Eu sinto a sua falta escrita por apenasmay


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Sabe aquelas histórias que surgem do nada e você não enxerga muito bem o sentido que ela tem? Então... é o caso dessa.

Originalmente, a história tinha dois capítulos, nos quais cada uma era uma carta. Eu decidi uni-los em apenas um e adicionar o contexto em que as cartas foram escritas.

Espero que gostem.



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Gina estava em seu dormitório. Era um dos raros momentos em que ela ficava sozinha. E, portanto, era também um dos raros momentos em que ela se permitia sentir intensamente tudo o que a afligia.

Ao contrário da expressão sempre determinada, do semblante confiante e da aparente coragem que servia muitas vezes de incentivo aos colegas, naquele momento ela era apenas uma adolescente comum, cujos sentimentos a tornavam frágil. Ela sentia falta de Harry. Sentia falta, especificamente, de quando ele estava ali, como seu namorado.

Ela não entendia o porquê de tantas coisas acontecendo e, embora ninguém sequer imaginasse isso, ela às vezes queria apenas voltar a ser aquela garotinha protegida por todos da família Weasley.

Quando ela decidiu pegar um pedaço de pergaminho, as lágrimas já estavam a ponto de saltar de seus olhos e as mãos tremiam, dificultando os movimentos de sua pena. Após uns segundos com os olhos fechados para conter as lágrimas, ela apenas começou a escrever...

"Harry,

Eu não sei onde você está, nem o que você está fazendo, nem ao certo com quem você está. As únicas coisas que eu sei são a meu respeito: estou no dormitório feminino da Grifinória, daqui a pouco terei aula de Transfiguração e estou sozinha, pensando em você. E o que mais me dói é saber que a única coisa certa que sei a seu respeito é que você está em perigo. Todos nós estamos.

Harry, assim que você, Hermione e Rony sumiram, eu senti raiva de você. É. Muita raiva, porque você optou por levar o meu irmão patético e me deixar aqui, sem ao menos me dizer o que iria fazer, sem me prometer que me mandaria notícias, sem deixar eu tentar te convencer a me deixar te acompanhar.

Sabe, Harry, eu alimentei esse sentimento ruim até pouco tempo atrás, quando percebi que, na verdade, tudo o que eu senti é porque eu te amo. Sempre vou te amar. E ficar aqui sem notícias está me deixando cada vez pior.

Provavelmente esse seu jeito de se culpar por tudo foi o que te levou a considerar que seria melhor me deixar aqui para não correr perigos ao seu lado. Mas devo dizer que você estava errado, Harry. Eu preferiria morrer de uma vez ao seu lado do que ficar aqui morrendo aos poucos longe de você.

Sinto muito a sua falta e, às vezes, penso se não seria melhor se você nunca tivesse me correspondido. É fato que eu continuaria te amando, mas pelo menos agora não estaria sentindo falta de coisas que nunca teria tido. Sinto falta do seu abraço, do brilho dos seus olhos que acompanhavam o seu sorriso para mim... Sinto falta do seu beijo, Harry.

Você não faz ideia de como essa escola está patética sob o controle do Ministério (ou para ser mais precisa, sob o controle das Trevas). O que não deixa nós desanimarmos de uma vez é que o Neville criou coragem para reunir os membros da AD.

Sempre que treinamos o Neville diz: “Vamos, pessoal. Temos que dar o melhor de nós. Em breve Harry voltará para nos salvar e ele vai precisar de nossa ajuda!”

Parece irônico ele dizer isso quando eu mesma, que estive tão próxima de você, não consigo ter essa esperança sobre a sua volta.

Não sei se onde você está chegam notícias, mas andam dizendo por aí que você fugiu do Você-Sabe-Quem por medo. Eu não acredito nisso, mas a maioria das pessoas acredita.

Ah, Harry, como eu queria que nada disso fosse real... Queria que a qualquer momento você me acordasse, limpasse minhas lágrimas e me abraçasse dizendo que era só um pesadelo e já passou. Então eu descobriria que não existe Lorde Voldemort, nem Comensais da Morte, nem tampouco uma guerra rolando. Mas, infelizmente, isso não vai acontecer, porque eu sei que tudo isso é terrivelmente real.

O tempo passou sem que eu percebesse. Preciso ir para a aula de Transfiguração. Sei que você nunca vai ler essa carta, mas isso era tudo o que eu precisava te dizer. Eu sinto sua falta. Espero que esteja bem. E espero que volte logo. Eu vou te dar uma bronca fenomenal, para que nunca mais faça isso comigo. Eu te amo.

