Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 31
Capítulo 31 - Falsas expectativas


Notas iniciais do capítulo

Iaíiii; tudo bem com vocês?
Desculpem pelo capítulo cavalar, mas foi necessário ;)



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Pov Igor

Ao ver a expressão de Malu de tristeza e desgosto me vi afundar no meu desespero, e ao mesmo tempo me sentia envergonhado. Não conseguia vê-la assim, triste, seu rosto contorcido em tristeza. Seu queixo tremia e estiquei minhas mãos impotentes. Daniela sorriu para ela, piscou para mim e saiu andando. Me amaldiçoei ainda mais. Lembrei-me do que havia acontecido na noite passada. Noite escura, borrada, quase apagada de minha mente. Tentei dizer a ela:

– Malu, eu...

– Shhh... Não diz nada. – Ela me interrompeu, a voz rouca e baixa. Quase inaudível. – Não me deve explicações.

– Eu não, eu juro que não... – senti o desespero entalar em minha garganta.

– Shhh tudo bem. – Ela colocou a mão na testa. A aliança me dando um tapa, o coração se comprimindo, a garganta secando. Respirei fundo. Eles ainda estavam juntos, tudo tinha saído como eu sabia que aconteceria. Ela tinha Victor agora. E eu havia prometido não intervir. Me lembrei que sua dor passaria quando ela retornasse para os braços de Victor. Meus braços penderam ao lado de meu corpo. – Por favor, não quero ouvir nada.

Ela entrou no apartamento e eu fiquei parado ali no corredor. Sabe se lá por quanto tempo. Olhando sua porta. Travando uma batalha contra mim mesmo. De ir até lá e bater em sua porta. De implorar mais uma vez. Mas eu já havia feito isso vezes demais. E eu simplesmente não aguentava mais. Um dia eu teria que deixar alguma Daniela entrar em minha vida. E dessa vez, eu dormiria com ela. Não seria assombrado pelas lembranças dos olhos de Malu e iria em frente dessa vez. Entrei no meu apartamento, sentindo os pés cansados. Ri de cara com o apartamento vazio, ri de como fui patético noite passada.

No primeiro momento que a vi Daniela parada em meu apartamento deixei que ela fizesse o que tanto se insinuava desde que me conheceu. Deixei-a andar pelo enorme espaço da minha sala, um grande avanço para uma garota qualquer, porém não consegui deixá-la prosseguir. Não a deixei andar pela cozinha ou até mesmo fazer menção de se deitar naquela cama. Tudo porque eu simplesmente não conseguia expulsar Malu e suas palavras da minha cabeça.

Tentei convencer Daniela a ir embora, já me sentindo mais que alterado. Ela riu teimosamente, parecendo saber que eu estava fraco e bêbado demais para conseguir a expulsar. Então ela me beijou. Eu deixei-a me beijar. Permiti corresponder ao seu beijo voluptuoso misturado com o gosto de álcool. Deixei-a tirar minha camisa com os dedos longos a passarem por mim, as unhas pintadas de um rosa berrante chamando a atenção. O cômodo na penumbra, iluminado por um pequeno abajur deixava tudo ainda mais sensitivo, eram só toques, nenhum rosto, nenhuma voz, era desorientador. Fora tudo tão rápido e me deixava zonzo. Estava meio perdido entre seus beijos, tentando me situar, encontrar algo em seus lábios, mas nem sequer prazer encontrei. Deixei-a fazer isso, beijar-me, tocar-me... E até deixei que ela ficasse seminua a minha frente. Mas então ela pisou em um carrinho de Eduardo, escorregando desajeitada ao tentar me beijar mais uma vez. E todo e qualquer desejo que pude sentir por ela evaporou. Quando ela rindo tentou me beijar a afastei delicadamente. Colocando as mãos na cabeça, ela procurou meus lábios novamente, a afastei. Ela pareceu entender. Vestiu suas roupas novamente e me estendeu a camisa parecendo resignada, ou mais ou menos isso.

