World Of Chances escrita por SemiForever


Capítulo 8
Baby Blue Eyes


Notas iniciais do capítulo

A Rocket To The Moon - Baby Blue Eyes
;*



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Minha situação era no mínimo constrangedora e não fazia idéia dessa necessidade repentina, só acordei cedo demais pensando em surpreender Demi em seu quarto, mas quando abri a porta deparei-me com a cena mais fofa no mundo.

Um sorriso que foi forçado a não virar riso por minha mão que comprimiu minha boca se formou enquanto caminhava silenciosamente para dentro do quarto.

Minha namorada estava no meio da cama de casal abraçada tão confortavelmente a um travesseiro que a idéia de acordá-la sumiu imediatamente de minha cabeça, fazendo outra brotar em seu lugar. Então aqui estou em pé encima nos lençóis brancos na cama larga, com o corpo enrolado da outra garota entre minhas pernas enquanto tento equilibrar a câmera de meu celular parada. Só faltava o malabarismo e meu papel no circo estava garantido quando o barulho da foto foi confirmada, fazendo-me ficar imóvel enquanto Demi se mexeu.

Assisti os olhos castanhos se abrirem primeiro em curiosidade, depois em confusão.

- O que esta acontecendo aqui? – perguntou sonolenta.

- Bem, é meio complicado. – sorri sem jeito ao arrumar os cabelos que desciam em meus olhos enquanto olhava para sua figura abaixo.

- Acho que tenho tempo. – alegou seguido dum sorriso malicioso.

Quando percebi já tinha suas mãos nas dobras traseiras de meus joelhos fracos pela volubilidade das molas da cama. Então cai sentada sob a barriga inesperadamente definida, tentando esconder o celular quando ameaçou pegar.

- O que esconde de mim? – questionava quando me prendeu mais forte em seus braços, finalmente pegando o aparelho. – Aaah, eca, sou eu.

- Me devolva! – exigi tomando novamente o telefone portátil dos dedos longos.

- Deixei-me ver se entendi. – falou pensativa. – Você estava praticamente montada em mim somente por uma foto?

- Não somente uma foto. – repreendi salvando a imagem com cuidado. – Foi a foto de um milhão de dólares.

- Duvido que alguém pague por isso. – riu quando joguei o celular ao seu lado. – E meu beijo de bom dia?

- Esperando ser pego. – apontei para o leve bico em meus lábios.

- Quer que eu pegue? – perguntou confirmando. – Tem certeza?

- Bem, melhor não. – fingi pensar. – Você não sabe beijar, só amassar.

- Aaah, vai dizer que não gosta de meus amassos no sofá? – indignou-se.

- Isso é muito confidencial. – bati a ponta de meu dedo em seu nariz. – Você nunca saberá.

- Ok, ok... – riu, mas logo o olhar de duvida tomou seu rosto. – Essa camiseta é minha?

- Bem, sim. – sorri mais uma vez envergonhada por esquecer de trocá-la. – Digamos que achei perdida no quarto de hospedes e, agora que estamos namorando, achei uma boa idéia ter seu cheiro por perto.

- Ok, vou fingir que não é por estar com medo do filme de um mês atrás. – levantou as sombrancelhas, convencida.

- Não estava com medo. – bati em seu braço. – Bem, talvez um pouco, mas gosto de ter você por perto.

- Posso te contar uma coisa? – pediu recebendo um imediato aceno positivo de minha parte. – Quase bati na porta de seu quarto ontem a noite.

- P-pra quê? – gaguejei.

- Boa pergunta. – sorriu encarando o teto. – Só... gosto de ter você por perto.

Sorri não esperando mais um segundo ao fechar a distancia entre nossas bocas.

Seus lábios eram tão delicados no beijo, uma coisa que não esperaria no dia que a conheci. A carne rosada comprimia-se com meu lábio inferior, impedindo a boca de fechar por completo, com tanta gentileza que um sorri bobo brotou em meu rosto.

- O que foi? – questionou parando o beijo.

- Não sei, só parece que esta com medo. – continuei sorrindo ao arrumar a franja rebelde fora dos olhos castanhos.

- E estou. – encolheu os ombros com normalidade.

- Porque? – perguntei.

- Não quero errar com você. – respondeu, os dedos fazendo a famosa caricia em minha cintura. – Será um movimento em falso e correra para os braços de outra.

