Eu não podia acreditar naquilo, Michelle estava caminhava em minha direção com uma expressão nada amigável. Tampei minhas orelhas no mesmo instante. Ainda com um pouco de medo dela que se aproximava marchando, perguntei:

- O que você está fazendo?

- Estou te lembrando do seu castigo, então pode voltar agora mesmo comigo para dentro do hotel.

- Mas eu só estou conversando com o MinHo – disse aflita.

- Não estou nem ai, você podia estar conversando com o papa que... – ela se calou imediatamente e olhou para MinHo relutante – Choi MinHo?  - perguntou ela olhando para ele.

Espreitei meus olhos enquanto fazia uma careta, sério que ela não tinha visto que era ele?

- Mikaele, como você está?

- Errr... É Michelle, e eu estou bem e você Min? – respondeu ela cumprimentando ele com um beijo na bochecha, seu humor havia milagrosamente melhorado.

Mas que intimidade era aquela? Ainda espreitando meus olhos para Michelle, agarrei seu braço e a puxei para dentro do hotel a lembrando do meu castigo. Ela tentou se esquivar, mas acenei para MinHo e a arrastei para o hotel. Agora eu ficaria de olho nela. E já que agora ela havia me deixado sem ter o que fazer, fui perturbar os hospedes. Eu sei que isso é bem infantil, mas era isso ou ficar olhando para o teto, de novo. Então parecendo uma criança em bairro de rico, que sai tocando as campainhas, sai batendo nas portas gritando “Serviço de quarto!”. Depois de ser quase pega por uma camareira, fui para o meu quarto. Pouco tempo depois, MinHo me ligou e ficamos horas falando sobre... Ele. Mas só de ouvir aquela linda voz, eu ficava feliz.

A sexta-feira amanheceu animada, todos os turistas tinham muitos planos, inclusive Michelle e as chilenas que planejavam a última noite delas na Coréia do Sul, e independente da minha vontade eu estava incluída. Durante a manhã seguimos o cronograma da agência de turismo, conhecendo algumas praças e museus, afinal, a Coréia do Sul tinha muitos lugares para serem conhecidos, mas o resto do dia estava livre e aproveitei para almoçar com MinHo. Michelle estava consciente que eu almoçaria com ele, na verdade meu castigo simplesmente desapareceu depois que ela me encontrou com ele.

O tempo que passamos juntos foi até que divertido, falamos sobre a Coréia, sobre os MVs do SHINee, das coreografias e outras coisas nesse mesmo núcleo, mas ele tinha um programa para gravar durante a tarde e fiquei sem muitas opções de entretenimento até que Onew me ligou. Em pouco tempo ele passou no hotel e me levou para o apartamento dele. Aquele lugar me trazia boas lembranças, e me sentindo mais a vontade em seu apartamento, fui ajudá-lo a fazer macarrão, nosso lanche da tarde.

- Você sabe colocar uma água para ferver? – perguntou ele sorrindo.

Fiz uma careta para ele e fui pegar água. Enquanto isso ele pegou o macarrão, um macarrão que na verdade estava com cara de miojo. Até tentei ler o que estava escrito na embalagem para ter uma confirmação, mas aqueles homenzinhos palitos não ajudavam muito. Com o Onew as coisas pareciam sempre tão simples, tão fáceis.

Tirando alguns acidentes básicos, como derrubar água quente no Onew e o tempo de fervura da água, nosso lanche ficou pronto em três minutos, não disse que era miojo? Então sentado os dois no sofá, comecei perguntando:

- Onew, por quanto tempo você acha que o MinHo ainda vai se lembrar do meu nome depois que eu ir embora?

- Ele sabe que Char é um apelido? – perguntou ele rindo.

Espreitei meus olhos para Onew que foi aos poucos parando de rir.

- Não se preocupe Char, você vai ter uma surpresa amanhã.

- Que tipo de surpresa? – perguntei intrigada.

- Você verá – disse ele com um sorriso lindo.

Tentei de todas as formas possíveis fazer o líder do SHINee falar, mas ele resistiu bravamente. O tempo passou ligeiro, e um pouco antes de eu ir embora, ele foi até seu quarto e voltou com um presente em mãos. Não sei como ele descobriu que meu aniversário era no dia seguinte e como provavelmente aquele era o nosso último encontro, já que ele tinha alguns compromissos para o dia de amanhã, ele me entregou o presente adiantado. Abri o presente e apertei a bochecha do Onew.

- Que lindo, não precisava – disse tirando da embalagem uma blusa de frio toda rosa com capuz de coelhinho com duas orelhinhas fofas.

- É para você se manter aquecida – respondeu ele com um lindo sorriso.

