Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 39
Capítulo 39 - Empecilhos


Notas iniciais do capítulo

N/A: É, eu não me aguento. Disse a mim mesma que esperaria o resto dos reviews, mas não consigo. A fic ta quase totalmente escrita e eu estou curiosa para o final e a reação de vocês e é claro, esperando que tenha agradado depois de todo esse tempo. Então voltei rápido. YAY. KK
Confusões a vista, a propósito.



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Ao longo das semanas vimos Edith e Pablo se arranjando. O relacionamento amadurecendo, juntamente com as brigas, recheadas de gritos e também com sua genuína alegria, dos dois babões com seu bebê. Edith parecia florescer a cada mês, a gravidez a tornando mais mulher, centrada e bonita, mas ainda tinha seu jeito ácido e louco de fazer as coisas. Na verdade, a gravidez dela já estava bem mais adiantada do que pensávamos. Completara quatro meses duas semanas depois da sua primeira consulta ao obstreta. E um mês depois, já aos 5 meses, ela já decidira fazer o chá de bebê ao saber o sexo. Um grande menino, que parecia agitado até mesmo no útero da mãe. Fazendo com que Pablo vivesse a fazer festa com a barriga de Edith tendo seu fiel companheiro Eduardo nesses momentos e Igor também, a quem Pablo sempre recorria quando se via confuso em relação ao bebê.

Quanto a Carlos... Ele acabara ficando íntimo de Gasques, para minha total infelicidade e desconforto, sempre aparecendo no planetário para conversas, insistindo para almoçar comigo. Algo que começara a ficar constrangedor, incomodando Igor e a mim. De alguma forma, ele conseguira a amizade de minha mãe e Alex, já que ambos tinham o mesmo serviço, conseguindo até comparecer a alguns jantares em sábados alternados, para não atrapalhar seu emprego. Já que a cidade onde ele morava era apenas duas horas de Santa Bárbara. O fato é que ele tentando se fazer presente em minha vida me tirava do sério. Ele agindo como se nunca tivesse me beijado a força dava voltas em minha cabeça. E Igor sempre parecia prestes a explodir em sua presença, muito mais do que eu já o vira na época de Victor. Havia tanta hostilidade entre ele e Carlos, que até minha mãe parecia apreensiva e tentara mudar os jantares para outro dia na semana, coisa não muito eficiente. E acho que Igor só se controlava por respeito a minha mãe e a amizade de Carlos com Alexandre e o senhor Gasques. E creio que também por ver o quão absurdamente desconfortável e irritada eu ficava a Carlos apenas ser mencionado, ou seja, que eu não dava a mínima para suas investidas.

Quanto a mim e a Igor, estávamos tentando nos últimos meses. E parecia, incrivelmente, que estava dando muito certo. Minha mãe parecia exultante com isso, feliz por ver Igor cuidando de uma filha e finalmente poder chamá-lo de genro, mesmo que eu e Igor preferíssemos não classificar nosso relacionamento atual como um verdadeiro namoro - parecia que toda vez que iniciamos verdadeiramente um namoro a gente caminhava para o fim, fora assim todas as vezes então agora estávamos duplamente precavidos e claro, um pouco inseguros. Ceci nos dava cada vez mais força e, vendo que isso em nada afetava seu relacionamento com Igor e Eduardo, passou a ser cada vez mais gentil com a situação toda. O ruim eram os comentários, tanto de familiares a qual a notícia se espalhara rapidamente por conta de Dona Betty e por Igor ser mais próxima deles, e também os comentários no serviço, já que todos pareciam saber da história Ceci e Igor. E porque também, afinal de contas, eu era a tia do filho do Igor.

E hoje? Bem... Hoje seria o chá de bebê de Edith, e como era Edith... Não somente mulheres estavam aqui, como normalmente era, mas também homens e não só para acompanhar suas esposas e namoradas. Edith os atraíra prometendo drinkes em troca de presentes, o que funcionara muito bem, ela finalmente tinha tudo que precisava para seu bebê e um pouco mais. Então, no final das contas, estava mais pra festa de ‘chá/bebedeira’ de bebê, mas ok. As pessoas estavam espalhadas pela sala da casa da minha mãe, todas nós preferimos fazer aqui por conta que possuía muito mais espaço, e pareciam se divertir juntamente com Edith e Pablo que cumprimentavam todos, alegres e sorridentes e, afinal de contas, era isso que importava.

