – Eu disse dando de ombros.


–Como assim? – Ele perguntou.


–Eu tenho uma doença; leucemia. O doutor disse que eu teria apenas mais um ano de vida, no máximo – Eu disse olhando para qualquer lugar, menos para ele.


–Eu estava esperando por isso – Ele disse me olhando.


–Hã? – Eu perguntei o olhando confusa.


–Em todas as encarnações você morria de alguma coisa. Mas sempre antes de nós te encontrarmos. Dessa vez foi diferente então – Ele disse pensativo.


–Como assim? – Eu perguntei agora sem entender absolutamente nada.


–Esqueci de mencionar; você reencarnou muitas vezes. E em todas às vezes nós estávamos a sua procura. Então quando nós finalmente te encontrávamos você morria de alguma coisa. – Ele disse.


–Nossa, sério? – Eu perguntei chocada.


–Sim. Você morreu várias vezes; de várias formas – Ele disse fazendo uma careta.


–E em todas elas eu era mulher? – Eu perguntei curiosa, afinal, não é todo dia que aparece alguém te dizendo essas coisas; é bom aproveitar a oportunidade.


–Não. Você nasceu como homem diversas vezes – Ele disse calmamente.


–Cara, que legal! Mas me diz ai: na passada eu era o que? – Eu perguntei curiosa.


–Você era um homem. Um príncipe; você era muito corajoso, apenas com 16 anos salvou pela sua mãe e se sacrificou pela sua noiva. – Ele disse sorrindo.


–Nossa! Eu era casado? – Eu perguntei rindo.


–Era sim. Com uma escrava. Seu pai descobriu e iria matar ela. Mas você descobriu e morreu no lugar dela – Ele disse.


–Foi como? – Eu quis saber.


–Envenenado – Ele disse simplesmente.


–Nossa. Eu era corajoso e nobre. Queria ser assim agora – Eu disse suspirando.


–Você ainda é. Corajosa e nobre – Ele disse.


–Como você tem tanta certeza? – Eu perguntei.


–Como? Simples; você está encarando essa situação toda de cabeça erguida. Poucos fariam isso. E nobre porque eu tenho certeza que você daria a vida por quem você ama – Ele disse sorrindo.


–Obrigado – Eu sorri de volta. Ficamos bastante tempo calados. O silêncio não era desagradável; pelo contrário, eu me sentia bem com ele.


A noite foi passando e o dia chegando. Olhei para Miguel e ele estava olhando para a janela. Parecia estar distante. Sai da cadeira em que eu estava e fui para perto dele. Ele nem pareceu notar.


–Uma moeda por seus pensamentos – Eu disse quando cheguei ao seu lado.


–Pode ter certeza; você não iria gostar nem um pouquinho deles – Ele disse me olhando malicioso.


–Nossa! Agora eu fiquei com medo – Eu disse sentado na janela.


–Deveria mesmo. Eu estou me segurando para não te atacar – Ele disse me olhando assustadoramente.


–Se você queria me deixar com medo, parabéns, conseguiu! – Eu disse ficando realmente com medo.


–Me desculpe. Mas você está linda assim – Ele disse sorrindo carinhosamente. Espera um pouco! Eu ouvi direito? Ele disse que eu estou linda?


–Sim, você escutou perfeitamente bem. Eu estou me segurando para não te beijar – Ele disse ficando vermelho.


–Se segurando para que? Faça isso – Eu disse ficando vermelha.


–Isso é sério? – Ele perguntou assustado.


–É sim – Eu disse sorrindo. Vi ele se levantar e caminhar na minha direção. Ele parou na minha frente. Abriu minhas pernas e se posicionou ali.


Olhei em seus olhos; eles transmitiam conforto. Ele colocou suas mãos em meu rosto, acariciou minhas bochechas com os polegares. Vi-o chegar bem mais perto; nossas respirações se confundiam. Ele encostou seus lábios nos meus; apenas um selinho. Sua língua pediu passagem que eu prontamente dei. Nosso beijo era calmo; um beijo bom. Ficamos assim por um tempo; apenas nos beijando. Paramos apenas porque nós precisamos de ar. Olhei para ele e ele sorriu para mim. Eu fiquei vermelha. Escondi minha cabeça em seu peito.


–Gostei disso – Ele sussurrou em meu ouvido.


–Eu também – Minha voz foi abafada pelo tecido de sua camisa.


–Você está bem? – Ele perguntou passando as mãos pelos meus cabelos.


–Estou sim. Só com um pouco de sono – Eu falei bocejando.


