Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 35
Capítulo 35 - Calmaria


Notas iniciais do capítulo

Então gente, vocês comentaram tão rapidinho *--*
Bem vinda leitora nova!! Que bom que comentou, awn awn. E obrigada a todos os reviews e sugestões lindas de nomes. Vocês parecem que adivinham, a maioria deu nome de meninos e eu já havia resolvido que seria 1 haha. Então, vai ser bem difícil escolher um nome, tem muitos maravilhosos. Enfim, os que eu não escolher, usarei na minha nova fic, que ainda não pensei direito e é isso aí. Obg!
Ahhh arrumei e nomeei todos os capítulos de MQC, ta mais agradável a leitora agora, creio eu. Ela ficou bem mais ajeitadinha e decente, acho q evoluí bastante, viu? haha Então é isso aí.
Acho que os capítulos serão sempre assim, descontraídos. Fim cada vez mais próximo, é/
Up: Feliz dia do escritor a todos os leitores e leitoras que também escrevem. Aqueles que um dia também desejam ser escritores. ♥



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O estacionamento do prédio estava vazio. O ar da noite parecia tomar o ambiente. Igor me conduziu até o seu carro, sua mão ocupando a base das minhas costas, me deixando alerta. Ele estava mais do que contente hoje, seu astral parecia gravitar ao meu redor, me deixando contente também. O olhei interrogativa:

– Vamos mesmo ao Mc?

– Claro! – Ele abriu a porta do carro para mim, entrei, rindo. Ele deu a volta correndo, se sentando no banco do motorista.

– Você sempre leva todas as garotas que conhece ao Mc Donalds?

– Obviamente. – Ele sorriu para mim. – Existe algo mais romântico?

– Quer saber? – respirei fundo. Tenho uma ideia súbita. – Poderíamos só dar uma volta na praia, por enquanto e depois ir a um restaurante. Ou ir ao restaurante e depois dar umas voltas...

– Achei que gostasse de Mc Donalds.

– Eu gosto, mais do que deveria... – Esse lado dos meus 16 anos ainda não tinha me abandonado. – Mas acho que poderia ser diferente dessa vez. Não conheço muitos restaurantes aqui. Me leve ao seu favorito.

– Sério?

– É, vai ser... diferente. Saber mais um pouco de você, sei lá. – Poderíamos conhecer um lado de nós que ainda não conhecíamos, um lado diferente, nós havíamos mudado e ultimamente tudo estava absolutamente diferente do que era antigamente e isso não me incomodava, eu chegava a gostar. – Hoje o dia foi bem diferente.

– Gosta de camarão? – Igor sorrindo pareceu acolher minha ideia, ainda animado.

– Que pergunta! É claro.

– Ótimo... Tem um perto da praia, que tem um ótimo restaurante. Bem legal, bem... folk. Familiar e etc.

– Parece perfeito.

E realmente era. Quando chegamos ao restaurante, uns 15 minutos longe do apartamento, descobri porque Igor gostava tanto do lugar. O restaurante era a beira da praia, havia um caminho de pedrinhas no meio da entrada para chegar até lá. Ele era todo aberto e claro, pintado de cores fortes e meio queimadas. O chão era de madeira e rangia, o que era até agradável, dava um ar antigo e adorável. As mesas também de madeira, estavam cobertas por toalhas vermelhas, meio xadrezes, com detalhes em amarelo. O teto era triangular e pontudo, e as lâmpadas ridiculamente amareladas e que iluminavam muito bem o ambiente, pendiam por todo o canto. As maiores em cima de determinadas mesas, aquelas para grupos grandes. Todo o restaurante tinha um ar familiar de aconchego e família, amigos, casais, pais com filhos pequenos, adolescentes, era assim que as mesas estavam. O restaurante estava apinhado de risos, até os garçons pareciam contentes. Suas paredes pareciam vibrar de acolhimento. Igor logo conseguiu uma mesa, sendo cumprimentado por um garçom que tinha um grande sorriso acolhedor, pele queimada de sol e cabelos claros.

– Finalmente arranjou uma namorada, Igor?

