Voleur Sinderella escrita por Pequena em Paranoia


Capítulo 15
Capítulo 15 - Wherever You Will Go


Notas iniciais do capítulo

Bem, é um capítulo rápido, mas cheio de esclarecimentos! O final dele pode enfurecer e pode deixar as pessoas mais... Felizes? kkkkk Espero que gostem (: o próximo não irei demorar para postar, prometo.



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 - Claire Perrault?

Ela baixou lentamente a cabeça, não sorria e não dizia nada. Apenas olharam um para o outro.

- Claire, o que está fazendo? – Allen berrava atrás dela, correndo sobre suas botas de salto e balançando o cachecol vermelho em seu corpo.

Ela também parou e olhou para Charles com cautela, se segurando para não desvencilhar. Ele era mais bonito na sua frente do que na descrição infiel de Claire.

- O que está fazendo aí sentado? – Claire disse, soltando um risinho. Allen, por sua vez, se pôs do seu lado e a cutucou com o cotovelo.

Charlie ainda recobrava o fôlego da corrida e se segurava, estava ficando azul de frio.

- Ah, você sabe... Admirando a paisagem. – ele riu-se, levantando rapidamente do chão e ficando frente a frente com Claire. Demorou dois tempos para que pudesse tirar os olhos dela e perceber que Allen estava ali. – Sou Charles.

Ele estendeu a mão para Allen que, bobamente, apertou. Estava boquiaberta.

- Ahh, então você é “O Charles”. Eu sou Allen... Allen Torrance.

Ele soltou outro risinho para Claire, murmurando:

- “O Charles”?

E com aquilo, Claire deu um sorriso amarelo e se imaginou pisando bruscamente no pé da amiga.

- Mas então... – ela desviou o assunto ainda com o riso falso – Acho melhor nós irmos, não acha, Allen? Digo, está realmente frio aqui e precisamos ir antes que nos deixem sozinhas.

- Entendo. – Charlie falou calmamente, fazendo com que as duas desvencilhassem com seu olhar claro. – Então, não vou segurá-las por mais tempo...

Ele, lentamente, virou-se para o outro lado da rua e começou a andar. Tinha de sair dali, de perto delas, o mais rápido possível. Além do que, tinha de encontrar Dannika mais de nove quarteirões dali. Ficou cansado apenas em pensar que teria de andar mais.

Entretanto, antes que seus pensamentos saíssem de perto das moças, e apenas alguns passos para longe delas, Charlie sentiu alguém cutucar seu ombro.

- Charles, não esqueci que precisamos conversar. – falou Claire, ainda segurando no ombro do rapaz – O que acha de me encontrar amanhã no restaurante da 4ª marina?

Suavemente, o rapaz retirou a mão dela do ombro e soltou no ar, sorrindo e falando:

- Depois de amanhã seria melhor. 18h estarei te esperando no bar.

Saiu então com cuidado, colocando as mãos nos bolsos da calça e sacudindo os cabelos. Acabou por desaparecer no meio da rua, em meio a tantas pessoas.

Claire, por sua vez, voltou-se para Allen que fazia caretas e pulava entusiasmada.

- Nossa, que fora você levou! – Allen chiou, encolhendo-se na roupa com frio.

- Não sei do que está falando. – Claire falou, realmente sem saber do que ela falava.

- Ah, por favor! Pegar no ombro do rapaz e continuar segurando, óbvio que você se interessou por ele! E além de tirar sua mão ele ainda mudou o dia... Fora! Posso ficar pra mim, futura Sr. Wolfgang?

Claire soltou uma enorme gargalhada, andando reto e passando pela amiga.

- Não sei de onde você tira essas coisas, Allen. – ela falou, olhando para o céu e colocando também as mãos no casaco – Ele é antipático, fique com ele à vontade. O máximo que vai conseguir é dor de cabeça.

- Antipático? Já olhou para aquele sorriso?!

.

Auckland, Nova Zelândia. 1º de novembro.