–Eu acho que tem uma cama aqui. Vamos ver – Ele disse me puxando pela mão. Fomos até um quarto que tinha uma cama de casal.


–Pronto, agora é só dormir. Tem um travesseiro e uma coberta – Ele disse sorrindo para mim.


–Obrigado – Eu sorri de volta.


–Eu vou lá; qualquer coisa é só chamar – Ele disse indo para a porta. Antes que ele pudesse sair eu criei coragem e falei:


–Fica aqui?


–Tem certeza? – Ele perguntou me olhando.


–Tenho sim. Eu estou com medo – Eu disse olhando para baixo.


–Não precisa ter medo; eu estou aqui – Ele disse me deitando na cama. Ele deitou do meu lado; aconcheguei-me em seu peito. Ele nos cobriu com a coberta.


–Obrigado – Eu sussurrei.


–Disponha – Ele disse dando um beijo na minha testa. Eu poderia aparentar ser forte por fora, mas por dentro eu estava com medo, muito medo.


Eu iria morrer de um jeito ou de outro. Se não fosse pelo tal de Matthew seria Miguel; mas se não fosse nenhum dos dois eu morreria pela minha doença. Não tinha escapatória. Deixei uma lágrima solitária escapar.


–Se depender de mim você não morrerá. – Ele disse secando minha lágrima.


–Mas você disse...


–Eu sei o que eu disse; mas não acredite em tudo o que eu falar. – Ele disse me dando um selinho. –Agora durma; você precisa. – Ele falou.


–Tudo bem – Eu disse fechando os olhos. Dormi logo em seguida.


“Olhei em volta e parecia que alguém estava me seguindo. Eu sentia as pedras cravarem em meu pé desnudo. Fechei os olhos com força.


–Olhe para mim – Eu escutei uma voz distante.


–Não! – Eu gritei. Eu estava com medo.


–Não abra os olhos Any! Isso é uma armadilha! – Eu escutei a voz de Miguel distante também.


–O que está acontecendo? – Eu gritei. Alguém teria que escutar!


–Matthew Any! Isso que está acontecendo. Ele armou uma armadilha. Mas não se preocupe você está segura. – Agora eu podia escutar melhor a voz de Miguel.


–Como assim!? – Eu perguntei tremendo.


–Você está em um campo que Demônio nem Anjo nenhum podem ultrapassar! Mas se você abrir os olhos esse campo some! – Miguel disse alto, muito alto.


–Cala a boca Miguel! Só porque se apaixonou pela humana quer defendê-la! Ela tem que morrer! – Eu escutei a voz de Matthew. Ela estava perto, muito perto.


Como assim Miguel tinha se apaixonado por mim? Mas que diabos estava acontecendo!?


–Silêncio meninos! Any, agora é com você. Você só vai poder acordar desse sonho se você fizer a escolha certa – Eu escutei a voz de uma mulher. Ela também não parecia estar distante.


–Como assim? – Eu perguntei para a voz.


–Você está em um campo. E do lado de fora desse campo está Miguel e Matthew. Você vai ter que escolher para qual dos dois você irá! Mas com os olhos fechados! – A voz disse.


–Mas se eu escolher Matthew? – Eu perguntei assustada.


–Ai você irá ressuscitar Lúcifer. Mas se você escolher Miguel terá mais uma chance de reverter tudo isso – A voz disse. Eu estava com tanto medo.


–Mas eu não sei se consigo! – Eu gritei.


–Apenas siga seu coração Any – A voz falou. Fechei os olhos com força e fui caminhando. Eu teria que dar um jeito. Respirei fundo e dei um paço a frente.


Siga o seu coração, siga o seu coração! Isso, eu iria seguir meu coração! Caminhei mais um pouco e senti alguma coisa me parando.


–Any, sabia que não importa o que aconteça: Eu te amo! Eu não te contei, mas em todas as encarnações nós ficávamos juntos e acontecia isso; o que está acontecendo agora! – Eu escutei a voz de Miguel bem perto de mim.


–Miguel eu também te amo! Mas como termina isso aqui? – Eu perguntei desesperada.


–Eu não posso falar Any; desculpe-me. Agora escolha, chegou à hora – Respirei fundo e senti as lágrimas tomarem conta dos meus olhos fechados; segundos depois, elas já estavam escorrendo pelo meu rosto.


Juntei coragem que eu nem sabia que eu tinha e estendi minha mão. Minha cabeça me mandava ir para um lado; mas meu coração dizia para ir para outro.


‘Siga seu coração’ dizia uma voz dentro da minha cabeça. Dei um paço; depois outro até que eu encostei-se a alguém. Quando fui abrir os olhos, eu simplesmente acordei”


Abri os olhos assustada, olhei para o meu lado e lá estava Miguel, me olhando profundamente.


