World Of Chances escrita por SemiForever


Capítulo 16
Wake Me Up When September End


Notas iniciais do capítulo

Green Day - Wake Me Up When September End
;'*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/168583/chapter/16

Suspirei observando carros e mais carros passarem por nossa frente, enquanto o Mustang ainda estava parado.

Já estávamos encostados na guia da estrada a mais tempo que esperava e tínhamos que chegar em New Jersey o mais rápido possível.

- Demi. – chamei alto vendo que ainda não voltara para o banco do motorista. – Vem logo.

- Calma. – riu sua voz de algum lugar fora do carro.

Abri a porta, saindo para o vento frio da estrada.

Lá estava ela, encostada na traseira no carro recentemente lustrado. O pé no pára-choque brilhante apoiava o peso com tranqüilidade sob a maquina.

Caminhei até ela, escondendo minhas mãos na manga puxada do abrigo.

- Já ia entrar. – alegou quando me viu, soprando a fumaça com a fala.

- Eu sei. – abracei-a de lado ao encostar a seu lado.

- Então porque veio aqui fora? – passou o braço desocupado ao meu redor sabendo de minha tentativa de capturar calor. – Esta com frio.

- A viajem inteira, o tempo que não durmo, não conversamos muito. – disse em seu pescoço.

- Isso é uma reclamação? – sorriu ao levar o cigarro novamente aos lábios.

- Não. – ri da preocupação desnecessária. – Só quero ficar assim como você.

Senti o aperto do braço contra mim, fazendo-me depositar um beijo doce em seu pescoço.

Estava realmente frio perto das arvores que cercavam o asfalto.

- Odeio esses seus hábitos. – comentei sentindo o cheio de fumaça mais perto.

- Por isso que sai do carro. – respondeu com simplicidade.

- Porque não para logo? – perguntei. – Você parou com as drogas de novo.

- Não sei, acho que aprendi a gostar. – senti os ombros sendo empurrados delicadamente para cima. – Só fazia por costume no começo, mas agora é, como você mesmo disse, um habito.

Não tinha do que reclamar, afinal, foram outros meses de trabalho para um nova vida. E percebemos agora que o começo dessa segunda vez foi muito mais intensa, até perigosa e sabia de seu desconforto ao falar nisso.

Sempre me agradecia e dizia que não a incomodava o que fiz ou minhas atitudes duras quando percebi o novo vinculo forte entre ela e o vicio, mas evitava ver aquele olhar de passado em seus olhos assim como cortávamos o assunto de minha faculdade.

As drogas não foram as únicas coisa que lutamos contra, mas sim o que “deixei para trás”.

Com a promessa que não a abandonaria vieram conseqüências e a primeira foi minha mãe e o jeito que se negava a me deixar viver minha vida, mais uma pessoa pensando que por já ser jovem adulta tenho de ter tratamento infantil.

A segunda foi minha faculdade que descobri cedo não ser transferível para nenhuma cidade, o que deu mais motivos para minha mãe. Mas nada me impediria de cumprir minha promessa.

Já quebrara tantas indo embora daquela cidade e não passaria por isso novamente. Acho que era uma das únicas coisas que fazia por mim nesses tempos, o que foi difícil explicar para Demi.

Entramos na terceira luta: Demi. Ela fazia de tudo para não estragar minha vida, uma coisa que nunca. Planejava brigas no objetivo de me tirar da cidade, voltar para minha família materna e deixar-me viver o que tinha de.

Foi a mais trabalhosa. Onde tinha de colocar em sua cabeça que não estava ficando na cidade somente por prometer isso, mas sim por sentir que devo. Perto de todos de meus amigos de infância, meu amor, minhas lembranças e até do apoio de meu pai e irmã. Mas ainda duvido que tenho atingido esse objetivo.

Duvido que Demi parou de se imaginar como um obstáculo em minha vida, mas irei trabalhar nisso todos os dias até ouvir as palavras que desejo.

E agora, com a mente de minha mãe mais calma, recebemos um convite para uma reunião de família. Coisa que foi mais uma vez difícil convencê-la, mas aqui estamos nós: numa estrada para New Jersey.

O cheiro de fumaça impregnava o ar, fazendo-me mergulhar mais e mais o rosto em seu pescoço; inalando o perfume natural da pele pálida.

- Acha que vão gostar de mim? – perguntou parecendo mais perdida em pensamentos que eu.

- Claro que vão. – sorri. – Afinal, a condição para que viéssemos era que trouxesse você. Eles querem te conhecer.

- Mas e se estragar tudo? – bufou.

- É bem provável que isso aconteça. – falei sinceramente, causando um riso suave na outra. – Mas eles estão acostumados comigo deixando as coisas um pouco fora do normal.

- Hm, é um terreno preparado. – brincou jogando o resto do tubo branco na via, enrolando minha cintura com os dois braços.

- Minha mãe vai te medir pela minha felicidade. – aboiei meu queixo em seu ombro, agora que o cheiro já era quase completamente dissipado.

- Então esteja feliz. – propôs.

Era fofo ver a preocupação clichê de minha namorada para com meus pais.

- Quer me ver feliz? – afastei meu rosto para encará-la com foco.

- Sempre. – respondeu já esperando algo.

- Então me encontre no banco de trás em dois minutos. – beijei sua bochecha ao sair no encontro da porta traseira.

Entrei decidida, mas não sem antes ser aquele sorriso maroto de animação em seu rosto. A verdade era que mal podia esperar para chegarmos em New Jersey, pois quanto mais cedo chegássemos, mais sairíamos. Voltando para nossa vidinha de rotinhas normais, onde lembrava todos os dias do orgulho que sentia tanto dela quanto de mim mesma.

Minha missão estava cumprida: já era, completamente, uma mulher. Sua mulher. 

The End.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Trinta capítulos. Mais de 318 reviews. Leitores carinhosos. Sorrisos. Lagrimas. E, o fim.
Vou sentir falta de escrever World Of Chances todo final de semana e espero que vocês também sintam falta no post de segunda.
Obrigada a todos que lerão e comentaram, até os leitores quietinhos. Lembro que a ideia inicial era um projeto pequeno que cresceu por vocês.
Um beijo especial e até minha volta; Obrigada.