True Life escrita por JoyceSantana


Capítulo 4
mente fértil gera vingança




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Na semana seguinte, fiquei no meu quarto na maior parte do tempo, imaginando o que Melanie estaria fazendo em Pittsburgh. Percebi que minha mente era muito fértil e me atormentava toda hora. Até tentei segui o conselho da minha mãe e sair com alguns amigos, mas desisti covardemente.

– Filho, vou na casa da sua tia, vai ficar bem sozinho? – perguntou ela.

– Vou, pode deixar. – respondi desanimado.

– Faça alguma coisa para comer, talvez eu passe a noite lá.

Assenti e ela me mandou um beijo. Minha tia tinha acabado de fazer uma cirurgia e estava em repouso absoluto. Minha mãe, desde então, propôs-se a cuidar dela, inclusive passar a noite caso ela precisasse de algo.

Agora era eu sozinho naquela casa, acompanhado dos meus pensamentos absurdos. O que Melanie estaria fazendo? Estaria contemplando a lua do jeito que sempre gostou, ou estaria num quarto escuro com Johnson? Tive que bater a cabeça na parede para tentar me distrair daquilo tudo.

De repente a campainha tocou. Deixei a pessoa esperando, não queria sair. “Se for importante irá insistir”, pensei.Tocou de novo. Desta vez não tive escolha a não ser ver o que era. Vesti uma camiseta qualquer e fui atender a porta.

– Lauren?! – disse assustado ao vê-la ali sorrindo, com uma pipoca de microondas e uma bebida.

– Oi! Eu disse que era bom saber onde você morava... Posso entrar? – perguntou encostando-se ao vão da porta.

Não dava para dispensá-la ali, até que ela estava se esforçando.

– Entra... – dei-lhe espaço e ela entrou. Fechei a porta – Porque resolveu aparecer? – tentei não parece rude.

– Bom, como é feriado prolongado, minhas amigas viajaram com suas famílias. Para Pittsburgh, acho.

A coincidência era um pouco irritante, até.

– É, Melanie também foi. – comentei tentando ao máximo esconder minha raiva.

– Você também esta sozinho, perfeito! – disse animada tomando posse do microondas – Essa Melanie é sua namorada ou...

“Claro até parece!”

– Não, ela é só minha melhor amiga. Só isso. – o suspiro no final pode ter entregado tudo.

Lauren não era muito perceptiva, então eu poderia desabafar o quanto fosse que ela não perceberia nada. Não o fiz, claro, não podia dar bobeira.

Ela mexeu em todos os DVD'S até achar algum que julgava “legalzinho”. Até estranhei essa atitude de vir até minha casa e tudo, mas depois pensei bem: Se Melanie estava se divertindo tanto quanto eu imaginava em minha mente fértil, porque eu não poderia fazer o mesmo? Ela provavelmente tinha se esquecido de mim... Eu poderia muito bem fazer o mesmo.

Permiti-me soltar um pouco e baixar as inibições. Lauren era até divertida, mas o cérebro era do tamanho de uma azeitona. Incrivelmente, só funcionava bem quando era dopado de álcool.

Quando percebi estávamos fazendo competições de quem bebia mais. Eu estava tão bêbado que nem lembrava de Melanie, só tinha a imagem de uma pessoa idiota e eu precisava esquecer. Lauren estava bem mais solta e até se aproximava maliciosamente.

– Vou levar os copos na pia, peraí – disse pegando os copinhos com uma certa dificuldade e seguindo para a cozinha.

Quando me virei para retornar para a sala, dei de cara com ela de novo.

– Opa – eu disse a olhando de cima a baixo.

– Eu estou sofrendo, Derek. – sua tentativa de me seduzir não era de todo inútil.

– Sério? Por quê? – perguntei cruzando os braços.

– Eu estou muito a fim de um garoto mas ele obviamente gosta de outra garota... – ela começou o passar a mão no meu braço esquerdo – e essa garota nem liga para ele... Idiota.

– Sério? Nossa... – continuei com os braços cruzados. – E quem é esse garoto?

– Ele está bem aqui na minha frente... Tão pertinho...

Seus lábios roçavam nos meus de uma forma tão provocante que, pela primeira vez, fui homem o bastante para tomar a iniciativa de selar nossos lábios de uma vez. Apertei sua cintura forte e ela entrelaçou meu pescoço, fazendo leves cócegas na nuca. Aquilo era bom de alguma forma, então intensifiquei o beijo e as carícias. E então ela começou a me puxar sem parar o beijo, acho que queria ir para o quarto.

