Untitled escrita por kawaii


Capítulo 14
13. Desejo




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Yuuji Haruno, no auge de seus trinta e sete anos, nunca havia me parecido tão nervoso quanto naquele momento. Ele não era capaz de
quebrar o silêncio de maneira alguma. As duas bolas de chocolate em seus olhos, nunca estiveram tão perdidos. A pele meio morena e meio branca, suava em conjunto com os cabelos acinzentados. Aquele silêncio há mais de quinze minutos estava me irritando.
- Pai. - Chamei, sem receber sua atenção. - Pai. - Repeti. Dessa vez, ele se virou para mim. - Será que você pode falar logo o que está acontecendo? Está me deixando preocupada de verdade.
- S-sim... Cla-aro. - Balbuciou. - Bem... - Ele olhou em volta antes de prosseguir, como se buscasse alguma ajuda para falar. - O meu chefe me pediu um pequeno favor. - Soltou pausadamente, observando minha expressão. Ergui a sobrancelha com indiferença.
- Que favor?
- Ele e a esposa... Eles precisam fazer uma viagem. É importante. Uma viagem de negócios para tratar de assuntos da empresa. - Parou novamente para me observar. Fiz um gesto com a cabeça para que ele continuasse falando. Assentiu. - Porém, ele não pode deixar suas duas filhas em casa. - Entortei o rosto.
- E o que isso tem a ver comigo e com você?
- Você sabe que eu estou há muito tempo esperando aquela promoção, não sabe? - Não respondi. Apenas esperei ele continuar. - Por isso, não pude negar quando ele me pediu que as duas filhas dele fiquem na nossa casa durante o período de viagem dele. - Falou rápidamente e apertou os olhos quando terminou, esperando a minha resposta como se fosse uma sentença.
- O que?! - Foi tudo o que pude dizer. - Duas estranhas na nossa casa?!
- Sinto muito, querida... Mas olhe pelo lado bom. As meninas são da sua idade. Quem sabe, vocês não se tornam amigas? - Encarei-o incrédula e não me importei em bufar.
- Quando elas virão? - Questionei com irritação, dando-me por vencida. Vi um sorriso formar-se em seus lábios. Mais de alívio do que felicidade.
- Sexta-feira.

Sasuke's POV

O sol batia fortemente em meus olhos, enquanto eu caminhava em direção à casa dos Haruno. Não que a aula já tivesse acabado. É claro que não. Ainda não eram nem meio dia.

Mas, como eu poderia evitar matar as últimas aulas? Sempre pensei que elas só serviam para isso.

Avistei a casa de Sakura e me aproximei, parando de frente para a porta. Levantei a mão para tocar a campainha, mas fui impedido pela porta que se abria. A cabeleira dourada saiu por aquela porta. Revirava alguma coisa em sua bolsa, murmurando coisas impossíveis de entender. Kaoru parou bruscamente ao me ver. Abriu um sorriso repleto de sarcasmo, arqueando uma sobrancelha. Já podia ver de quem a Sakura havia herdado essa mania irritante.
- Ora, ora... Se não é o Sasuto.
- Hã... É Sasuke. - Corrigi.
- Claro, isso mesmo. Veio ver a Sakura? - O sorriso se expandiu em seus lábios. Por um segundo, pensei que fosse corar.
- É... Sim. - Murmurei, tentando manter minha voz indiferente. Sem sucesso. Ela riu abertamente.
- Ela está no quarto. Você pode ir lá. Mas, o pai dela não está em casa e eu preciso trabalhar agora. - A expressão dela mudou para uma séria e de certo modo, agressiva. Recuei alguns passos. - Se tentar alguma coisa com ela, eu te caço no quinto dos infernos e arranco membro por membro do seu corpo. - Ela voltou a sorrir. - Entendeu, Sasuto-kun? - Tentei corrigir, mas estava com muito medo para falar alguma coisa. Apenas assenti com cuidado. - Ótimo. Até mais.

Vi ela sair, deixando a porta aberta. Parou para acenar para mim rápidamente e saiu, andando com pressa. Soltei o ar que estava prendendo. Como uma mulher como aquela podia ser tão ameaçadora?
Afastei os pensamentos e entrei na casa, fechando a porta. Percorri os olhos pela sala de estar e só então, lembrei que não fazia ideia de onde era o quarto dela. Revirei os olhos. Teria que procurar.