Me afoguei no whishy com uma mulher que tentava a todo custo me provocar, ao invés de me deitar com ela. Dividimos uma garrafa inteira. Então eu apaguei, pensando no sorriso desajeitado de Malu marcado no rosto de Daniela. Belos sonhos, hã? Acordei um pouco depois das 15:15, com Daniela me observando dormir no sofá. Foi quase assustador acordar com seu rosto sorridente tão perto do meu. Ela tinha feito café e nunca parecera tão animada. Senti raiva de mim mesmo. Não devia ter dado algum tipo de esperança para ela.

Agradeci a educação e pedi para que ele fosse embora. Ela foi um pouco teimosa, mas sorrindo aceitou ir embora, parecia satisfeita. Então Malu apareceu... E bem... Repetir pra que?

~*~

Tentei passar as próximas horas fazendo meu exercício mental de procurar esquecer a Malu no meu apartamento. Exercício meio inútil. Mas parei pra pensar que eu nunca havia verdadeiramente tentado. Eu não tava esquecer Malu, só esperava. Tinha a certeza que ela voltaria, ou me apegava demais a isso. No final das contas, ela voltara. Porém não do jeito que eu esperava. E mesmo depois de tudo, de toda a certeza do sentimento que eu nutria por ela. Eu não sabia mais o que fazer. Eu abrira mão dela para Victor ou simplesmente aceitara que ela não seria feliz comigo? Ambas opções faziam minha cabeça martelar, vacilando entre o desespero e a incerteza de como levar isso adiante. Eu não a teria mais, isso estava bastante claro. Eu não conseguia deixar isso simplesmente de lado.

As palavras de Malu vieram subitamente a minha cabeça:

“E sempre que você vai embora, Igor... Sempre... Eu me perco um pouquinho.”

Então porque ela simplesmente não ficava, caramba? Puxei os cabelos inconscientemente. Então porque ela não se encontrava em mim, comigo, com um nós? Porque ela sempre ia embora?

Novamente suas palavras me atingiram como uma bofetada:

“Mas parece tão errado por você ter Eduardo. E eu tenho o meu Victor. Eu o amo também, de uma forma diferente, entende?

Era difícil entender, ainda mais difícil aceitar. Mas eu disse que respeitaria sua decisão e eu o faria. Entretanto, desejar que ela ficasse comigo seria algo bipolar demais? Mas é um fato: O desejo não anula minha promessa. É algo individual, que eu farei sozinho. Sabe se lá por quanto tempo.

Passei o resto do dia assim, convencendo-me de que assim fora melhor, que tinha que ser assim. E que Malu e Igor talvez tivéssemos perdido nossa chance há um bom tempo atrás. Claro, não conseguia me convencer. Na verdade, nunca fui muito convincente. Nunca me convenci que não a teria. Nunca consegui a convencer a ficar comigo. E agora não consigo me convencer que vou conseguir superar isso. Em muitos aspectos, eu conseguia ser convincente. Mas nessas questões sentimentais eu era uma vergonha. Afinal, como convencer a si mesmo que amar uma pessoa é errado? Pior, como convencer a si mesmo a não amar uma pessoa?

Fiquei afundando nessas questões por um longo tempo, afundado no escuro, com pedaços de pizza velha, cerveja e o que sobrara de uma vodca que Pablo me dera de aniversário. Fiquei na minha perfeita fossa até Pablo vir bater na minha porta no dia seguinte. Ele estava sério e ao mesmo tempo nervoso. Talvez porque Edith estava próxima a ele. Ele simplesmente não se tocava que nunca falara pra mim de nenhuma garota como ele falava dela, ou que se roia de ciúmes pelas cantadas que Edith levava no trabalho, bares e etc.

– Meu Deus, Igor! – Edith reclamou. Voltei ao sofá, trocando o canal. – Que cheiro de bar.

– Engraçadinha.

– Passou o final de semana inteiro sem abrir as janelas? – Ela foi abrindo as janelas enquanto falava e Pablo sentara-se a minha frente no sofá. Revirei os olhos.

– Desculpem eu ser grosso e etc, etc. Mas não to muito a fim de bater papo hoje. Ou sentir a luz do sol. Porra, Edith... – reclamei quando Edith abriu a porta da varanda, a luz do sol me cegando subitamente. – Fecha essa janela!