Quando entramos no local, eu e Igor no caso, atrasados e claro, esperando uma bela bronca de Edith, os olhares convergiram imediatamente para nós me fazendo ficar tensa por um instante. Igor se limitou a apertar minha mão com força. Sua mão na minha passando mais confiança e certeza do que eu me sentiria se ele tivesse feito um grande discurso ou declaração para mim. Acho que sempre seria assim, quando eu me sentisse insegura e perdida, Igor me apertaria entre os braços, seguraria a minha mão e me lembraria de que apesar de tudo ele ainda estava ali por mim e sempre estaria. Retribui o seu aperto de mão, os dedos entrelaçados agora e sorri para ele, que se inclinou, os lábios tocando minha testa. Voltei a olhar meus parentes que nos encaravam abismados, Igor me puxou para o outro lado da festa, sabendo que eu tinha que ficar longe daquelas pessoas e seus olhares acusadores; me conduziu para os olhares amorosos de minha mãe, meu agora melhor amigo Pablo, Alexandre, Ceci e Edith que sorriam para nós, sem contar um enérgico Eduardo. Era só a opinião deles que importava.

– Sogrinha, queriiida. – Igor disse, claramente brincando com minha mãe que riu gostosamente. Voltei a atenção para a mulher ruiva em que o cabelo estava mais comprido e natural, ondulando pelos seus ombros.

– Você está linda. – disse a uma Edith metida num vestido azul marinho bonito, que ressaltava sua barriga elegantemente.

– Obrigada pela mentira convencional, já que estou obesa. Obrigada, obrigada. – Ela disse, bem humorada. Igor acariciou sua barriga levemente e antes que Pablo o levasse juntamente com Alexandre para falar com alguns conhecidos, me deu um leve beijo nos lábios. E aqui estava eu, apenas com Ceci, já que a atenção de Edith fora solicitava para falar algo a respeito de crianças e minha mãe desaparecera. Percebi que minhas tias, aquelas bem fofoqueiras, me encaravam, provavelmente por causa da cena explícita de carinho de Igor. Isso me deixou desconfortável, os olhares verdadeiramente me incomodando.

– Não sei por que todos ficam olhando vocês assim. Não me surpreende tanto você com Igor. – Ela sorriu, provavelmente me consolando.

– Acho que elas não vão entender tão cedo.

– Quem se importa? – ri baixinho de sua careta, logo ela tão preocupada com as aparências.

– É, estou com um homem incrível, pra que me preocupar? – sorri, tentando me acalmar.

– Agradeça a mim, maninha. Afinal eu aperfeiçoo tudo que eu toco, lembra? – revirei os olhos, a fazendo rir baixinho. Alexandre apareceu, a abraçando por trás.

– Controlem-se, crianças. – avisei.

– Faz tanto tempo que deixamos de ser crianças. – Alexandre disse.

– Pra mim você nunca foi criança, Alexandre. Nasceu com 15 anos já paquerando as garotas.

– Que exagero. – Ele riu.

– É sério.

– Sou um homem sério agora. – Ele disse sério.

– Claro, quase casado. – sorri. – Aprendeu a mentir melhor.

– Isso também. – Ele disse, gabando-se. Ceci lhe deu um pequeno tapa o fazendo sorrir.

– Está cozinhando minha irmã a 5 anos para casar, devia ter vergonha.

– Algumas coisas não mudam. – Ceci disse, fingindo braveza. Alexandre lhe beijou na bochecha.

– É.

– Lembra como nos conhecemos, Malu? – Alexandre sorriu para mim, me lembrei da primeira visão de seus olhos claros e grandes e do sorriso conquistador. – A primeira garota que me esnobou depois da minha professora da primeira série. – ri alto junto com Ceci.

– Sempre tentei ficar longe de cafajestes, ué.

– Não deu muito certo. – Ele sorriu.

– Verdade. – No final das contas, Alexandre fora meio que meu primeiro namorado oficial.

