- Miranda.

     - Você está bem? – Caitlin perguntou, assim que entrei no carro.

     - É, estou.

     - Foi você quem gravou o vídeo?

     - Foi.

     - Eu gostei. Espero que a Selena tenha visto. – Ela abriu um sorriso maldoso. Ri alto da cara dela.

     Chegamos ao hotel dela, que não era nem um pouco menos luxuoso que o nosso. O quarto dela era todo branco, com detalhes em rosa. Tem uns hotéis que têm quartos como se fosse pedido por encomenda.

     - Onde está o Chris? – Perguntei, olhando em volta.

     - Ah, ele teve que voltar. Voltou anteontem. Vou ficar mais uns dias. Sabe como é, eu aproveito mais que ele. – Ela deu de ombros, rindo.

     - Entendi. – Joguei minha bolsa em cima da cama.

     - O que quer fazer agora? – Perguntou ela, me olhando com curiosidade.

     - Pegar o primeiro voo pro Zimbábue e me enfiar num buraco por lá. – Enterrei a cabeça num travesseiro.

     - Não senhora! Vamos sair. Quer passar no hotel para pegar algumas roupas para você? Não? Ok, eu te empresto. – Ela nem esperou minha resposta. – Anda, levanta daí e vamos ao shopping. Estamos em Los Angeles, qual é? Vai que damos de cara com a Katy Perry ou com a Angelina Jolie? – Fantasiou.

     Apenas ri e me deixei ser arrastada pela maníaca do cartão de crédito. Ela dirigiu para um shopping enorme, cheio de carrões estacionados na garagem. Eu odiava lugares assim. Apesar de ser... Avantajada financeiramente, eu ainda tenho minhas raízes pobres. Ainda era como outro mundo, para mim.

     - Pronto. Está com seu cartão aí? – Perguntou ela, levantando o seu, como se fosse uma arma.

     - Claro! – Tentei imitar a empolgação dela e levantei algo como a carteirinha da Disney World. Ela revirou os olhos e riu.

     Guardei a carteirinha na carteira. Não sei por que eu carrego aquele tipo de coisa. Eu fui à Disney há alguns anos atrás, já era para isso estar no lixo... Vai saber.

     - Que tal primeiro... Versace? – Perguntou ela, olhando a primeira loja.

     - Você sabia que o que importa é a roupa e não a marca? – Fiz uma retórica. Caitlin apenas bufou e me puxou para dentro.

     A loja cheirava a coisa cara. Por um momento, lembrei-me da tarde que eu passei com Selena, comprando coisas para uma festa aí. Apesar de tudo, eu já devia esperar de Caitlin comprasse nesse tipo de loja; afinal, ela se vestia impecavelmente.

     Passamos todo o resto da noite no shopping. Eu só ajudava Caitlin a escolher roupas para ela. Não comprei muita coisa para mim. A última loja foi a Tiffany. Ali era simplesmente lindo. Estava perambulando por entre os balcões e me deparei com uma peça, linda e familiar. Passei a mão no pulso ao me recordar da pulseira que Justin havia me dado. Era similar, porém não era idêntica.

     - Vamos embora? – Perguntou Caitlin, me dando um susto.

     - Claro. – Falei, ainda olhando a joia.

     Meu orgulho me dizia que eu deveria deixar Caitlin carregar as várias sacolas dela sozinha, mas meu bom coração não deixou. Eu devia ter no máximo umas quatro sacolas. Mais algumas não poderia entortar minha coluna ou algo do tipo.

     - Ah, meu Deus! Olha lá! Ah! – Caitlin gritava e apontava. Olhei na direção que ela apontava e vi um pequeno tumulto. Chris Brown e Lil’ Wayne saindo do shopping, por outra saída, um pouco mais adiante de nós.

     - Cait, não surta. – Falei. – Vamos, o carro está para lá. – Puxei-a.

     Ela sorria muito e tagarelava sobre como o Chris era lindo e fofo. Depois ela decidiu discursar sobre como o Lil’ Wayne tinha um jeito meio sexy e mau. Abri o porta-malas e joguei as sacolas lá dentro. Típico dia de garotas, pensei comigo mesma.

     - Ei, você não é aquela... – Ouvi um cara falando e Caitlin quase caiu dura. Gente, o que deu nela hoje?! Virei-me e dei de cara com o Chris, me olhando. – Aquela garota do Biebs?

