Heavenly Oblivion I -The Fate- escrita por HopeNightingale


Capítulo 4
IV - Marionetes e Titereiros


Notas iniciais do capítulo

Depois de uma eternidade... Aqui está o capítulo 4! ♥
Sinceramente, acho que nunca escrevi algo tão trabalhoso em toda minha vida! Essa imaginação que tenho é uma faca de dois gumes.
Demorei cerca de três meses para finalizar essa parte da história pois tive que me dedicar muito aos estudos no fim do ano, e em janeiro estava de férias... férias de TUDO XD
Então, em fevereiro, voltei a escrever pra valer. E quero agradecer minha amiga Sil por ter me ajudado muito quando eu estava prestes a desistir.
Espero que continuem acompanhando esse projeto. Heavenly Oblivion é a coisa mais importante que existe pra mim.
Por favor, não deixem meu sonho morrer ♥
E agora, sem mais delongas, boa leitura! O glossário se encontra no final da página ♥



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Ion aproximou-se de nós tão rápido quanto um relâmpago e Lunette, sem hesitar, empurrou-o para o mais longe que pôde; os olhos da garota faíscavam, sua boca mantinha-se amargamente contraída. Nesse instante, quando suas resplandecentes asas se abriram com um leque, fui capaz de perceber que elas, assim como as de Zelpher, também atravessavam as vestes: o conjunto de penas rosadas eram apenas espirituais e, de acordo com tudo que eu aprendera, vivenciara e conhecera até o momento, isso parecia-me ser perfeitamente possível e "comum".


Ataquem! Destruam tudo se for necessário! Podem beber cada gota de sangue celestial da garota, mas apenas capturem a Alma Zero! - O irritante Darkstalker bradou enquanto retomava o equilíbrio. O olhar sombrio havia ganho uma aparência ainda mais atormentadora; seu rosto fino e apático destacava-se na escuridão noturna, assim como uma mancha branca destaca-se em uma tela completamente negra.


Finalizou seu comando e recuou, desaparecendo aos poucos através dos corpos decompostos até que o perdêssemos totalmente de vista. Lune posicionou-se à minha frente; parecia preocupada. Com a voz falha, num quase sussuro, disse:


Hope, está vendo aquele cano alí no chão? - Ela apontou discretamente para a esquerda com o polegar. Assenti. - Use-o para se proteger. Não tenha medo de ferir essas criaturas, elas não vão pegar leve com você.


Lune... - relutei enquanto observava as silhuetas cadavéricas tornarem-se mais próximas e nítidas a cada segundo. - Eu não consigo, não posso.


Faça o que eu disse se não deseja morrer essa noite.


Seu sibilo seco silenciou-me e um súbito ímpeto de coragem tomou meu corpo. Locomovi-me o mais rápido possível na direção do cilíndro de metal e empunhei-o em mãos; no mesmo instante, senti o gélido toque de um daqueles humanóides deformados em meu braço; mesmo com meu pijama cobrindo-o, a aparência física e moral dos seres era grotesca o bastante para que pudesse sentir sua pele fria em contato com a minha.


"Eu vou conseguir!" gritava meu interior, confiante e tomado pela forma mais rústica de adrenalina. Sem raciocinar, movimentei o cano para cima e choquei-o diretamente contra o crânio magro: um urro de dor ecoou e seu asqueroso sangue espalhou-se pelo chão. Foi possível ouvir até mesmo som dos ossos de sua cabeça sendo esmigalhados com o impacto. Meu coração disparou assim que uma gota vermelha intensa respingou, atingindo minha face. O mundo pareceu congelar e muitas coisas surgiram em minha mente, tantas que assumo não poder enumerá-las. A palavra "Assassino" gritava dentro de mim como um assovio fino, enlouquecedor; Não desejava ter cometido aquilo, não desejava ter dado um fim a uma vida (se é que assim podia chamar o que as criaturas possuíam), mas... aquilo foi necessário.


Confesso que senti-me sujo, impuro, detestável, tão odiável quanto o maior criminoso do mundo. Seria aquilo o que significava ser um Lightbringer? Será que Lune e Zel também sentiam-se de tal forma? Obviamente, eu não obteria qualquer conclusão definitiva em um devaneio como este, mas convenci-me de que até mesmo eu, sendo o que sou e o que fui durante toda minha existência, ainda possuía sentimentos tão legitimamente... humanos.


A menina enérgica exclamou algo mais uma vez, silenciando os barulhentos pensamentos confusos e trazendo-me de volta para o tempo real. Embora o caos certamente dominasse o ambiente, prometi, por meus entes queridos, que não iria fraquejar; deveria eliminar qualquer um que estivesse em meu caminho e conviveria com essa suportável dor, proporcionando orgulho para meu pai, meus amigos, para Zelpher, Lunette e, em especial, para minha falecida mãe e Luke.


Afinal, essa era minha promessa.


Ótimo golpe, Hope! - A garota alada gritou animadamente enquanto, com um chute aéreo, dilacerava a cabeça de um dos inimigos. Sua expressão era feliz, contrastando diretamente com o cenário terrível, semelhante aos filmes de terror que costumava assistir.