– Primeiro encontro... – Igor explicou, com uma careta.

– E eu estragando tudo, hã? Igor é um cara maneiro, conheço ele há séculos. – O garçom sorriu pra mim, me dando uma boa imagem de Igor. Imaginei que eles fossem bons amigos.

– Eu também. – sorri.

– Sabe que você me parece meio familiar? Você parece muito com Cecília. – enrijeci subitamente com a menção a minha irmã, fora algo quase involuntário. Onde as pessoas viam semelhanças entre nós era um mistério para mim.

– Luigi, esta é a Malu... E Malu, este é um amigo, Luigi. – Igor, vencido, nos apresentou. Luigi me estendeu a mão, me olhando curioso. – Ignore-o, por favor.

– Claro! Você é a Malu! Como eu não reparei antes? – ele riu, me fazendo corar surpresa. – Prazer em te conhecer. A propósito, você é muito bonita pra estar com esse traste...

– Você não disse que ele era legal? – ri, confusa.

– Você já o conhece, doçura. Então, pra que mentir? – Acabei rindo e ele me acompanhou. Igor bufou dramaticamente, nos fazendo olhar para ele. – Fico feliz que estejam juntos, que tenham voltado. Sério. Quando vi você trazendo uma garota quase assustei, mas já que é a Malu...

– Pode crer, você está definitivamente assustando ela. – Igor disse, coçando a cabeça. Luigi riu.

– Vou te mostrar uma mesa. – Ele nos conduziu a uma mesa mais reservada e bem iluminada, sempre me olhando curioso. Procurei não ficar constrangida, na verdade... Igor também parecia constrangido.

– Então você fala de mim pras outras pessoas?

– Como pode achar isso de mim? Logo eu, um ser tão discreto.

– Não é necessariamente um primeiro encontro Igor, pare de mentir. – Igor riu, baixo.

– Certo... Pablo é noveleiro, então adivinha quem acabou contando pro Luigi?

– Faz sentido. – Conseguia imaginar Pablo contando as coisas para os outros, era bem do estilo dele mesmo.

Igor cantarolava a música que tocava no ambiente enquanto ajeitava os talheres a sua maneira, sempre me olhando de lado, o sorriso se recusando a abandonar sua expressão.

– Então esse é o seu restaurante preferido? – olhei ao redor, me familiarizando ao ambiente.

– É, ele costuma ser... Quando eu não estou com preguiça demais pra pedir pizza.

– Você é impossível.

– Falou a sra Mc Lanche Feliz. – Fiz uma careta, Igor nunca me deixaria esquecer esse detalhe sobre meu apetite. – Mas sério, costuma ser bem divertido vir aqui com Pablo e Eduardo. A comida é boa e razoavelmente barata. E você tem ideia do quão hilário é ver o Pablo cantando essas músicas? Ele toca guitarra imaginária!

Ri de Igor o imitando.

– Então toca mais country aqui?

– É, esses estilinhos caipirinhas. Normal, normal... É até legal, sra metal.

– Não gosto só de metal, atualmente. Ainda ouço, mas to ficando velha, preciso de coisas mais leves, entende? Fico alternando entre todos os estilos agradáveis. – Ele riu.

– O que será que não mudou em você? – Ele perguntou, os olhos atentos em mim.

– Deixa eu ver... Não muito, creio eu. Quer dizer, eu uso saltos agora, embora eu ainda tenha tendência a cair usando eles. – Ele riu mais uma vez, cruzando os braços em cima da mesa e se inclinando levemente na minha direção.

– Uma pergunta super relevante sobre é a sua personalidade é: Qual foi a última vez que você entrou no mar? – Ops. Essa era uma pergunta que podia me causar constrangimento.

– Depois daquela última vez que você me arrastou? – Me encolhi, constrangida. – Deixa eu ver... Nenhuma.

– Ta brincando! – Igor me lançou um olhar incrédulo. – Ainda tem medo?

– Não é medo... – tentei me justificar. – Eu tenho motivos...

– Estilo?