- Aqui estão os registros que se encaixam no que você pediu, Charles. – Ian bocejou, jogando em cima da mesa uma pasta grossa, dando um rápido susto em Dannika que dormia sentada. O loiro, entretanto, piscou os olhos e voou para cima da papelada. – Agora já posso dormir? Nem quando eu estudava anatomia eu ficava tão...

- Certo, já entendi. – Charles o cortou, apenas pegando a pasta de sentando-se numa mesa ao lado da qual Dannika estava.

A moça fez-se de surda, apenas olhando para o relógio de seu pulso e percebendo que já passava bastante da hora que eles tinham estipulado.

- Charles, são quatro da manhã. – ela falou.

Ele, entretanto, continuou a ler os registros, fazendo com que Ian e Dannika trocassem olhares preocupados.

Estavam no grande Terceiro Galpão Y em Westmere com apenas algumas poucas luzes acesas, esperando inutilmente o dia clarear. E quando clareou, não tardou para que o telefone de Charles começasse a tocar. Mas ele mal deu importância, deixou que o próprio continuasse, enfiando-o no bolso e se levantando para sair do galpão.

- Vou levar as últimas folhas comigo. As outras não parecem ter nada de muito importante, quando eu voltar, eu leio outra vez... – ele falou com seriedade, andando na direção de Dannika e beijando-lhe a testa sem ao menos dizer uma palavra. Foi embora, deixando apenas o barulho dos passos ecoarem no galpão.

- Tem algo de estranho nele. – Ian falou, coçando a cabeça.

- Você não percebeu? – Dannika riu-se – Ele é o mesmo Charles, só está magoado pelo que estamos fazendo com ele. Digo, separá-lo de Jack Lourette foi um erro inevitável.

- Mas não foi culpa nossa ele mesmo querer sair! Você está disposta a ajudar aquelas pessoas tanto quanto eles dois estavam, então não vá se culpar.

Ian chegou próximo à ela e abriu um leve sorriso calmo.

- Eu não me culpo. – ela respondeu, levantando-se para evitar os olhos claros do rapaz. – É melhor irmos embora também. Não era hoje que você tinha um almoço com Devoir Perrault?

Ele revirou os olhos, falando com raiva:

- Ele quer que eu fique acompanhando Cloud. Antes quem ficava com ele era o Wolfgang, mas agora sobrou para mim já que ele quer se aproximar da minha prima.

Dannika, entretanto, ficou com uma pulga atrás da orelha e segurou o ombro de Ian com rapidez.

- Paul Wolfgang andava com Cloud por que...? Ele é uma grande criança, até Claire é mais esperta... Com o que ele trabalha mesmo?

- Acho que é dono de alguma empresa, não sei... O nome era Alabram ou coisa do tipo, eles ministram negócios internacionais. Dizem que está logo próximo aos negócios dos Perrault.

Ela reclinou a cabeça pensativa, já havia escutado o nome Alabram em algum lugar.

Entretanto, ao tempo que ela pensava, Ian deslizou a mão sobre seus cabelos negros, fazendo com que Dannika apenas o mirasse com o azul dos seus olhos.

- Vamos embora. – ela falou, dando um passo para trás e atravessando ao lado de Ian a caminho do portão.

Ele apenas a olhou passar e baixou o cenho. Estava bastante cansado, tinha de ir para casa, mesmo que isso significasse ficar longe dela.

Sair daquele lugar tinha um novo ar, com o vento frio batendo na sua pele e todo o cheiro de peixe redá-los.

E antes que Ian pudesse segui-la, ela entrou no próprio carro, seu maravilhoso Jaguar, dando a volta para sair do porto pela autovia, sem ao menos se despedir direito. Mas isso já fazia um tempo que acontecia, afinal Ian estava cada vez mais com o pé para trás.

“Assaltar uma delegacia? Tudo bem que era necessário, mas acho que está indo longe demais com Charles. Você deveria deixá-lo fazer tudo sozinho! Ele sempre esteve sozinho, Dannika!” era o que ele sempre dizia para a moça quando Charlie não estava mais perto. Inútil dizer, ele sabia, afinal a moça não dava sequer ouvidos!