– Viemos te contar novidades. – Ela arregalou os olhos fingindo animação.

– Hum... Não passei tanto tempo sem ligar a TV, sabe? – A ironia vazava pelos meus poros. – Alguma guerra explodiu? Um novo planeta descoberto?

– Muito engraçadinho. Mas na verdade...

– Malu terminou com Victor. – Pablo a interrompeu. Arqueei a sobrancelha. – Na verdade... Ele terminou com ela! – Pablo disse alegre.

– E você está feliz? É um término de relacionamento longo! – ironizei. Eles ficaram em silêncio, Edith parecia meio incrédula:

– Você ouviu alguma palavra do que Pablo disse?

Respirei fundo. A ficha caindo lentamente. Não era isso que eu sempre queria? Que eu desejara ardentemente? Ter finalmente o caminho livre? Porque não estava pulando de alegria? Sim, era o que eu sempre quis. Mas não era ela aqui, contando-me isso. Balancei a cabeça, mal acreditando nisso. Era irônico demais pra mim. Eu havia desistido dela e ela termina com Victor. Que ótimo! Agora eu não tinha certeza de que ela não me queria porque amava outro, mas sim porque não me amava o suficiente.

– É, ouvi. E não sei por que vieram me contar. Suas velhinhas fofoqueiras! – acusei-os. Eles se olharam confusos.

– Achei que você fosse o mais interessado nisso.

– Acorda, Igor! Vocês finalmente vão ficar juntos. – Pablo chutou minha perna de leve. Ri baixo, pegando o copo ainda cheio a minha frente. Me sentindo um pouco mais zonzo. As palavras de Pablo pareciam quase uma piada de mau gosto.

– Vamos finalmente ficar juntos? Então porque é que vocês dois estão aqui e não ela? – Era tão óbvio. Ela não queria a mim ou a Victor. Nós a tínhamos perdido. Se ela realmente me quisesse, já estaria aqui.

– Ela te viu com Daniela e... – olhei para Edith. Ela cruzou as mãos. Lembrei da expressão desapontada de Malu e me amaldiçoei por ser eu novamente o causador disso, mas não parecia muito bem justificar. – E... Você sabe...

– Você também sabe que ela não está aqui necessariamente por causa de Daniela. – esclareci. Edith pareceu embaraçada.

– Ela acha que você seguiu em frente.

– Bem, depois de tudo que eu disse na conversa se ela realmente achar isso... Ela estará sendo uma bela idiota, não acha?

– Ah qual é! – Edith pareceu exasperada agora. – É sua grande chance, Igor!

– E você acha... Que depois de me ver com Daniela ela simplesmente vai voltar correndo pra mim? Depois de tudo que fiz? Por favor... Só dei mais um motivo pra ela se convencer a não ficar comigo. – Me senti irritado subitamente, analisando tudo. Tudo que eu fiz. Tudo que eu estava prestes a perder. Tudo que eu fiz. Eu sabia que tinha errado. Eu me odiava por isso. Mas o que eu podia fazer? Tudo que eu tentara fora negado. – Ela faz isso o tempo todo! Arranja motivos pra não ficar comigo. E nessa noite dei o melhor motivo: Transei com Daniela depois de dizer que a amava.

– Você não dormiu com Daniela. – Pablo disse calmamente. Roubando minha cerveja.

– Ah é? Como pode saber disso?

– Eu simplesmente sei. – Ele disse tranquilamente. – Te conheço bem demais pra isso.

– Ah, claro, claro.

– Não achei que de vocês dois você seria o covarde! – Edith parecia estar se estressando. O rosto se avermelhando, sua voz ríspida. – Um puta covarde. Ela precisa de você!

