Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 20
Capítulo 20 - Será?


Notas iniciais do capítulo

N/A: Geral me chamando de enrolada e me ameaçando pra postar logo. KKKKK gent, desculpem por ser enrolada. =/ Mas aviso que provavelmente até terça teremos outro capítulo. *00*
Quero agradecer a Nessa_fontoura pela linda recomendação. Nem sei como agradecer. Minhas bochechas ficaram doendo porque eu sorri por um tempão. Linda, linda, linda mesmo! Essas coisas simples, esses reviews, essas recomendações é que me fazem escrever com tanto gosto. ♥ Obrigada suas, lindas!



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Pov. Malu

Eu bebia meu café concentrada. Era tarde e eu estava fazendo hora extra, organizando a papelada de relatórios que eu teria que enviar para o Sul. Não conseguia parar de pensar no incidente catastrófico da última noite. Tanto que aqui estava eu, trabalhando... Em pleno sábado, tentando me distrair. Me levantei, decidida a dar uma volta para espairecer. Caminhei pelos corredores, até que vi a luz acesa da sala de Igor, sala esta que ele mal usava. Ele saiu de lá e logo reparou na minha presença, erguendo a sobrancelha surpreso e caminhando em minha direção. Engoli em seco, começando a me sentir desconfortável.

– O que anda fazendo aqui tão tarde?

– São só 9 horas.

– Interessante...

– Urrun. – resmunguei. Um silêncio pairou no corredor vazio, parecendo preencher todos os cantos e diminuindo o espaço. Tornando quase difícil minha respiração.

– Andando pelos corredores, por quê...?

– Deu vontade!

– Evasiva? Ok. – Ele cruzou os braços. O silêncio se renovou e eu repremi um suspiro.

– Vai pra casa?

– Não.

– E pra onde você vai? – perguntei, mordendo a língua em seguida. Não pude reprimir a curiosidade. Lembrando de Edith dizendo que Igor era atraente demais para ficar sozinho por muito tempo. E eu não podia ignorar que isso de alguma forma, me incomodava. E eu tinha certa curiosidade, muita curiosidade, pra ser sincera.

– Pensei que nada relacionado a mim te interessasse, madame.

– Foi uma pergunta inocente!

– Tudo bem, então. E você? Vai pra onde?

– Não é da sua conta.

– Como você é chata, Malu. Sério. – ele riu e eu tentei não sorrir de volta, mas foi difícil não me deixar levar pelo seu sorriso aberto e franco. Igor se encostou na parede, indicando que não queria terminar a conversa. Tirou a chave do carro do bolso

– E Victor? – me assustei com sua pergunta, arregalando os olhos e dando dois passos para trás.

– Por que você quer saber?

– Foi uma pergunta inocente! – ele imitou meu tom de voz e até meus trejeitos. – Não precisa responder, é claro.

– Ele não atende minhas ligações. – soltei rapidamente e parei revendo o que estava fazendo. Me perguntei porque estava contando isso para Igor. Mas acho que era por que... Não importa quanto tempo passasse. Eu sabia que poderia falar tudo pra ele. Mesmo que ele sentisse raiva ou coisa parecida, eu tinha certeza que ele prestaria atenção no que eu diria. Mordi o lábio enquanto refletia, sentindo meu queixo tremer com a minha suspeita.– Acho que acabou.

– Ele vai te ligar de volta em breve. Só deve estar colocando a cabeça no lugar.

– Como sabe?

– Foi o que eu fiz ontem. Quando encontrei ele em um bar/pub, etc, por aí.

– O quê?? – me surpreendi, quase em choque. Era difícil pensar em Igor e Victor em um mesmo ambiente... Conversando então? Surreal. Tentei organizar as ideias, enquanto ele me analisava. – Não é do feitio de Victor beber.

– É, ele pedia um whisky importado de nome esquisito e o barmen olhava ele como se ele fosse de outro mundo. Enquanto eu me virei com vodka e Martini. Foi... interessante. – ele disse, prendendo uma risada. Queria perguntar sobre o que eles conversaram, mas sabia que seria perda de tempo.

– Não se mataram?

– É uma pergunta meio idiota, não é? Eu estou aqui.