- Primeiro: se esta falando de Taylor delete o pensamento estúpido. – contei nos dedos. – E segundo: se não quer errar só seja você mesmo. Eu gosto da verdadeira você, não dessa insegurança; agora me beije honrando o nome escrito em meu pescoço.

O sorriso alargou-se pelo rosto bonito e branco quando deu uma ultima olhada no colar pendurado em mim, a pequena pedra no rodapé da letra inicial brilhante pelo sol matinal que adentrava o quarto. Então seus lábios praticamente atacaram os meus.

(...)

- Cadê o príncipe? – perguntou Miley quando a conduzi para a porta.

- Não sei, deve estar lá dentro. – sorri.

- Queria dizer tchau. – encolheu os ombros antes de um beijo de despedida ser depositado em minha bochecha. – Até mais.

- Tchau. – continuei a sorrir enquanto minha melhor amiga ia em direção ao carro estacionado a frente da casa Lovato.

O veiculo de placa conhecida se foi e a animação de assistir algum filme com Demi tomou conta de minha cabeça, até ser quase completamente desmanchada por uma voz doce.

- Selena? – chamou uma figura loira, me fazendo congelar.

- Ta-Taylor? – questionei estreitando os olhos para ela.

- Surpresa? – sorriu envergonhada. – Eu também.

- Porque? – perguntei, descendo os três degraus que separavam a porta do pequeno jardim de entrada.

- Bem, só estava andando e me encontrei aqui. – tentou parecer descontraída, mas parecia difícil demais sorrir na situação.

- Bem estranho. – apertei meus lábios juntos. – Se vendo caminhar pelos arredores da casa de Demi.

- O quê? – estranhou. – Não, não tem nada a ver com ela. Mas acho que você tenha alguma idéia.

- Taylor... – comecei.

- Selena esqueça aquele dia, por favor. – implorou, percebendo que adiar o assunto não mudaria a situação. – Fui tão rude e grossa que nem consigo me perdoar, mas espero que você faça.

- Taylor, você é minha amiga. – pousei minha mão em seu ombro em tom amigável. – E esta tudo bem entre nós, se a relação continuar nisso.

- Tudo bem, consigo ser sua amiga. – sorriu, mostrando os dentes bonitos. – Vamos andar?

- Hm... – pensei, olhando para a porta atrás de mim por alguns segundos. – Ok, onde?

- Sorveteria. – observou o céu ensolarado. – O dia está perfeito para sorvete.

- Concordo. – admiti me culpando por não ter essa idéia antes.

A caminhada silenciosa começou. Nossos passos eram lentos, cientes que a sorveteria não era longe.

Distraída demais, não percebi um peso cair sobre minha mão e reparei ser sua própria, numa tentativa desajeitada se entrelaçar nossos dedos.

- Taylor... – adverti esquivando minha mão da sua.

- Desculpe, só gostaria de segurar a mão de minha amiga. – deu de ombros, brincalhona. – Vejo você fazer com Miley e pensei não ter problema comigo, mas vejo que me enganei.

- Ok, desculpe, mas ainda estou meio desconfortável com isso. – ri ajeitando uma mecha irritante de cabelo que insistia em cair em meus olhos.

- Não te culpo. – sorriu fraco parando a frente na grande porta refrigerada.

- Ok, vamos do zero. – entrelacei nossos braços, puxando-a para dentro da pequena loja.

A conversa era engraçada e constante como amigas deveriam ser e a hesitação antes existentes entre nós se foi quase imperceptivelmente, as risadas amigáveis logo surgiram criando o clima agradável.

A quantidade de sorvete passou de duas bolas para quadro, de quadro para seis e assim os números múltiplos iam surgindo enquanto as palavras em frases não tinham fim.

- Sabe, me desculpe a pergunta mas... – hesitou ligeiramente ao quebrar um silencio confortável. – Porque não eu?

- Taylor, pensei que começaríamos do zero. – suspirei, a vontade de mais dois sabores formados em minha cabeça se despedaçando.

- E vamos, mas, por favor, tenho o direito de saber. – pediu, brincando com a massa congelada no pequeno pote a sua frente. – Não tenho?

Minha vontade era de virar as costas para aquela Taylor do passado que tinha se transfigurado a minha frente. Voltar para os braços quentes e aconchegantes de minha garota onde não preciso explicar nada, já que palavras não são tão importantes para ela assim como são para outras pessoas.

- Eu só gosto dela. – resumi. – Não sei porque, não sei quando começou... só que deu no que deu e sou feliz nessa realidade.