–O que foi isso? – Eu perguntei a Miguel em uma voz sussurrante.


–Foi a sua vez de escolher – Ele disse me puxando para um abraço.


–Por que você não me avisou? – Eu perguntei começando a chorar.


–Calma Any, eu não sabia que iria acontecer tão cedo! – Ele disse secando minhas lágrimas.


–E agora Miguel? Como assim você terá uma chance de inverter tudo isso? – Eu perguntei olhando em seus olhos.


–Você poderá ser imortal – Ele disse baixinho.


–Como assim? – Eu perguntei assustada.


–É uma história bem complicada – Ele disse.


–Explique – Eu disse simplesmente.


–Any... – Ele meio que gemeu; meio que falou.


–Miguel! – Eu disse em uma voz firme.


–Tudo bem – Ele disse suspirando. – É o seguinte: Você vai poder se tornar imortal se beber meu sangue – Ele disse tudo de uma vez.


–Como assim? – Eu perguntei assustada.


–Se você bebe o sangue de um Anjo você vira meio que imortal – Ele disse.


–Como assim ‘meio que imortal’? – Eu perguntei sem entender.


–Como eu posso explicar? – Ele perguntou a si mesmo. – Bom, você vira imortal até certo ponto na verdade – Ele disse.


–Como assim Miguel? Dá para explicar? – Eu perguntei sem paciência já.


–Digamos que você tem um propósito na vida ok? Entrar para uma universidade por exemplo. Ai você consegue entrar e não dá aquela sensação de ‘Agora eu já posso morrer tranqüilo?’ – Ele perguntou.


–Você confundiu mais ainda – Eu disse fazendo uma careta; ele fez outra.


–Deus! Assim, qual é o seu objetivo? – Ele perguntou me olhando.


–Matar Matthew – Eu disse olhando para o vazio.


–Tudo bem. Agora podemos dizer que você bebeu meu sangue; ai quando você matar Matthew eu e você morreremos. Entendeu? – Ele perguntou me olhando.


–Agora sim – Eu disse pensativa. – Mas e se eu não quiser beber seu sangue? - Eu perguntei realmente interessada.


–Ai alguém terá que te matar – Ele disse.


–Cara! Eu vou morrer de qualquer jeito então! – Eu falei rindo.


–É – Miguel disse cabisbaixo; fingi não perceber.


–Então é melhor eu morrer fazendo uma coisa boa! – Eu disse tendo em mente já um plano. – Mas espera ai! Você disse que se eu morrer você também morre? – Eu perguntei acordando para o mundo.


–Sim – Ele disse.


–Mas se você me matar você não precisa morrer né? – Eu perguntei descartando quase que imediatamente meu plano.


–Sim – Ele respondeu.


–O que nós vamos fazer agora? – Eu perguntei com medo da resposta.


–Você decide – Ele disse me olhando. Vi ele se levantar da cama e caminhar até a cozinha. Eu ainda fiquei um tempo deitada.


Eu iria morrer, isso era fato. Mas eu queria morrer por uma causa nobre. Eu queria morrer matando quem está causando tudo isso. Eu não queria que Miguel morresse, ele não merecia isso.


Levantei da cama e caminhei até a nossa cozinha improvisada. Miguel estava encostado no parapeito da janela; como eu estivera horas atrás.


–Any já decidiu? - Miguel perguntou quando eu sentei ao seu lado.


–Ainda não - Eu disse olhando para fora.


–Nós não temos tempo - Miguel disse pegando minhas mãos.


–Eu sei disso - Eu falei.


–Quer me contar alguma coisa? - Ele perguntou forçando-me a olhá-lo.


–Miguel, está uma confusão aqui e aqui - Eu disse apontando para a minha cabeça e para o lado esquerdo do meu peito. - Um lado meu quer tomar o seu sangue e matar Matthew - Eu disse suspirado. - O outro, quer que eu deixe que algum de vocês me mate - Eu disse enquanto secava uma lágrima que havia escapado.


–Siga apenas o lado certo Any - Miguel disse puxando-me para um abraço.


–E se o lado certo for o errado? - Eu perguntei abraçando-o de volta.


–Ai você deve seguir seus instintos - Miguel disse sorrindo.

OooOooO


–Você está realmente pronta? - Miguel perguntou pela milésima vez.


–Estou sim Miguel - Eu disse estendendo-lhe a faca que estava na pia. Hoje já fazia um mês que eu e Miguel havíamos-nos ‘conhecido’. Eu já tinha tomado a minha decisão: Eu iria tomar o sangue de Miguel e nós morreríamos.