     - Hein?

     - É você sim! – Ele me abraçou. Fiquei sem reação. – Ei, Lil’! É a Miranda... – ele se virou para mim – é Miranda, não é? – Assenti e ele sorriu.

     - Miranda? Deveria ser familiar? – Riu o outro.

     - Claro! Não é aquela garota que o Louis estava falando? Não foi isso que a Selena disse? – Chris perguntava, como se eu não estivesse ali. Espera, quem disse? Selena? O que ela andou falando de mim?

     - Quem? A Selena? – Perguntei, confusa. – Quem é Louis?

     - Não é ninguém. – Lil’ Wayne apressou-se em responder. – É um amigo meu. Você é a garota do Bieber, não é? A do vídeo? – Mudou de assunto.

     - Eu não sou a garota dele, mas é, eu estava no vídeo. – Falei, derrotada.

     - Poxa, vocês dormiram juntos. Se isso não é ser a garota dele, não sei o que é. – Chris abriu um sorrisinho malicioso.

     - Não foi isso. – Sorri, sem graça. – Não dormimos juntos, não nesse sentido. – Expliquei.

     - Vou ligar para o JB e esclarecer umas coisas sobre como dormir com uma garota. – Chris deu uma leve cotovelada no ombro de Lil’ Wayne, que não acompanhou o amigo na risada.

     - Ok, muito bom falar com vocês, mas eu tenho que ir. – Falei, sorrindo.

     - O prazer foi meu. – Chris piscou para mim. Lil’ Wayne o repreendeu. – Diga ao J que quero vê-lo qualquer dia desses.

     - Vou dizer. – Prometi e entrei no carro. Caitlin já não estava mais lá.

     - Ei, gatinha! – Lil’ Wayne me chamou, abaixei o vidro. – Se cuida! E manda um abraço ao JB. – Piscou.

     Virou-se e entrou no Lamborghini amarelo estacionado na outra fileira de carros. Chris acenou para nós quando passamos por eles e fechei o vidro. Caitlin me olhava, com os olhos arregalados e um sorriso especulativo estampava seu rosto.

     - Pode ir dizendo! – Pediu ela, olhando a estrada, mas seus olhos estavam vidrados.

     - Dizer o quê?

     - Como os conhece?!

     - Ah, o Justin me apresentou o Chris Brown, mas o Lil’ Wayne eu não conhecia. – Expliquei.

     - Ai Deus! Que sonho! Aposto que você também conhece a Katy Perry! – Debochou ela. Fiquei calada. – Ah! Sério? Como ela é?

     - Perfeita! Uma diva. – Soltei.

     - Já imaginava. – Ela riu.

     - É...

     - O que foi? Era para você estar surtando...

     - Você ouviu o que o Chris disse? Selena estava falando alguma coisa de mim para aquele tal de Louis. – Falei, encarando meus pés.

     - Ah, não liga, meu amor! É pura inveja daquela vadia. – Falou ela, de modo agressivo. Nunca ouvi Caitlin falar assim, mas eu ri. – É tudo porque o Justin gosta de você.

     - Ele não gosta de mim! – Só depois que disse me toquei da burrice que havia falado. Era minha mania de contradizer quando as pessoas falavam isso. Acho que ainda não me acostumei a confessar que eu gosto dele tanto quanto ele parece gostar de mim.

     - Ok. – Ela riu de mim. Sorri, sem graça.

     Chegamos ao hotel e descemos do carro. O porteiro veio nos ajudar com as sacolas e mandou o mensageiro nos acompanhar com as compras até o quarto.

     - Que dia. – Falei, sentando na cama.

     - Pois é. – Caitlin sentou-se num pufe. – Estou com fome. Vou pedir serviço de quarto. O que vai querer?

     - Cait, você não se cansa de gastar? – Perguntei, incrédula.

     - Eu te entendo, Mi. Mas eu não vou morrer de fome! – Queixou-se. – Então, o que vai ser?

     - Pode ser... Uma pizza pequena. – Falei, esparramando-me na cama.

     - Vai comer uma pizza inteira?!

     - Não. Você vai comer comigo. – Ri da cara dela.

     Ela assentiu, sorrindo também e fez o pedido.

     - Noite das garotas. – Ela levantou o copo de suco, propondo um brinde.

     - Nossa noite. – Bati no copo dela, sorrindo.