- Mas você esta indo embora, não esta? – perguntou-me, prolongando um assunto indesejado. – Como vocês farão para continuar esse, hm, romance.

- Taylor é informação demais. – pedi deixando claro meu receio e desaprovação em suas palavras.

- Porque isso Selena? – continuou querendo uma conclusão. – Porque todos esses pedidos para parar? Tem medo de realmente perceber que sou melhor?

- Você disse que não começaria com todas essas...

- Selena, desculpa, mas não consigo te ver com uma pessoa tão...

- Tão o que? – questionei já sentindo a raiva nas letras cuspidas por minha boa.

- Doente. – completou como se fosse obvio. – Ela não é a pessoa certa para você e...

- Não é a pessoa certa para mim? – continuei no jogo de repetição, me levantando. – Quer que admita não ver Demi como a pessoa perfeita para mim, ok eu faço. Quer que admito não ignorar os problemas mentais dela, ok tudo bem. Quer que admito o medo do pensamento bipolar, ok faço sem problemas porque é verdade. Ou pensa que me sinto totalmente bem com uma pessoa que se cortava? Ela tem problemas e não nego isso. Se gostaria que nunca tivesse a conhecido? Sim, porque talvez com a ausência dela conseguiria gostar de uma pessoa mais próxima a mim. Mas as coisas não acontecem como queríamos e não tenho culpa que me sinto segura em seus braços, se sinto vontade de sorrir ao vê-la praticar o ato, se não contenho meus dedos a limparem todas as lagrimas que derramou a todo esse tempo. Taylor, não escolhemos para quem entregamos nosso coração, apenas aceitamos ou não. E eu aceito porque... porque...

Porque Selena? Porque você aceitou?

Fechei meus olhos com força tentando conseguir algo. Era isso que sentia: segurança, confiança, força, poder, mas como expressar.

- Droga. – sussurrei para mim mesma.

Estava tão escondido que desisti das tentativas de buscar resposta na mente. Tanto suspense e medo dentro de meu coração.

Queria tanto ter encontrado Taylor primeiro que Demi. Minha vida seria tão mais fácil, mas não foi assim que aconteceu. Minha garota de cabelos negros apareceu primeiro e porque tinha toda essa felicidade em seu peito enquanto minha mente implorava pela volta a minha consciência?

- Você não sabe? – questionou Taylor, lendo minhas dificuldades. – Mas eu sei o porque de mim aceitar você mesmo sabendo gostar de outra pessoa: eu te amo.

Não.

Meus dedos foram até minha boca tapando-a com espanto, não pelas palavras de Taylor, mas sim por aquela palavra: amor.

Não era a primeira vez que Taylor expressava o sentimento com sua confiança a mim, mas as letras do verbo me atingiram tão curiosamente no peito.

Conseguia ouvir quase concretamente as tentativas de minha consciência gritando para não ouvir meu coração, mas não desistiria agora que um fio de compreensão surgiu.

- Como você se sente ao saber que ama alguém? – perguntei.

- Sério? – respondeu a loira num sorriso. – É fácil. Quando você olha a pessoa amada seus pulmões gritam por ar, quando você a sente te observando é como se passarinhos bicassem seu estomago, num toque – os dedos tocadores de violão roçaram em minha pele do queixo. – seus pés levantam do chão, num beijo... um beijo é indescritível.

O toque das pontas dos dedos era quase passado despercebido por minha concentração nas palavras praticamente sussurradas até que, sem impedimento de minha parte, senti o roçar macio dos lábios.

Um beijo gentil e ciente de meu gosto por outra pessoa. Um toque viciante a quem não tem seu coração roubado e, sem duvida, apaixonado.

- Me desculpe... – tentou se afastando.

- Tudo bem. – assegurei, tocando os lábios em confusão.

- O que achou? – perguntou.

- Do beijo? – sussurrei, o olhar praticamente vago no chão. – Foi ótimo.

- E isso quer dizer...? – incentivou.

- Taylor, seu beijo teve descrição. – foquei seus olhos nos meus, crente que nada quebraria. – Foi realmente ótimo, mas... descritível.

- E como se sente quando beija Demi? – perguntou.

- Eu... eu... – minha resposta a qualquer pessoa que perguntasse isso seria um alto e claro: não sei, mas realmente não me lembro muito bem de programar essas palavras para sair. – É... indescritível.


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Notas finais do capítulo

Cadê todos aqueles review lindooos ?
Hehehe, beijo até o próximo post ;*
Review ?