Semana 1

Trabalhar com Freddie tem sido relativamente fácil para Carly, pois, querendo ou não, o rapaz era extremamente profissional e competente; o trabalho também não era difícil, ela era perfeitamente capaz de fazê-lo.

Contudo, o contato entre os dois ex-amigos era estritamente profissional, tanto ele quanto ela evitavam conversar sobre assuntos pessoais, apesar de ambos terem reparado nas mãos de cada um, à procura de uma aliança, que não existia.

Ao fim do expediente da primeira sexta-feira, Freddie questiona Carly.

“E então... você está... gostando do serviço?”

“Sim, o salário é bom e o ambiente parece ser, também. Você é um bom supervisor, seus funcionários gostam de você.”

“Você também está sendo ótima, é bem melhor do que a última analista.”

“Obrigada.”

Dois olhares se encontram e os dois jovens permanecem petrificados por alguns estranhos segundos.

“É... bom, é melhor eu ir pra casa.”

“É, tenho um bom fim de semana.”

Semana 2

Carly e Freddie andam lado a lado observando funcionários desempenhando suas funções. A morena vai fazendo anotações em um tablet, procurando formas de cortar gastos desnecessários.

Um passo em falso, e Carly tropeça. Freddie, rápido como um raio, segura a morena pela cintura.

“Ai, droga... acho que torci o tornozelo...”

“Dói muito?”

A morena tenta pisar no chão com o pé afetado, mas urra de dor e volta a se apoiar em Freddie.

“Ai! Não dá pra andar...”

“Com licença, Carly...”

Freddie a pega no colo, fazendo com que a morena se abraçasse no pescoço dele; era inevitável ela sentir o doce perfume que ele usava, o que a fez se arrepiar toda. O rapaz a leva até o escritório dele, deitando-a delicadamente no sofá disposto no espaço.

Ele vai até o telefone, disca um ramal e fala.

“Ei, Nick, é o Freddie. A Carly sofreu uma torção no tornozelo enquanto estávamos vistoriando a fábrica, eu vou levá-la ao hospital, OK?”

“Nossa! É grave?”

“Acho que não, mas é melhor procurar assistência adequada.”

“OK, Freddie, me ligue pra me informar.”

Freddie coloca o fone no gancho e volta suas atenções para Carly.

“Eu vou te levar no hospital, consegue andar apoiada em mim?”

“Acho que sim.”

A jovem se apoia no rapaz, e ambos vão até o estacionamento da firma reservado aos funcionários da administração. Eles param na frente de um belo Camaro branco.

“Uau, esse é o seu carro?”

“É... eu gosto de Camaros...”

Carly entra e é inevitável para ela imaginar que Freddie tinha se dado bem na vida. Eles ainda não haviam trocado quaisquer palavras sobre as vidas pessoais de ambos, e a morena imaginava se Freddie e Sam ainda estavam juntos. Uma rápida olhada na cabine do automóvel e a morena percebe migalhas de Bolo Gordo recentes. Eles ainda estavam juntos.

Eles chegam ao hospital, e, após vários minutos de espera, Carly finalmente é atendida. O jovem residente, com aparência cansada, observa o exame de raio-x da jovem.

“Bem, não vejo fratura, é apenas uma torção. Acho que em três dias você já está apta para voltar ao batente.”

“Que bom!”

Após prescrever um antiinflamatório, o jovem médico libera a paciente para voltar à sua casa.

Freddie leva Carly até o estacionamento e dirige seu automóvel até o prédio onde ela reside; ele estaciona na rua, logo à frente do prédio, e a ajuda a subir até o seu apartamento.

“Bem, pelo menos o porteiro é bem mais cordial do que o Lewbert, lembra?”

“Com certeza, o Juan é gente boa.”

Freddie entra no apartamento das duas mulheres e involuntariamente checa o local. Organizado, bem decorado... bem parecido com a Carly que ele conhecia.

“Belo apê, Carls.”

“Obrigada. Faz tempo que você não me chama assim.”

“Faz tempo que não fazemos muitas coisas.”

Carly fica em silêncio.

“Bem, acho que vou embora, preciso acertar umas coisas lá na FoxTech.”

“Obrigada, Freddie.”, diz a morena, fechando suas duas mãos na mão esquerda do garoto, o que a fez se sentir arrepiada.

“De nada, Carly. A gente se vê no trabalho.”

Ele sai do apartamento.

E a bela morena fica contemplando a porta, sentindo reemergir sentimentos que julgava há muito deixados para trás.