     Ficamos acordadas, vendo alguns filmes e falando besteira. Eu gostava disso. Lembra um pouco a Lizzie. Falando nela, que saudade. Eu havia me afastado um pouco, por causa do meu surto de viajar o mundo com Tyler.

     Ah, droga. Tyler. Não, está tudo bem. A gente nunca teve um namoro de verdade. Éramos mais amigos do que qualquer coisa. Ele não ficaria mal, ficaria? Ah, minha cabeça ia explodir. Mas por que ele ficaria mal? O que estava rolando entre eu e o Justin não era nada muito concreto. Argh, pro inferno com esses pensamentos confusos...

      - Ei, Cait. Preciso voltar para o hotel amanhã de manhã, ok? – Falei, me sentindo uma abusada.

     - Claro. Sem problemas. – Ela sorriu, antes de virar para o outro lado e dormir.

- Justin

     Abri os olhos, me sentindo exausto, ao som das batidas na porta. Levantei da cadeira e percebi que havia pegado no sono ali mesmo. Os esboços estavam ficando ruins, precisava de criatividade. Abri a porta e quase Kenny bate na minha cara.

     - Nós... O que ela está fazendo aí? – Kenny perguntou, inclinando-se levemente para poder ver melhor.

     - Nada. – Respondi, esfregando os olhos. – Dormindo, não está vendo?

     - Claro... Ahn, Scooter saiu mais cedo hoje. Quero você pronto em uma hora. – Ordenou.

     - Você me acordou uma hora mais cedo?!

     - Considerando que você é uma noiva no banheiro...

     - Entendi. – Fiz cara feia e fechei a porta.

     Olhei o relógio e vi que havia pegado no sono há pouco menos de três horas. Entrei no banheiro e tomei um banho, longo.

     Enquanto a água escorria por meu corpo, pensei na vida. Eu só tinha mais duas semanas para escrever a porcaria da música. E parecia mais difícil do que eu achei que seria. Não porque era complicado achar as palavras ou a melodia, mas porque eu estava começando a me questionar se aquilo era, sei lá, certo.

     Eu queria poder dizer que estava sendo sincero com a Miranda, mas eu não estava. O que ela diria se soubesse que eu só me aproximei dela por interesse? Cara, só de pensar nisso eu me sinto o maior lixo, imagina como soaria se eu dissesse a ela, em voz alta? Nunca seria perdoado.

     - Ela só vai se magoar se souber disso, Justin. – Falei baixinho, para mim mesmo. – O que os olhos não vêm o coração não sente.

     Grande desculpa, mas eu saberia a verdade. Ah, esquece. Deixa como está. Ela nunca vai ficar sabendo disso, nem que esse segredo tenha que morrer comigo, com a Selena e com o cara que propôs tudo.

     Saí do banho, me enrolei na toalha e me encarei no espelho. Ótimo, estava com olheiras. Dei dois tapinhas nas bochechas e abri um sorriso.

     - Você é o cara. – Pisquei para mim mesmo.

     Abri a porta do banheiro e saí. Selena estava acordando.

     - Bom dia. – Falei, indo até o criado mudo ao lado da cama e peguei meu celular.

     - Bom dia. – Ela sorriu e mordeu o lábio inferior ao me olhar da cabeça aos pés. Ajoelhou-se na cama e colocou as mãos nos meus ombros. – Você fica mais lindo a cada dia que passa, sabia?

     Apenas sorri. Ela depositou um beijo no meu pescoço e foi subindo até beijar meu maxilar. Ela estava apenas brincando. Segurei sua cintura, tentando afastá-la, mas ela foi mais rápida e selou nossos lábios. Desceu suas mãos para a toalha, mas segurei-a antes que pudesse fazer qualquer coisa.

     - Eu aviso sim, Ken... – A voz familiar adentrou o quarto, risonha, mas logo foi interrompida.

     - Miranda! – Aquilo saiu mais como um sussurro. Ela só nos olhou e depois saiu do quarto.

     - Achei que ela ia ficar. – Falou Selena e voltou a me beijar. Soltei-me dela e saí do quarto.

     - Ei, ei! – Gritei para a garota que já estava no elevador.

     - Volta para lá, Bieber! – Ela gritou. Ótimo, agora eu era o Bieber de novo!

