Cheguei à cozinha e Justin me seguia. Coloquei o prato e o copo na bancada, fazendo sinal para Justin fazer o mesmo. Peguei a pizza no forno e cortei um pedaço para mim, coloquei no meu prato e me virei para Justin que olhava, completamente distraído para o relógio da cozinha [Tá, o relógio era legal, mas não tanto para ele ficar hipnotizado]:

– Justin?!

–Hum?

Ele disse, ainda olhando para o relógio, meio que fazendo força para desviar o olhar do relógio para mim:

– Você tem certeza que não quer mais?

Eu disse sorrindo para ele que deu um sorriso tímido

Peguei o prato da mão dele, entendendo que ele queria, mas estava com vergonha.Coloquei mais um pedaço de pizza, logo indo até a geladeira e pegando a garrafa de Coca-Cola e repondo os nossos copos.

–Vamos

–Hã, vamos

Ele sorriu. Estava muito estranho e... Distraído... Mais do que o normal.

Fomos até a sala e nos sentamos no sofá, comendo a pizza.

Logo um silêncio se instalou e começou a incomodar.

Pensei em falar alguma coisa, qualquer coisa, mas não sabia o que falar, para puxar assunto.

– Silêncio

Dissemos juntos, como se estivessemos pensando na mesma coisa. E talvez tivessemos mesmo. Nos olhamos, assustados e começamos a rir:

–Pois é

Nós rimos

–A pizza está boa?

Eu perguntei, na tentativa falha de encontrar um assunto.

– Está ótima!

Justin sorriu para mim, um sorriso fraco, e o “assunto” acabou

Só então percebi, o quanto nós estávamos distantes, isso não era normal, nós éramos sempre tão juntos, tão... Sei lá, tão amigos e agora parecíamos apenas colegas de escola que estavam obrigados a ficarem juntos.

– Justin... Sobre o que aconteceu hoje...

Resolvi falar o que estava me encomodando

– Me desculpa

Ele me interrompeu, olhando para os pés

– Tudo bem...

– Eu não sei o que deu em mim, mas... Mas alguma coisa me puxava para perto de você, eu tinha a sensação de que queria estar com você, daquele jeito, para... Para sempre

Ele falou, envergonhado

– Jus... Não precisa ter vergonha, foi um impulso, não foi?

– Foi... Eu acho que sim...

– Sabe...

Ele olhou para mim e eu continuei:

– Esse “quase beijo” mudou alguma coisa. Eu fiquei com medo, eu fiquei com medo de que a nossa amizade se afetasse com aquele beijo. Eu conheço várias pessoas que ficaram com os amigos e depois a amizade mudou e eu... Eu não quero isso... Eu quero que nós sejamos amigos para... Para sempre...

Eu disse e me senti aliviada por dizer tudo que eu sentia; tudo que eu pensava.

– Ju... Nós vamos ser amigos para sempre, ok?

– Ok

Eu sorri para ele, que se aproximou de mim e me deu um abraço

– Eu já falei que amo o seu abraço?

Eu disse contra o seu pescoço

– Acho que não

Ouvi uma risada abafada dele

– Então... Eu amo o seu abraço

Eu disse sorrindo, mas... Ele nem estava vendo que eu estava sorrindo

– Eu também adoro o seu abraço, pequena

Nossos corpos se separaram,eu senti um beijo na minha testa e em seguida abri meus olhos, encontrando um par de olhos castanhos e me perdendo neles.

Nem sei quanto tempo nós ficamos daquele jeito. Seus olhos, seu sorriso, seu rosto, seu cabelo, seu perfume, era tudo tão... Tão maravilhoso. Tudo tão hipnotizante

Senti meu corpo sendo um pouco empurrado para trás, enquanto as mãos de Justin seguravam minha cintura firmemente e seus olhos olhavam nos meus fixamente. Eu podia sentir sua respiração se chocar contra o meu rosto e a minha respiração era descompassada, mais parecia que eu tinha desaprendido a respirar. Meu pensamento estava a mil. Eu pensava e milhares de coisas ao mesmo tempo, enquanto sentia o corpo de Justin muito perto do meu, que agora, já estava quase deitado no sofá.

= EU NÃO POSSO BEIJAR ELE, NÃO AQUI, ISSO TINHA QUE SER ESPECIAL, AI MEU DEUS, PARECE QUE EU NÃO SEI MAIS RESPIRAR, VAMOS LÁ JULIA, RESPIRA, SOLTA O AR, RESPIRA, SOLTA O AR, RESPIRA... MEU DEUS QUE OLHO É ESSE, AI DEUS ELE TA CHEGANDO MAIS PERTO, ELE VAI ME BEIJAR E EU ESTOU AQUI, QUE NEM UMA RETARDADA OLHANDO PARA OS SEUS OLHOS, EU NÃO CONSIGO ME MEXER; SUA PELE, TÃO MACIA, TÃO QUENTE, EU QUERIA FICAR PARA SEMPRE NESSE ABRAÇO, MAS SE A GENTE SE BEIJAR, ISSO TUDO PODE MUDAR; O QUE EU FAÇO?! EU NÃO CONSIGO ME MEXER, MEU CORPO ESTÁ PARALIZADO, SEM MOVIMENTO, FALAR ENTÃO; ACHO QUE É IMPOSSÍVEL NO MOMENTO!

A boca de Justin estava a uns dois centímetros da minha. Eu queria, mas ao mesmo tempo não queria beijá-lo, mas sua boca, sua boca era tão convidativa. Meus lábios pareciam querer os dele, mas como é isso? Isso é estranho, muito estranho.

Meu cérebro parecia dividido. Uma parte mandava eu beijá-lo logo e outra mandava eu me afastar dele agora...