" A dor possui um grande poder educativo: faz-nos melhores, mais misericordiosos, mais capazes de nos recolhermos em nós mesmos e persuade-nos de que esta vida não é um divertimento, mas um dever. "

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 “– Olá – cumprimentou Elesis, aproximando-se do garoto. Ela sorriu. – Qual seu nome?”

 O garoto olhou ao redor por um instante. Seus olhos passaram observadores em cada rosto desconhecido.

 Sua boca se repuxou para o lado por um instante. Ele iria começar a falar.

 – Meu nome é Jin – disse.

 – De onde você veio? – perguntou Arme.

 – Você está se sentindo bem? – perguntou Lass. Ele desconfiava que parte do veneno ainda estivesse fazendo efeito.

 – Estou bem – disse Jin. –, eu acho – acrescentou. – Minha cabeça está doendo um pouco. Eu bati em algum lugar?

 – Você estava envenenado – sussurrou Arme. – Nós te encontramos na fortaleza que era ocupada pela Rainha Negra. – Ela sorriu. – Estrondos altíssimos estavam por toda parte, e assim que o último dele ecoou, nos te encontramos caído sob algumas pedras. Foi você que colocou aquelas paredes a baixo?

 – Veneno? – perguntou ele, um pouco confuso. – Quanto às paredes, eu não me lembro. Tudo o que me consigo lembrar não passam de vislumbres e borrões. Acho que estava em transe.

 – Provavelmente – disse Lire. – Preste atenção, nós ainda não sabemos qual o efeito desse veneno ao certo, então, ajudaria se você ficasse em repouso.

 Jin não assentiu. Seus olhos se reviraram por um instante e sua cabeça quase tombou um pouco para o lado. Imediatamente, ele colocou as mãos sobre a cabeça, apertando-a forte. Um flashback de seu passado estava correndo por sua mente.

 – O que houve? – perguntou Ryan, colocando uma das mãos sobre o ombro esquerdo de Jin.

 – Nada – ele respondeu. – Acho que estou cansado.

 – Vamos deixar você descansar – disse Arme. – Só não saia daqui, está bem?

 Jin assentiu.

 Após alguns instantes, ele estava sozinho no quarto. Depois de uma última olhada, Amy fecha a porta com cuidado.

 Eles voltam para o lugar onde estavam hospedados. Algum tempo depois, todos se deitaram para descansar, exceto Arme.

 Ela ficou o tempo todo com o livro que havia retirado da fortaleza em mãos. Seus olhos corriam nervosos pelas páginas velhas e gastas. Por mais que ela se esforçasse, não conseguia decifrar exatamente o que estava escrito.

 Horas se passaram.

 Arme ainda não havia conseguido decifrar quase nada. Aquela escrita era algo totalmente novo para ela – apesar do livro aparentar ser extremamente velho

 Sua mente também não estava em perfeito estado para pensar. Ela estava um pouco intrigada com as criaturas estranhas que haviam encontrado no novo continente.

 – Arme! – gritou Lothos enquanto entrava desesperada pela porta. – Jin não está no hospital!

 – Alguém o seqüestrou? – perguntou Arme, tensa.

 – Não acredito que esse seja o caso. Não há nenhum sinal de arrombamento ou luta. Ele parecia ter saído de lá por conta própria – Lothos virou seu corpo novamente para a porta. – Vá chamar os outros! Irei formar outras equipes de busca imediatamente. Vocês devem encontrá-lo o quanto antes.

 Arme assentiu. Antes que Lothos saísse pela porta, ela já estava correndo quarto por quarto, acordando os amigos sem hesitar e informando-os o que havia acontecido.

 – Ele não estava totalmente curado – comentou Elesis. – Ele pode estar desacordado por aí.

 – Lothos disse que formaria outras equipes de busca – disse Arme. – Devemos encontrá-lo o mais rápido possível.

 – Não temos tempo – rebateu Lass. – Vamos nós mesmos, agora.

 Sem mais delongas, todos saem do lugar aconchegante.

 Depois de conversas rápidas – mas que pareciam nunca ter fim – eles decidem começar pelo sul de Vermécia.

 Mais tempo se passa.

 Por mais que procurassem, não achavam nem um vestígio de que Jin havia passado por ali.

 – Vamos até aquele continente – Ronan apontou para o lugar que haviam vasculhado. – Ele pode estar lá, não?

 – Não temos um barco – comentou Ryan. – A não ser que possamos...

 – Voar – completou Ronan, sorrindo. – Não será problema. – Uma fina camada de energia azul-escura envolve a Tirfing por um instante. No momento depois, havia se transformado em Glaive. Ronan ergue sua arma para frente com as duas mãos. – Guardião de Canaban! – O vislumbre de uma esfera roxa surge no ar por um instante. De repente, surge o imenso dragão vermelho-escuro. – O que estão esperando? Subam!

 Organizadamente, mas com rapidez, todos sobem no dragão.

 Suas asas bateram algumas vezes e ele ergueu-se do chão, começando o vôo.

 – Não me sinto nem um pouco voando em dragões – disse Amy. – Preferiria ir nadando.

 – Podemos te largar – brincou Ryan.

 Amy sorriu.

