Voleur Sinderella escrita por Pequena em Paranoia


Capítulo 19
Capítulo 19 - Little Red Riding Hood


Notas iniciais do capítulo

Capítulo extremamente curto e que serve para todos terem mais noção da vida da querida e quase invisível Allen Torrance! Meiga! (: espero que gostem e percebam o pouco que a avó dela vai falar sobre a vida de Charles kkk



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Auckland, Nova Zelândia. 5 de novembro.

Era domingo e tudo estava parado. Até mesmo o trânsito estava um pouco morto, afinal era fim de tarde. E, como de praxe nos últimos dois meses, Allen visitaria o hospital geral nos sábados, mas acabou deixando a visita para aquele domingo friozinho e quieto.

Lentamente, ela vestiu as roupas, usando o casaco vermelho de cashemere. Vermelho.

Quando Allen Torrance pegou sua bolsa para sair pela porta da cozinha, escutou um leve assobio vindo de algum cômodo do apartamento. Sentiu vontade de fugir pela porta, mas, outra vez, o assobio a surpreendeu.

– Para onde vai, Allen?! – uma mulher surgiu na porta de passagem entre a cozinha e a sala de repente. Ela não era exatamente velha, mas tinha a pele flácida no rosto e uma expressão cansada. – Não me diga que vai atrás da velha outra vez...

Dizendo assim, ela tragou o cigarro que tinha nas mãos, soprando a fumaça no rosto de Allen.

– O que isso tem a ver com você? – a moça respondeu com um sorriso cínico, dando meia volta para andar até a porta. – Volto antes das oito e trago seu jantar, está bem?

– Tsc, não esqueça de ligar para aquele homem! Meu cartão ainda está bloqueado!

Allen não resistiu e soltou um risinho, mordendo o lábio inferior e se voltando novamente para a mulher.

– Claro, mamãe. Pode deixar que eu aviso pro papai que você está sem dinheiro pro cigarro e pro Jack Daniel’s. Se me dá licença, a sua mãe está me esperando. – ela disse com peso na voz, calando a mulher com o seguinte bater de porta.

O apartamento de Allen não era exatamente grande, mas sua mãe e ela viviam espaçadamente bem. Principalmente se contasse com gastos com os luxos da Sra. Torrance, recém-divorciada.

O pai de Allen havia pedido o divorcio, pois já não agüentava a situação da mulher, convencida por ciúmes de que ele tinha uma amante e emersa em bebidas e loucuras quase suicidas. Ela chegava a culpá-lo pela própria mãe estar doente. Como resultado da separação, Allen teve de ficar em casa, cuidando da mãe.

A avó, entretanto, era uma escapatória da realidade para ela. Desde sempre ela havia recebido o papel de mãe de Allen, tendo grande carinho pelo genro e pela neta. Chantau Torrance, entretanto, adoecera nos últimos meses por conta de um velho câncer não tratado, o que resultou na sua internação no Hospital Saint Lourent.

Para a sorte da jovem Torrance, o hospital já estava mais calmo. Ao que parecia, a famosa Dannika Jewel tinha saído de lá durante a noite do dia 3 e já havia feito uma coletiva para dar explicações naquela manhã de domingo. Assim, Allen andou mais tranqüila pelos corredores até chegar num quarto que ela mesma conhecia bem.

– Boa tarde, vovó. – disse Allen, passando ao lado da cama e retirando lentamente o casaco vermelho.

Deitada na cama estava Chantau Torrance, avó de Allen. Ela parecia mais jovem que a própria mãe moça, tendo as rugas do rosto bem colocadas sobre a pele, disfarçadas. Os cabelos eram grisalhos e os olhos eram claros, provavelmente por conta da cirurgia que já havia feito.

Parecia uma senhora bem de saúde, magra e velha, mas saudável.

– Boa tarde, minha filha. – a senhora respondeu, mexendo apenas a mão e os dedos ossudos. – Tinha certeza de que viria hoje.

– Pois é, ontem tive umas coisas para cuidar. – Allen riu, sentando-se ao lado da avó – O de sempre, sabe?

– Apartando a briga dos seus pais outra vez? – desta vez, Chantau quem riu docilmente. – Ou estava com a Claire ajudando com o noivo dela?

– Meio que os dois. Eu estava tentando fazer a Claire curtir a vida de solteira, se é que me entende.

Chantau soltou uma gargalhada profunda.

– Minha querida, deixe a pobre garota ser feliz com o noivo!