– Admita... Você achou que eu era gay com o negócio dos chocolates no começo dessa história. – Quando eu me sentira traída por Igor na primeira vez, Alexandre estava lá com seus doces antidepressivos que me acalmaram. Sensível demais para um galinha.

– Alexandre!  – ri junto com Ceci, que provavelmente já sabia da história.

– É verdade, ué. Um cara sabendo tanto sobre remédios depressivos de mulheres, como sorvete e chocolate. Era tudo um plano, sabe? Ganhei muitas meninas assim. Incluindo você... – Ele piscou para mim.

– Besta. – sacudi a cabeça, fingindo estar brava. – Falando isso na frente da Ceci.

– Ela teve um filho com seu namorado, ué. Tenho direito a algumas piadinhas. – Ceci revirou os olhos, bufando. Tudo parecia tão natural assim, até rendendo piadas, não cutucava minha ferida, ela já cicatrizara. Se a tocavam, não doía, mas ela ainda estava ali. Era uma marca do que eu passara, do que eu crescera e eu ficava extremamente aliviada que meus tempos atuais com Igor foram a curando, até virar essa cicatriz saudável de coragem.

 – Ceci está no lucro. – concordei. Esta bufou.

– Você me realmente parece feliz. – Alexandre disse, me permiti ser sincera com ele. Na verdade, eu nunca conseguiria não lhe contar o que eu sentia.

– Isso me preocupa um pouco pra ser sincera. – confessei, respirando fundo. – Eu me sinto tão feliz... Que me assusta.

– É que você está pensando em como vai ficar se acabar. E se não acabar, Malu? Ser feliz assim sempre não é uma boa opção? – Ele sorriu para mim, o olhei desconfiada.

– Igor está pagando pra vocês dizerem essas coisas, confessa. – Ele começou a rir junto com Ceci.

– Não. Só acho que todo mundo aqui torce por vocês dois.

– Nem todos. – acenei para os olhares que algumas pessoas me davam de esguelha.

– Todos que realmente importam torcem. – Ceci disse, consertando a frase.

– É, melhorou.

Ambos sorriam para mim, uma Edith apareceu andando engraçado, corada.

– Sua mãe está procurando vocês dois. – Ela apontou para Ceci e Alexandre, que foram ver o que elas queriam. Então, andando pelo quintal da minha mãe, vi surgir uma pessoa inesperada.

– Ah, só pode ser brincadeira. – gemi, Edith seguindo meu olhar.

– Pestes em chá de bebê, achei que eles vinham em tamanho mini e em forma de crianças. – Ela fez graça.

– Haha, muito engraçadinha. – disse, seca. – O que acha dele, Edith? – perguntei, cruzando os braços. Edith fez sua antiga cara de ‘análise de macho’, aquela que ela fazia antigamente para descobrir o potencial de um cara. Ela logo virou-se para mim, a expressão tão séria que chegava a ser cômico.

– Acho que ele tinha tendências pedófilas por você e agora está obcecado.

– É sério. – fiz uma careta.

– A parte de tendências pedófilas é verdade. – A encarei e ela não aguentou manter a expressão séria. – Ta, não tanto. Ele só está realmente interessado em você.

– A propósito, você o convidou?

– Claro que não. Quero nem ver o que Igor vai fazer com ele quando o ver aqui. Vai me matar! Sou uma mulher grávida Malu, não posso sair o chutando assim, estou mendigando fraldas afinal. Livre-se dele, Malu. Antes que Igor o mate. – disse uma Edith, corada.

– O que?

– Você é o motivo, oras. Dá um chute bem dado porque esse é pior que carrapato.

– Você ta doida?

– É só chutar ele, Malu. Mas um chute bem dado, viu? – Ela disse, como se fosse a coisa mais fácil do mundo. – Você tem que fazer isso antes que isso prejudique o seu relacionamento, rolo, seja lá o que você e Igor tem juntos.

Ela se afastou rapidamente e eu fiquei olhando Carlos analisando o ambiente até me encontrar. Vi aquele sorriso irritante aparecer em seu rosto aparecer em sua face e ele logo estar diante de mim.

– Oi. – cumprimentei, áspera. Isso o fez sorrir ainda mais.

– Oi.

– O que está fazendo aqui? – disse, a voz ainda hostil.

– Fui convidado.