Quando chegou em casa, Dannika colocou as roupas exageradas em cima do maior sofá da sala e se jogou com tudo no quarto. Sua cabeça virava de diversas formas.

- Você não pode esquecer que amanhã tem um ensaio de fotos. Se quiser sair, tudo bem, mas não esteja com olheiras amanhã, está bem, Dannika?! – uma voz grosseira adentrou no quarto.

A moça virou apenas o rosto para a porta e deu de cara com Tânia Wady se recostando na parede com uma expressão de desagrado.

- Bom dia. – Dannika falou ao se sentar na beirada do colchão king size.

- Pensou que pudesse chegar e eu não saberia, não é? Vá logo se arrumar, temos uma coletiva!

Dannika revirou os olhos e caminhou para o banho. A vida não parava! Mas, por precaução, pegou algumas folhas da pasta de Charles e colocou em sua bolsa. Tinha de olhá-las por Charles. Por Charles.

.

E, quando a noite caiu, o vento estava cada vez mais gelado, por isso Charles vestia um tipo de sobretudo enquanto voltava das compras. Maxine não tinha permitido que usasse seu carro por pura maldade, o que resultou numa caminhada sofrida de dez quadras.

“Aqueles dois sádicos querem me matar... Melhor eu correr para chegar cedo.” Charlie pensava, imaginando as auras maldosas vindo de Eudes e Maxine.

A mansão estava silenciosa, Maxine estava trancada no quarto e as meninas estavam em qualquer lugar que não fossem seus quartos, tanto que no instante em que Charles abriu a porta de trás, Rose o recepcionou com um gritinho.

- Que susto você me deu, cãozinho! – ela berrou, colocando uma colher com chocolate na boca. – O que estava fazendo aí?

- Eu? – Charlie riu – O que você estava fazendo aqui? Se demorar a acordar amanhã, Maxine me engole.

- Mas, mas... Você também! Achei que estivesse no seu quarto, estava a maior barulheira lá em cima e eu não consegui dormir!

- Barulheira? Do que você está-

Então ele sentiu um estalo, algo estava errado e estranho na situação.

Subiu as escadas do sótão rapidamente, entrando no quarto como se fosse flagrar alguém. Entretanto, nada estava fora do lugar. A cama pequena, os livros de cálculo, as grandes placas e fusíveis que ele estava concertando, o armário de roupas e até mesmo a cortina velha e mofada. Tudo em seu devido lugar.

Exceto...

- A pasta... – Charles murmurou, voando para cima do pequeno criado mudo ao lado do guarda roupa.

A pasta estava lá e até mesmo as folhas pareciam estar intactas, mas algo estava errado. Por um instante fez silêncio e tomou um longo suspiro. Voltou a verificar as folhas calmamente, vendo que tudo estava perfeito. Perfeito demais.

“Devo estar imaginando coisas...” ele pensou, passando a mão nos fios de cabelo.

Então, seu celular começou a tocar.

- Olá, Dannika. – ele falou.

- Charles, você poderia abrir o portão para mim? Está frio aqui fora... – Dannika disse ao telefone.

E o loiro desceu as escadas rapidamente, vestindo o sobretudo novamente e atravessando o extenso jardim do casarão pelos fundos para encontrar-se com Dannika no portão dos fundos. Ela estava bela e sorridente com seus cabelos caindo sobre os ombros e mais branca que o normal.

- Você demorou, sabe quantos gruas está fazendo? – ela transpareceu o sorriso para que Charles visse pelo outro lado das grades de ferro.

Ele abriu o portão e ela adentrou, fixando os olhos azuis nos dele.

- Já entendi. Mas o que você está fazendo aqui?

- Precisava te dizer algo que eu descobri. – Dannika falou, pulando no próprio lugar como uma criança.

- Poderia ter dito por telefone, não acha?

Ela olhou em volta e o puxou pelo pulso para um lugar escuro do jardim, ficando metidos entre arbustos com formas de animais e a cerca viva do jardim.

