Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 5
Capítulo 5 - Eduardo


Notas iniciais do capítulo

N/A: Não sei se espefifiquei anteriormente, mas nessa fic terá mais POV do Igor e tudo o mais. Nesse o filho dele aparece, e me digam se gostam do nome? Eduardo.... Eu adoro, acho bonito. Rs
Pelo que percebi é unânime todos que odeiam a Ceci. Acho que é porque ela é cínica, mas não posso dizer que a odeio. É difícil odiar o que mesmo se cria, sei lá. Rs
Ah! Pablo estará muito mais presente nessa fic, aprendi a gostar ainda mais dele rs



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Pov. Igor

– Vamos lá, garoto! Você consegue! – encorajei... Melhor dizendo, tentei encorajar a criança aloirada a minha frente, que me encarava com uma careta de frustração.

– Eu nunca vou aprender a andar de bicicleta, pai. – Eduardo disse categoricamente, os braços cruzados.

– Sem desistir, lembra?

– Pai, eu não consigo! – ele arregalou os olhos e eu o imitei.

– Por quê?

– Porque eu não consigo! – Ele olhou para mim os olhos ainda mais arregalados. Murchei.

– Deixa de ser criança, Igor. – Pablo disse sentado no banco, as pernas jogadas. Rindo divertido pra mim. – E para de ser preguiçoso Eduardo, seu pai vai ter uma síncope e sair pedalando na sua bicicleta só pra você ver como é. E olha que ele faz isso mesmo.

– A bicicleta quebra! – Eduardo disse rindo. Sacudi a cabeça.

– Que bela confiança...

– Deixa de ser bobo, pai. Eu não consigo, ta bom?

– Consegue sim. Você quer aprender a surfar não quer?

– Não. – Ele disse com uma sinceridade que me desconcertou. Pablo riu sonoramente de mim.

– Por quê?

– Eu não gosto do mar.– ele disse teimoso, me trazendo um pouco mais de lembranças. Eduardo era tão parecido com... ela que me impressionava ele não ser filho dela. Parecia mais parecido com ela do que comigo. Com a sua teimosia e mania de estar sempre certo. Tentei o encorajar.

– Mar o mar é tão... Supimpa!

– Ninguém fala supimpa pai. Ninguém! Que vergonha... – Pablo riu ainda mais e Eduardo me fazia caretas. Meu filho de 5 anos estava ficando vermelho de vergonha pelo que eu disse! Em que mundo nós estamos? Sussurrei para ele, as mãos nos joelhos.

– Olha, quem tem 5 anos aqui é você, ok?

– Pai, mas você é o bobo, dã...

– Você ta com uma moral impressionante, Igor...

– Cala a boca, Pablo! – gritei e Eduardo riu, chutando o pneu da bicicleta entediado. Me virei para Eduardo, ele revirou os olhos.– Sem bicicleta?

– Talvez... Se você colocar as rodinhas de novo eu posso até andar...

– Mas aí você nunca vai aprender.

– Não faz mal. Sou criança, mamãe diz que eu tenho tempo pra tudo. Ela tem razão, não sou velho que nem vocês.

– Vai levar uns cascudos, menino. Eu não sou velho.

– Seu pai é velho, caquético e gordo. Eu ao contrário, estou em plena forma. – Pablo interviu, alisando os cabelos teatralmente. Algumas garotas de biquíni passaram sorrindo para nós. Voltei a prestar atenção em um Eduardo de braços bem cruzados e me sorrindo provocativo.

– Pra mim são velhos.

– Eduardo... – ameacei e ele riu sonoramente.

– Ta bom, você não é velho... Não muito. – sorri para ele, bagunçando seu cabelo e andando. Ele me acompanhou arrastando a bicicleta. Pablo ao lado de Eduardo. – Quer que eu pague um sorvete pra você, pai? Você parece nervoso.

– Quanto você tem aí?

– Tenho cinco reais. – ele disse orgulhoso.

– Nossa, isso é muito pra você.

– Dá pra comprar uma cerveja pra mim, Dudu. – Pablo bagunçou o cabelo de Edu, que empurrou a mão do tio. – Faça seu tio feliz e compre uma cerveja porque esse calor ta me matando.

– Não. – Sorri de sua sinceridade. – Pai, me paga um sorvete?

– Não era você que ia pagar pra mim?

– Você ta gordo, esqueceu? Minha mãe diz que sorvete engorda... – Dei um cascudo de leve nele e ele riu alto.– É brincadeira, pai. Você não ta gordo. Como diz a minha tia da escolha, você dá um caldo. Isso é bom, né?

Pablo riu alto e eu me esforcei pra não rir.

– Essas professoras de hoje em dia... – Pablo disse, rindo baixo.

– Isso porque você não viu o que a minha professora de karatê disse.