– Oh, Deus! Você matou Victor! – falei, arregalando os olhos e procurando fazer uma cara de histeria. A expressão de Igor foi impagável.

– Está brincando, não é?

– Um pouco. – sorri de lado e ele revirou os olhos. – Porque está me dizendo isso?

– Você sente falta dele. Consigo lidar que você é meio fraternal em relação a ele. Ou seja, estou querendo ajudar... Você. Não ele, que isso fique bem claro.

– Fraternal? Sou noiva dele há muito tempo pra ser algo só fraternal.

– Argh! – ele gemeu de desgosto. A expressão infeliz. – Acho que preciso de mais vodka.

– Desculpe...

– Pelo que? Você que vai pagar minha vodka.

– O que?

– Vamos pro bar, guria! – ele se desencostou da parede, me cutucando com a chave do carro.

– O que? Nem pensar.

– Sinto falta da minha amiga. Acho que depois de eu quase ter acabado com meu fígado por sua causa ontem a noite, você me deve alguns minutos da sua vida. Antes de voltar correndo pro seu noivo e blá blá.

– Ah ta. Vai nessa...

– Ah, vai dizer que não se lembra das nossas maluquices no apartamento? Você sempre foi meio doida por vinho.

– Não era não. – senti meu rosto corar, lembrando quando achei uma garrafa de vinho de Igor num dos nossos momentos descontraídos. E em como ele ria da minha careta quando provei. Eu sempre fui fraca para bebidas, mas pro vinho eu sempre abria certa exceção.

– Certooo. Vou fingir que acredito. Pois bem, agora você é maior de idade. Que legal! – ele fez uma careta engraçada, e eu ri. Definitivamente ele estava bem humorado. – Me acompanha em uma ou duas doses de vodka, Senhorita ‘Sou independente e adulta e consigo lidar com tudo ao meu redor, menos meu relacionamento com o advogadozinho banana e com meu amor eterno pelo meu supervisor Igor’?

– Cala a boca! Qual o seu problema? – eu disse, sentindo a irritação subir a minha cabeça com suas palavras irônicas. – Não dá pra conversar com você sem sentir vontade de te bater, Igor!

– Vai ou não vai? – ele disse, claramente ignorando minha raiva.

– Acho que é uma péssima ideia. E você não devia ser mais responsável? Pensa em... No... Eduardo! Ele vai odiar saber que o pai é um alcoólatra.

– Primeiro: Eu só bebo quando quebram meu coração. Pode fazer coro de ‘own, como o Igor é fofo’, porque eu mereço. – ri baixo de sua cara convencida, sempre surpresa com sua falta de vergonha. – Segundo: Eduardo não vai saber. Ninguém vai saber. Ninguéem. – ele deu ênfase no ninguém e eu quase ri da sua sobrancelha se arqueando. – Terceiro: Não sou alcoólatra, apenas admirador de bebidas destiladas.

– Você já está bêbado.

– Você que sabe, Malu... Não vou te obrigar. Embora eu devesse. – ele riu girando a chave do carro na minha frente e depois saiu andando. Mordi o lábio. Quando ele sumiu no corredor, mandei tudo às favas. Eu precisava relaxar, mesmo que estivesse envergonhada pelas duras palavras de Igor na última noite, havia algumas coisas que eu sentia como se ainda devêssemos conversar.

– Igor! Espera!

Andei apressadamente atrás dele, que falava com o segurança, avisando que já estávamos indo. Não disse uma só palavra para mim, apenas me conduziu até o estacionamento. O seu carro era diferente, mais espaçoso e como sempre... desorganizado. Como tudo que era pessoal na vida de Igor. Brinquedos de Eduardo estavam jogados no banco traseiro, mostrando que algumas coisas haviam realmente mudado. Mas o cheiro ainda era o mesmo. Masculino e meio amadeirado, e de certa forma suave e salgado... Lembrando-me que ele definitivamente ainda surfava.

– Os CDs estão ali. Se quiser colocar música. – ele apontou um guarda CDs grande. Com uma grande variação de CDs de músicas. Igor havia se tornado um grande admirador de rock clássico, com certo orgulho eu tinha certeza que era por minha causa e meus tempos de revoltada. Achei um CD antigo que eu havia dado para ele de presente de Natal há muito, muito tempo atrás quando nos conhecemos. Aquele verão conturbado, mas também o melhor que eu já tivera.