 – Não há nada aqui – disse Arme ao descer do dragão, já no outro continente. – As árvores...

 – Tudo foi destruído – disse Lire. – Ou então simplesmente desapareceu, o que é menos provável.

 – Será que foi Jin? – pensou Lass em voz alta.

 – Tenho certeza que não – rebateu Amy. – Meu espírito fica mais confortável ao lado dele. Por algum motivo, me sinto extremamente confortável quando estou com ele, como se eu já o conhecesse.

 – Depois vocês podem discutir sobre isso – disse Ronan. – Vamos procurar por ele. Agora!

 Sem reclamar ou comentar qualquer coisa, eles se separam.

 O tempo corre mais rápido do que antes.

 Todos se juntam após algum tempo, exceto Amy.

 – O que ela está fazendo? – disse Elesis. A amiga estava caminhando para o norte. – Está indo para um bosque? – Ela pensou por um instante. – Amy!

 Ela não responde.

 – Ignorados – disse Ryan. – Era só o que faltava. – Ele olhou ao redor por um instante. – Arme... Esse lugar não está completamente normal, não é?

 Arme assentiu.

 Ela saca seu Cetro e o aponta para o norte.

 Uma bola de fogo voa da ponta do Cetro para o lugar ordenado. Quando ficou a apenas dois metros de Amy, o fogo desapareceu em pleno ar.

 Por um instante, uma espécie de véu vislumbrou no ar.

 – Magia – concluiu Ryan. – Querem nos separar dela.

 – Vamos destruí-lo, então – disse Ronan.

 – Não vai adiantar – disse Arme. – É magia negra avançada. Acho que só há como destruí-lo pelo lado de dentro. – Ela se sentou. – Teremos que esperar.

 Amy encontra Jin caído no chão.

 Sem pensar duas vezes, ela corre até ele. Mas novamente o véu mágico vislumbrou, impedindo que ela avançasse.

 – Jin! – gritou.

 – Atrás de você – murmurou ele.

 Amy se vira para trás de uma só vez.

 As criaturas estranhas encontradas anteriormente na fortaleza da Rainha Negra estavam avançando.

 Amy bufou.

 – Tenho mesmo que fazer isso? – ela pensou em voz alta. – Que seja, então. – Sacou seu Báculo e partiu-o ao meio. Ela dá um salto para cima. Já no ar, curva sua cabeça um pouco para trás. – Show de Luzes! – gritou. Uma camada de energia rosada surgiu à frente de seus olhos por um instante. Vários raios lasers voaram da energia que surgira até os monstros. Não resta nenhum.

 Amy novamente junta o Báculo.

 Ofegante, ela acerta a barreira que a separava de Jin inúmeras vezes.

 Após algum tempo, ela é arremessada contra uma das árvores. Sua perna direita fica machucada e trêmula.

 Ela olha para o que deveria tê-la acertado.

 – Um Ente – disse ela com desgosto. – Tentando me derrotar?

 – Não sou um simples Ente – murmurou a imensa árvore. Sua aparência envelhecida chegava a ser deprimente. – Tudo estava perfeito, até ela aparecer...

 – Ela? – perguntou Amy.

 – A Rainha Negra – sussurrou. – Ela me transformou num Ente Maligno. Quase toda a vida que havia em mim se foi. Não sou mais capaz de me controlar.

 – Nós já a derrotamos – disse Amy. – Você não deveria estar mais enfeitiçado.

 – Na verdade, acho que ela não passava de um fantoche – sussurrou a criatura. – A outra não me libertou. Fui enfeitiçado novamente. Estou sendo obrigado a destruir esse continente – depois ele apontou para Jin – e manter esse garoto sob meu domínio.

 – A outra? – repetiu Amy. – Quem?!

 – Não há mais tempo – disse ele. – Ela já deve saber que eu lhe contei as poucas coisas que sei. Eu falhei em impedir que encontrassem o garoto. Serei destruído! Ela sabe de tudo! Ela é invencível! – Ele hesitou por um instante. – Por favor, não!

 Uma luz surge no centro do Ente. Num instante depois, ele desaparece como fumaça.

 As barreiras sombrias desaparecem imediatamente.

 Amy leva Jin até os outros sem alguma dificuldade.

 – Temos que levá-lo para o hospital imediatamente – disse ela. Ele novamente parecia doente.

 – Guardião de Canaban!

 O dragão surge novamente. Sem hesitar, todos sobem.

 O tempo parece passar ainda mais rápido...

 Chegando ao hospital, Amy desce do dragão e corre para dentro.

 Com Jin em seus braços, ele o coloca sobre uma das camas e fica de pé ao seu lado.

 Seus olhos passaram a brilhar de felicidade depois que ela foi informada que ele ficaria bem. Para ela, enquanto estivesse ali, ao lado dele, nada mais importava.

 Anoitece.

 Os outros guerreiros voltam para a casa-dormitório e vão descansar.

 Quase todos.

 Arme voltou a tentar decifrar o livro estranho.

 A noite se vai.

 O sol começava a surgir por trás de algumas montanhas.

 Já estava amanhecendo.

 Em perfeito estado, parecendo não ter nem um pingo de sono, Arme se levanta do sofá com entusiasmo.

 – Consegui descobrir! – ela gritou.