– Ela não precisa de mim, entende? – rebati no mesmo tom. Ela revirou os olhos. – Ela precisa aprender a não precisar de ninguém! Ela precisa... Ela precisa me querer. Não é precisar necessariamente. Ela simplesmente deve fazer o que ela quer. E eu não vou a forçar a ver. – respirei fundo. Era algo que ela precisava fazer sozinha. Não precisava de mim no pé dela. Se ela quisesse ela viria até mim e me teria. Baguncei os cabelos, também exasperado. – Olha... Eu... Só acho que se ela ainda me quiser, ela virá atrás de mim. E se ela souber ao menos o quanto eu a amo. Ela vai saber que eu não dormi com Daniela. Ou vai me perdoar por isso.

– Você quer que ela corra atrás de você?

– Não... Mas não reclamaria se ela quisesse. E você sabe que não seria lá muito difícil me convencer. – me inclinei, tentando pegar a garrafa. Pablo a tirou de meu alcance. – Me dá a garrafa, Pablo.

– Você nunca foi de beber. Eduardo não merece um pai alcoólatra

– Muito engraçado, vocês adoram usar esse argumento contra mim e olha que novidade: não funciona! – ri ironicamente, dando mais ênfase as palavras. – Por favor... Só quero dormir e isso é um bom sonífero.

– Você desistiu, não foi? – Edith me olhava severamente. – Desistiu da Malu?

– Claro que não! Quer dizer... Eu desisti de acreditar que ela iria voltar pra mim. Com ou sem noivo. – Minha boca ficou meio árida com essa certeza, lambi os lábios me sentindo fraco. – Embora eu ache que seja meio impossível deixar de amar alguém. Só por desistência.

Me inclinei no sofá, jogando a cabeça pra trás. Desistindo da garrafa. Que se dane a porcaria de uma garrafa de álcool, pensei. Eu não precisava disso pra dormir. Eu tinha pensamentos demais pesando em minha cabeça, me fazendo sentir fraco e sonolento. E além do mais, absolutamente exausto.

– Acorda, Igor! – Edith sentou do meu lado. Me sacudindo realmente levemente por alguns segundos. Continuei de olhos fechados. – Acorda! Não percebe o que está em jogo?

– Isso não é um jogo, Edith. Não é um filme. – Abri os olhos e dei de cara com seu rosto subitamente triste. – Não sei onde é o fim dessa história. E se já tiver acabado e eu não tiver visto os créditos? E se não tiver mais continuação? Tenho que aceitar isso de vez, entende? Senão... Como vou seguir em frente?

– Seguir em frente? Não acabou, Igor!

– Talvez tenha acabado! – respirei fundo. Como Malu podia afirmar uma coisa dessas com tanta convicção? Era doloroso! E ela dizia com tanto treino, tanta certeza, quase não vacilava... Que até parecia verdade. Talvez realmente fosse. Pigarreei. – Olha... Quando conheci essa garota na praia... nunca tive roteiro, nunca tive manual de instruções ou regras que eu deveria ler. Eu só a quis. Eu só fiquei com ela enquanto me foi permitido. Enquanto não fiz algo estúpido pra ela me deixar. Eu só a amei, mesmo que não fosse exatamente assim pra ter acontecido. A vida me deu escolhas e no final das contas eu decidi tudo. Mesmo a maioria das escolhas sendo erradas. Mas tudo isso... Tudo que já passou não é um jogo. É a minha vida! As coisas não vão acontecer do jeito que você espera, que Pablo espera... Ou que eu espere. Nada disso vai acontecer dessa forma. E o que eu posso fazer nisso tudo? Mais nada. Eu já fiz tudo que podia fazer. Sinto isso. Não é a minha vez agora. Claro, é a minha vida. Mas também é a vida da Malu. E ela simplesmente não quer alguém correndo atrás dela, disputando-a ou algo assim. Eu não posso fazer mais nada agora.

– Não é assim que funciona.

– É exatamente assim que funciona! Você quer que eu corra atrás dela de novo, Edith? Eu não posso mais. Sabe o que eu aprendi nesse tempo todo? – Peguei em sua mão, tentando passar toda a emoção que eu sentia. – A Malu não quer que eu corra atrás dela. Ela me disse vezes o suficiente. Eu não sou burro! E eu não tenho mais energia pra isso. Nem ego. Nem orgulho faltando. Entendeu? – Ela abaixou a cabeça. – Agora podem, por favor, me deixar sozinho? Preciso dormir e tirar essa cara de ressaca porque vou ver meu filho amanhã. No final dessa história toda eu ainda tenho ele, não é?