Chegando lá, ela trancou a porta e voltou a me beijar. Tirei sua blusa fina e joguei para algum canto do quarto, ela fez o mesmo com minha camiseta. Coloquei-a na cama com cuidado para não ver meu peso desabar sobre seu corpo. Em minha cabeça, aquilo era tão errado, tão proibido, eu sentia como se estivesse traindo Melanie de alguma forma. Mas eu estava tão frustrado, tão machucado, que ver que alguém queria satisfazer meus desejos me relaxava, então decidi não pensar. Não pensar em nada. Apenas aproveitar aquele momento e esquecer, pelo menos uma vez, a existência de Melanie Parker naquela noite.

***

A luz do Sol radiante da manhã de Sábado atacou meus olhos instantaneamente, fazendo-me acordar. A dor de cabeça veio logo depois. Foquei o ambiente e vi em minha cama, coberto apenas por um lençol, um corpo esbelto igualmente nu ao meu lado. Roupas estavam por todos os lados do quarto, de normais até íntimas.

– Meu Deus. – murmurei ao lembrar dos acontecidos da noite passada.

Com minha fala, Lauren despertou manhosamente. Olhei para ela forçando um sorriso e ela sorriu de volta.

– Bom dia. – sussurrou vindo até mim com o lençol e me dando um selinho – A noite passada foi...

– Foi...? – perguntei em busca de algo mais claro.

– Incrível... Maravilhoso... Muito bom. – foi me dando selinhos ao intervalo de cada palavra.

– Ah... É, foi muito bom mesmo. – comentei superficialmente. Na verdade, estava difícil me recordar de algo concreto.

– Tá brincando? – ela deitou de novo e eu permaneci sentado – Foi incrível! Você é definitivamente acima da média. Nunca pensei que aquele menininho desolado e machucado do bar seria tão bom aqui. Estou com as pernas até bambas.

Eu só ouvia partes do que ela dizia, e nem me preocupava em começar a prestar atenção. Eu me sentia estranho. Por mais que Melanie tenha me machucado era com ela que eu queria dividir esse momento. Do jeito certo, não assim, regado a vingança e desejo puro.

Interrompi seus elogios e ofereci um café da manhã. Não me preocupei em comer, apenas servi-la. Estava atento se por acaso minha mãe chegasse, então expliquei que ela poderia chegar a qualquer momento. Lauren assentiu e foi se trocar. Coloquei apenas uma calça e esperei do lado de fora.

– Me liga se quiser... Eu venho correndo. – falou e me deu um selinho demorado antes de sair.

Fechei a porta de me joguei no sofá. E se alguém descobrisse? E se Lauren alimentasse algum sentimento? Interrompi os pensamentos ao ver a casa toda bagunçada. Tratei de arrumar tudo para acabar qualquer vestígio para minha mãe.

Meia hora depois ela chegou. Colocou umas sacolas de verduras em cima da mesa – ela ainda insiste em enfiar esses troços na minha boca – e me perguntou:

– E aí, filho, dormiu bem?

– Como um anjo. – respondi fingindo indiferença.

– Comeu o que para o jantar? – acabei rindo pelo sentido ambíguo da frase.

– Fiz um lanche, como sempre. – levantei – Vou para o quarto. Ainda estou com sono.

Ela reclamou um pouco mas não me impediu. Cheguei no quarto e os flashes da boite passada me tomaram. Por mais que eu tenha me arrependido, não podia negar que tinha sido muito bom. Deixando o sentimentalismo de lado, saber que eu tinha ido bem na primeira vez foi uma bela injeção de ego. Deitei e apaguei rapidamente, finalmente pensando no que Melanie estaria fazendo.

Acordei com o celular tocando. Era uma mensagem de texto. Apertei os olhos e sentei rapidamente ao ler o nome de Mel:

Meu fim de semana foi ótimo, e o seu?

Sinto sua falta.

Beijos,

Mel.

Quase enfiei o celular na parede. Queria dizer então que ela estava esfregando na minha cara que dormiu com o Johnson? Pensei em responder de um jeito bem objetivo, mas decidi usar o sarcasmo, assim como ela:

O meu foi muito bom, uma delícia.

Também sinto sua falta, até demais.

Beijos,

Jus10

Esperei um pouco mas ela não respondeu. Meus sentimentos oscilavam entre a alegria de saber que ela estava chegando e o ódio de imaginar o que podiam ter feito neste final de semana. Tentei não pensar nisso e aproveitar meu Sábado.

Fiquei a tarde toda jogando videogame a tarde inteira e ajudei minha mãe no jantar. Ela perguntou da Mel e percebeu meu clima triste. Me deu milhões de conselhos, mas eu não queria nenhum deles, só queria voltar no tempo e desfazer a bobeira de ter dormido com Lauren. Algo dentro de mim dizia que Melanie descobriria.

– Mãe, vamos encerrar, ok? Chega. – pedi interrompendo sua fala aparentemente solidária – A Mel chega amanhã e eu só quero resolver as coisas com ela.

– Tudo bem, então. – tirou a colher da minha mão – Vai dormir.