Como eu tomei essa decisão? Simples: Miguel disse que se eu morresse, ele iria se matar. Eu gritei com ele, disse que aquilo era estúpido e tudo isso. Mas de nada adiantou, apenas fez nós perdemos tempo. Agora nós estamos na cozinha; Miguel estava tomando coragem para se cortar.


–Está pronta? - Miguel perguntou.


–Estou sim - Eu disse ficando branca. Miguel respirou fundo e pegou a faca. Mirou em seu pulso e fez um pequeno -mas fundo- corte.


–Beba - Miguel disse olhando-me. Não disse uma palavra. Apenas peguei seu pulso e levei em direção a minha boca. O gosto era bom, muito bom; e eu não tinha a mínima vontade de para de beber.


–Any, pare - Miguel disse tentando tirar seu pulso de minha boca.


–Não - Eu disse sem muita noção do tempo ou espaço.


–Any, pare! - Miguel disse e quando eu fui responder, senti alguma coisa muito forte batendo em minha cabeça. Depois disso eu só enxergava escuridão.


Dor? Essa palavra simplesmente não existia. Eu estava em uma Paz enorme; como jamais estivera em anos.


***


–Any, acorde - Eu escutei uma voz muito longe me chamando. Remexi-me e não abri os olhos. Estava em um sono tão bom que seria até um pecado acordar.


–Any, eu preciso de você - A voz tinha muita dor, como se o dono dela estivesse machucado. Depois de lutar com meu subconsciente eu abri meus olhos. Tentei fazer meus olhos se ficharem em alguma coisa; mas era meio impossível.


–Any, ainda bem - Miguel disse depois que eu consegui focar meu olhar. Bem nos seus olhos.


–Miguel - Eu disse levantando o sofá ou sei lá o que em que eu estava deitada.


–Você está bem? - Miguel perguntou abraçando-me.


–Muito bem. Eu me sinto forte. Como se pudesse mata alguém com um piscar de olhos - Eu disse olhando tudo em volta.


–Mas você está forte. Tão forte quando a mim - Miguel disse sorrindo.


–Isso é sério? - Eu perguntei impressionada.


–É sim - Ele respondeu sorrindo.


–Miguel, eu já posso matar o Matthew? - Eu perguntei ficando de pé e caminhando em círculos.


–Sim, nós já podemos - Miguel respondeu dando ênfase no Nós.


–Quando isso acontecerá? - Eu perguntei.


–Se você quiser, agora - Miguel disse pegando minha mão.


–É o que eu mais quero - Disse fechando os olhos. Depois disso eu senti tudo girando. Senti uma vertigem enorme e me controlei para não vomitar. Não seria nada apropriado para o momento.


–Any, abra os olhos - Miguel disse.


–Onde estamos? - Eu perguntei logo após fazer o que ele pediu.


–No hotel onde Matthew está escondido - Miguel disse enquanto nós subíamos uma escada.


–Miguel, eu quero que você saiba que eu já te amo. Não importa o tempo que eu te conheço. Se a gente não fosse morrer, eu iria querer passar a minha vida com você - Eu disse parando-o na escada.


–Nós passaremos Any. Na próxima - Miguel disse sorrindo. Sorri também.


–Eu te amo - Eu disse beijando-o. Minutos depois eu estava caminhando até uma porta que dava para o quarto de Matthew com a mão de Miguel na minha e uma arma na outra.


Nós não poderíamos demorar a matar Matthew. Porque se nós demorássemos ele poderia invocar seu chefe e ele poderia até me matar para ter um corpo próprio.


–O que vocês querem? - Matthew perguntou quando nós entramos em seu quarto.


–Nós queremos isso - Eu disse apontando a arma para sua cabeça. Não deu nem tempo de Matthew dizer alguma coisa, eu já tinha o matado. Nunca pensei que sentiria uma sensação tão boa.


Olhei para Miguel e vi a dor em seus olhos. Eu queria perguntar o que era, mas não pude. A dor que eu sentia era maior que tudo, menos do que meu amor por ele, claro.


E eu entendi o que aquela dor significava; a dor significava o fim. O fim de tudo. De uma vida tumultuada. O fim de um romance que tinha durado pouco. É, o tão doloroso fim.


Senti Miguel apertar a minha mão e depois disso eu não sentia mais nada.


Acho que aquilo era a morte.


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Notas finais do capítulo

Então galera? Como ficou? Por favor, comentem!
Enfim, espero que tenham gostado, e mais uma vez, comentem ok? Beijos :*



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