– Você ainda tem. – murmurei baixinho e ele sorriu, tirando o CD de mim e o colocando para tocar. Legião Urbana dominou o carro. E logo Igor estava cantando alto, quase gritando. Como era de seu feitio.



Ela passou do meu lado

"Oi, amor." - eu lhe falei

"Você está tão sozinha."

Ela então sorriu pra mim.

Ele fazia gestos interpretando a música. E eu quase gargalhei quando ele piscou pra mim. Me senti como naquele dia que nos conhecemos. E ele havia me levado para o Mc Donalds, jogando seu charme de forma natural, como se fosse absolutamente rotineiro ele ser assim. E depois de alguns dias ao lado dele, eu havia visto que era totalmente natural para Igor ser assim... Desinibido.



Foi assim que a conheci

Naquele dia junto ao mar

As ondas vinham beijar a praia

O sol brilhava de tanta emoção

Um rosto lindo como o verão

E um beijo aconteceu



Nos encontramos à noite

Passeamos por aí

E num lugar escondido

Outro beijo lhe pedi

Lua de prata no céu

O brilho das estrelas no chão

Tenho certeza que não sonhava

A noite linda continuava

E a voz tão doce que me falava:

"O mundo pertence a nós!"

E hoje a noite não tem luar

E eu estou sem ela

Já não sei onde procurar

Não sei onde ela está...



Sentia meu estômago embrulhar enquanto a música tocava. Antes de chegar ao fim, mudei para outra mais condizente com meu estado. Nada romântico. Ele ergueu a sobrancelha, confuso.

– Por que tirou?

– Você colocou de propósito.

– Qual é. Eu só gosto da música.

– Sei. Sei. – fui mudando as músicas até parar em ‘Será’. Igor riu alto da minha expressão, voltando a cantar. Claramente me imitando.



Tire suas mãos de mim

Eu não pertenço a você

Não é me dominando assim

Que você vai me entender

Eu posso estar sozinho

Mas eu sei muito bem aonde estou

Você pode até duvidar

Acho que isso não é amor.



– Por que não canta também? Não se reprima, não se reprima. – ele cantarolou.

– Minha voz é péssima.

– Isso é verdade. Mas quem se importa?

– Diz o senhor cantor.

– Minha voz é linda e envolvente.



Será só imaginação?

Será que nada vai acontecer?

Será que é tudo isso em vão?

Será que vamos conseguir vencer?



Ô ô ô ô ô ô ô ô ô ...– ele gemeu/cantou e eu gargalhei. Sentindo minha barriga doer.

– Arran, tão envolvente quanto um gato sendo espancado.

– Olha o respeito aí; subordinada.

– Estúpido.

Brigar pra quê? Se é sem querer! Quem é que vai nos protegeeer? – ele balançou a cabeça ao ritmo da música e eu ri de como ele parecia à vontade enquanto dirigia. Arriscando olhar para mim de vez em quando enquanto dirigia e cantava, sempre um sorriso a minha espreita.



Será que vamos ter

Que responder

Pelos erros a mais

Eu e você?



Cantarolei a última parte com Igor. E no final das contas fomos o caminho todo assim. Rindo das músicas, implicando um com o outro e fazendo piadinhas infame. Como colegas de trabalho, como amigos. Sem nenhuma implicação amorosa, só dois amigos saindo juntos. Por saudade dos velhos tempos. Tentando resgatar alguns resquícios de amizade. E eu percebi, que estava quase esquecendo de Victor e senti a culpa dolorosa se alastrar por todo o meu ser. Talvez beber para anuviar a mente um pouco fosse bom.




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Notas finais do capítulo

Ahh esse capítulo foi lentinho. Mais focado em Malu e Igor, sem quererem de matar... Ainda. KKK Já falei que amo Legião Urbana? pois é. Eu amo. As músicas mencionados são "Hoje A Noite Não Tem luar" e "Será?" ~amodemaiselas~. Próximo capítulo acho que vai ser mais emocionante. uiui. KKKKK enfim, to sem inspiração pra nota de autora, até breve, queridas. ;*****