Odeio Amar Você escrita por Decode B


Capítulo 1
Um bilhete


Notas iniciais do capítulo

Esse primeiro capítulo é dedicado ao Vitor e Janaina por me ajudar com as suas idéias extremamentes criativas e a Taatha e a J.lah por me incentivarem a escrever esta FIC ^^



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Era mais um dia ensolarado de verão na Prince High School, situada em Montreal, Canadá... Para que mentir? Não era um dia ensolarado de verão, e sim um dia nublado e frio de inverno onde todos estavam com os seus cachecóis em volta do pescoço e suas luvas para tentarem esquentar um pouco mais o corpo. O natal estava realmente muito perto e todos esperavam ansiosamente que a neve caísse naquele dia - para poderem tacar bolinhas de neve uns nos outros e colocar na boca o primeiro floco de neve que caísse. Tudo estava indo muito bem, até mesmo eu, Lilith, que sou a garota mais azarada do colégio por assim dizer. Tudo acontece comigo, eu sou um verdadeiro ima de perigos, mas eu tenho amigos que não se importam com isso: Ellen e Jane, minhas melhores amigas, estão quase sempre ao meu lado, mesmo que isso seja estar correndo risco de vida; Porém eu tenho muito mais facilidade em fazer amizade com os garotos, eu consigo os entender melhor, e acho que é por isso que tenho seis amigos muito especiais: Charles, Brad, Eric, Andrew, Matt e... Simon o meu amor escondido, que eu não tenho coragem de revelar para ninguém, e por toda essa timidez ele nem sabe o que sinto por ele, um verdadeiro e único amor. Eles têm uma banda, e eu posso dizer com toda a certeza que eu sou a fã número um dela, até porque eu fui a primeira a ouvir o som deles; as músicas são muito boas, e é só uma questão de tempo até eles começarem a fazer sucesso e quando isso acontecer, eu vou estar lá na primeira fila pra apoiar todos eles.

- Hey Lilith, - dizia Jane tocando-a no ombro na carteira de trás - Quando você vai contar para ele? Esse é o último ano do Simon aqui. Você tem que contar, senão...

- Alguém aqui quer passar de ano, sabia? – disse irritada - Eu não sei, é muito difícil falar com ele... Toda vez que eu tento falar, minha língua trava e eu não consigo dizer mais nada. Não precisa me lembrar disso a cada cinco minutos, tá? Eu sei que se eu não contar ele nunca vai saber, e isso vai se tornar mais platônico do que já é... E muito mais impossível.

- Então você tem que contar logo. -insistia a amiga - Se fosse eu, já teria contado.

- Eu definitivamente não sou você - respondi - e eu vou contar quando...

Nesse momento minha voz foi cortada pelo sinal que batia, avisando aos alunos que a aula tinha acabado e que era finalmente hora do tão esperado intervalo, onde todos podiam relaxar, mas para mim só significava uma coisa: que eu podia ficar nem que fosse por alguns momentos perto dele e sentir o seu cheiro doce que me embriagava toda vez que eu o sentia perto ou até mesmo distante de mim, que eu podia ouvir a sua voz - que durante o resto do dia e da noite ecoaria na minha cabeça - sem intervalo algum. Esse era o único tempo que nós podíamos trocar algumas palavras, mesmo sendo com o mínimo de privacidade possível. E por todas essas e mais mil razões é que eu sempre saia correndo para o intervalo.

E era como uma rotina. Todas as vezes que eu saia em disparada e chegava ao lugar das refeições, ele já estava lá parado, como se estivesse justamente me esperando, mas isso era somente uma fantasia que eu criei para sentir que ele também me amava. Pois ele nunca se apaixonaria por uma pessoa como eu. A garota que não tinha nenhum atrativo, que nem de longe era a mais bonita e muito menos a mais popular.


- Olá Simon, - disse em certo tom de empolgação - e aí como vai as músicas que você disse que estava fazendo?
- Oi, Lilith. Eu ainda estou fazendo. Não tenho tido muito tempo para escrever ultimamente, mas tá ficando boa - respondeu ele entre risos - como tudo que eu faço.

- Eu tenho certeza... Que vou gostar - falei um pouco envergonhada, lutando para que as palavras saíssem da minha boca.
- Ei pessoas, olhem para mim - dizia Eric atraindo toda a atenção, inclusive a minha - O meu nariz não ficou demais com esses palitos?


Foi inevitável não rir. Ele estava com grandes palitos enfiados em suas narinas. Fazendo caretas e pronunciando coisas numa língua que segundo ele havia aprendido com os alienígenas que os abduziram na semana passada pela 26ª vez.


- Tira isso do nariz, idiota - falou Andrew, arrancando os palitos do nariz de Eric bruscamente - Isso vai te fazer muito mal daqui vinte ou trinta anos.
- Ai, doeu - esfregava sua mão no nariz - E daí? Daqui trinta ou vinte anos eu já vou estar velho mesmo. E, além disso, se os ETs virem me buscar para eu viver com eles numa galáxia distante isso não vai importar.
- Lá vem você com seus ETs e galáxias distantes - Ao mesmo tempo em que falava, mordeu um pedaço de hambúrguer que estava em sua bandeja.

 
Nós ficamos calados por algum tempo. Não tínhamos mais o que dizer um para outro, quer dizer, eu tinha muitas coisas para dizer, mas não tinha coragem sequer de abrir a minha boca para tentar pronunciá-las. Um papel flutuou até cair em cima das minhas pernas, eu o peguei rapidamente, e já até sabia de quem poderia ser.

"Minha amiga,
Quando você vai parar com essa enrolação toda e contar que ama o Simon? Nós só queremos lembrar a você que esse é o último ano dele aqui e depois você não vai mais o ver. Então TOME UMA ATITUDE AGORA! Que tal da gente combinar de sair ou fazer alguma coisa nesse fim de semana, hein?
Aproveitei o mesmo bilhete, porque não é muito fácil achar papel por aqui, com esse negócio de reciclagem e o diretor vistoriando, tá muito difícil, e você nem imagina o quanto.

Beijos
Ellen & Jane



Foi inevitável não sentir alguma raiva de tudo o que elas estavam fazendo, mas também eu não pude deixar de me sentir feliz por saber que eu tenho amigas que nunca me deixaram desistir de nada, por mais que pareça impossível, como esse amor.
Olhei para elas duas com olhos raivosos, mas com um sorriso se fazendo gentilmente em meus lábios. Jane e Ellen estavam sentadas no mesmo banco, lado a lado, a uns 5 metros de mim, com as caras mais inocentes e doces que um mortal é capaz de fazer. Quem as visse naquele exato momento pensariam que elas eram as pessoas mais angelicais de todo mundo, porém essa não era toda a verdade.

- De quem é esse bilhetinho? - perguntou Simon para mim - É de algum menino? Eu quero ver o que está escrito.
- NÃO! – gritei em plenos pulmões – você não pode ver. Não tem nada de interessante aqui, é bobagem.
- Por que eu não posso ver? – disse desconfiado - Se fosse tão desinteressante você deixaria eu dar uma olhada. O que está escrito aí, hein?

A sua mão veio em minha direção rapidamente, ele queria o papel, mas ele não podia ver. Eu senti que estava ficando muito vermelha. Só de pensar na possibilidade de ele saber tudo, me causava calafrios. Ele continuava avançando em minha direção, eu tinha que fazer alguma coisa, mas o quê? Qualquer coisa. Ou esse seria o meu fim.

 


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Notas finais do capítulo

Capítulo betado por Gabriella 1-4
E escrito já na forma 'original'.