     - Miranda... – Aproximei-me. Ela me ignorou, apertando freneticamente o botão do elevador para fechá-lo. Corri e entrei, antes que a porta fechasse. Cara, eu estava de toalha, eu estava doido?

     - Justin, sai daqui! – Ela abriu o botão de abrir a porta, mas já era tarde demais, já estávamos descendo, ou subindo, não sei. – Ah, ótimo.

     - Olha... – Comecei a falar, mas uma mão voou no meu rosto, fazendo com que eu me calasse. Ardeu o inferno. – Por que fez isso?!

     - Como assim você termina com sua namorada, fica comigo e depois volta para ela, tudo isso assim, sem mais nem menos? Eu sou só uma diversão, não é?! – Ela gritava.

     - Não!

     O elevador parou. Fiquei tenso, esperando a porta se abrir e imaginar o escândalo que seria o Justin Bieber estar só de toalha no elevador. Ninguém estava lá, deve ser alguma criança brincando de apertar os botões freneticamente. Apertei o botão do nosso andar, desesperado.

     - Me escuta. Eu... A gente não fez nada. Não íamos fazer nada! – Garanti, olhando em seus olhos.

     - Claro que não! – Ela ironizou.

     - Não íamos! Por que eu não quis! – Falei, segurando a toalha que já estava se soltando com tanta agitação. – Miranda, acredita em mim. Ela só me beijou, isso não é muita coisa!

     - Você é um imbecil, Justin Drew Bieber. – Falou ela, quase chorando.

     A porta do elevador abriu no nosso andar e ela saiu. Saí atrás dela. Mas não falei nada. Miranda foi para o quarto do Fredo. Ah, legal, agora ele era o refúgio dela, que maravilha!

     Não, seu babaca, você era o refúgio dela! Mas agora você estragou tudo!, minha consciência resolveu dar as caras.

     Entrei no quarto, peguei uma roupa e me vesti no banheiro. Quando saí, Selena lia os esboços.

     - É, Justin... – Começou. – Você vai ganhar esse prêmio fácil.

     Bufei.

     - Isso está uma droga! – Joguei-me na cama.

     - Não está não. Só precisa de mais dedicação, mas está bom. – Ela sorriu e deitou ao meu lado com as folhas e uma caneta na mão. – Vamos trabalhar nisso.

Flashback On

     Entrei no quarto e joguei o casaco na cama. Scooter havia falado algumas coisas, mas no geral, ele não estava tão bravo assim. Tomei uma água no frigobar e virei tudo. Alguém bateu na porta. Era... Selena?

     - Oi? – Abri a porta olhando-a, confuso.

     - Olá. – Ela sorriu e entrou. – Já viu os noticiários?

     - Já tive esse desprazer. – Fechei a porta.

     - Pois é. Eu vim aqui, Jus, porque acho que você está esquecido de algumas coisas...

      - Há, não estou não. – Falei, confiante. Não fazia ideia do que ela estava falando.

     - Não está? Já começou os esboços? – Perguntou, com aquele ar de quem sabe mais.

     - Já.

     - Você mente muito mal, Justin. – Ela revirou os olhos. – Já pensou ao menos na melodia?

     - Não. – Suspirei, derrotado.

     - Você precisa focar, Jus. Você quer aquele prêmio?

     - Quero, mas...

     - Ele não vai aparecer flutuando do teto, Justin, você precisa lutar por isso! – Ela falava como uma capitã do exército.

     - Eu sei. – Falei.

     - Essa música não vai ser escrita sozinha.

     - Eu sei. – Repeti.

     - Você...

     - Eu sei! – Gritei. Ela assentiu, um pouco assustada.

     - Vamos começar. O que você observou nesses últimos dias? – Perguntou ela, andando pelo quarto, pensativa.

     Os passos dela pareciam marcar uma batida. Um, dois, três. Um, dois, três, quatro. Comecei a reproduzir na mesa.

     - Justin! Foco! – Ela me olhou e de repente seu rosto se clareou. Abriu um sorriso. – É, gostei... É contagiante. Gostei. Pronto, já temos a batida.

     - Ahá. – Pisquei para ela, me sentindo o tal.

     - Tá, agora a letra. – Ela acabou com meu momento. Sentei de volta na mesa. – Então, observou algo?

     - Algo como...?

     - Problemas? Medos, angústias? Tudo isso vende, Justin! – Falou ela, levantando as mãos.

     - Ah... Isso não vai dar certo. – Me desesperei.

