=Não! Droga! Eu não posso chorar! Eu não posso ser tão fraca assim

Passei a mão no rosto tentando não chorar, mas senti uma lágrima trilhar minha bochecha, sequei-a rapidamente e me virei, sentando no primeiro sofá que encontrei

Minha mãe e Charlie se tocaram de que não estavam sozinhos, mas eu não me dei trabalho de me desculpar. Justin se ajoelhou a minha frente no sofá e fitou meu rosto

-Não fica assim

Ele disse em um sussurro

-Eu sou tão fraca

Sussurrei e abaixei a cabeça

Senti os olhares de Charlie e de minha mãe em cima de mim, mas não liguei

Justin segurou meu rosto delicadamente e me fez olhá-lo

Seus olhos... Tão lindos...

-Não... Você não é fraca

Ele falou firme, olhando em meus olhos, porém baixo

Ele não tinha percebido que nos olhavam e no momento eu não me importei com a vergonha que eu sentiria da minha mãe se ele me beijasse ali... Nós estávamos tão perto

Coloquei as mãos em seus cabelos e ele beijou minha testa, logo selando nossos lábios, delicadamente

Em um instante ele pareceu ‘acordar’  e se distanciou de meu rosto, separando nossos lábios

-Eu não... Eu não posso... Não agora... Não posso me aproveitar... Dessa situação

Entendi seu pensamento e sorri com isso... Ele simplesmente não queria fazer nada que eu não faria se pensasse bem... Em uma hora “normal”...

Sorri de lado e fitei seus olhos, minhas mãos envolveram seu rosto, que mantinha um aspecto preocupado, enquanto ele acariciava minhas bochechas

Eu havia esquecido de tudo a minha volta... Da minha mãe, de Charlie e de qualquer outra coisa...

Aquela foi a minha vez... Dei um selinho em Justin e nós sorrimos entre o beijo, nos separando

O abracei forte, tentando tirar da minha mente, as lembranças de meu pai, que se contrastavam com a imagem que eu tinha visto há alguns minutos...

Tá, eu tinha apoiado a minha mãe nisso... Mas será que ela não percebe o quanto me faz mal lembrar do meu pai? Lembrar de que faz tempo que eu não o vejo, faz tempo que eu não o abraço e ouço-o falar pessoalmente a sua famosa frase, que se repete todas as vezes em que nos falamos: “Como está a minha Ju?”... Por telefone não é a mesma coisa, não mesmo... O seu olhar brilhando quando eu o surpreendia... Seu jeito engraçado de falar comigo quando quer me fazer rir... Seu jeitinho louco de me colocar para cima quando eu estava mal...Será que ela não percebe que eu sinto a sua falta?

Lagrimas fracas caiam de meus olhos enquanto eu abraçava Justin...

Ele estava ajoelhado em minha frente e ‘encaixado’ em minhas pernas enquanto eu estava sentada no sofá

Abri os olhos por alguns instantes e pude ver que minha mãe queria se aproximar, mas Charlie falou algo e a puxou para perto, tirando-a dali

Não era justo com ela, mas era muito menos justo comigo...

Justin passava as mãos em minhas costas, acariciando-as, tentando fazer com que eu parasse de chorar

Eu me sentia simplesmente um bebê indefeso, precisando de colo, precisando de carinho, e era isso que Justin fazia comigo

- Eu estou parecendo um bebê

Eu disse fazendo bico depois que nós nos separamos

- O meu bebê...

Justin beijou minha testa e segurou meu rosto entre suas mãos

Eu ri fraco e respirei fundo... Aquela cena tinha sido estranha para mim e eu estava um pouco chateada com a falta de consideração da minha mãe

Pattie apareceu na porta e nós nos separamos

-Ah, ér, desculpa se atrapalhei algo... É que... Tá na hora do almoço, né?!

Ela se desculpava, visivelmente sem graça

-Tá tudo bem, mãe... Nós já estamos indo

Justin lançou um olhar, fazendo-a assentir e ir para a sala onde comeríamos

-Vamos comer

Ele levantou e me puxou para que eu ficasse em pé

-Não quero comer, não quero vê-los...- a cena veio em minha mente- arg... não quero Justin

-Não, você vai entrar comigo ali e vai comer, sim!

Ele falou firme

-Vamos fugiiiir

Eu me joguei no sofá e o puxei comigo, fazendo com que ele caísse em cima de mim

-Não vamos fugir, gatinha

Ele apertou minhas bochechas e deu um beijinho em meu nariz

-Porque?

Fiz cara de emburrada e cruzei os braços, olhando para ele

-Porque nós não podemos fugir dos nossos problemas, nós temos que encarar eles de frente, temos que superar tudo e todos, acreditando que tudo vai dar certo

Nunca imaginei que sairiam palavras tão sábias da boca de um menino de 13 anos

Suspirei me dando por vencida e me levantei, passando a mão no rosto

- Você pode ignorá-los se quiser, mas não pode fugir deles, ok?

Ele segurou minhas mãos e chegou pertinho de mim, fazendo uma carinha fofa

-Eu ainda prefiro fugir

Fiz cara de bebê e ele riu baixinho, me dando um beijinho de esquimó [n/a: ‘Sabem o que é beijinho de esquimó’, né?! É passar o nariz no nariz do outro, de levinho, entenderam? Não?! Procura no Google que lá deve explicar melhor, porque eu sou uma negação com explicações, mas enfim... até lá em baixo. FUI]

Lhe dei um estalinho e respirei fundo

Ele envolveu seus braços pela minha cintura e nós demos alguns passos

Estávamos um pouco antes da entrada da sala quando Justin soltou minha cintura e me virou de frente para ele, dando um beijo na minha testa

Enlaçou seus dedos nos meus e eu respirei fundo, fechando os olhos e logo os abrindo. Andamos até a entrada da sala e eu pude ver que Charlie e Pattie falavam algo, sussurrando, enquanto minha mãe olhava vidrada para o prato em sua frente...

No momento em que entramos na sala, eles pararam de falar e nos olharam