World Of Chances escrita por SemiForever


Capítulo 13
Echo


Notas iniciais do capítulo

Jason Walker - Echo.
;*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/168583/chapter/13

- Demetria, sai daí. – pediu Megan, batendo na porta de metal onde Demi estava escondida.

- Não. – meu choque começou quando ouvi sua voz atrás da porta, percebendo que não mudara nada.

- Você aprece uma criança, vamos, abra. – minha irmã tentava girar a maçaneta, mas pela dificuldade, estava sendo segurada na outra extremidade. – Não vamos te levar para o hospital.

- Como se essa fosse o problema. – a voz de força confirmava o bloqueamento manual da porta pesada. – Vão embora.

- Não sem você. – alegou Megan ao aplicar mais força. – Selena, me ajude.

Percebi que ficara parada por muito tempo e, pela expressão facial de Megan, ela entendia o porque.

- Demi... – comecei, mas fui interrompida.

- Não quero falar com você, Selena. – cuspiu. – Se veio de New Jersey até aqui pra isso, desculpe, mas perdeu a viajem.

- Você não precisa falar. – sugeri me esforçando ao maximo para não cair em lagrimas pelo tom grosseiro da outra. – Me escute, por favor.

- Escutar? – zombou puxando a porta com mais força. – Foi tudo que fez nas férias passadas e olhe onde estou agora. Vá embora.

- Não vou sair daqui. – disse firme. – Não mais.

- Porque? – riu falsamente. – Já conseguiu o que queria, Megan criou juízo na cabeça. Não vou sair enquanto estiver ai.

As palavras não poderiam machucar mais.

Megan desistiu, ofegando ao meu lado.

 - Andou tomando algum comprimido novo pra essa força Demi? – perguntou Megan.

- Como se isso importasse. – bufou a voz abafada ao outro lado da porta. – Você não é mais a mesma.

- Eu cresci Demi, igual a você em seis meses atrás. – irritou-se Megan. – Não quer dizer que não saiba mais me divertir.

- Aaah, que estranho, porque era exatamente assim que me sentia. – gritou Demi. – Trocamos de papeis Megan?

- Porque estou tentando te ajudar mesmo? – perguntou-se Megan. – Você provavelmente tem um estoque de heroína ai e quer se matar.

- Finalmente acertou alguma coisa. – a raiva era evidente em sua voz. – Quero ficar sozinha!

- Então ok. – Megan virou as costas, puxando meu pulso. – Vamos Selly, foi perda de tempo.

Quase me deixei levar pelo desgosto de ouvir aquelas palavras. Silabas que lembrava ter mudado... futilmente mudado.

Balancei negativamente a cabeça para minha irmã, negando outro convite seu. Tinha vindo para pega-la de volta e não desistiria sem tentar.

- Cuide dela. – pediu em sussurro quando saiu.

Não julguei a ida de Megan. Ela sabia que era possível um diagolo bom com Demi, mas sua presença atrapalhava.

Ficou tão obvio que Megan gostava de Demi. Um obvio tão explicito que gerou ciúme de minha parte.

Todo o tempo que implorou a separação de nosso relacionamento, o quanto se jogou nas drogas depois, toda a rejeição e aquela ligação suplicante a mim. Ela sabia que a pessoa certa podia salvar Demi e não era ela.

- Demi... eu sinto muito – comecei, me aproximando na porta. –, foi tudo culpa minha. Me deixei levar por Taylor e sua conversa tão cegamente que disse coisas que não deveria.

- Não negue que disse aquelas palavras, por favor. – pediu.

Sua voz era tão diferente de antes. Tão humana e quebrável, como se suplicasse.

- Não nego. – continuei, feliz por ter recebido uma chance. – Realmente admiti ter medo de uma parte de você, não ignoro seus problemas até por que não tem como. Mas... mas você é tão importante para mim.

- Porque? – pediu. – Sou importante para manter uma consciência limpa que de esta fazendo sua parte? Não quero isso.

- Confie em mim, tudo começou com um jogo para chegar até Megan mas você mudou tudo. – cheguei mais perto da porta fria, como se pudesse atravessá-la. – Você me fez perceber que tinha de deixar Megan por conta própria. Você estava mais perdida que ela, e agora esta novamente. Vim te salvar.

- Confiar em você? – senti que queria falar com frieza, mas a situação não a queixava, mostrando-a como a conhecia de verdade. – Foi tudo que fiz. Confiei a acreditei nas suas palavras que tudo iria ficar bem, mas não ficou. Você mentiu pra mim.

- Não foi a intenção. – pedi desculpas. – Admito que, com os acontecimentos tudo pareceu uma mentida descarada, mas não foi.

- Como saber se esta falando a verdade? – perguntou. – Não sei se sou capaz de confiar em você de novo.

- Não há outro jeito. – coloquei a mão sob a maçaneta em insegurança.

- Desculpe... – pediu, a voz estranhamente longe e abafada demais. – Não consigo.

Mordi o lábio inferior, sabendo que choraria com ou sem o esforço de repreender.

O silencio foi continuo tanto por mim quanto por ela. Tudo que queria era não estar passado por essa situação com esse sentimento de culpa. Sabia que o motivo de sua falta de confiança era minha culpa, falhei com ela lembrando de todas as palavras de conforto que saíram de minha boca. Mas agora tudo parecia um concreto lixo.