– Eu posso morrer! – exclamei. Céus, o mar era gigante e perigoso. Eu podia morrer, sem dúvidas. Igor riu mais uma vez de mim.

– Edu também não gosta do mar, mas não acho que seja necessariamente medo.

– Talvez seja e ele não queira que você o ache medroso.

– Igual você faz? – Fiz uma careta com sua pergunta.

– Eu não tenho medo... – procurei disfarçar. – Só é... chato.

– Você está falando igualzinho ele. – Ele pareceu pensativo por alguns instantes. – Talvez ele tenha medo mesmo. Como não pensei nisso antes?

– Desatenção sua, é claro.

– Amanhã você poderia me ajudar ele a superar o medo dele com o mar e talvez superar o seu.

– Não obrigada, essa eu passo. – Uma tarde na praia, com mar, a impulsão e Igor e toda a energia inesgotável de Eduardo? Conseguia imaginar eles me amarrando numa prancha para entrar no mar com eles.

– Você sabe que eu não estou pedindo a sua permissão, certo?

– Permissão? Ah, já sei. – sorri irônica, já imaginando tudo. – Você vai aparecer em casa, me arrastar, como sempre.

– É tão bom sair com alguém que me conheça de verdade! – Ele sorriu, o canto de suas bochechas se erguendo, formando covinhas. – Não tinha um verdadeiro encontro assim há anos!

Fiz careta, vendo-o mudar de assunto rapidamente tentando fugir a minha negação. O encarei séria, tentando manter a expressão firme:

– De jeito nenhum que eu vou entrar no mar amanhã, Igor. Não tente me enrolar.

– Pelo menos estou te dando a opção de você mesma escolher sua roupa e se vestir sozinha. – Ele ergueu as mãos em rendição.

– Grande consolo. – O sorriso de Igor aumentou e nossa comida chegou. Me ocupei com o camarão e com o bom humor do mesmo. Fora um jantar divertido, cheio de risadas e provocações. Eu me sentia relaxada, as semanas de estresse deixadas de lado por um tempo. Logo deu a nossa hora já que se quiséssemos acordar cedo teríamos que voltar para casa, eu nem tinha dúvidas que Igor iria me acordar na manhã seguinte mesmo.

– Preciso falar algo com Luigi rapidinho, ok? – Igor explicou, quando já estávamos do lado de fora do restaurante. – Volto rápido.

– Ok. – O vi desaparecer lá dentro, andando rápido. Procurei me distrair olhando o fluxo de pessoas que entrava e saía do restaurante. Uma chamou a minha atenção. De compleição alta, cabelos pretos encaracolados, um jeito mais que sério de se mover, os traços do rosto triangular marcantes. Arregalei os olhos surpresa, ele pareceu notar que estava sendo observado e olhou na minha direção. Um largo sorriu tomou conta de seu rosto enquanto ele caminhava em minha direção. Eu nunca havia o visto sorrir assim, principalmente para mim, o sorriso rejuvenescendo o rosto, o deixando distendido e simpático, a carranca aborrecida que eu passara anos vendo em seu rosto desaparecendo. Era Carlos, obviamente.

– Carlos, o que está fazendo aqui? – perguntei, curiosa. Afinal de contas, ele não morava aqui.

– Conhecendo a cidade.

– Ah é, por que...?

– Pensando em me mudar pra cá. – recuei levemente, desconfiada. A curiosa flamejando.

– A trabalho?

– Não. – Ele sorriu de lado, mudando o peso do corpo para a outra perna. Cruzei os braços.

– Namorada?

– Um amor antigo. – Ele sorriu ainda mais sugestivo, procurei esconder o choque mudo. Mas algo no jeito que ele sorriu de meu choque fez notar que apenas uma leve brincadeira. Para aumentar minha surpresa e constrangimento, talvez, Igor chegou, me puxando pela cintura.

– Vamos? – Igor perguntou, em voz alta, mas os lábios próximos a minha orelha. Logo ele levantou o queixo, analisando a figura masculina em minha presença.

– Igor, se lembra do Carlos? Carlos... – Este me interrompeu, se dirigindo a Igor.

– É, eu me lembro de você.