Adentrei um pequeno corredor, onde haviam vários cômodos com a porta fechada. Apenas um deles tinha a porta entre-aberta.

Aproximei-me desse e posicionei meus olhos na pequena fresta, tendo visão do local. Reconheci um quarto, devido aos móveis. Olhei para a cama e pude ver os cabelos róseos inconfundíveis. Sorri automáticamente, forçando o sorriso a sair do meu rosto. Não conseguia.

Respirei fundo.

Entrei no quarto cuidadosamente, deduzindo que ela estava dormindo. Me sentei na beira da cama, esperando que ela acordasse. De onde eu estava, não podia ver seu rosto. Ela estava coberta até o pescoço. Perguntei-me como ela conseguia isso com o calor que estava fazendo. De repente, percebi que ela estava se movimentando.

Espreguiçou-se, tirando apenas os braços para fora do cobertor. Virou-se para o meu lado, possibilitando que eu finalmente a visse.
- Ah, Sasuke. - Murmurou tranquilamente. De repente, as duas esmeraldas se arregalaram e ela se sentou na cama com violência, jogando a coberta longe. - Sasuke?!

Seu corpo tombou para trás e rolou pela cama, indo direto para o chão. O barulho do seu corpo caindo foi alto o suficiente para me fazer fechar os olhos. Arqueei as sobrancelhas, vendo o que eu chamei de "monstro rosa" se sentar no chão. Seus cabelos estavam completamente jogados em seu rosto e a blusa de alças do pijama estava torta. Ri o mais alto que pude.

Sakura assoprou os fios rosados para longe, tirando os que sobraram com a mão. Eu apenas observava tudo, rindo incontrolávelmente. Ela se levantou com a ajuda de duas muletas, posicionadas do lado da cama. Seu olhar sobre mim era mortal, mas eu estava muito ocupado rindo para me importar.

Mancou até mim e me puxou pela gola da camisa. Eu ainda ria, sem conseguir parar. Levantei da cama, enquanto sentia meus pés recuarem até a porta. As mãos leves dela me empurravam e, ainda sem parar de rir, percebi que estava fora do quarto.
- É sério, Sakura, você devia ter visto a sua cara! - Falei entre risadas. Apertei o estômago, tentando me controlar. Era impossível. - Nunca ri tanto na minha vida!

A porta se fechou violentamente em minha frente. Parei de rir nesse instante.
- Não, Sakura. Espera aí. Eu já parei de rir. Abre a porta. - Pedi, batendo na porta.

A porta se abriu. Observei seu rosto furioso por alguns segundos e voltei a rir em seguida.
- Eu não consigo! - Gritei, sentindo minha barriga doer de tanto rir. A porta se fechou novamente. Dessa vez, com ainda mais força. Parei de rir. - Ah, vamos... Abre a porta.

Ela abriu a porta. Seu olhar era ainda mais mortal do que antes. Mas eu não podia evitar uma risada alta. Toda vez que olhava para a cara dela, me lembrava do susto que ela havia tomado. Parei de rir, finalmente, quando senti o peso do chute dela no meu estômago. Me curvei de dor, gemendo.
- Não se esqueça de que eu ainda tenho uma perna boa. - Sorriu e ergueu uma sobrancelha, vitoriosa.
- Isso foi completamente desnecessário. - Murmurei, acariciando o local dolorido. Revirou os olhos.

Levantei meus olhos para ela, observando-a. Sakura era... Bonita.
Seus cabelos, embora bagunçados, combinavam perfeitamente com o rosto dela. Baixei os olhos para o pijama que ela usava. Arqueei as sobrancelhas. Era um pijama de ursos, o que era realmente estranho para a idade dela. A blusa do pijama era de alças, branca e azul, com o rosto de um urso nele. Precisei de algum tempo para desviar a atenção do decote. Sacudi a cabeça, olhando para o short. Era azul, com vários rostos de ursos. O short era curto, deixando à mostra suas coxas bem desenhadas. A bunda dela também era vísivel, já que a peça era justa. Mordi o lábio inferior, sentindo o gosto do sangue vir à boca.
- Sasuke... - Murmurou, chamando minha atenção. Seu rosto estava corado. Merda! Ela deve ter percebido que eu estava olhando. - Pode esperar na sala? Eu vou... Me trocar.
- Ah, sim. Claro.