- Demi... – sussurrei, mas não houve resposta. – Demi?

Abri a porta com uma facilidade que não esperava, focando a sala vazia e suja.

Chamei seu nome mais algumas vezes até encontrar a única saída para seu sumiço: uma estada para o que provavelmente era o telhado.

O vento de começo do clima frio me atingiu com dor nas poucas partes expostas de meu corpo na simples calça jeans e agasalho.

Avaliei o território com preocupação, tendo meu coração quase apunhalado ao ver a garota de costas com um movimento repetitivo e quase imperceptível, chorando.

Caminhei com mansidão e cuidado a seu encontro sabendo que se fosse revelada outra briga começaria. E minha cabeça não estaria boa para jogos de palavras grossas depois da cena de piedade.

Tinha medo de tocá-la na possibilidade de assustá-la. Estava perto demais da borda de onde a única coisa que existia era puro oxigênio e carbono.

Quando mais perto mais seu cheiro impregnava minhas narinas, fazendo-me fechar os olhos com lembranças positivas do passado.   

Pousei minhas mãos nos ombros largos que fariam sucesso numa competição de natação, acariciando-a até o momento que fui empurrada longe.

Foi o toque mais rude e raivoso entre nós fazendo meu coração pesar, mas nada superaria o momento seguinte.

Um passo em falso foi dado de sua parte.

Um grito ecoado de minha garganta.

E minha mão desesperada agarrando a sua.

- Demi, vem. – a prendi em meus dedos.

Tinha quase caído e agora estava a menos de um passo de fazer novamente.

- Por favor... – pedi sem tempo de mascarar o medo.

Era a primeira vez que olhava em seus olhos em seis meses e eles estavam chorosos, por minha culpa.

O rosto ainda delicado daria-me vontade de sorrir se a situação não fosse essa.

- Talvez seja mais fácil assim. – tentou desvencilhar minha mão da sua.

- Você não vai pular. – aleguei obviamente. – Não vou te deixar fazer isso.

- Como se fizesse diferença. – cuspiu, novamente rude.

- Demi, não é hora para essa discussão. – disse apertando mais sua mão das minhas juntas, tento a certeza que não iria perde-la novamente. – Olha no tipo de pensamento que esta tendo. Nunca vou te deixar tirar a própria vida, principalmente quando o motivo desses pensamentos for culpa minha.   

- Que diferença fará se desistir dum suicídio? – começou encarando minha alma. – Que diferença faria para você. Posso compreender sua parte de estar arrependida, daí iríamos apertar nossas mãos e você iria embora novamente. Não quero nunca mais me sentir abandonada Selena.

Abandono, foi isso que significou para ela, havia desistido dela.

- Nunca te abandonaria. – chorei, concentrando minhas forças para as lagrimas silenciosas não roubá-las.

- Mas fez. – vi o medo em seus olhos.

Não queria pular, não poderia fazer isso. Mas a cada centímetro mais perto, mais eram as chances de uma simples queda. Não iria um suicídio, apenas se deixaria cair.

- Desculpe por tudo. – implorei. – Não há porque tentar encontrar uma justificativa para minhas atitudes porque nunca vamos chegar a uma conclusão. Só... só me deixe voltar pra sua vida.

- Quero tanto isso Selena, não faz idéia. – acariciou minhas mãos com a outra, por cima da própria. – Mas minha cabeça não consegue achar uma brecha para confiar em você de novo e, acredite em mim, eu procurei.

- E o que seu coração diz? – perguntei esperançosa.

- Ele... ele... – vi o olhar de confusão ser focado longe de minha face. – O que seu coração diz quando olha para mim?

Respirei pesadamente agarrando de imediato o sentimento explícito a frente de meus olhos, como se estivesse ali o tempo todo e fosse somente esticar as mãos e prometer não deixá-lo escapar. Só faltava a pergunta vinda de sua boca, essa era a chave. Mas agora a porta estava aberta.

- Diz que te ama. – falou deixando clara a certeza e firmeza em minha voz. – Eu te amo, Demi.

Seu corpo relaxou perigosamente para a situação de risco, fazendo-me aproveitar o choque da outra para puxá-la fora da borda.

Caímos fortemente uma ao lado da outra, gemidos de dor irradiando por ambas as bocas inseguras.

- O que disse? – perguntou a voz ao meu lado.

- Te amo. – sussurrei perante o esforço.

Tudo parecia tão embaçado agora e, encontrando a maneira mais fácil para sair da situação onde descobria meu real sentimento, simplesmente fechei meus olhos.

Me rendendo não ao cansaço, mas sim aquela sensação completa de finalmente ter encontrado o nome certo. A explicação de todo esse ressentimento e dor quando longe dela, percebi sentir o tempo todo mas minha mente não me deixava ver.

Sorri ao sentir meus olhos finalmente se entregarem, escutando minha cabeça zombando do quão estúpida fui ao confiar a meu coração um momento tão importante. Estúpida, mas feliz.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

I love you ?
Post de domingo ;)
A fic ta acabando. Ta muito, muito, perto.
Até o próximo ;)
Review ?