– Digo o mesmo. – Igor disse, no mesmo tom ríspido e seco. Carlos analisou a mão de Igor segurando possessivamente minha cintura e em como eu não recuava com isto, na verdade, não queria recuar.

– Estão juntos? – Igor não respondeu, parecendo esperar minha resposta. Sabia que ele estava se coçando para dizer que sim estávamos juntos, mas fiquei contente em ver que ele parecia se esforçar porque sabia que isso me incomodaria. Pensei rapidamente no que tínhamos, no que estávamos passando juntos agora.

– Mais ou menos. – Igor não disfarçou a surpresa com a minha resposta, encolhi os ombros, fugindo do seu olhar.

– Bem, não por muito tempo. – Carlos pareceu informar, piscando para mim e voltando para dentro do restaurante. O choque estampado em minha face. Não somente na minha, é claro. Igor me conduziu até o carro, parecia rígido e meio carrancudo. O passeio na praia provavelmente esquecido por ele e com esse novo astral dele, para mim também.

– O que foi aquilo? Carlos? – Igor finalmente perguntou, a voz neutra, para minha surpresa. – Sabia que ele estava aqui?

– Uma pergunta de cada vez seria bom...

– Desculpa, é que estamos mais ou menos juntos, e sabe...

– Ok, ok. Entendi. – O interrompi, fazendo careta. – Não sei o que foi aquilo e não sabia que ele estava aqui. E sinceramente, não quero falar sobre isso agora. Não absorvi tudo desse momento absurdo ainda.

– Ok, vamos deixar isso de lado.

– Obrigada. – Ficamos em silêncio durante o caminho. Igor me olhava de vez em quanto e se contia ao ver que iria fazer uma pergunta que me aborreceria. Foi quase engraçado o jeito que ele parava e refletia, a expressão carrancuda e ciumenta, quase lisonjeador. Logo tentei falar do restaurante e Luigi, fazendo algumas perguntas e ele me respondia prontamente, mas sem toda aquela animação de antigamente. Ao chegamos ao prédio subimos a escada em silêncio. Eu já estava começando a me sentir incomodada. Então Igor finalmente não se aguentou.

– Então... Carlos, hã?

– Não vai esquecer isso, certo?

– Sério que ele ainda não superou essa quedinha por você? – Me perguntei como ele sabia disso. – É meio óbvio não reparar pelo jeito que ele te olhava/olha, enfim. Ainda tem essa queda?

– Olha quem fala. – sorri para ele.

– Metida. – Ele resmungou, acabei rindo. Ele parou em frente a porta do meu apartamento, novamente se encostando a parede.

– Com quem será que aprendi? – Ele virou o rosto, carrancudo. Ri baixo, dessa vez eu o segurando pela cintura e o puxando para perto, podia ver pela sua expressão vacilante que ele havia gostado. – Não se preocupe com isto. Faça igual a mim, ignore-o.

– Não consigo. – Ele gemeu, irritado. Ri baixo, parecia que havíamos invertido os papeis agora. Era ele com ciúmes.

– Não é nada importante.

– Como não é nada importante, Malu? – Ele cingiu meu rosto com suas mãos, me fazendo o olhar em seus olhos. – Sério que você espera que eu veja mais um cara tentando roubar você de mim? Mais uma vez? Como espera que eu não me importe ou me preocupe?

– Ninguém me roubou de você. – sussurrei.

– Você foi embora. – engoli em seco, vendo que definitivamente a parte relaxante do dia já tinha ido embora.

– Exatamente porque você me tinha eu acabei indo embora. – Me soltei de sua cintura, tirando sua mão de meu rosto. – Pelo visto isso vai acabar acontecendo de novo.

– Não vou deixar. É só... Não me sinto bem ao ver que uma semana depois de você voltar a solteirice e já vem caras em cima de você.

– Olha quem fala. – falei, dessa vez debochada. Igor fechou a expressão;

– Na verdade foi você quem veio atrás de mim. – Ele disse de uma forma nada engraçada, fora ríspido e eu me senti envergonhada com seu tom. Me sentindo subitamente irritada.

