- Espere aqui. – pediu ao sair do banco no motorista deixando-me confusa até assistir minha porta ser aberta. – Por favor, senhorita.

- Obrigada. – corei ao sair no veiculo ajeitando o curto vestido de quadrinhos que ganhara no natal passado, achei ser perfeito para a vinda ao cinema.

Demi alarmou o carro deixando a mão livre quando guardou as chaves no bolso traseiro da calça e logo a passou nos cabelos, arrumando-os baseada no reflexo lustroso do Mustang.

- Esta perfeita. – elogiei não só o cabelo, mas sim a simples regata branca com jeans preta e all-star. – Vamos?

- Você esta linda. – sorriu tentando tirar o centro de atenção dela.

- Você já disse isso. – correi novamente pegando suas mãos enquanto caminhávamos.

Ela pareceu gostar do toque, pois me puxou mais junto de seu corpo fazendo-nos andar mais juntas.

Finalmente algo que podemos chamar de encontro e nascia junto disso a possibilidade de... “algo mais”.

Lembro do momento que contei sobre meu encontro para Miley e seu rosto de esperança não era diferente do meu agora. Hoje era meu dia.

Nós caminhávamos sem pressa pelo shopping brincando na escada rolante e sorrindo sem motivo algum quando os olhares se encontravam.

- Qual? – perguntou quando paramos a frente no quadro de exibição de horários.

- Não sei. – apoiei a cabeça deitada no ombro da outra. – O que você acha?

- Sei que não vai aceitar de primeira, mas: Premonição 5? – tentou.

- Não, nem pensar. – aleguei sem precisar pensar. – Nunca.

- Aaah, vamos lá. – continuou. – Não é nada muito forte.

- Não, imagina. – balancei minha cabeça. – Assisti o primeiro e até hoje demoro para dormir.

- O problema é dormir? – brincou, levando um soco de minha parte. – Calma, ai, só ia sugerir uma proposta.

- Ela inclui eu entrar na sala do filme de terror? – perguntei.

- Bem, sim.

- Então não. – adiantei.

- Pelo menos tente, olhe preste atenção. – pediu com cuidado. – Nós entramos na sala e prometo colocar você na cama todos os dias.

- Há-há. – ri falsamente.

- Sério. – falou. – Vamos, por favor.

- Não acredito que estou fazendo isso. – comentei para mim mesma quando um sorriso vencedor fez seu caminho fofo e arrogante para o rosto bonito em comemoração.

- Duas entradas para Premonição 5, por favor. – pediu alegre á moça dos tiquets.

Tentei pagar as entradas, mas Demi foi mais rápida arrancando o dinheiro antes de conseguir pensar direito.

- Você vai ter mesmo que me colocar na cama. – sussurrei enquanto seguíamos para a fila da pipoca. 

- Com prazer. – sorriu ao estabelecermos nosso lugar como ultimas na fila.

Congelei ao sentir os braços passando por minha cintura quando virei de costas para a de cabelos negros, os arrepio tomou conta de meu corpo quando seu nariz fez cócegas na lateral de minha nuca.

- Gosto do seu perfume. – comentou.

- O-o que esta fa-fazendo? – gaguejei limpando a garganta quando encontrei minha voz.

- Só sendo eu mesmo num primeiro encontro. – sua voz abaixa a cada palavra, sendo audível somente a mim. – Acostume-se.

- A-acostumar-me? – questionei confusa. – Porque?

- Qual meu apelido? – perguntou fazendo-me sorrir envergonhada. – Sua “futura namorada”, certo?

- Isso quer dizer...? – influencie.

- Que isso algum dia pode acontecer... – disse, pela primeira vez atrapalhada.

- Tipo, hoje? – continuei a perguntar, as esperanças aumentando.

- Namoro sério?

- Não sou garota de casos. – tentei colocar o tom descontraído na voz, mas aprecia impossível enganá-la.

- Agora? – perguntou confusa. – No primeiro encontro.

