Adeus Você escrita por Constance


Capítulo 4
Parte 4




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-Onde estão seus relatórios, Felipe?

            -Eram para hoje?

            -Como assim? Está zombando de mim?

            -Me desculpe... não foi o que eu quis dizer...

            -Até amanhã às 15h no meu email.

            -Claro, claro, pode deixar.

            As mãos de Felipe soavam, trabalhou aquele dia como nunca fizera antes, com empenho.

            Eram 15h e ainda não tinha almoçado. Deu-se conta de que estava com fome alguns minutos depois. Se levantou e saiu do prédio para procurar algum lugar para comer. Vagou. Tudo por onde olhava lhe parecia caro. “Que lugar mais difícil de se trabalhar... em todos os aspectos.” Do outro lado da rua havia um pequeno barzinho. Atravessou e chegando ao local, pediu um misto quente e uma Coca gelada. Sentou-se num daqueles banquinhos de balcão, esperando seu pedido. Poucos minutos depois, sentou ao seu lado uma moça miúda e muito bonita, tinha os cabelos castanhos e as vestes extravagantes. Felipe a notou apenas de relance, sem se importar. Apoiou as mãos no balcão, distraído, e a mão da garota tocara as suas, de uma forma sutil e agradável. Era Melissa, com um olhar choroso e um sorriso sem graça nos lábios. Felipe a olhou com compaixão, seu coração apertou, ainda a amava demais. Melissa apoiou a cabeça em seu ombro e beijou seu pescoço. Felipe sorriu. Estava feliz por tê-la de volta, afinal.

            -Aqui está seu pedido. – Disse a garçonete.

            -Ah, obrigado. – Felipe disse despertando de seu devaneio. Imaginara Melissa ao seu lado agora mesmo.

            Comeu deprimido e voltou ao trabalho que não havia sido tão produtivo quanto pela manhã.

            Felipe voltou correndo para casa na esperança de Melissa estar lá. E que surpresa, ela estava.

            Melissa ouviu o som da chave girando na porta, e ficou a sua espera bem a frente. Felipe mal entrara e ela o abraçou fortemente.

            -Felipe, me perdoe... eu sei, eu sei, eu fui egoísta, mas...

            -Melissa, eu verdadeiramente te amo.

            Ela sorriu e o beijou.

            -Mas...

            Aquele “mas...” seguido de um suspirou quase a matou. Ela afrouxou os braços do seu pescoço, o esperando terminar a frase.

            -Mas... Melissa esse relacionamento não está fazendo bem para nós.

            -Felipe eu entendi que errei, mas por favor, não... não me deixe.

            Ela tornou a abraçá-lo o mais forte que podia, agarrando-se ao seu corpo de uma forma obcecada, ele sentiu o calor do seu corpo contra o dela, sentiu aquele cheiro doce do seu cabelo e também a textura da sua pele macia. Mas isso foi tudo.

            -Eu preciso sair disso antes que eu enlouqueça, Melissa. – uma pausa, um suspiro – Te dei tudo de mim, e você se vai o tempo todo.. – sua voz tinha um tom automático. – Dessa vez, eu to levando tudo de mim, que é pra não ter razão pra chorar.

            Melissa levou as mãos aos olhos, para conter as lágrimas que previa que viessem. Felipe olhou para os lados, perdido. Estava muito mais ferido do que ela.

            Num suspiro melancólico Melissa se foi. Com um alívio doloroso Felipe ficou. Deitou na cama, olhou em volta não restava mais nada dela. Apenas uma lembrança vaga e um espaço em seu coração. Era o que queria ter em si.

            E da mesma forma como a previsibilidade de sua vida o destruía tanto quanto a garota, passou a viver ao invés de se programar. Perdia-se nas noites e nos pensamentos tanto quanto nos desejos e prazeres. Deixou-se levar pelas circunstancias e sensações. Libertou-se das previsões, mudou o tom da música que dançava. De acordo com o que esperava ou não, era o caminho pelo o qual queria andar.

            Vez ou outra encontrava Melissa, abraçava-a, estava mais frágil do que nunca fora.

            -Teu choro não me faz desistir, Melissa. Me dói ver você assim, quero ver você maior, meu bem... – olhava no fundo dos olhos. – pra que minha vida siga adiante. 


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