– Ótimo, vai esfregar na minha cara agora? É, eu sou uma idiota. Talvez não devesse ter feito tudo aquilo. Não ter ido bater no seu apartamento e muito menos estar aqui... Tentando fazer algo diferente. Foi uma péssima ideia pelo visto. – Fiz menção de abrir a porta, mas Igor não deixou, parando a minha frente. Ele passou a mão no rosto.

– Malu, espera... Eu disse tudo errado.

– Tem razão. – mordi o lábio, magoada. – Disse mesmo.

– Me desculpa.

– Pelo que? Por estragar tudo de novo? – A expressão dele vacilou. Fazendo eu me sentir quase culpada

– Eu não faço de propósito. – Ele murmurou, baixinho. Suspirei, virando o rosto.

– Claro que não.

– Vem aqui. – Ele me puxou, tentei me soltar.

– Me solta.

– Estamos mais ou menos juntos, lembra? – revirei os olhos ante a sua gracinha. – Me escuta um pouco.

– Hoje não. – disse, ríspida. Não queria conversar, não queria olhar para ele agora.

– Ah, hoje sim! – Ele me segurou pelo quadril, seu tom me assustou, me fazendo olhá-lo. – Minha vez de escolher o que fazer. Não vou deixar tudo que estava indo bem se acabar por palavras mal colocadas. Cansei disso.

– Então foi só isso, palavras mais colocadas?

– Não, não. Fui eu sendo um cara normal e ciumento. Me desculpa. Absolutamente bobagem minha achar que aquele cara chato conseguiria roubar você de mim. Como ele iria te seduzir? Fazendo você morrer de tédio? Bem capaz.

– Igor...

– Certo. Parei. – Ele respirou fundo. – Me desculpa, ok?

– Me solta! – continuei, tentando me manter firme. Ele me fez olhá-lo, segurando meu queixo.

– Antes, me responde. Você sabe o que quer Malu?

– Ninguém sabe o que realmente quer.

– Eu sei. Eu quero você. Eu tenho certeza que é o que eu quero. – O jeito como ele me olhava fez com que eu quisesse desviar os olhos, mas não consegui. Respirei fundo, tentando encontrar ar, meu coração acelerando. – Mas quero saber e você? O que você quer? Até onde vamos com essa história? Ou eu posso ligar mais uma vez para Daniela?

– Seu seu... grosso! – De alguma forma, Igor sempre conseguia me irritar. A menção a Daniela me fez ficar ainda mais irritada, ele me puxou ainda mais de encontro a si.

– Não me chame de seu... Fale “meu grosso’’. Talvez isso te ajude a ver.

– O que?

– Que eu sou só seu. Que nenhuma garota vai mudar isso. Mas eu não sei se você é só minha, se tenho que me preocupar com outros. Por favor, diz baixinho no meu ouvido que você me quer, só a mim. Me dê essa satisfação, Malu. Por favor... – Ele se aproximou, colando sua boca no meu ouvido, próxima ao meu pescoço. Todas minhas defesas e raiva se evaporando ante ao contato de seus lábios a minha pele. Engasguei com a falta de ar, me sentindo quase desfalecer. – Por favor...

Não consegui resistir, quando seus lábios procuraram os meus, me colei a eles. Esquecendo-me de respirar, de me soltar, de tudo. Quando ele se afastou, nossas testas coladas, me lembrei subitamente de Edith, sabendo que ela provavelmente tinha conversado e que agora era a minha vez. Sabendo também que se eu não fugisse, acabaria fazendo besteira novamente.

– Tenho que entrar, Edith precisa de mim. – falei, a voz trêmula e falha.

– Acredita mesmo que ela está aí? – Seu hálito me deixou levemente tonta.

– C-claro que está. – Então, ele me beijou mais uma vez. Me afastei, desgostosa.

– Rápido demais, lembra?

– Não me importo muito com isso. – Ele tentou voltar a me beijar.

– Eu sim. – Tentei controlar o movimento da minha respiração, o peito de Igor também arqueava, ele colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

– Eu sei e só por isso que estou deixando você ir. – Ele lambeu os lábios, me dando um beijo na testa. – Até amanhã.