- Escute, você tem que jogar seu telefone fora. – a única expressão que ele conseguiu fazer foi a de confusão – Sabe, eu estive pesquisando e aconteceram roubos nas mesmas joalherias que Sinderella roubou nos últimos meses.

Ela retirou de dentro do casaco algumas folhas de papel dobradas e entregou para Charles. Ele passou os olhos nos cabeçalhos, lendo em voz alta:

- Blue Tulip em março, Rêve en Poudre logo em seguida, Charme de Verre, Bel Diamante, Mr. Frenzo e Ben Oro.

- Nestas lojas, uma semana depois sempre havia outra grande perda de dinheiro que não houve queixa policial. Mas, nesta aqui – ela segurou o último papel na frente do rosto dele – Charlize Sawson, o gerente prestou queixa contra um homem chamado Fernando Boulevard, um cara com um emprego medíocre num restaurante, que teve um advogado renomado para defendê-lo, ganhou o processo e não pagou nada ao advogado.

Ele parou por um segundo e leu novamente os nomes. Todos batiam com seus roubos.

- Quer dizer que algum tipo de máfia está seguindo os passos de Sinderella?

- Foi a única explicação que eu encontrei... O que eu não entendo é o porquê disso! – ela disse, enquanto Charles acenava positivamente com a cabeça.

- Sinderella roubava a atenção dos investigadores, isso é claro, mas como ninguém nunca percebeu isso? É um jogo de máfia, um esquema policial e deve ter mais alguma coisa que não estamos percebendo. Provavelmente foram as mesmas pessoas que roubaram o diamante. – Charles começou a andar em círculos, distanciando-se alguns passos de Dannika e esfregando a mão na própria testa – Mas para isso precisariam saber onde eu estava em todos os roubos, inclusive no Hotel. Como na hora em que eu fiquei preso com Claire! O roubo deve ter acontecido nessa hora, quando Rato desligou os sistemas de segurança e as câmeras de vigilância. Mas como eles saberiam que eu pararia justamente no andar em que ela estava?!

Dannika chegou mais perto dele e pousou lentamente a mão no ombro do rapaz, falando:

- Alguém deve ter interceptado sua comunicação ou devia estar vigiando seus passos, não acha?

- Acho que meu contratante e Marianne tem algo nessa história toda... Tenho que pensar mais nisso... – Charles baixou um pouco a cabeça, ela já estava doendo demais com isso. Então, virou-se para Dannika, colocando a mão no rosto dela e mirando profundamente seus olhos outra vez. – Obrigado. Por um tempo eu imaginei que você estivesse mudada como Ian, imaginei que não me contaria nada mesmo que descobrisse. Pensei que estivesse sozinho.

Ela segurou a mão dele e acariciou com os dedos.

- Eu sempre estarei aqui para você. Por você, na verdade, então nunca duvide... Estou do seu lado.

Aproximaram-se lentamente e Charles apenas pensou que ela o fosse abraçar, entretanto mantinham o contato visual e certa rigidez no rosto.

Passaram um instante indeterminado naquela posição. Dannika pousou o olhar sobre seu queixo, suas maçãs do rosto, sua testa... O encantamento subiu sua cabeça naquele instante e o frio retorceu sua coluna. Parecia que o seu mundo agora era ele. E como o mundo se resumia nele, a distância entre seus rostos também diminuía. A distância entre seus lábias se anulava.

E, lentamente, Dannika beijou o canto da boca de Charles e esperou por um segundo que ele a correspondesse.

- Dannika... – ele falou, antes de segurar o rosto dela com firmeza e beijá-la de vez.

Assim, naquela noite, Charles voltou a ser o príncipe que há 9 anos era, mas desta vez mais belo, maior... O príncipe de Dannika.


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Notas finais do capítulo

Wherever You Wiil Go faz parte da minha pré adolescência mimimi é a música da banda The Calling. Realmente espero que não odeiem a Dannika, eu a adoro D: ela é tããão fofinha. Podem odiar o Ian, eu deixo haha. Enfim, até o próximo capítulo!



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