Não esperei resposta, fora quase uma retórica. Me levantei, caminhando para o banho. No final das contas, não podia me arrepender do que eu tinha feito. Não pelo meu filho. Poderia não ter aquela mulher para sempre, mesmo que isso me machucasse e matasse lentamente, mas eu o teria. Só não conseguia colocar a certeza dessa perda em minha cabeça.

Com a cabeça debaixo da água gelada... Subitamente, quase involuntariamente, comecei a torcer para que Malu aparecesse em minha casa. Que dissesse que me queria. Queria que ela dissesse com todas as palavras que independente de tudo ainda me queria. Que fizesse algo. Em anos, eu começara a duvidar da intensidade de seu sentimento por mim e isso era devastador. Ouvi um sussurro baixo e seus olhos líquidos me encarando.

“Eu te amo, Igor... muito...”.

Sorri de leve, sentindo os olhos aguados, mesmo fechados. Algo prendendo fundo na minha garganta. Ela me amava afinal. Nem tudo poderia estar perdido, mas estava. Um cara pode se enganar fácil. Principalmente um cara bêbado e ferido como eu. Umas palavras, uma garota e todo esse sentimento aprisionado... Pode criar uma bela, boa, alegre e redentora ilusão. Mas a continuação de suas palavras fez o indício de uma esperança desaparecer.

“Mas isso não é suficiente. Não com tudo que passamos, com tudo que sinto, com tudo que posso perder...”.

Então, afinal. Nem tudo poderia estar perdido, mas algo me dizia que estava. Não quanto Malu parecia ter certeza que eu amá-la e ela me amar não parecia suficiente. Enquanto seu orgulho fosse maior que sua vontade de ficar comigo... Não existiria nada concreto entre nós.

Pov. Malu

Reservei os próximos dias daquela semana apenas para mim. Claro que a notícia do término do meu noivado tinha alcançado meio mundo rapidamente. Inclusive Igor. Mas ele não veio atrás de mim. Claro que uma boba parte de mim.... A convencida e acostumada com toda sua insistência, tinha quase certeza absoluta que ele bateria em minha porta, mas isso não acontecera. Eu tentava não me sentir infeliz com isso, mas era difícil. Era hipócrita querer que ele tivesse feito isso sabendo que eu o mandaria embora. Muito hipócrita.

No trabalho... Seus horários divergiam com os meus. Eu o via todos os dias entrando no seu carro. Indo embora... Suas instruções eram passadas por Pablo, que não fazia mais piadinhas. Quanto a Edith, tentava me alegrar de toda forma. Quando lhe perguntei o que Igor tinha, ela disse que ele estava se refazendo de nossa conversa e que estava esperando algo muito importante. Não tive coragem de lhe perguntar o que ele esperava. Quanto a Daniela, havia conseguido um cargo efetivo de 3 meses no Planetário, para minha total e completa infelicidade. Preferia não pensar nela indo ao apartamento de Igor. Me dava náuseas. E diante disso eu sempre acabava comparando toda minha raiva, com a raiva que Igor sentira de mim quando eu estava com Victor.

– Não podemos simplesmente ficar em casa hoje? – perguntei, desgostosa. Edith continuava olhando para frente, a atenção voltada ao transito.

– Claro que não.

Victor não havia me ligado ou mantido qualquer contato. Apenas um e-mail essa manhã. Desejando-me feliz aniversário. Era o primeiro aniversário em três anos que eu passava sem ele por perto. Isso machucou. Eu me sentia infeliz sem ele e sua segurança. E ao mesmo tempo, eu me sentia infeliz com a ausência de Igor. Estava assombrada por lembranças de toda parte. Me sentia sozinha e incapaz. E, claro, absolutamente culposa. Era doloroso pensar que a cada dia eu me desapegava cada vez mais de Victor e me agarrava ainda mais aos ciúmes, tristeza e desgosto ao saber que tinha desistido de Igor e que ele finalmente estava seguindo em frente.