Com amor,

Gina W."

 

*

 

Harry estava terminando seu turno de vigília. Assim como tantas vezes ocorrera, a raiva permeava seu coração.

Ele estava cansado. Refletia em como ele estava enganado a respeito de que ser um bruxo tornaria tudo melhor.

Por que justamente ele precisava ser o garoto que sobreviveu à maldição da morte? Por que a profecia dava a entender que ele era a pessoa de quem ela falava?

Ele olhava à sua frente com uma expressão dura no rosto, o maxilar rígido, o olhar parado, porém enxergando muito além do havia em sua frente. Ele enxergava suas lembranças. E, mais do que suas lembranças, seus sentimentos.

Então ele levantou furioso. Revirou suas coisas e pegou um pedaço de pergaminho e uma pena. Ele encarou o pergaminho e começou a escrever, aplicando mais força do que o necessário para que a tinta se pegasse à sua superfície.

"Gina,

Eu sei que é loucura demais eu pegar um pergaminho e uma pena no meio do nada para escrever uma carta para você. Loucura maior ainda é saber que esta carta nunca chegará em suas mãos. Não vai chegar porque eu não tenho mais Edwiges e, mesmo se eu tivesse, não poderia te enviar uma coruja quando tem um bando de Comensais da Morte me perseguindo...

Gina, eu odeio tudo isso. Espero que você entenda que eu não te trouxe comigo por medo. Medo e amor. Era para eu estar sozinho caçando essas porcarias de horcruxes, mas Rony e Hermione não me deixaram escolher essa opção. E, bem, com você foi diferente, eu tive a opção de te deixar longe de mim. Já basta todo o peso que eu carrego em mim por causa daquela maldita profecia. Eu sei que não suportaria ver algo ruim te acontecer por minha culpa. Aliás, por que essa porcaria de profecia tinha que ter sido feita sobre mim?

Se não fosse isso, eu poderia estar em Hogwarts, estudando como qualquer garoto normal, enquanto a guerra rolasse lá fora. Mas não. Eu tinha que ser “o eleito”.

Grande porcaria ser “o eleito”. Acho que isso serve apenas para eu carregar a culpa por um monte de coisas que acontecem por aí. E como se não bastasse, tem essa maldita cicatriz que queima o tempo todo!

Toda a vez que eu tenho que ficar na vigília, eu penso em nós dois. Isso me deixa triste porque não posso estar do seu lado. A dor de estar longe é tão grande que eu sinto meu coração apertado. Agora que Sirius se foi, você é a única que me traz a sensação de ter uma família, talvez porque eu anseio pelo dia em que realmente seremos uma...

Por que eu demorei tanto para te enxergar, Gina? Ainda me lembro da garotinha ruiva que se escondia de mim e desviava o olhar sempre que cruzava com o meu. Aquela garotinha que pediu à sua mãe que deixasse ela subir no Expresso de Hogwarts só para ver o Harry Potter. Agora, sinto falta de você. Sinto falta do seu sorriso, do seu olhar, do seu jeito seguro de ser, do seu abraço, do seu beijo... A vontade e necessidade de estar ao seu lado novamente me dá forças para continuar lutando.

Eu te amo, Gina. Muito. Espero que você esteja bem. Na verdade, eu preciso que você esteja bem. Também espero que você consiga me desculpar por não dar notícias e, principalmente, espero que ainda goste de mim.

Eu sinto sua falta.

Harry."

 

*

 

Numa sincronia inconsciente, por assim dizer, dois nomes assinavam uma carta que jamais seria entregue. No mesmo momento, dois corações transbordavam um desespero angustiante.

Nessa mesma sincronia, duas cartas foram dobradas e guardadas. No bolso da calça jeans. Nas vestes escolares. Eram duas pessoas movidas por um único objetivo. Ligadas por um único sentimento. Sintonizadas na mesma frequência do amor.


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Notas finais do capítulo

Esqueci de dizer lá em cima: a fic surgiu algumas horas depois que eu li P.S.: Eu te odeio, P.S.: Eu sei que você me ama e P.S.: Eu ainda te odeio, da AlyCullen (ótimas fics, por sinal). Mas o que eu escrevi não tem nada muito parecido, só o fato de serem cartas.



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