Saltei sobre ele lhe dando um forte abraço, como eu sentiria falta daqueles pequenos cuidados. Pouco tempo depois ele me levou para o hotel. Felizmente consegui chegar a tempo de sair para jantar com Michelle e as chilenas, e depois de passar à tarde com o Onew, meu ânimo era tanto, que aceitei sair com elas.

O lugar que fomos jantar era simples, animado e jovem. As três pareciam se divertir, enquanto eu me perguntava quais eram as chances de eu encontrar um k-idol, já que eu sempre encontrava um. Em dado momento, um dos garotos coreanos que estavam sentados na mesa ao lado, foi falar conosco. Ele era uma graça e seus amigos também eram fofos, mas então vi um jovem alto e de cabelos castanhos e lisos sair do restaurante. Aquelas costas só podiam ser de uma pessoa. Ignorei o garoto que conversava conosco e sai correndo. Eu não deixaria Henry ir embora assim. Agarrando o ombro da pessoa a virei para mim.

- Henr... – não consegui completar o nome, não era Henry – Me desculpe – disse para o garoto que usava um cabelo igual ao do Henry e voltei para a mesa desanimada, depois daquela, não havia coreano que me animasse.

Meu último dia na Coréia do Sul amanheceu desanimado, o avião partiria por volta das cinco horas da tarde e eu sinceramente não queria voltar para casa. Se eu pelo menos conseguisse falar com o Henry, esclarecer as coisas, como aquilo martelava no meu coração, eu precisava daquilo antes de voltar para o Brasil, mas em nenhum momento eu havia pego o número do celular dele, o que dificultava as coisas e eu não tinha idéia de onde ele poderia estar. Então durante a manhã, arrumei minha mala, liguei para a minha mãe e fiquei na lan house do hotel. Para animar um pouco a minha tarde, MinHo foi até o hotel. Ele estava lindo e radiante, e me perguntei se tinha alguma coisa haver com a surpresa que Onew havia me dito.

- Boa tarde Char – disse ele me abraçando – Eu quero te dar uma coisa antes de você voltar para o seu país.

- E o que é? – perguntei curiosa.

- Primeiro você precisa vir comigo.

Sem contestar o acompanhei até a praça que havíamos ido alguns dias atrás. Com a luz do dia, ela parecia muito mais bela. MinHo parou e virou-se para mim.

- Aqui aconteceu nosso primeiro beijo – disse ele todo orgulhoso, e após uma pequena pausa, prosseguiu - Char, eu sei que o tempo que passamos juntos foi curto e que hoje você volta para o seu país, mas eu quero te fazer um pedido.

Com aquele sorriso lindo na face, ele colocou a mão direita no bolso de seu casaco marrom e tirou uma caixinha vermelha. Fiquei paralisada enquanto ele sorria e abria a caixinha.

- Você quer namorar comigo?

Perguntou ele terminando de abrir a caixa. Observei o anel de ouro com detalhes em ouro branco que brilhava como os primeiros raios de sol da primavera, ele era realmente lindo. Ainda sem fala, tomei fôlego olhando para o chão e voltei a fitar aquela face.

- MinHo, qual é o meu nome? – perguntei aflita.

- Oras, é Char – respondeu ele sem entender.

Abaixei a cabeça e a balancei negativamente com um sorriso na face.

- Você é um lindo MinHo, mas eu não posso fazer isso – disse com um sorriso torto e dei alguns passos para trás – Adeus MinHo.

Acenei ainda com meu sorriso torto e sai correndo de volta para o hotel. Encontrei Michelle e peguei o número do aeroporto. Subi para o meu quarto para pegar minha mala, já que ela havia me pedido para fazer isso, enquanto ligava para o aeroporto. Assim que uma moça atendeu, perguntei se havia algum voou para a China e ela disse que havia dois, um já havia partido pela amanhã e outro partiria em poucos minutos. Agradeci pela informação e desci para o térreo com minha mala. Como tínhamos que fazer check-in e éramos um grupo grande, íamos mais cedo para o aeroporto. Entreguei minha mala para o motorista que guardava as malas e perguntei para Michelle se demoraríamos muito para sair.

- Temos que esperar os outros turistas.

- Mas eu tenho que ir agora para o aeroporto.

- Daqui uns quarenta minutos saímos.

Quarenta minutos era tempo demais, isso se Henry não havia viajado no primeiro vôo. Então tomando fôlego, disse que a encontrava no aeroporto e sai correndo. Ela tentou me impedir, mas consegui escapar, eu só tinha uma esperança, uma meia esperança para falar a verdade, e me agarrando a ela de todas as maneiras possíveis, sai correndo em direção ao aeroporto que ficava alguns quilômetros do hotel.