Minhas pernas, antes cambaleantes, permaneciam em posição de ataque; as veias dos braços pulsavam com vigor e eu quase não sentia mais o habitual frio da madrugada. Sem descansar, golpeei dezenas e mais dezenas de cadáveres ambulantes. Embora estivessem em vantagem numerosa, eram todos lentos e lamentavelmente burros (alguns mostravam certa inteligência superior, mas esta era quase imperceptível). Em poucos minutos, já havia incontáveis corpos retorcidos no chão. Mortos de uma vez por todas.


Lune aproximou-se de repente. Suas roupas, assim como as minhas, estavam cheias de manchas de sangue.


Voce foi ótimo, Hope! Pode descansar agora, consigo me livrar do restante deles sozinha. - declarou gentilmente enquanto fitava ao longe um último grupo de humanóides. Mesmo em meio a todo aquele alvoroço, a Lightbringer era radiante; sua beleza permanecia intacta e exalava uma feminilidade ímpar. Definitivamente, uma garota muito, muitoatraente.


Não estou cansado. - respondi com um sorriso, mascarando a realidade. Meu corpo estava visivelmente fatigado, porém, eu não admitiria isso. Afinal, Lunette era, acima de tudo, uma mulher, e seria vergonhoso deixá-la assumir toda a responsabilidade dessa forma. Foi então que eu, um garoto magrelo, decidi mostrar que poderia agir ( ou pelo menos tentar) como um homem. - Por favor, não se arrisque por mim. Podemos terminar isso juntos, não é?


Ah... - ela corou e sorriu com o canto da boca. Movimentando os lábios sem proferir som algum e apontando sutilmente com o dedo indicador, contou o número de alvos e continuou. - ...quatro, cinco! Tudo bem, Hope. Temos cinco oponentes ainda de pé para nocautear, vamos lá!


Certo, me dê cobertura!


Tomei a dianteira e realizando um potente golpe vertical derrubei duas criaturas. Lune veio logo atrás; com movimentos poderosos e, ao mesmo tempo, delicados, finalizou os corpos, como em uma rápida e vívida dança.


Quando apenas três criaturas permaneciam de pé, e o fim de todo aquela cansativa luta parecia evidente, o inesperado aconteceu: um cadáver já derrotado (o qual eu arruinara o crânio no início da luta) rastejara até mim, sorrateiro. Aproximou-se o mais sutilmente possível e, na primeira oportunidade, lançou seu ferido corpo contra o meu, puxando-me violentamente para baixo. Desequilibrado, caí, soltando o cano que tinha em mãos e jogando-o para longe.


Lunette estava há alguns metros de distância confrontando os últimos inimigos, mas assim que percebeu o que ocorria apressou-se para chegar até mim o mais rápido possível. O morto-vivo, seguindo o comando dado por Ion minutos atrás, não tentou me atacar ou ferir; apenas agarrou-se ao meu corpo, deixando-o imobilizado. Para minha agonia, sua face decomposta, ferida e ensanguentada mantinha-se demasiada próxima de meu rosto, possibilitando até mesmo a visualização de nervuras cerebrais através do grande buraco na região superior do crânio. Pode parecer engraçado, mas neste momento acreditei que veria meu delicioso jantar novamente (de uma maneira não muito agradável, afinal, ele viria mastigado e acompanhado de inúmeros ácidos estômacais mal cheirosos).


"Tudo bem, ela irá socorrer-me e logo tudo isso terá um fim." pensei, crente de que a garota seria capaz de fazê-lo. Ao que presumi, meu rosto progressivamente ficava rubro, refletindo uma indescritível vergonha alheia pessoal.


Quando a Lightbringer localizava-se a poucos passos de distância, Ion reapareceu. Oculto até então em um algomerado de sombras próximo a uma casa destruída, revelou-se e agarrou-a por trás, veloz e preciso como uma flecha.


Me solte seu... - a voz de Lune cessou assim que o garoto apontou o brilhante bisturi para seu alvo pescoço. Fitei a cena claramente do chão, percebendo até mesmo a respiração irregular da garota.


Por que eu deveria soltar, minha querida? Para salvar aquele garoto inútil ali? - Ion proferiu as palavras num tom alto e ácido. - "Podemos terminar isso juntos, não é?". Isso é hilário! Hilário! A ingênua, patética e fraca Alma Zero tentando ser o herói da noite. Faz-me rir com toda essa idiotice! Inúteis! Inúteis!


Embora estivesse aflito e, principalmente, com ódio profundo por Ion, eu sabia que o que dizia era verdade: eu tentara parecer mais forte apenas para impressionar Lune e provar que não era um covarde, um medroso. Porém, esse foi um exemplo perfeito de que existem certas coisas impossíveis de serem aprimoradas de uma hora para outra. Não adiantava precipitar-me, meu avanço viria aos poucos; devia ter calma e sabedoria o suficiente para entender isso. A humilhação dera-me um ensinamento importante, assim como no dia a dia, os momentos ruins, cheios de angústia e desânimo, contrastam com os momentos bons para que possamos aprender a valorizá-los.