– E onde está o convite? – perguntei, cruzando os braços. Sabendo que todos os convites foram preparados por mim e Edith, com a ajuda de Ceci, cuidadosamente.

– Por uma infelicidade, esqueci.

– Claro. – respondi, irônica. Bufei, disposta a acabar com isso de vez. – O que afinal de contas você quer, Carlos?

– Achei que já tinha deixado bem claro... – Ele deu um passo a frente. – Você.

– Sinto muito, mas isso não vai acontecer. – Me afastei. – Eu acabei de sair de um relacionamento sério.

– E já está em outro, blá blá. Desculpa repetitiva, Malu. – Ele gesticulou, um gesto de pouco caso. Me amaldiçoei por ser uma droga com essas coisas. – Sabe o que é pior? Ver com quem você está agora. Está com esse babaca, que engravidou sua irmã! Acha que as pessoas vão achar bonito? Acha mesmo, Malu? Acorda! Você precisa de alguém de verdade da sua vida.

Suas palavras cravaram fundo na minha insegurança. Lembrando-me de todos os cochichos de sussurros, mas eu sabia que não queria alguém como Carlos, alguém insistente, mesquinho e com tendências a ser controlador, irritante, arrogante e falso. Na verdade, eu sabia que eu não queria ficar com mais ninguém do que não com Igor. Aquela certeza me encheu de uma coragem desconhecida e senti vontade de falar para todos o que falei para Carlos:

– Eu preciso ficar com alguém que eu ame, isso eu sei. Se dependesse da opinião alheia e ficar com alguém só pra não continuar sozinha eu estaria com Victor. Definitivamente, não com você. – Isso fez sua expressão vacilar, tentei acalmar minha voz, retirar tanta acidez, mais por educação do que por qualquer outra coisa. – Está achando que continua gostando de mim, mas... Talvez só esteja ressentido porque no passado não aconteceu nada, mas atualmente também não vai acontecer.

– Como pode ter tanta certeza?

– Não me sinto nem minimamente atraída por você. – disse, simplesmente.

– Essa doeu. – Ele bufou levemente.

– Carlos... – Ele me olhou, tentei colocar toda a minha certeza naquela frase. – Não vai acontecer nada entre nós.

– Vai acontecer. – Ele rebateu teimosamente.

– Não, não vai! Existem tantas outras garotas legais por aqui. Como aquela ali ó... – apontei para Daniela, que havia sido convidada por Edith por educação.

– Daniela? Atirada demais. – prendi o riso no fundo da minha garganta e mordi o lábio, não conseguindo conter a ironia.

– Ela faz uma ótima faxina pelo menos.

– Claro... – Ele deu de ombros, voltou a olhar para mim. – Olha você tem certeza que é isso que você quer? Se relacionar com o pai do seu sobrinho?

– Ele não é só... O pai do meu sobrinho. – disse, minha voz se firmando a cada frase. – Eu ao amo. É isso que importa. Não são as outras pessoas que vão conviver com ele, não são as outras pessoas que vão se sentir felizes ao lado dele. Serei eu. Entende? Eu sei que vai ser uma porcaria ser julgada igual você está fazendo agora... Só que... Julgamentos não vão me fazer tê-lo. Então dane-se. Dane-se, mesmo. Dane-se o que os outros pensam. Se você não entende, é problema seu.

Me senti aliviada ao dizer essas coisas, dizendo tudo que eu pensava e feliz em ver que aquilo era o que eu sentia. De que me adiantaria me preocupar com os outros se isso me faria infeliz?

– Ok, entendi. Vai estragar sua vida mais uma vez. – Carlos disse, mal-humorado. – Realmente não quer tentar ver sobre outro ponto de vista? O erro é seu, Malu.

– Obrigada. Nunca fui certinha mesmo. – sorri cinicamente e isso pareceu o irritar mais ainda. Saindo de perto de mim e indo falar com Pablo, logo ele tinha sumido em direção ao outro lado do quintal. Um confuso Pablo caminhou em minha direção.

– Impressão minha ou você jogou mesmo Carlos pra cima da Daniela? Ele me veio perguntar dela. – perguntou ele. Quase, quase senti pena dele com essa informação, mas me limitei a deixar para lá.