– Até...

Entrei no apartamento colocando o cabelo atrás da orelha, dei de cara com uma Edith sentada no sofá, ela pareceu contente em me ver.

– Oh, você chegou. – Os olhos estavam mais calmos e tranquilos e sua voz um pouco rouca, provavelmente porque ela chorara demais hoje. Me senti quase culpada de estar me divertindo com Igor enquanto ela estava passando por isso. Eu era uma péssima amiga.

– Desculpa, eu...

– Não se preocupa. Pablo cuidou de mim. Aliás... O quanto que você ta vermelha não é brincadeira. O que é isso no seu pescoço? – Ela definitivamente não estava brava comigo, estava atenta e bem ela mesma. Escondi a pequena marca do último beijo de Igor com a mão, tentei direcionar o assunto para ela:

– Cadê Pablo?

– Cansou de me ver chorando.

– Sério?

– Não, ele só me acalmou. – Ela sorriu para mim, cruzei as mãos, chegando perto dela.

– Quer conversar sobre isso?

– Talvez... Mas primeiro você tem que contar tudo! Eu e meu feto temos sede de fofoca.

– É um bebê. – acusei. Analisei ela, mesmo com tudo isto, ainda era curiosa.

– É... É mesmo. É tão estranho pensar nisso. Eu só sinto como se tivesse engordado alguns quilos, excesso de pizza. – Sentei ao seu lado, rindo do modo todo seu de colocar as palavras. – E agora... Eu tenho um bebê dentro de mim e ele deve estar com uns dois meses. Quer dizer... Eu vou ter um bebê! E logo ele vai estar comendo pizza!

– Daqui a uns bons anos.

– Olha o pai dele! E o tio dele! E a tia dele! – Ela apontou para mim, sorri docemente para ela. – Consigo ver ele nascendo e pedindo uma pizza com acompanhamento de fritas. – gargalhei alto e Edith comigo, todo o ar tenso se dissipando.

– Você parece estar aceitando isso melhor.

– Eu estou, acho. Eu vou conseguir... Quer dizer, eu to ferrada. – Ela bagunçou os próprios cabelos, mas ainda sorria. – Super, super ferrada. Mas Pablo vai me ajudar e enlouquecer comigo. Parceiros nisso também, ao menos. Pelo menos é nisso que estou me apegando agora, uma coisa de casa vez...

– Isso é bom. – concordei com seu modo de pensar. Seus olhos me analisaram, curiosos.

– Então, o que aconteceu ontem?

– Nada demais.

– Por favor... – ela choramingou, provavelmente não me deixaria em paz até eu contar tudo.

– Foi uma recaída.

– Outra?

– A outra não conta. – passei a mão pelos cabelos, constrangida. – Foi só um beijo... e...

– Então dessa vez foi com tudo! Haha. – Ela riu, bem humorada.

– Você me convenceu a ir! – choraminguei, tentando fazê-la sentir pena de minha vergonha.

– Eu te dei uma dica, você foi porque quis.

– Eu estava bêbada!

– Você nunca fica bêbada. – Edith disse pacientemente, seu olhar malicioso não abandonando seu rosto. Eu tinha que tirar aquele olhar de seu rosto, era constrangedor demais.

– Alguém ficou bêbado.

– Você embebedou Igor e se aproveitou dele?

– Não! Não foi bem assim. – sorri, as lembranças passando rapidamente pelos meus olhos. – Ele estava bastante lúcido.

– Safadinha. – Acabei corando e nós duas explodimos em gargalhadas. – Ai ai... Não precisa mentir. Foi mesmo só uma recaída?

– Bem... Não sei. Só aconteceu.

– E foi bom? Ah, que pergunta idiota. Claro que foi... – Ri baixo. – O que aconteceu mais?

– Agora? Bem... Ele me levou pra jantar, foi só. – sorri e ela sorriu de volta, o rosto concentrado em minha expressão. Pegou minha mão, sorrindo de leve, seu rosto se tornando insuportavelmente delicado e infantil quando ela fazia isso, simplesmente deixando seu lado doce aflorar.