Allen também riu, enquanto descalçava o salto e colocava os pés para cima da cama, ficando mais perto da avó.

– Por que todo mundo acha que eu sou uma má influência para a Claire?! Sério mesmo, acho que eu só liberto a fera, ela faz o que ela quiser.

– Por isso eu adoro quando vocês duas estão juntas. – Chantau confessou, passando a mão sobre a de Allen – Você dá a ela liberdade e ela lhe dá juízo. O balanço perfeito.

– Juízo? – a moça riu um pouco – Eu sou a moça mais ajuizada da Nova Zelândia! Só acho que ter só juízo não dá graça à vida.

– E eu tenho certeza de que puxou isso do seu avô. Um homem muito teimoso, eu devo admitir! – a senhora lembrou.

Assim, as duas se abraçaram ternamente como faziam todas as semanas.

– A senhora não vai acreditar é em quem a Claire está de olho. – Allen murmurou para a avó e deu um leve empurrãozinho no seu ombro.

A senhora levantou as sobrancelhas.

– É bonito?

– Bonito?! Bonito é apelido! – Allen gargalhou – Eu falei dele para a senhora, o rapaz chamado Charles. Parece que ele é amigo de infância do Ian, primo da Claire. A senhora provavelmente deve conhecer o pai dele, eles freqüentavam a mesma sociedade que a senhora.

– Quem é?

– Quem era é a pergunta certa... – a moça admitiu com certo pesar – Acho que era Luís ou Lúcio Gareth. Claire me falou que ele casou com uma mulher horrivelmente feia que acabou virando madrasta do bonitinho do Charles depois da morte do seu pai.

– Eu conheci um Lucio Gareth há mais ou menos vinte anos. – Chantau falou enquanto pensava – Ele não era casado com uma mulher feia. Muito pelo contrário, ela era muito linda. Se não me engano o nome da mulher dele era Charlotte, ou algo assim.

– Ah, então eu não sei. – Allen riu-se bobamente – O gato da Claire deve ter mais de vinte anos.

– Bem, eu não sei se eles tinham um filho. A única coisa que conhecia de Lúcio era que ele viajou para a França por negócios e voltou depois de 10 meses casado com a Charlotte.

Allen coçou a cabeça rapidamente. Para ela, era algo quase impossível que fossem a mesma pessoa.

– Claire não me falou nada sobre Charles ter ou não mãe, só falou que ele tinha uma madrasta mesmo. – ela disse lentamente, se posicionando melhor na cama da avó.

Chantau deu entre ombros e riu tranqüila.

– Acontece nas melhores famílias.

De repente, Allen soltou uma risada que assustou a senhora.

A moça pegou rapidamente a própria bolsa e retirou dela uma sacola de papel reciclável, rasgando a parte de cima e dizendo:

– Trouxe para a senhora também uns docinhos que eu vi naquela padaria que a gente costumava ir perto do parque da St. Swanson.

– Espero que tenha pego aqueles coloridinhos. – riu a senhora.

– Peguei sim! E estou para convencer a Claire para contratar o Buffet de lá para o casamento. – as duas começaram a pegar alguns docinhos pequeninos que havia espalhados dentro de uma bandejinha de plástico, saboreando os primeiros com as mesmas expressões de doçura e prazer. – Huum, por sinal, a senhora vai para o casamento, certo?

Chantau pegou outro docinho e assentiu com um movimento de cabeça.

– Você está atrasada, Claire já veio me fazer o convite ontem. Ela achava que te encontraria por aqui, mas você não respondia as ligações dela.

– Essa história de compartilhar a avó ainda vai me deixar com ciúmes, pode esperar!

Chantau riu, pegando a bandeja de plástico com os dois últimos docinhos, um rubro e outro amarelado.

– Não se preocupe, minha querida, eu serei sempre sua... – ela murmurou, deixando que a voz suave e rouca se esvaísse pelo ar. A maneira como ela falava sempre acalmara Allen de maneira que ela nem mesmo poderia explicar. Era como canção de ninar. – Os últimos, qual você vai querer?

Allen pendeu lentamente a cabeça para o lado e estendeu a mão aberta, dizendo:

– Como sempre, vovó, quero o vermelho...


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Notas finais do capítulo

Little Red Riding Hood é uma música da banda Sam The Sham & The Pharaohs. Espero que não queiram me bater kk logo postarei o próximo capítulo com o encontro suspeito de Marianne e Charles :O então não queiram me matar ainda! A estória está entrando no clímax! HOHOHO



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