Reamornização escrita por Dark Lirit


Capítulo 1
Passo I


Notas iniciais do capítulo

Bom, comecei a escrever enquanto assistia ao anime, por isso ela só considera algumas coisas bem do início. E, se não me engano, existe até mesmo um lapso temporal no anime ou algo assim - ou talvez tenha sido só impressão minha...
Enfim, a ideia é escrever uma historinha sobre o Ren e o Masato que são meus preferidos. Nada de muito especial de todo, mas feita com amor xD
Esse primeiro capítulo não é lá dos melhores, mas o próximo já fica bem melhor...
Então, aos que resolverem ler essa fic: Boa leitura 8D



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Rearmonização


Parte I

Hijirikawa Masato sempre foi uma criança reservada. Filho de uma família tradicional japonesa e herdeiro, sempre era esperado que seus modos fossem impecáveis, que sua aparência fosse irrepreensível. Uma criança que definitivamente sentia o peso de sua posição em todos os olhares esperançosos que eram lançados em sua direção, e na constante vigilância discreta que sempre lhe era dispensada. Olhares que fingiam ver um futuro brilhante e de sucesso. Um futuro que ninguém ali sequer sabia se era o futuro que ele esperava para si mesmo.

A pessoa que o entendera - uma das poucas, na verdade -, no entanto, e que não o olhara como se suas expectativas fossem as mais altas possíveis, de repente já não era mais que uma sombra em seu passado ao passo que ele crescia e amadurecia e perdia as lembranças do pouco tempo que passaram juntos, um dos raros momentos em que ele sentira que podia relaxar e deixar que um sorriso brincasse em seus lábios, advindo da deliciosa sensação de se divertir. Da sensação de ter seus ombros livres do fardo que desde cedo lhe impuseram. Uma sensação que, para sua mente pura, era idêntica a que se sente quando se voa.

Era estranho que tivessem compartilhado sorrisos e confissões que nunca ousaram contar a ninguém, que ansiassem para encontrarem-se quando tinham que comparecer àqueles eventos para os quais somente pessoas de destaque na sociedade eram convidadas, e, naquele momento, anos depois, tratassem-se apenas como dois estudantes que acabaram de se conhecer e não sentem mais que uma simples simpatia pelo outro - porque para dividir o mesmo quarto era necessário o mínimo que fosse de cortesia e apenas isso.

Nada mais que cumprimentos secos e distraídos, nada mais que respeito mútuo pelo espaço que deveria ser do outro, nada mais que uma convivência pacífica, porém vazia.

Hijirikawa observa Ren cercado de garotas, com uma falsa curiosidade. Vê o sorriso que ele tem em seus lábios e vê o modo como elas parecem derreter com um simples olhar dele, parecem até mesmo abelhas ao redor de uma colmeia. Não era de se espantar, conclui. Sempre achou que ele deveria ter algum tipo de talento natural para cativar as pessoas a julgar pelo modo como se aproximara e iniciara um diálogo tímido quando se conheceram - ou assim lhe pareceu quando eles eram crianças. Nesse aspecto parecia não ter mudado tanto.

Entretanto, olhando-o depois de todo aquele tempo, Masato vê que existem mais diferenças entre o Ren que está à sua frente e o Ren de suas memórias do que ele imaginara. Talvez fosse o jeito desleixado com que parecia querer levar os estudos e como usava seu uniforme. Ou talvez fosse o jeito paquerador que encantava todas aquelas fãs que ele possuía ali - e provavelmente possuía por onde passara, de um modo geral.

Sentia que não o conhecia mais.

Masato esboçou um sorriso discreto nos lábios, pensando que, era engraçado e irônico ver como as coisas entre eles acabaram. Ver o quanto eles mudaram durante todo aquele tempo, ocasionando uma espécie de espaço amplo que deveria ser transposto se eles quisessem que se estabelecesse novamente situação análoga a do passado que partilharam.

E esse abismo que só fizera crescer nos últimos anos era completamente visível quando estavam os dois no quarto em que dividiam, sem que um assunto sequer pudesse ser discutido, como dois amigos fariam. As diferenças entre ambos, as mesmas diferenças que os impedia de encontrar a necessidade de estabelecer um relacionamento próximo à amizade que tiveram um dia, era uma forma de materialização daquele abismo, mas fingiam que não ligavam para esse detalhe e procuravam focar-se apenas em sua música, em seus problemas mais rotineiros, em suas vidas, sem notar que o outro estava ali, do lado.

Ele levantou o olhar ainda uma vez antes que Ren sumisse de seu campo de visão - ou pelo menos assim pensou que seria - e notou que ele o observava. Surpreendeu-se e sentiu-se nervoso pela troca de olhares, perguntou-se se ele o teria visto sorrir e desviou o olhar, envergonhado, decidido a sair daquele lugar e ignorar a existência dele até que tivessem que se encontrar no quarto em que dividiam. E só então ele pensaria em como lidar com aquela situação.

Andou a passos rápidos em direção à biblioteca, fingindo ter uma necessidade urgente de pesquisar algo para sua nova composição - talvez. Não estava fugindo, disse a si mesmo somente uma vez e foi necessário para convencê-lo. Era apenas uma questão de conveniência.

Ele não notou, mas Jinguji tinha seus olhos fixos na figura que se afastava como se realmente fugisse, ignorando completamente os risinhos e os comentários das garotas ao seu redor, todo o seu interesse voltado para ele, seus pensamentos em seu próprio mundo de lembranças esparsas e débeis.