– Estou feliz por vocês.

– Eu também estou feliz por você.

– Claro, um bebê vai sair de dentro de mim. – Ela disse, quase resmungando. – Que honra!

– Só por curiosidade... Há tempo vocês estavam namorando escondido? Pra Pablo achar que foi traído e tudo o mais.

– Merecendo uma surra por isso e talz. Entendi... Bem mão estamos namorando, só umas saídas ocasionais. – Ela explicou. – Há umas duas semanas.

– E agora vai ficar tudo mais sério.

– É, vai... Vamos ter um filho! Ligados até os netos. Oh droga. Nunca vou me livrar de Pablo. – Ela voltou a segurar minha mão. – A propósito, tenho que falar algumas coisas com você.

– Sobre?

– Pablo quer que tenhamos um relacionamento, por causa do bebê e tudo o mais. Eu quero também, mas não só por causa da criança. Ele é meio teimoso.

– Ele gosta de você.

– Vou parir um filho dele, é bom mesmo que goste. – revirei os olhos, ela prosseguiu. – Como temos vários meses pra nos acostumarmos com isso... E com o bebê. Estamos pensando em eu me mudar para o apartamento dele.

– Como é? – engasguei, surpresa. Não espera apor isso. Não conseguia me imaginar morando aqui, sozinha... Pior, sem Edith. Mas de alguma forma, também não conseguia imaginá-la aqui, só nós duas cuidando do bebê. Pablo tinha que estar bem mais presente, embora ele só morasse alguns andares abaixo de nós.

– O apartamento dele é maior, tem três quartos... Um deles reservado para o bebê. O outro pra quando eu quiser deixar Pablo de castigo. – Ela se justificou, ainda fazendo graça. Mas logo seu rosto começou a adquirir um tom rosáceo enquanto ela prosseguia. – Queremos tentar construir uma relação. Estranho falar isso. Quer dizer, é eu e o Pablo!

– Não acredito que você vai se mudar. – Fiz bico sem poder me conter, ela sorriu.

– Não agora, agora... Só queria que você já soubesse. Pensa, Pablo sempre estará lá pra me ajudar. Porque ele se mudar pra cá seria estranho. Vai ser melhor e tudo o mais. Sem choradeira de bebê no seu ouvido. Enfim, ainda temos uns 5 meses até tudo isso acontecer e tudo o mais.

– Ta bom, confesso... – arquei os ombros. – Faz sentido.

– Não está brava?

– Não, entendo. De boa.

– Uau. Igor é o melhor remédio que já arranjaram pra você. – Ela sorriu maliciosa. – Te livrou de toda aquela tensão...

– Por favor, pare. – choraminguei, tirando minha sapatilha. – Aguentei demais isso de Pablo hoje.

– Por falar da sua última noite e sua coragem. Em um dia normal eu diria: Vamos abrir uma garrafa de vinho e comemorar meu desencalhamento e finalmente seus pegas com Igor! Mas me contento com suco de uva e assistir alguma comédia romântica?

– Isso aí! – levantei os braços, rindo, entrando no clima. Ela se levantou indo buscar o DVD. O apartamento parecendo subitamente acolhedor. Não tinha problema Igor morar ao lado. Era normal, era bom... Confortável e até mesmo cômodo. Quanto a Edith, olhando se movimentar pelo apartamento e pela conversa, Edith parecia confusa, mas nada desorientada e sentia no fundo que ela estava contente. A conversa dela e de Pablo devia ter sido ótima mesmo! As coisas estavam se ajeitando, definitivamente, creio eu.



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Notas finais do capítulo

Carlos, Carlos... Será ele 1 problema? Edith e Pablo se ajeitando rapidamente. ♥ Igor e Malu sempre brigando, sempre se provocando... kkkk
To sem criatividade hoje.
Ahhh mt legal quem me adicionou, fiquei felizona, awn. Brigadão, viu?
Obrigada por lerem. Reviews? :)) ~ Leitores fantasmas, apareçam! hihi~



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