Quanto ao meu pai, ele havia ido embora com David e Carlos. Me fizera prometer que iria visitá-lo, o mesmo para Ceci. As coisas entre nós seriam diferentes agora. Ao menos, uma coisa boa.

– Ah, Malu. Tira essa cara triste. – Edith choramingou, estacionando o carro na frente da casa da minha mãe. – É seu aniversário!

– É, eu sei. Grande coisa. – Que importância tinha meu aniversário? Eu preferia passar o resto da noite exatamente como passei o meu dia. Afundada no trabalho, me obrigando a não pensar. Saí do carro, entrando dentro da casa sem bater. Minha mãe me abraçou com força, assim como Ceci, Pablo, Alexandre e Edu. Karol não tinha vindo, ainda estava com o pai. Olhei ao redor, procurando uma sexta pessoa. Não muito surpresa constatei que ele não estava aqui, mas isso não impediu a decepção me atingir.

– Que bom que veio, querida. – Minha mãe voltou a me abraçar. – Feliz aniversário!

– Obrigada, mãe. – Edith havia falado que se eu quisesse podíamos sair para uma boate ou ficar na casa da minha mãe. Preferi a opção simples, mais caseira, deixava-me mais tranquila. Ainda mais porque eu não estava com a mínima vontade de comemorar.

– Não consigo acreditar. Vinte e dois anos! – Minha mãe acariciou meu rosto. – Parece até que foi ontem que você era uma menina rebelde.

– Que odiava saltos e maquiagem. – Ceci acrescentou, os braços cruzados, um sorriso de lado. – E me enlouquecia com aqueles vestidos do século passado.

– Eles eram muito legais. – Me defendi, fazendo careta.

– E vivia andando naquele skate! – Ceci gemeu de desgosto, fazendo uma careta engraçada, ri baixinho. – Como um moleque.

– Bons tempos.

– Engraçadinha. – Ela me mostrou a língua.

– Malu, Malu! – Edu sacudiu minha camiseta. O olhei, sorrindo diante de toda sua hiperatividade.

– Sim?

– Você tem que ver seu bolo!

– Primeiro jantar... – Minha mãe avisou. Eduardo gemeu:

– Vó! Por favor!

– Só come bolo quem jantar. – Ela se manteve firme.

– Melhor ouvir sua avó. – pisquei para Eduardo.

– Estou falando de todo mundo, não só do Eduardo.

– Qual é, mãe! – reclamei, brincando. – É meu aniversário.

– Então acho bom você realmente jantar. Não comer o próprio bolo... Que vergonha!

– Que chatice! – reclamei com Eduardo. Ceci riu, indo ajudar minha mãe. Acabamos todos na cozinha ajudando a preparar a mesa. E o jantar foi alegre e até divertido. Minha mãe conseguiu me distrair, estava alegre e risonha. E Alexandre bem participativo. Parecia ansioso em ter que ir a São Paulo fechar um contrato bem vantajoso para a empresa. E Ceci parecia orgulhosa e maternal cuidando do noivo e do filho. Pablo estava mais calado, talvez pela ausência de Igor. Já Eduardo não parava de perguntar do pai para a mãe. Perguntava por que ele não havia vindo insistentemente. Talvez aquela noite, Eduardo tivesse fazendo a pergunta tão insistentemente quando meu lado sentimental me fazia.

Porque Igor não estava aqui?


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Notas finais do capítulo

Acho, só acho... Que vocês devem me amar mais é MUITO pq o Igor não dormiu com a Vacaela, afinal. Ú.Ú Ta, brinks. Exagerei.
Então Igor passou a bola pra Malu. Hã, hã, que tal? Será que Mal finalmente se tocará de vez? KK Enfim...
Eu amo/sou o próximo capítulo. E ele provavelmente sai em breve porque to de férias ~todascomemora~. Só sei que até o fim desse mês quero ter terminado essa fic especificamente u.u
Enfim, espero que tenham gostado. Reviews???