– Não precisei, exatamente. Ele se afundou sozinho.

– Isso é crueldade. – Pablo riu. – Poderia ter avisado que ela é louca.

– Ele me chamava de pirralha intrometida. É minha vingança. – sorri, olhando ao redor. – Onde está Igor?

– A última vez que o vi ele saiu lá pra fora, muito puto ao ver você conversando com Carlos. – Pablo avisou. Respirei fundo, prevendo a catástrofe. – Boa sorte.

– Obrigada. – suspirei.

Caminhei para fora, fechando a porta com cuidado para que ninguém reparasse. Ao virar para frente, na calçada, dei de cara com um Igor segurando pelos ombros uma Daniela chorosa. Ela jogou seus braços ao redor do pescoço dele, grudando seus lábios rapidamente nos dele por alguns segundos e ele se desvencilhou com delicadeza, mas parecendo realmente a rejeitar. Virando o rosto, tentando a empurrar, mas ela se grudava a sua camisa. Senti meu cérebro começar a queimar devagarzinho e o ciúmes rastejar por minhas veias. Porque ele simplesmente não a jogava no meio da rua?!  Qual era o problema dessa mulher? Vou matar os dois! Era só isso que eu conseguia pensar. Senti meu estômago revirar com a cena, Daniela parecia cada vez mais disposta a fazer Igor corresponder a suas investidas, quase desesperadas, diga-se de passagem.

– Que droga é essa? – Minha voz saiu quase histérica. Agora sim Igor a afastou com brutalidade, esquecendo a boa pose de lado que ele assumia nesses momentos. Daniela cambaleou, os olhos vermelhos e a maquiagem borrada. Podia ver a sua tática de fazer Igor se sentir com pena e culpado por quebrar o coraçãozinho dela. Em breve, eu acabaria quebrando ela no meio.

– Malu, eu... – Igor fez menção de dizer algo, fiz um gesto para que ele se calasse, minha atenção voltada a Daniela e em sua cara de ódio por eu ter interrompido-a.

– Qual o seu problema, Daniela? Deixe-o em paz! – rosnei, tentando me controlar.

– Eu o amo, Malu! – Ela disse, chorosa. – Porque você não o deixa em paz?

– Sua encapetada, você não ama ele, caramba! – Minha delicadeza agora absolutamente perdida. – Não pode na verdade se quiser continuar viva!

– Vocês nem estão juntos pra tentar se intrometer nisso! – Ela disse, tão hostil quanto eu agora. – É algo entre mim e ele!

– Quem disse que não estamos juntos? Foi você? – encarei Igor, que parecia perdido.

– N-não!

– Bom mesmo. – disse. Isso tinha garantido a ele alguns minutos de vida. Voltei meu olhar para a atirada. – Dani, sua fofa... Se você não reparou nas últimas semanas, que ficamos o tempo todo juntos, estamos juntos novamente. Sur-pre-sa!

– Vocês não podem! – O tom de seu rosto se tornou absolutamente vermelho, uma veia pulsando em sua testa. – Ele é seu ex-cunhado.

– Tanto faz! Tanto faz! – disse, exasperada. Cansada das pessoas falando isso. – Se você não entendeu agora ele é meu atual namorado, amante e todos os títulos que você quiser colocar quando duas pessoas realmente se amam! Então desiste!

– Igor... – ela gemeu virando-se para ele, que pareceu sentir levemente pena e eu quis gritar de ódio pela sua babaquice em cair no papinho dessa lambisgoia. Voltei para dentro da casa em passos rápidos, batendo a porta com estrondo, atraindo alguns olhares. Caminhei pro meu antigo quarto em passos rápidos. Abri a porta do quarto de Edu, onde haviam sido colocados os presentes, ele estava brincando com algum amigo de videogame no quarto da minha mãe que possuía uma TV maior. Passei as mãos pela cabeça, irritada com Igor por ele simplesmente não chutar ela de vez.

~*~

Pov. Igor

Vi Malu entrar na casa em passos rápidos, voltei a olhar para Daniela, que não disfarçava um sorriso vitorioso. Me senti o mais estúpido dos estúpidos. Fiz menção de ir atrás dela, mas uma mão me segurou pelo braço.