A voz de uma das garotas chamando-o insistentemente fez nascer em seus lábios mais uma vez aquele sorriso afável que ele sempre lhes dirigia. E como sempre acontecia, seu modo cordial as cativava, as fazia sorrir.

Mas nenhum daqueles sorrisos que ele ganhava iria substituir aquele sorriso que ele vira momentos antes e que sequer era dirigido a ele.

RM

Não conseguia se concentrar no livro que conseguira emprestado na biblioteca da escola. Talvez tivesse sido uma boa ideia ter procurado um lugar onde as conversas ao seu redor não pudessem chamar-lhe tanto a atenção ou um lugar próprio para que uma boa leitura fosse aproveitada, mas escolhera justamente o refeitório, onde qualquer um poderia se aproximar e desconcentrá-lo totalmente.

Assim como Ren estava fazendo naquele instante.

– Você ainda teve problemas para compor? - Haruka perguntou preocupada com a situação de Ren na escola. Ele sorriu antes de responder de um jeito totalmente aborrecedor.

– Eu não tenho porque ter problemas em compor se eu tenho uma fonte de inspiração tão eficaz... - Falou obviamente se referindo à garota com aquele sorriso que ele costumava dar e que poderia deixar qualquer uma apaixonada.

– Que bom! - A alegria dela era genuína e ela parecia não notar que Ren estava, com uma probabilidade enorme, tentando seduzi-la.

– Aposto que compor não seja um problema para você, não é?

– Compor pode ser complicado, mas eu tenho tido um pouco de sorte... - Ela falou com um sorriso que denotava simplicidade. Típico dela ser tão modesta.

– Mas, Nanami-chan, eu não acho que compor músicas tão boas com frequência possa ser considerado como somente “sorte”. - Ittoki surpreendeu-se e protestou em favor de Haruka, sorrindo. Para ele, ela realmente tinha um talento que se desenvolvia dia após dia e era sincero em suas palavras.

A menina ficou envergonhada por ouvir frase tão lisonjeira e não soube o que responder a princípio, agradecendo de modo tímido depois de poucos segundos.

– E você tem tocado cada vez melhor... - Natsuki comentou, sendo imediatamente apoiado por Ittoki.

– Ah, mas isso é graças ao Hijirikawa-san que me ajudou bastante no começo.

Masato sabia que alguns dos olhares agora se voltavam para ele naquele instante. Tinha a impressão de que Ren o analisava, mas não saberia dizer o que se passava na cabeça dele - há muito que não o entendia. Entretanto, quando Masato levantou os olhos do livro para encará-los, Ren não o olhava apesar de que Natsuki lhe sorria e Ittoki o observava com um pouco de admiração.

Quando ele ficara tão paranoico quando o assunto era ele? Talvez devesse parar de pensar tanto em Ren, para começo de conversa, manter um pouco de distância.

– Não sabia que tinha sido assim. - Ren comentou ainda sem olhá-lo, com um tom de voz levemente irônico. Mas o sorriso que ele tinha nos olhos

“Você não sabe de muita coisa sobre mim de todo jeito...”, Masato pensou sem se alterar, fingindo ainda ter sua atenção completamente voltada para o livro, mas ele já estava lendo a mesma frase repetidas vezes, sem entendê-la.

E então a conversa desviou-se para outros assuntos quando Tomochika começou a comentar o mais novo sucesso musical que estava tocando em todas as rádios. Ainda assim, Hijirikawa continuava ali, incapaz de desistir da leitura ou incapaz de deixar o local, sentindo-se também pouco cômodo em integrar-se à conversa.

Ren também continuou ali, o que gerou um pouco de irritação em Masato. Ele estava ficando cada vez mais próximo de Haruka e dos outros, consequentemente de Hijirikawa, apesar de que dividiam o mesmo quarto no dormitório e, mesmo assim, nunca tivessem trocado mais que poucas palavras. E, apesar disso, sentia como se, em verdade, aquilo tudo não passasse de um incômodo.

Era irritante que estivesse tão próximo, mesmo que não houvesse uma explicação racional para isso.

Mesmo que, por fora, ele parecesse aceitá-lo e não demonstrasse o que sentia com relação ao colega.

Marcou a página em que parara de ler e levantou-se, tencionando voltar para a sala antes que o sinal tocasse e deixar que sua irritação diminuísse um pouco talvez. Ele não compreendia o que estava acontecendo com ele, mas sabia que precisava controlar melhor as próprias emoções.

– Algum problema? - Haruka perguntou preocupada, vendo que ele estivera silencioso e pretendia ir sozinho a algum lugar, sem dizer qualquer palavra.

– Não. Eu só preciso fazer algo antes que as aulas recomecem. - Explicou-se, como sempre sem demonstrar a irritação repentina que o preenchia e deixou o local sem lançar um último olhar para os amigos.

Suspirou quando sabia que ninguém o estaria observando. E desejou, antes de entrar na sala e ocupar o seu lugar, que tudo aquilo não passasse de uma coisa sem importância.

Passageira.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado õ/
Sobre atualizações... Hm... Aí depende. Quer dizer, vamos ver como andam os meus outros projetos, meu interesse por UtaPri, meu interesse em escrever, as coisas na faculdade e, acima de tudo, reviews (que são capazes de estimular uma mente criativa, fazem a vida de alguém mais feliz, não fazem dedos caírem, podem ser um ótimo negócio, acreditem).
É isso, por enquanto.
See you~