     - Vai sim! Olha para mim, você vai ter esse prêmio. Onde está seu never say never, Justin?!

     Fitei-a. Certa, ela estava certa. Eu não podia desistir. Peguei uma caneta e comecei a escrever algumas coisas. Pensei em algo como um coração partido.

     Selena sorriu, satisfeita e deitou na cama. Ela estava pensativa.

     - Vou listar algumas características que reparei nela, pode ser? – Sugeriu. Assenti, tentando não me desconcentrar.

     Não demorou muito e Selena colocou uma folha de papel na minha frente. Peguei e li cada tópico. Não gostei muito do que estava ali, não era a cara dela. Tipo, Miranda não era irritante ou egocêntrica. Ignorei a folha.

     - Você pode falar que ela teve o coração partido e decidiu mudar, virar a garota problema ou atirada... – Selena tagarelava. Gostei da ideia da garota atirada, ficaria mais ousado, não sei bem o que eu queria com aquilo.

     Ficamos até tarde escrevendo. Na verdade, eu fiquei. Selena deitou às duas as manhã e dormiu. Eu continuei, amassando folhas, riscando palavras e morrendo de sono. Mas eu iria lutar por aquilo. Eu queria.

Flashback Off

     Não sei o que deu ali. Depois da discussão com a Miranda, a música saiu fácil. Era um pop água-com-açúcar, do tipo chiclete. O cara não pediu uma sinfonia de Beethoven, só quis algo que explodisse e fosse bom de ouvir.

     Coloquei a letra numa pasta, peguei as chaves do carro e saímos do quarto.

     - Obrigado, Selly. – Dei um beijo em sua bochecha. Ela abriu um sorriso enorme.

     - Que isso, Jus. – Ela me abraçou de lado, pela cintura. Passei o braço por seu ombro. Fomos para o elevador.

     - Segura aí, J! – Fredo veio correndo, Miranda veio logo atrás, acompanhada de Kenny. Não olhei para ela.

     Esquece essa garota, Justin! A vozinha falava. Acho que essa era a minha parte racional falando.

     Selena disse um leve “oi” para Miranda, mas esta não respondeu.

     - Ah, Justin. – Ouvi sua voz se dirigir a mim. Olhei para Miranda. – O Chris Brown disse que queria te ver. E o Lil’ Wayne mandou um abraço.

     Apenas sorri. Selena ficou tensa, sob meu braço. Ao irmos para a garagem, Selena se afastou e foi para seu carro.

     - Não vai com a gente? – Perguntei.

     - Não, eu... Tenho coisas para resolver. – Ela sorriu fraco e entrou no carro. Selena não era muito de dirigir, mas com certeza devia ser algo sério.

     - Ok. – Fui até ela e lhe dei um beijo na bochecha. Voltei correndo para o carro. – Prontos? – Meu humor estava perfeito.

     - Vai logo. – Alfredo me apressou. Apenas ri e dei partida no carro.

     Miranda estava calada, com a mão no queixo e olhando pela janela. Pelo retrovisor, pude ver uma lágrima escorrer por seu rosto e ela limpou rapidamente. Ah, cara, eu não presto.

     Liguei o som para me distrair enquanto dirigia para Beverly Hills, onde eu iria fazer uma pequena apresentação num shopping. Fredo tirou algumas fotos e postou em uma de suas várias contas em redes sociais ou programas de álbuns de fotos.

     - Ei, Scott, preciso falar com você. – Saí do carro rapidamente quando chegamos.

     - Claro, J, daqui a pouco você...

     - Não, tem que ser agora. – Pressionei.

     - Certo, o que é? – Perguntou, me dando atenção. Passei a pasta para ele. – Ótimo! Ahn, JB... – Chamou ele, quando me virei para sair dali. O que foi, ele não gostou? Ficou ruim? Dei meia volta. – Você não colocou o título.

     - Ah. – Respirei, aliviado. Ri de mim mesmo e pensei num título. Scooter me deu a caneta dele e escrevi. – Pronto.

     Saí de lá satisfeito. Foi um bom título, eu gostei. E a música também era muito legal. Se Scooter gostar e se depender de mim, começamos a gravar essa música amanhã, para depois passar ao cara, até essa sexta-feira, ou seja, daqui quatro dias.

     O mundo ia se calar ao som de My Sweet Confusion e diante do meu Grammy.