Me virei para sair, mas o meu celular vibrou dentro do bolso da calça antes disso. Eu sabia que Sakura ainda estava me observando, mas peguei o celular e o atendi mesmo assim. Me arrependi de não ter visto quem estava ligando, antes de atender. Agora, já era tarde demais.
- Alô?
- Sasuke-kun! - A voz irritante soou do outro lado. Afastei um pouco o celular do ouvido.
- Karin. - Trinquei a mandíbula.
- Amor, aonde você está? Passei na sua escola para te buscar, mas disseram que você já tinha ido embora. Depois, fui na sua casa e-
- Não importa. - Interrompi. - Já te disse para não ficar me ligando assim.
- Eu sei, m-mas eu queria falar com você.
- Já falou. Satisfeita? - Ela ficou em silêncio durante um tempo.
- Acho que você não está entendendo. - Sua voz se tornou ameaçadora. - Eu quero ver você. Agora. E você sabe muito bem o que acontece se você não fizer o que eu estou dizendo, certo? Tenho certeza de que sua família não vai gostar nada se eu terminar com você.

A fúria tomava conta de minhas veias. Cerrei o punho, sem me importar se Sakura estava vendo ou não.
- Por acaso você está me ameaçando? - Questionei. A raiva causava tremores em minha voz.
- É claro que não. Eu apenas quero passar um tempinho com o meu namorado. - Falou com deboche. - Estou na sua casa. Venha para cá. Imediatamente. - Ordenou. - Beijinhos. - Desligou o telefone.

Guardei o aparelho no bolso. Minha mão tremia. A fúria tomava conta de mim, cada vez maior e mais forte. Me virei para a rosada. Ela me encarava com certo medo no olhar.
- Preciso ir. - Falei mais alto do que o planejado. Estabilizar minha voz era uma tarefa impossível. - Tchau.

Caminhei, batendo os pés com raiva no chão de madeira. Sentia o olhar de Sakura sobre minhas costas, mas não me importei. Não me importava com nada. Só queria socar alguém com toda a minha força.
- Sasuke! - Ouvi a voz aveludada de Sakura antes de sair pelo corredor. Parei de andar imediatamente, esperando que ela falasse. - Não vá embora desse jeito. Por favor... - Pediu fracamente. - Eu não sei quem te liga que o deixa tão enfurecido. Mas não saia sem pelo menos me dizer se está tudo bem entre nós.

Lancei-lhe um olhar por cima do ombro. Não pude dizer a razão, mas senti meus ombros pesarem. Meu coração se acelerava gradativamente, enquanto eu apenas a observava.
- Te vejo amanhã. - Sussurrei, me virando para ela e mostrando um pequeno sorriso.

A expressão que ela fez foi a mesma do dia em que nos conhecemos, no momento em que eu me apresentei. Confusa e, ao mesmo tempo, feliz. Eu não a entendia muito bem. Sakura ainda era um grande mistério para mim. Mas, desde quando a vi, eu sabia que não poderia me aproximar dela. Era errado em vários sentidos.

Sakura's POV

Estranhei a lentidão em que o dia havia se passado. Passei o dia alternando entre dormir e acordar para ver a hora marcada no relógio na mesa de cabeceira, ao lado da cama. O intervalo entre isso era de, no máximo, vinte minutos.

Não tinha fome ou sede. Não tinha nem mesmo vontade de me levantar. Não estava com vontade ou disposição para fazer o que quer que fosse. Apenas queria que o dia acabasse logo e Sasuke voltasse na manhã seguinte.

Deduzi que dormir seria a melhor forma de fazer o tempo passar, mas depois de algum tempo, percebi que isso seria em vão.

A última vez em que abri meus olhos, a escuridão da noite já havia tomado o quarto. Um suspiro involuntário escapou. Tentei fechar os olhos e dormir novamente, mas não havia mais nenhum rastro de sono em mim. Me virei de frente na cama, encarando o teto branco acima de mim.