O Darkstalker iniciou mais um crescente riso maléfico enquanto fuzilava-me com os olhos. Lunette tentou movimentar-se, mas o garoto aproximou ainda mais o instrumento cortante em direção a sua pele; ela soltou um gemido baixo seguido de um profundo e lento suspiro.


Sei muito bem que um corte físico não é capaz de retirar sua vida, mas você parece temer a dor... O que há de tão errado em ferir-se, Lightbringer?


Mal consegui ouvir o que dizia, mas o pouco que a audição humana permitiu-me bastou para deixar meu corpo mais trêmulo e a sensação de impotência ainda maior; eu realmente não passava de um grande impecilho.


Me desculpe... - sussurei, porém convicto de que tais palavras chegariam aos ouvidos da garota. Uma lágrima morna escapou e percorreu minha face angustiada.


Tudo bem, Hope. Isso não é o fim, é apenas o começo de tudo... - e fitando o céu negro, prossegiu. - A propósito, não acha que está ficando quente aqui?


Assim que a garota finalizou a estranha indagação, ofegou por alguns segundos como se sentisse um latente calor. Ion gargalhou com desdém, mas adotou um humor sério logo em seguida.


Está ficando louca, vadia? Não brinque comigo! Não vou poupar sua vida miserável, estou apenas na espera de meus superiores para que possa assassiná-la na frente de uma platéia excitada. E, de fato, isso é apenas o começo... - proclamou teatralmente. - O começo de uma enorme e gloriosa sequência de triunfos do incrível Ion, do Inferno e dos Darkstalkers!


Embora a situação tensa, as palavras do garoto soaram tão ridículas que custou-me levá-lo a sério.


É o que veremos, caro inimigo. As coisas estão ficando realmente mais quentes, muito, muito, muito quentes... - ela abaixou o rosto, piscou para mim e depois cerrou os olhos. - Que esquentem até que nasçam chamas para incendiarem-nos: Carmine Caelum, Corpus Flammae!


Surpreendido, não consegui conter, dessa vez, um grito de medo: cada milímetro do corpo de Lune cobriu-se de intenso fogo, queimando as mãos e parte do tronco de Ion. Um berro de dor deixou a garganta do Darkstalker e no mesmo instante ele afastou-se, ainda mais rápido do que havia se aproximado da Lightbringer.


Agilmente, veio até mim e, com um poderoso chute, jogou para longe o cadáver que imobilizava-me partindo seu corpo em dois. Para surpresa ainda maior, percebi que nesse momento já não havia resquício algum de fogo sobre sua pele; aparentava estar completamente intacta, como se nada houvesse ocorrido.


Sua vagabunda desgraçada! Eu vou te matar! Vou te matar, está me ouvindo!? - Ion olhava para as mãos, gritava e esperneava, furioso como uma criança mimada que acabara de ser contrariada. Um terrível cheiro de carne queimada impregnou o ar, deixando-o ainda mais pesado e repugnante. Lune gargalhava enquanto ajudava-me a levantar.


Nunca ignore o que uma garota diz, Ion. E a propósito você precisa de umas aulinhas de teatro. - Tal zombaria ressonou com um prazeroso sarcasmo. Voltando-se para mim, com o tom habitual, alertou. - Ainda bem que aquela coisa não fez nada com você. Tome mais cuidado da próxima vez, eu não tenho tantas cartas na manga assim.


Eu... Tomarei... - Ao mesmo tempo que ficava feliz pela preocupação de Lune, não pude deixar de sentir uma última dose de vergonha por tê-la feito passar por tudo aquilo. - Me desculpe mais uma vez, eu acabei deixando minha guarda baixa e... Voce está bem!? Aquela magia, ou melhor, aquele Cântico me pareceu muito perigoso! Como conseguiu sair ilesa após ter fogo espalhado pelo seu corpo sendo que...


Tudo bem, Hope! Não aconteceu nada. - Ela sorria novamente, fazendo com que eu me sentisse aliviado. - Sou especializada em Cânticos envolvendo o fogo: posso materializá-lo com facilidade e controlá-lo de acordo com minha vontade, ou seja, é impossível que eu me queime. - Um bizarro gemido vindo do ferido Darkstalker a interrompeu, mas logo voltou a falar. - Bom, é melhor me livrar dele agora... Caso contrário, será tarde demais e teremos futuros problemas.


Concordei com um grunhido, porém, era óbvio que ela encontrava-se em seu limite; os olhos permaneciam apenas semi-abertos, sua respiração falhava e seu corpo tremia devido a exaustão e ao frio noturno comum em Montreal. Vê-la daquela forma fazia com que uma incontrolável vontade de protegê-la tomasse meu peito.


Já deve ter percebido, não é? - Lune voltou a falar de repente. Parecia séria dessa vez. - Como Ion disse... Nem mesmo eu, uma Lightbringer, sou imortal. Zelpher sofreu um "dano físico", por isso não morreu quando foi atingido na nuca. Caso algum tipo de força espiritual o tivesse ferido de tal forma, certamente teria sido assassinado. - Meus olhos arregalaram e um automático "Como assim?" ameaçou passar por meus lábios, mas a garota continuou antes que eu pudesse realizar tal indagação. - Apesar de tudo, nós sentimos dor, uma dor traiçoeira que nos faz mal e mostra que somos seres especiais, seres superiores. Você, mesmo sendo um Lightbringer, ainda possui um corpo humano, ou seja, pode morrer com um ferimento físico facilmente e a qualquer momento. Portanto, tome cuidado Hope, sua vida e segurança são mais importantes do que imagina.