Segui seu conselho e adormeci profundamente.

No dia seguinte, minha mãe me acordou para irmos na igreja e depois almoçarmos em família. Eu estava elétrico pois Melanie poderia chegar a qualquer momento.

Digamos que eu só fiquei elétrico para Melanie. Fiquei avoado o almoço inteiro, prestando atenção apenas no caso dela ligar. Até levei uma bronca de minha mãe mas não lhe dei atenção.

– Não precisa, Judy. Derek e eu vamos andando mesmo. – disse já me puxando.

– Tchau, gente. – disse e segui minha mãe.

Pela primeira vez ela não tocou no assunto constrangedor. Não que ela não quisesse, lógico, mas se controlou. Me perguntou sobre a escola e o trabalho, respondi que estava tudo bem, o que desencadeou uma conversa até chegarmos em casa.

Fui para meu quarto e liguei o computador, fazia tempo que não entrava na Internet. Ouvi um burburinho de vozes vindo da cozinha, o que me fez pensar que era algum dos meus parentes trazendo algo para minha mãe. Até que um estrondo de porta batendo encheu o quanrto e vi Melanie entrar com um olhar de ódio.

– Mel, o que foi? – eu já sabia o que era.

– Você dormiu com a Lauren?

Eu devia ter uma resposta pronta, pois já sabia que isso ia acontecer. Mas eu não tinha. Tentei inutilmente pronunciar algo convincente.

– Foi... Foi um erro, uma noite apenas. – gaguejei de uma forma ridícula.

– E você lá é garoto de uma noite só? – me deu um tapa no braço – Quem é você?

– Eu que te pergunto! – gritei em resposta deixando-a confusa – Quem é você? Se divertiu bastante trancada num quarto com aquele babaca?

Sua expressão confusa se intensificou claramente

– O quê? Do que está falando?

– Não dê uma de desentendida, Melanie! Eu sei que vocês dormiram juntos, ok? Eu não ia ficar aqui chorando por você enquanto você... Você... Se entregava para ele!

– Eu não dormi com ele, idiota! – me cortou no mesmo tom alto de voz que o meu.

Não tive resposta para isso. Ela parecia bem convincente e realmente confusa. Senti uma onda de vergonha e culpa me atingir sem dó alguma, tive até que sentar.

– O quê? – perguntei desolado.

– A gente até extrapolou um pouco mas eu não deixei que acontecesse! – respondeu de pé, na minha frente – Por sua causa. Não dormi com ele porque sabia que você não aprovaria. Mas parece que não sou digna de confiança, não é?

Ela se importou comigo. Ela pensou em mim. E eu usei a vingança para machucá-la, e ela nem existia para começo de conversa.

– Eu... Eu pensei que... – ela me cortou.

– Pensou que eu ia me entregar para ele e quis se vingar dormindo com outra?! – completou com a expressão indignada.

– Eu estava machucado e frustrado, não medi meus atos naquela noite. – falei em defesa.

– Frustrado e machucado porque? – perguntou com a mão no rosto.

– Por sua causa! Essa paixão estúpida que eu tenho por você que me machuca e me faz cometer essas loucuras! Eu sei que você não vai ser minha, mas... Alguma coisa dentro de mim, algo muito idiota, acredita que um dia pode dar certo!

Ela me fitou chocada. Finalmente sentou e ficou ali, olhando para o nada. Respirou fundo e levantou com uma expressão firme.

– Não consigo acreditar em você. – disse com a voz calma – Saí por uma semana e você se revelou uma pessoa completamente diferente. Não te reconheço mais.

Olhei para o chão segurando as lágrimas que insistiam em sair. Eu não ia chorar por aquilo, não mesmo.

– Mas, se é vingança que você quer, então beleza. – saiu porta afora do jeito que entrou.

Acabei dando um soco na parede por tanta raiva. Caí na cama e fiquei encarando o teto. Minha mão parecia sangrar, mas meu sangue estava tão quente que a dor parecia dormente. Por causa de uma noite aparentemente vingativa acabei perdendo o amor da minha vida e minha melhor amiga. Naquele momento, eu tinha certeza que teria que começar a me acostumar a viver sem Melanie. Apenas olhares frios e tentativas frustradas de perdão.Eu tinha perdido minha Mel.


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Notas finais do capítulo

OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOI GENTE!
ai que vergonha, demorei demias, né?
aconteceu muita coisa!
Primeiro foi o troço da matrícula, que eu tive que segurar, depois foi um jogo de volei que eu tive em Pereira Barreto - ganhamos btw ihul - e depois eu peguei uma gripe do cão! Desculpa mesmo viu? Tá aí pra vcs, espero que gostem
ps: ganhei mais uma leitora! Obrigada por ler, linda ou lindo! Espero que goste muuuuuuuuuuuuuito!
se tiver alguns erros eu arrumo depois ;*