Um dia, uma coisa estranha aconteceu comigo. Não, não foi assalto, acidente de carro ou uma celebridade que passou por mim. Na verdade, é bem sem graça.

Enquanto caminhava pelas ruas de Taquara voltando para casa e o calor deixando-me suada e com preguiça, decide me espreguiçar um pouco. Carregava um casaco enorme, preto comigo (pois antes estava frio), segurei-o acima da cabeça e estiquei os braços e pernas. Cem metros a minha frente, um senhor magro de boné vinha na direção contrária. Parecia me olhar e senti-me desconfortável, mas vá lá, não era nada demais. Continuei a caminhar normalmente. Quando o homem ia passar por mim, chamou-me a atenção com a mão, sorriu e disse mais ou menos assim:

- Com licença, só deixa eu perguntar uma coisa. “Pra” tu ver como o sol é importante, “né”.O sol é muito importante gente, tu não acha?

Por ser uma pessoa tímida e fechada, eu tenho certa dificuldade em me entrosar com as pessoas, principalmente com as que não conheço. Ou seja, é bem fácil de imaginar a cara de abobalhada que fiz tentando responder ao cara.

- Hã, sim, acho que sim... – disse eu, sorrindo, tentando entender o porquê da pergunta.

- Tu se sentiu inspirada, não é mesmo? Eu vi que tu fez aquele negócio. – e ficou falando que o sol era muito importante. Eu só concordei com ele e fui embora.

Fiquei totalmente sem resposta na hora, porque eu não estava fazendo aquilo por gostar de sol ou calor, mas depois refleti sobre o que o senhor disse; é óbvio que o sol é importante, não haveria vida na Terra sem ele. E decepcionei-me comigo mesma por não lhe ter dado uma resposta ao menos aceitável.

Até hoje me pergunto o que raios se passava pela cabeça do tio. Pensando sobre isso agora, acho que atraio pessoas esquisitas...

Moral da história: não falem comigo no meio da rua.

Mentira, podem falar comigo, sim, mas não garanto sair alguma conversa.