Contemplei seu rosto por algum tempo e parei imediatamente quando percebi que o fazia de forma tão indiscreta. Com a cabeça baixa, admirei o reluzente Auratelum em meu pescoço e reconstrui a cena em que havia ganho-o mais uma vez. Zelpher havia me dito algo semelhante... Sobre meu Destino e sobre os segredos que apenas eu poderia revelar. Afinal de contas, por que minha existência seria tão importante assim? O que haveria de tão precioso em mim para que precisasse de toda essa cega proteção? Minha mente tentava completar o enigmático quebra-cabeça e, devido a algum estranho motivo, por mais absurdas que fossem aquelas cenas vivenciadas desde o acontecimento no Parque Redlight, todas ganhavam certo sentido agora. Decidi que trataria isso não só como os pensamentos de um Lightbringer perante seu mundo, e sim, como a de Alma Zero. O meu eu desconhecido, o meu eu... tentador.


Eu não sei exatamente o que quer dizer, mas acho que estou entendendo nossa situação... - calei-me por um momento, buscava as palavras corretas que expressariam minha conclusão em relação ao que dissera-me. - Imagino que tudo que você e Zel fizeram por mim até agora deva ter realmente um motivo importante, maior até mesmo do que minha vida como humano ou meu livre arbítrio. Pode parecer ridículo e infantil acreditar em tudo tão facilmente, mas a verdade é que há algo dentro de mim, no fundo de minha alma, que parece já conhecer cada sentimento, cada detalhe, cada partícula dessa realidade tão diferente. É como se eu estivesse redescobrindo o que sou, qual é a real importância de minha existência, e é por isso acredito em você, Lune. Tentarei me manter vivo, prometo.


Não, voce não vai tentar; você vai conseguir, Hope! - Ela olhou diretamente em meus olhos, segurando-me pelos ombros. Parecia contente com a resposta. - E não se preocupe. Sei que sua mente deve estar uma algazarra, mas tenha certeza de que amanhã tudo, ou pelo menos grande parte, será esclarecido. Fico feliz que confie em mim, tenha certeza que o meu maior desejo é mantê-lo vivo e eu não hesitaria em sacrificar minha vida por isso. - Lune mostrou mais uma vez suas duas fileiras de brancos dentes e continou. - Tome cuidado com seu Auralveus também. Caso ele seja destruído, sua Alma desaparecerá.


Através de seus profundos globos oculares com iris levemente violetas, fui quase capaz de ver meu rosto refletido, vermelho e espantado devido a declaração de lealdade. O diálogo, embora cheio de informações e conteúdo, durara pouco mais de um minuto, tempo necessário para que o outro garoto colocasse-se de pé novamente. A Lightbringer tomou a posição ofensiva embora estivesse evidentemente esgotada. As pernas finas e fracas mal conseguiam manter-se eretas.


Vocês vão ver só! - bradou Ion repentinamente enquanto locomovia-se para longe, passos lentos e sutis. - Vão pagar por essa humilhação!


Tudo indicava que o Darkstalker desejava fugir, o que, de certa forma, era um alívio; Lunette não estava em condições de iniciar um novo combate e eu... Bem, eu era apenas um garoto fraco, péssimo em combate corpo-a-corpo e que havia acabado de provar ser apenas mais um zero à esquerda. Lune olhou para o céu, exclamou um "Até que enfim!" e no mesmo momento um grande estrondo ecoou pela rua escura, trazendo consigo uma luz tão forte quanto a emanada pelo Auralveus de Zelpher. Meus olhos cerraram maquinalmente.


Você não vai a lugar algum, coisa horrenda! Electrica Hastam , Tincidunt!


A frase soou repleta de uma invejável determinação; as palavras ditas definitivamente não eram de alguém que já estivesse em cena: uma voz grave, masculina e cheia de atitude. Reabri os olhos quando Lune cutucou-me com a ponta de seu cotovelo.


Veja, Hope! Você não vai querer perder o grande espetáculo!


A garota ria de forma descontraída, como se aquilo tudo fosse realmente divertido; para ela, talvez, aquele tipo de momento realmente tivesse algum elemento cômico. Pus-me a fitar o "espetáculo" a qual referia-sec: um jovem de cabelos castanho avermelhados, empunhando uma grande e reluzente lança dourada, perseguia Ion com uma velocidade inacreditável enquanto, o que me parecia, diversos fluxos de eletricidade corriam através de seu corpo.


Mas o que...? Quem...? - questionamentos incompletos escapavam de minha boca, quase inaudíveis. O recém-chegado garoto continuava a correr de um lado para o outro atrás do Darkstalker como numa brincadeira infantil. Ion parecia não estar gostando nem um pouco daquilo; seu rosto estava péssimo, pior até mesmo que o de meu pai quando ficava furioso com algum erro de contabilidade no Celestial Aroma. Em compensação, o dono dos repicados fios capilares quase vermelhos mantinha uma curvatura convexa nos lábios, exprimia satisfação e extremo prazer.