– Deixa ela pra lá, Igor. – olhei naqueles olhos levemente sonsos.

– Nunca. Ok? Nunca. Consegue entender isso? – Ela soltou meu braço e eu corri para dentro da casa. Pablo se limitou a apontar para cima. Subi a escada de dois degraus em dois, vendo que a porta do quarto de Eduardo estava aberta. Entrei, Malu estava de costas, os cabelos ondulando mais compridos até quase tocar sua cintura.

– Malu? – chamei-a. Ela se virou e vi pelos seus olhos que ela estava realmente se esforçando para aparentar tranquilidade. – Eu não me importo com ela, só não queria... – cocei a cabeça, tentando entender como eu podia sentir pena daquela garota. – ser grosso com ela, oras.

– Certo, deixa ver se entendi. – Ela respirou fundo. – Vale mais a pena me ver com raiva do que a rejeitar de vez?

– Não aconteceu nada... Nem sequer houve realmente um beijo. Igual o de você e o de Carlos, por exemplo. – contra-ataquei. Percebi que piorei ainda mais a situação quando vi seu rosto se tornar indignado, vermelho e magoado.

– Igor! Ele me beijou. – Ela gritou para mim. Os olhos úmidos. – Ele! Eu já te disse isso.

– Mas eu vi, caramba! Eu vi! – Era impossível apagar aquela imagem. O contexto estava todo errado, mas ainda assim ele o tocara. Ainda assim ele continuara inteiro. Ainda assim... Eu me sentia inseguro e idiota. Ainda mais em o ver sorrindo para ela agora a pouco e ela ainda embarcando na conversa.

– E o que eu acabei de ver foi o que? – Ela disse, a voz acusadora.

– Ela não significa nada pra mim!

– E quem disse que Carlos significa?

– Como pode ter certeza? – Ela sempre fora tão... confusa. Como podia ter certeza que ela não mudaria de ideia?

– Como pode dizer uma coisa dessas? Eu te amo, achei que isso já estava bem claro! – Seu queixo tremeu, fazendo minha garganta apertar. Ficamos em silêncio por alguns segundos, até que ela voltou a sussurrar. – Quer saber? Isso não vai funcionar. A gente vai acabar se matando E... Não quero voltar a ficar com raiva de você. Não vai funcionar.

Senti meu coração parar por alguns segundos. Ela respirou fundo alguns segundos, seus olhos cheios de lágrimas me encarando, algumas riscando sua bochecha corada, então ela virou as costas e desapareceu. E eu fiquei parado feito um idiota naquele quarto. Igual da última vez há anos atrás. Quando ela me deixara pela primeira vez por conta da gravidez de Ceci, fora a primeira vez que entrei seu quarto, que tinha sua cara em tudo, desde a cor a desorganização. Ele parecia vibrar de coisas de Malu e ainda assim, parecia vazio. Agora a decoração era diferente, mas ainda me sentia incompleto em estar nesse cômodo e saber que não a encontraria em breve. Acordei do meu torpor, não poderia a deixar ir embora. Corri escada abaixo, tropeçando em um Pablo confuso antes de sair porta a fora. Ainda tive tempo de ver um táxi desaparecendo e vi que estava com suas chaves em meu bolso. Viemos em seu carro hoje, porque Pablo usara o meu o dia todo. Segurei-a em meus dedos, perdido. Eu havia conseguido ser idiota mais uma vez ao ponto de perdê-la.


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Notas finais do capítulo

N/A: Então, acho que ficou bem claro o que eu queria quando coloquei Daniela e Carlos na história. Malu tinha que ver se ela aguentaria os cochichos, as acusações alheias, já que é impossível esquecer que ela é tia do filho do namorado dela, e se mesmo assim ficaria com Igor, se o escolheria. Carlos serviu para isso e tivemos seu desfecho, então é praticamente bye bye Carlos. E Daniela ao meu ver é o empecilho do ciúmes, que é constante e persistente, que sempre surge nos relacionamentos e que leva a brigas, como isso não está claro neste capítulo fica a dúvida: Será que eles conseguem passar por isso? KK Depois de tanta coisa, eu tinha que colocar ainda mais confusão, não é? o/
Espero que tenham curtido apesar de tudo. Obrigada por lerem ♥



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