Sakura estava na cozinha junto de Kushina. Sua tia prepara um bolo enquanto ela lhe falava sobre os acontecimentos do dia passado. Kushina estava feliz em saber que sua sobrinha se divertira e que teria daqui algumas horas uma visita... É lógico que ficara surpresa assim que soubera de que Uchiha Itachi viria em sua casa para ter umas aulas de piano com sua sobrinha.

Lembrava-se pouco de como Itachi era quando novo. Tudo que sabia sobre ele era que era muito inteligente, sendo considerado o melhor da turma, e que não era muito sociável. Mas para Mikoto, sua melhor amiga, os filhos delas era sempre um motivo de orgulho e alegria. Fazia-lhe bem lembrar-se dos sorrisos, os olhos brilhando de sua amiga ao falar dos filhos e o mais incrível era que ela conseguia falar dos dois filhos igualmente, e com o mesmo amor. Ela não parecia ter favoritos como algumas outras mães que Kushina já conhecera. Ela só tivera um filho e na época não saberia entender o sentimento de dividir o amor de mãe com dois filhos, mas agora encarando os olhos opacos de sua sobrinha a sua frente... Ela conseguia entender perfeitamente.

Desde que Sakura entrara em sua vida daquela maneira, o seu mundo mudou. Ela com certeza era uma filha pra ela, um anjo que veio compartilhar seu amor e ensina-la coisas que ela nunca imaginou que aprenderia com uma criança. Ela sorria enquanto continuava a mexer a massa de bolo que estava preparando pra nenhuma ocasião especifica.

— Naruto está demorando...

Kushina voltou a observa-la, ela estava certa... Já fazia mais de uma hora que pedira para seu filho ir comprar alguns ingredientes para o almoço do dia. Não que estivesse muito preocupada, o bairro onde moravam era bastante pacifico e sabia que seu filho não arranjava mais confusão como antes e também sabia se virar. Mesmo assim, como mãe, ainda tinha aquela leve preocupação pela sua cria.

— Deve ter encontrado algum amigo pelo caminho, sabe como é o seu primo. – respondeu observando a textura da massa que já estava pronta pra ser levada ao forno.

Não demorou muito tempo para as duas ouvirem o barulho forte de porta batendo o que fez Sakura sobressaltar-se um pouco assustada, logo depois Kushina vira seu filho partir furioso em direção as escadas...

— Naruto?

— O que houve tia?

— Naruto parecia chateado, eu vou lá ver como ele está.

...

Ainda faltavam duas horas para o encontro, quer dizer, a primeira aula que teria de piano. Aquilo era novo pra ele. Tudo lhe aconteceu tão de repente. Talvez tenha sido o fato de estar ali, naquele momento, na sua antiga casa... Exatamente no lugar preferido de sua mãe, onde ELA tocava piano. Talvez tenha sido por isso que se interessara e ficara surpreso com a linda melodia que vinha daquele lugar, e mais ainda depois de ver a garota das madeixas de cor tão exótica. Ouvi-la tocar, chegar perto dela e conversar fora para ele tudo muito repentino. E agora estava ali em seu apartamento percebendo que daqui algumas horas precisaria se arrumar para pegar aulas de piano com Sakura.

Sorriu em meio aquele devaneio, suas ações estavam cada vez mais imprevisíveis... Mas todo aquele ar pensativo fora quebrado após o forte barulho da porta que vinha do quarto do caçula. Sasuke havia chegado. Tinha ido até o mercado e pelo visto não trouxera nada e o pior... Estava irritado.

Poderia bater na porta, deixa-lo a sós... Mas ele ainda era o irmão mais velho que irritava o mais novo e assim resolveu entrar sem pedir permissão.

— Idiota!

Sasuke gritara enfiando a cara no travesseiro, ainda não notara a presença do irmão mais velho.

— Qual é a do mau humor? – indagou sem sair de perto da porta.

— O que faz aqui? ARGH!

Itachi dera um sorriso seco, mais uma vez seu irmão estava irritado. O estranho foi perceber que dessa vez ele não era o motivo.

— Brigou com o Naruto? – indagou ignorando a ultima pergunta mal humorada do mais novo.

— Não é da sua conta.

— Qual é Sasuke? Faz tempo que eu não vejo você irritado desse jeito, ainda mais eu não sendo o motivo.

— Diga logo o que você quer? – questionou irritado enquanto voltava a sentar-se na cama.

Itachi o encarava de forma neutra, pelo menos é o que Sasuke via, ou melhor, o que ele não via... Itachi não lhe mostrava nenhum tipo de expressão, não parecia irritado, impaciente e muito menos preocupado com o irmão caçula. Isso lhe lembrava um pouco o seu pai, o modo como ele lhe encarava sem mostrar nenhum entusiasmo isso por sempre estar focado na empresa. Era irritante aquele tipo de expressão.

— Não posso me preocupar com o meu irmãozinho?

— Como se você fosse esse tipo de irmão mais velho...