Seu nome é Fay. - Lunette afastou alguns cadávers do chão usando os pés e sentou-se próxima a uma parede desgastada. - Ele é o terceiro membro e o principal combatente de nossa equipe, estava escondido em algum lugar por aí. Zel disse a ele que agisse apenas quando necessário. - O silencio predominou por um breve momento enquanto continuávamos a fitar os outros dois. - Ele parece ser bem legal não é?


Concordei, sem desviar a atenção da interessante cena. Com o canto dos olhos, vi a garota movimentar a cabeça expressando negação.


Apenas parece, pois Fay é um grande babaca. Narcisista, teimoso, estúpido, infantil e irritante. Mas tirando esses pequenos detalhes, ele é um ótimo amigo. Acho que vocês vão se dar bem, tem algumas coisas em comum.


Ah... Entendi. - Gaguejei tentando não levar a sério a indireta diretamente dirigida a mim. Voltando a assistir a "luta", ficou claro que o Lightbringe adiava o golpe derradeiro por mero divertimento pessoal. Senti certa pena do outro, mas logo excluí esse pensamento ao relelmbrar tudo que ele havia dito e feito contra nós.


Acredito que Zel já tenha se livrado de Velvetia a essa altura. - Lune murmurou repentinamente. Sua voz veio acompanhada de um bocejo. - Acho que logo ele...


Já estou aqui, Lunette.


Zelpher surgira como um fantasma, justamente atrás de mim; com o susto, tropecei e quase caí em cima de uma pilha de cadáveres. O Lightbringer mordeu os lábios, mas Lune não hesitou em rir. Apesar de constrangido, fiquei realmente feliz ao ver o Homem das Vestes Negras são e salvo.


E a garota? Conseguiu executá-la? - Lunette falava de forma despreocupada, resquícios da risada ainda dominavam sua fala, mas meus ouvidos ainda não estavam acostumados com frases tão morbidas e estranhas.


Não, ela era rápida e escapou, mas acho que não voltará essa noite. Estava muito machucada e tinha consciência de que não conseguiria me vencer usando os próprios poderes. Falando nisso, infelizmente não consegui descobrir sua Classe.


O tom de voz de Zelpher era realmente único; parecia trazer tanto calma quanto tormenta, e isso dependia apenas de para quem e em qual momento proferia suas palavras. Sentia-me confortável com sua presença, mas não deixei de estranhar o termo "Classe" no diálogo.


Zelpher, desculpe a interrupção, mas o que seriam Classes? Se não puder responder, entendo perfeitamente...


Falei com simpatia, da forma mais amigável que consegui. Como previsto, o portador de asas negras respondeu com semelhante tom.


Classes são nomenclaturas que utilizamos para identificar o tipo de talento que um Darkstalker ou um Lightbringer possui. Por exemplo, aquele garoto irritante ali. - Ele então apontou para Ion que saltitava em um telhado tentando desviar das estocadas imprecisas de Fay. - É um Puppeteer, ou seja, age como um titereiro. Sabe o que é isso?


Sim! Titereiros são aqueles que controlam aqueles fantoches através de fios, certo?


Exato.


Eu nunca havia batalhado contra um desses. - comentou Lune. - Me parecem fracos, mas pelo visto conseguem manipular hordas de Phantoms , o que é um grande problema.


Então essas coisas que derrotamos se chamam Phantoms? E Ion é um... Puppeteer? - Minha mente já não raciocinava tão rápido quanto no início da noite e meu corpo sentia-se cada vez mais sonolento com o passar do tempo.


Também não pude deixar de comparar tudo aquilo com jogos de RPG, os quais eu passara grande parte das férias jogando. Parece estupidez, mas encaixar a realidade em uma base virtual deixava as coisas mais simples de serem entendidas. Estranho, eu? Imagina.


Bom... - Zel abaixou-se, observou uma das criaturas caídas e depois lançou seu olhar sereno para a Lightbringer. - Acredito que Lunette já tenha lhe explicado sobre Destino, Metropolis e o Julgamento das Almas. Ela já o fez? Instruí para que o fizesse assim que possível.


Sim, ela me explicou tudo isso.


Ótimo. Se já possui conhecimento sobre tais assuntos posso dar-lhe mais detalhes. - pigarreou. - Nem todas as almas que são enviadas para o Inferno se tornam Darkstalkers; a maioria delas logo rende-se ao terror e dor, o que deixa-as vazias e sem controle. A partir deste momento, a única coisa que desejam é alimentar-se de energia vital, ou seja, humanos, animais, Lightbringers ou Almas que residem nas Metropolis.


Como zumbis? - Eu acreditava que saberiam o que tal palavra significava, mas Zelpher e Lune entreolharam-se confusos. - Ah, vocês não sabem o que é isso... Bem, é o nome que nós humanos usamos para mencionar um ser com essas características. Pelo menos nos filmes é assim...