– O que ela disse?– Pablo perguntou, curioso. Os olhos brilhando, bem infantil.

– Eu não entendi. Ela disse que te viu na praia um dia desses, parecia alegre. Isso é estranho, todo mundo te vê na praia.

– O que mais ela disse?– Pablo insistiu e eu lancei um olhar para ele, que se limitou a dar de ombros. Ajudando Eduardo com a bicicleta.

– Algo sobre roupa e tanquinho. E fogo. Garotas são esquisitas, não é tio?

– É... Demais! Demais! – ele continuou rindo e eu balancei a cabeça, incrédulo.

– E meu sorvete, pai? Como fica?

– Seu tio paga. Ele é jovem e em forma. Deve ser rico também. Vai ficar feliz em pagar.

– Então quero um milkshake, daqueles gigantes!

– E bem caros, né filho?

– Igor, seu filho da...

– Tio! Eu posso escolher? – Eduardo olhou para Pablo com aqueles olhos grandes que dominavam todo mundo. Pablo bufou.

– Ta bom, ta bom.

– E também um lanche, né? Sorvete sem lanche é chato.

– Eu compro um salgadinho pra você ali naquela lojinha.

– Podemos passar no McDonalds. É pertinho. Por favor! Por favor!

– No que você transformou seu filho? – Pablo me olhou com cara de bravo. – Em um aproveitador?

– Ele é esperto, igual o pai!

Eduardo sorriu junto comigo para Pablo, que soltou um palavrão baixo. Uma típica tarde, absolutamente rotineira de minha nova vida.


~*~

Sentamos em uma mesa afastada e eu vi Eduardo e Pablo abocanharem o lanche deles, enquanto eu bebia uma cerveja. Pablo se lambuzava quase tanto quanto Eduardo. Duas crianças, dois filhos pra cuidar. Imaginei o chilique que Ceci daria pro Eduardo ter comido antes do almoço. Dei de ombros, eu podia lidar com isso.

– Você vai pro trabalho, pai?

– Vou. Tenho que ir.

– Eu também. – Pablo disse, limpando a boca de qualquer jeito com o guardanapo. – Gente nova, né?

– Positivo.

– Passarinhos me disseram que eram garotas que chegavam hoje. – ele sorriu malicioso. – Duas garotas.

– Também ouvi, nem li os nomes.

– Tomara que sejam gostosas. – Pablo nunca tomaria jeito, era um fato.

– Do jeito que você fala serão duas barangas.

– Você pensa tão positivo, Igor. Me impressiona.

– Obrigado.

– Pai? Posso brincar naqueles brinquedos? – Eduardo apontou para uns balanços na frente de onde estávamos sentados.

– Cuidado. – falei e, logo, ele saiu correndo pra ir brincar. O vigiei como sempre fazia. Pensando.

– Você precisa de uma mulher, Igor. – a voz de Pablo interrompeu meus pensamentos nostálgicos. – Não pode ficar pensando no que foi pelo resto da vida.

– Ele parece com ela, não é? – sorri vendo Eduardo balançar despreocupadamente.

– Só porque você quer que pareça. Ele é parecido com a mãe dele. Cecília, lembra? Mãe do seu filho e vocês vivem pacificamente. Cada um do seu lado, ela praticamente casada e você visitando seu filho. É com ela que o Eduardo se parece. Se prende a isso, Igor. Assim você nunca vai superar, comparando ele a ela todo o tempo.

– Não quero superar.

– Ela superou você! Não vê isso? Quando é que ela ligou atrás de você ou algo assim? E não é pra menos. Foram cinco anos! Uma vida, é só olhar pro Eduardo. – suas palavras me atingiram, eram amargas. Como um belo soco. Um soco atrás do outro. – Você não é um adolescente mais e cara... Ela pode até estar com filhos também, embora Malu não pareça do tipo que se casa e tudo o mais. Enfim, você tem que superar!

– Eu sei, ta legal? Eu sei. Sei que perdi ela pra sempre, mas... Não vou superar. Nem quero. – ele bufou, irritado. Me limitei a sorrir. – Um dia você vai conhecer uma garota assim, Pablo. E você vai saber do que eu to falando.

– Teimoso... – ele resmungou e eu dei um último gole na cerveja.

– Vamos nos atrasar.

– Nem me lembre. Cara, pelo menos hoje já é sexta! Amanhã sem trabalho...

– Não se anima. Equipe novata, lembra?

– Af, é mesmo. – levantamos e fui pegar um Eduardo suado no balanço.

– Só mais um pouco.

– Estamos atrasados, quase meio dia e você ainda tem karatê.

– Que chatice... – ele resmungou, fazendo careta. Baguncei seus cabelos e ele empurrou a minha mão. Eu tinha sorte. Demasiadamente, em ter um filho como Eduardo.



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