Itachi levou a mão puxando seus cabelos para trás enquanto suspirava um tanto cansado, não só cansado como irritado. E aquilo não passou despercebido pelo Uchiha mais novo que se surpreendera com aquele pequeno movimento do irmão. Ele parecia irritado, como se o que acabara de dizer tivesse o atingido.

— Você tem razão, estou indo...

— Itachi!

— Estou de saída, não sei que horas volto... Você consegue se virar sozinho, não tem porque eu me preocupar, certo?

Não eram aquelas palavras que queria que saísse de sua boca, mas era incapaz ainda de se mostrar-se como verdadeiramente se sentia com relação a distancia que havia entre ele e seu irmão. Aquela distancia que ele mesmo causara ao partir assim que seus pais morreram. Fora covarde e sabia disso, não suportara olhar pra Sasuke naquele tempo... Ele lhe lembrava tanto sua mãe, sua família que ele não tinha mais. Que se fora em um trágico acidente. Como se arrependia de ter ido, de não ter o levado... Mas era das lembranças e daquele cenário de luto que ele havia fugido. Deixara seu irmão sozinho, o quão mais trágico e duro fora pra ele, estar totalmente só. Sasuke definitivamente nunca iria o perdoar, nem devia pedir isso a ele, seria injusto demais. O único jeito era ser o irmão que Sasuke imaginava que ele fosse, mesmo que ele sofresse com aquilo tudo.

...

Ouvira sons de passos descendo as escadas, Sakura estava agora próximo o suficiente para sentir o aroma do perfume que sua tia usava. Sorriu ao sentir a mão dela enconstar em seu ombro. Kushina estava com uma expressão chateada o que sua sobrinha não notaria se não fosse pelo suspiro cansando e o seu tom de voz meio ríspido que deixara vacilar por meio de suas ultimas palavras proferidas.

— Ele disse que precisava ficar sozinho.

Como ele ousa dizer isso pra sua mãe? É claro que ela entendia que ele precisava ficar sozinho, mas ainda assim, seu instinto protetor de mãe se irritava com a insolência do menor. Ela era sua mãe queria lhe ajudar, e ele apenas se vira lhe dando as costas e pedindo pra ficar sozinho, ainda teve a audácia de pedir pra fechar a porta. O que tinha dado naquele garoto? Ele não era o tipo de adolescente que voltava pra casa sem dizer nenhum oi e saia correndo pra dentro do quarto, muito menos dizia que queria ficar sozinho. Ele estava chateado, e aquilo de certa forma preocupara Kushina, que queria muito saber o que acontecera... Mas ela daria o tempo que fosse, deixaria ele processar o que tivesse que processar e depois voltaria a tentar mais uma vez. Suspirou pesadamente voltando a caminhar ao lado de sua sobrinha de volta para a cozinha.

— Ele vai ficar bem, tia. – disse Sakura percebendo a preocupação de Kushina atráves dos cansados suspiros que dera.

— Espero que sim... – suspirou novamente, encarou sua sobrinha e sorriu. — Bem, ainda temos que terminar esse bolo.

Sakura sorrira pra sua tia, ia lhe falar sobre algo, mas fora interrompida pela campainha que soara pela casa. Deu um breve sinal para Kushina avisando que ela atenderia, e se fosse possível ela correria pra atender... Mas sabia que facilmente esbarraria em um dos moveis espalhados pela casa se fosse muito apressada. Felizmente a cozinha não muito distante da sala e ela pde chegar até a porta sem muitos problemas no trajeto até porque ela já sabia andar pela casa sem o aparato da bengala.

Em frente à porta ela se sentia mais ansiosa, a palma da sua mão procurava pela maçaneta e assim que sentira o frio gélido do metal em sua mão, sorrira meio satisfeita e meio nervosa. Aquilo lhe era novo. Pela primeira vez estava a espera de alguém, de um desconhecido. Tinha a Ino sua amiga que vinha lhe visitar de vez em quando, mas estava longe de ser a mesma coisa. Não sabia ao certo o que era, nunca se apaixonara em sua vida, mas sabia que estava sedo demais pra ser aquele sentimento. Era mais uma euforia, uma emoção e ansiedade pelo novo, era o sentimento de mudança. Assim que abriu porta ela sabia que estava dando espaço pra algo que a mudaria.

Itachi ficara surpreso ao vê-la ali, imaginava outra pessoa abrindo a porta, não ela que estava ali com um sorriso estampado no rosto. Sua feição relaxara assim que notara pela mão pequena meio tremula da moça que ela também estava nervosa, então ele não era o único, e aquilo lhe foi um alívio. Sentia-se tão patético em sentir-se desse jeito, mas percebeu que aquilo era natural. Estava de novo ali, prestes a entrar em sua antiga casa que por mais que estivesse mudada ainda lhe trazia certas lembranças. A encarou e viu que ela ficara com uma feição um tanto séria e preocupada, se dera conta de que ainda não havia se pronunciado.

— Itachi? – ela indagou a fim de cortar aquele silêncio.

— Eu estou aqui. – ele dissera meio desconcertado. Ele estava constrangido, aquilo não lhe era muito de seu feitio.

— Eu sei... – ela sorriu. — Dessa vez você veio.