Vocês humanos são realmente impagáveis. - Zelpher afirmou enquanto Lunette mantinha a expressão confusa. Senti certo arrependimento em ter feito uma alusão tão aleatótia, mas ao mesmo tempo, julguei-a bem plausível. - De qualquer forma, acredito que tenha entendido o que eu disse sobre os Phantoms. Em síntese, são criaturas irracionais e carnívoras cuja única necessidade é matar. Caso esses tais "zumbis" sejam assim, então sua linha de pensamento está correta.


Assim que finalizou, fiquei ainda mais apreensivo; aquilo tudo era mais perigoso do que imaginava. Ao lembrar-me das palavras de Lune sobre estarmos em uma Metropolis abandonada, presumi que aqueles zumbis, ou melhor, os Phantoms, tivessem destruido-a e se alimentado das almas que ali residiam pacificamente. Era assustador imaginar o quão grave teria sido tal carnificina num local amplo como aquele.


As almas que conseguem suportar a árdua estadia no Inferno tornam-se Darkstalkers. - prosseguiu o Homem das Vestes Negras. - Então, ganham certos poderes semelhantes aos nossos, porém voltados na maioria das vezes para o uso destrutivo; esses poderes chamam-se Maldições e são comparáveis aos nosso Cânticos. São presenteados também com algumas peculiaridades, como por exemplo, olhos vermelhos e marcas negras pelo corpo, as quais chamamos de Estigmas.


Então todos esses cadáveres são almas que... não suportaram a dor do Inferno e acabaram nesse estado? E Ion foi capaz de superar esse sofrimento?


Pelos estudos e informações que os Lightbringers possuem atualmente, ambas as respostas são sim. Ion é um Darkstalker e, digo mais, um Puppeteer. Possui a habilidade de compartilhar seu sangue com Phantoms, fazendo com que estes obedeçam todas e quaisquer sejam suas ordens. A partir do momento em que um Puppeteer torna uma destas criaturas seu servo, estas recebem o nome de Marionettes.


Isso é... horrível. E como eles... - hesistei em continuar, mas acabei disparando o final da pergunta. - Como eles compartilham o sangue?


Para compartilhar o sangue Ion precisa ter contato sanguíneo com eles de alguma forma, não é óbvio? O que naturalmente ocorre é que morda os Phantoms ou deixe ser mordido por eles.


Eles são exatamente iguais ao que chamamos de zumbis, é amedrontador!


Fitei diretamente os olhos de Zel e um calafrio desceu minha espinha arrepiando todo o corpo; havia esquecido-me que seus olhos eram exatamente vermelhos como os de Velvetia, e levando em consideração o que explicara... Aquilo seria uma característica dos Darkstalkers. "Devo confiar nele mesmo assim?" questionei-me, inseguro. Afinal, porque um Lightbringer teria olhos vermelhos? Aquilo pertubava-me e afligia-me tanto quanto qualquer outro detalhe. Decidi, deveras hesitante e com o tom sério, indagar de uma vez por todas antes que não tivesse outra oportunidade.


Zelpher, eu devo mesmo confiar em você?


Por que a pergunta, Hope? Claro que pode confiar em mim! Eu sou o seu Lightbringer guardião e tutor, se esqueceu?


Então, se é um Lightbringer, por que possui olhos vermelhos como um Darkstalker?


No mesmo momento que finalizei a pergunta, sua face empalideceu e outro grande estrondo ressonou pelo ambiente. Olhei para cima e vi que Fay era violentamente jogado em nossa direção, caindo próximo a Lune; Ion mantinha-se parado, ofegante, na ponta de uma poste de luz do outro lado da rua; uma gota de sangue escorria de sua boca.


Voces não fazem idéia do quão humilhante é tudo isso. Lightbringers... Eu tenho nojo de voces. Nojo! Tenham certeza que matarei a todos! Todos! Sanguis Marionette!


Observamos a dramática cena realizada pelo inimigo. Friamente, ele furou os pulsos usando seu bisturi e o líquido vermelho de seu corpo escorreu ininterruptamente sobre o poste, descendo de seu topo até a base e chegando ao chão.


Estupefatos, nossos rostos expressavam extremo terror ao perceber a quantidade de sangue que vazava através de suas feridas. Mesmo Lune, que havia mostrado-se uma garota difícil para ser surpreendida, parecia não acreditar no que via. Ion ficara cerca de um minuto sem dizer nada e então, subitamente, saltou, recuando para ainda mais longe.


Sigam-no! Rápido! - bradou Zelpher com autoritarismo enquanto a garota ajudava Fay a se recompor. Mantive-me a fitar os olhos vermelhos do Lightbringer, ansiando por uma resposta, uma explicação. - Depois prometo lhe explicar, Hope. Isso é uma longa história e agora temos algo mais importante a ser feito. Por favor, confie em mim!

Lunette levantou vôo em direção ao insano Darkstalker. Zel segurou meu braço assim que finalizou seu pedido e com um sinal indicou que eu perseguisse o inimigo também. Nós e o garoto de cabelos avermelhados corremos juntos pela rua, desviando de eventuais buracos ou corpos.