O barulho irritante da campainha soou pela casa, fazendo meu corpo estremecer com o susto. Mordi os lábios, prendendo um sorriso que insistia em sair. Eu já sabia quem era.

Dei uma última olhada no espelho. Dessa vez, havia acordado mais cedo e me arrumado. Se ele me visse mais uma vez naquele pijama de ursinho, eu desistiria dos homens antes mesmo dos dezoito anos.

Driblando a bagunça enorme em meu quarto, cheguei rápidamente até a porta de entrada. Ajeitei meu cabelo antes de abrir a porta e respirei fundo. Abri-a, mas para a minha surpresa, não era Sasuke quem estava do outro lado.
- Itachi? - Arregalei os olhos, confusa.
- Sakura... Oi. Vim ver como você está.
- V-ver como eu estou? - Meus olhos apenas se arregalaram ainda mais.
- É... Sabe... A sua perna. Eu sou médico. - Esclareceu.
- Ah, claro! Pode entrar.

Fiz um gesto com a mão para que ele entrasse e dei passagem. Tentei disfarçar o rubor do meu rosto, mas eu realmente me sentia uma estúpida. Como posso ter imaginado que ele teria vindo me ver por algum outro motivo? Revirei os olhos, fechando a porta e espantando pensamentos indesejados da minha mente.
- Sente-se. - Ofereci, vendo ele se sentar no sofá em seguida. Me sentei ao seu lado. - Então... Está com sede ou...
- Não. Obrigado. - Respondeu, notando o quão desconfortável eu me sentia com aquela situação. - Posso... Ver?
- Hã?
- A sua perna. - Falou com calma, mesmo que qualquer um se irritaria com a minha idiotice. Eu mesma me irritei.

Limitei-me a assentir. Coloquei a perna para cima e ele logo passou a mão no local enfaixado.
- Sente dor?

Respondi apenas balançando a cabeça de novo, negando dessa vez. Itachi desenfaixou com habilidade a minha canela. Também não estava mais inchado como antes.
- Ótimo. Já está melhor. É incrível como você melhorou tão rápido.
- Acho que sim. - Murmurei.

Meu coração estava tão acelerado que eu não podia contar quantas batidas por minuto ele dava. O pânico tomava conta de mim pouco à pouco. Tinha medo de que Sasuke chegasse e me visse com seu irmão. Mesmo que eu já tivesse conversado com ele sobre isso, a reação dele quando Itachi me ajudou em sua casa, não havia sido nada positiva.

Olhei pela janela, batendo o pé no chão com nervosismo. O silêncio apenas piorava o meu estado. Itachi havia me contado um segredo que nem mesmo Sasuke sabia. Mas mesmo assim, eu não sentia nenhum tipo de aproximação dele. Apenas ficava apreensiva. O medo de estragar tudo entre mim e Sasuke era a única coisa que eu conseguia pensar.

Sasuke's POV

Andar por aquela rua havia se tornado frequente. Era a segunda fez só naquela semana. A casa de Sakura se tornava mais próxima conforme os passos que eu dava. Caminhando até a porta, congelei. Eu reconheceria o carro estacionado do lado de fora em qualquer lugar.
Itachi.

Franzi o cenho. Senti a raiva subir, deixando meu rosto vermelho e meu punho trêmulo. Virei de costas e saí, andando com pressa e ódio. Soquei um poste de luz que se situava naquela mesma rua. Minha mão latejava pela dor do impacto, mas não me importei. Continuei a andar e chutar tudo o que via pela frente.


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Notas finais do capítulo

Odiei esse capítulo. Mesmo.
Acho que foi fraco e entediante. Eu mesma me envergonho de estar postando isso. Sei que não é o que vocês, leitores, merecem ler. Sinto muito.
Mas prometo que o próximo capítulo será muito mais interessante.
As filhas do chefe do Yuuji vão chegar e isso meio que vai dar um rumo diferente para a fic.
Novos personagens vão surgir. Personagens fixos. Isso é necessário. Uma fanfic só centralizada no Sasuke e na Sakura o tempo todo, seria entediante.
Mais uma vez, desculpem pelo capítulo fraco. O próximo será postado em breve.
Ja ne!