- Entre nós Demi, não é nosso primeiro encontro. – prensei meus braços sob o seus, prendendo-os a mim. – Moramos juntas e sempre teve um clima mais, hm, avançado entre nós.

- E eu pensando que não aceitaria um pedido na primeira data. – riu falando mais para sigo mesmo, deixando-me confusa.

- O que quer dizer? – perguntei.

- O que você quer dizer? – parecia mais perdida que eu.

- Já cansei desse nosso jogo. – suspirei ao virar-me frente a frente com a garota de olhos baixos, ainda sustentando os braços envolta de mim. – Um dia só passamos totalmente amigável, outro trocamos beijos, outro mal nos olhamos... quero te tratar todos os dias de uma única maneira, poder corar em suas palavras sem ter de esconder para uma próprio bem no jogo, já chega de fingir não sermos mais que amigas. Por favor, vamos acabar com isso.

- E qual a solução? – perguntou.

- Esta realmente me perguntando isso? – falei quase indignada. – Eu quero namorar você!

Ela abriu e fechou a boca varias vezes, até um verdadeiro riso irromper entre os lábios.

- Do que esta rindo? – perguntei confusa. – Falo sério.

- Não é de você, juro. – acalmou a risada num grande sorriso. – É que se você tivesse esperado só até o final no filme...

- O que?

- Bem... – desenrolou os braços de mim, guiando-o para o bolso que sabia estar vazio de sua calça, mais não estava. – Queria te dar isso.

Entregou-me uma pequena caixa de jóia, pequena o bastante para um possível anel.

- Isso é... – tentei, mas fui interrompida.

- Só abra.

Rocei meus dedos pela tampa aveludada, puxando-a para cima com o maior cuidado no mundo deixando a vista um cordão fino e mais longo de cor prata que o esperado prendendo uma palavra de quadro letras escrita da mesma cor: Demi; uma pequena pedra brilhante decorava o rodapé da inicial.

- É um colar. – sussurrei. – Um colar com seu nome.

- É seu.

- Não, não posso aceitar. – lutei contra as focas de escondê-lo dentro do coração. – Deve ter sido caro e...

- Selly, por favor. – sorriu. – É um presente para minha namorada.

- Na-namorada?

- Não é isso que você quer? – perguntou. – Se estivesse esperado o final no filme provavelmente seria eu a fazer a declaração, bem, talvez não porque confesso estar com um pouco de medo de meu pedido ser negado somente por ser nosso “primeiro encontro”, mas...

Apoiei o dedo indicador na vertical sobre os lábios, calando-os sem esforço.

- As vezes você fala demais, sabia? – perguntei.

- Já me disseram isso algumas vezes. – respondeu dando de ombros divertidamente.

- Não vai me beijar?

- Porque?

- Temos que ter nosso primeiro beijo. – respondi como se fosse obvio.

- Já não será nosso primeiro beijo, já fizemos isso antes. – contrapôs no mesmo tom.

- Mas seria nosso primeiro beijo como namoradas.

- Já estamos namorando?

- Você acabou de afirmar isso agora pouco. – confundi-me.

- Mas você não aceitou nem negou.

- Porque foi uma afirmação. – expliquei. – Não uma pergunta.

- Devo fazer uma pergunta? – perguntou.

- Na maioria dos caso diria sim, mas acho que não precisa com você.

- Porque?

- Porque também quero namorar... quer saber? – suspirei finalmente, cansada. – Vamos acabar com isso logo.

Peguei seu rosto entre as mãos, batendo nossas bocas gentilmente enquanto o aperto em minha cintura começava novamente.

Desci as mãos para seu pescoço onde administrava o beijo que se intensificava gradualmente, aquela sensação de sentimento correspondido sendo sentido na troca de saliva e caricia.

A ultima coisa que me veio a cabeça antes de entrar naquela sala de cinema foi o possível rosto de felicidade de Miley acompanhado de seus pulinhos histéricos quando informar que o apelido de Demi mudou a conjugação do futuro para o presente.