Você devia ter finalizado-o logo Fay! - repreendeu, sem cessar a corrida. - Nunca mais adie a morte de um oponente! Não tenha piedade!


Eu sei, eu sei Zel! Desculpe-me por isso, marquei bobeira. - O garoto parecia realmente arrependido, mas o ar egocêntrico ainda permanecia na fala. Vendo-o mais de perto pude analisar suas vestes: usava uma calça preta com algumas correntes presas ao cinto, uma regata branca, deixando os definidos braços a mostra, e uma camisa preta com detalhes laranjas amarrada em sua cintura. Possuía também uma espécie de óculos de mergulho preso em sua cabeça, mas estes pareciam ter alguma utilidade diferente da habitual devido o design excêntrico e incomum. Seus olhos eram verdes, não claros, porém verdes como densas vegetações florestais e os cabelos combinanavam perfeitamente com sua aparência desleixada. - Achei que a luta estivesse decidida, mas aquela... Aquela coisa começou a morder um cadáver e, quando eu percebi, sua Aura, além de totalmente restaurada, havia ganho o aspecto mais estranho que eu já vi! Ele é muito sinistro!


Isso é não é nada bom. - Zelpher parecia severamente abismado. - Precisamos detê-lo logo antes que o pior aconteça. Tome a dianteira!


Pode deixar!


Fay abaixou os óculos, colocando-os sobre os olhos, e com uma velocidade sobre-humana percorreu o restante da rua em milésimos de segundo e cercou o Darkstalker, impedindo-o de continuar a fuga. Ion olhou para o redor, como se buscasse uma rota de fuga, e entrou em um beco sem saída a sua direita; os outros seguiram-no pelo mesmo caminho; Zelpher (que perdera toda a serenidade, sendo tomado por um visível nervosismo) e eu chegamos pouco depois.


É o fim da linha, Darkstalker! - bradou Lune com fúria. - Vou acabar com isso agora mesmo!


Não, espere! Por favor, espere! Tenho direito a proferir minhas últimas palavras. - Ion, de costas para nós, recolheu-se a parede repleta de musgos como uma barata. Sua aparência era doentia e diversas marcas negras (provavelmente os Estigmas) espalhavam-se por seus braços e região abdominal; os pulsos continuavam a sangrar, criando um rastro escarlate perfeito do caminho percorrido até ali.


Lune jogou um olhar receoso para Zel que respondeu afirmativamente com a cabeça. Fay mantinha a lança empunhada na direção do repugnante jovem, a pressão em suas mãos era forte, fazendo com que os braços transpirassem em excesso.


Pois bem, quais são suas últimas palavras? - sibilou o homem de cabelos negros. - Seja breve.


O ambiente pequeno deixava-me ansioso e impaciente; eu não sabia como seria a "execução" e, por mais frio e maligno que possa parecer, esperava que esta se realizasse da forma mais brutal possível. Meu senso de justiça determinava que Ion merecia uma morte dolorosa, lenta, e esses pensamentos chegavam até mesmo a me assustar. "Deste quando me tornei tão malvado?" pensei, sem esperar qualquer tipo de resposta condizente. Talvez fosse apenas um ódio momentâneo, mas após assistir a tantas cenas horríveis em uma mesma noite, restava-me apenas esperar um "final feliz".


Bem... - o Darkstalker suspirou e virou-se para nós. Visualizei seu corpo com clareza e, como Fay reportara antes, havia se recuperado completamente ao beber o sangue do cadáver. Não havia um único ferimento sobre a pele, nem mesmo as vívidas queimaduras causadas pelo Cântico de Fogo utilizado Lunette. - Meu nome completo é Ion Delmechia, fui assassinado quando tinha 21 anos e era até então um estudante de medicina nos Estados Unidos. Pretendia me especializar em cirurgia plástica, e fui morto pois realizei...


Eu disse para ser breve, não estou interessado em sua vida. - Zel frisou a última palavra com uma grande pitada de sarcasmo. - Dei-lhe a oportunidade de realizar os úlktimos dizeres, mas parece que não soube aproveitar minha boa vontade. Pouparei-te de dor Ion, serei breve.


Como uma águia, o Lightbringer investiu contra o Darkstalker sem delongas. Com um poderoso soco, sua mão atravessou o peitoral do garoto, exatamente na região de seu coração. Os olhos de Lunette fitaram o chão, Fay assistia excitado. Foi neste exato insante que um estranho pressentimento tomou meu corpo. O maléfico riso conhecido voltara a ecoar, dessa vez acompanhado de eufóricos guturais.


Bloody Mary. Bloody Mary. Bloody... Mary.


O Darkstalker estava jogado ao chão como um Phantom qualquer, porém, mesmo gravemente ferido, continuava consciente, repetindo tais palavras como se clamasse por ajuda. Zelpher afastou-se após resmungar algo, seguido de um alto e fervoroso "Preparem-se!".


Um grande tremor aconteceu assim que seus lábios se fecharam; agarrei-me a uma bifurcação na parede próxima e Lune, relutante, segurou-se em Fay para não cair.


Que droga é essa?! - o Lightbringer mais jovial gritou indignado voltando-se para um sorridente e cadavérico Ion.


É a minha linda criação: Bloody Mary! Espero que gostem de brincar com ela, pois ela definitivamente vai adorar vocês... - E envolvido por algum tipo de entidade sombria, desapareceu diante de nossos olhos.


Cada vez mais os tremores aumentavam de forma violenta e nem mesmo Zel conseguia manter-se de pé sem ajuda de algo para apoiar-se (no caso, um grande bloco de concreto irregular). Os prédios da região, destruídos e envelhecidos, eram despedaçados com a grande movimentação. Senti meu coração apertar e vi o rosto dos outros fixos em algo além de mim.


Medo e curiosidade misturavam-se como a água da chuva se mistura com as lágrimas. Girei na ponta do pé, voltando-me para trás e, ao mesmo tempo, recuando os poucos centímetros de solo que me foram possíveis. O que vi não era humano, muito menos um Lightbringer; não era um Darkstalker ou uma Marionette como as habituais: Bloody Mary era o ser mais horrível e surreal imaginável.


Uma loura garota, nua e repleta de incisões médicas. Foi a primeira coisa que observei, até perceber que não possuía olhos e que sua mandíbula era triplamente maior do que a de algum ser com fisionômia humana. Ao invés de pernas ou braços, possuía dezenas de corpos cirurgicamente costurados sobre si; um aspecto colossal, algo difícil de ser idealizado até mesmo para as mais férteis imaginações. Aquilo que vi era, nada mais nada menos, do que o cúmulo do grotesco.


Sem conseguir realizar qualquer tipo de ação, mantive-me parado. A grandiosa criatura levantou um de seus "braços" (um emaranhado de corpos femininos com faces retorcidas) e chocou-o contra mim, um golpe extremamente doloroso, diretamente na caixa torácica.


Como no primórdio da noite, vi a grande Lua brilhar no céu. Meu corpo doía , minha mente esvaziava aos poucos. O impacto de minha coluna na rústica parede de tijolos deixou-me sem ar e sem esperanças de salvação. Eu era um alvo, o mais valioso e o mais fraco. Diferente de Lunette, Fay ou Zelpher, era impossível cogitar a menor possibilidade de sobrevivência ao depender apenas de minha própria capacidade, e mesmo com eles ao meu lado, minha falta de experiência acabou por arruinar tudo. Desejei chorar, mas não tive forças suficientes nem mesmo para isso.


Não consegui abrir os olhos, escutei apenas uma sinfonia de vozes familiares e estranhos ruídos. Delicadas mãos apalpavam minhas costas, uma relaxante e fria brisa matinal com aroma de orvalho se espalhou pelo local. Tudo tornou-se claro como a luz do Sol e a dor simplesmente evaporou de meus ossos de repente, deixando apenas um prazeroso calor sadio sobre minha pele. Rendi-me e deixei com que minha existência flutuasse na infinidade de memórias.


Seria aquilo...


...a morte?




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Notas finais do capítulo

Pequeno Glossário:
Lightbringer: "Trazedor de Luz", em inglês. São aqueles que residem no Céu.
Darkstalker: "Seguidor da Escuridão", em inglês. São aqueles que residem no Inferno e que suportaram a dor e sofrimento proporcionado por este.
Classes: Nomenclaturas usadas para determinar o tipo de talento que um Lightbringer ou um Darkstalker possui. Até o momento, as classes conhecidas são:
- Lightbringers: nenhuma no momento.
- Darkstalkers: Puppeteers (Podem compartilhar seu sangue com Phantoms e assim controlá-los. Ex: Ion.)
Phantoms: Semelhantes a zumbis, são almas que residem no Inferno e cujo o único objetivo é se alimentar de energia vital. São chamadas de Marionettes caso um Puppeteer compartilhe seu sangue.
Alma Zero: ~em breve será explicado~
Aura: A força espiritual que Lightbringers e Darkstalkers possuem.
Auratelum: É um objeto que possui a capacidade de se transformar em uma arma; utilizado pelos Lightbringers.
Auralveus: É uma espécie de cristal que contem a Aura do Lightbringer. Geralmente apresenta-se junto com o Auratelum.
Cântico: Palavras que servem como um encantamento, uma magia, e podem realizar vários atos, desde curar pessoas feridas até mesmo criar objetos ou elementos da natureza.
Electrica Hastam: "Lança elétrica", em latim.
Tincidunt: "Ativar", em latim.
Carmine caelum: "Cântico do céu", em latim.
Corpus Flammae: "Corpo das chamas", em latim.
Sanguis Marionette: "Sangue de Marionette", em latim.
*O nome de Ion pronuncia-se "Aion".
E aí, gostaram? Deixem reviews por favor ♥ E me avisem caso algum termo importante esteja faltando no glossário ~
Bom, esse capítulo não ficou exatamente como eu queria, maaaaaaaaas, acho que está aceitável. Espero que tenham gostado e que continuem lendo, afinal: Hope está... morto!?
No próximo capítulo, "Rotina Monocromática": sorrisos, melancolia e o fim da terrível noite.
Até lá, cuidem-se ♥