For The Love Of A Daughter escrita por Scott 323


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Recomendação: Demi Lovato - For The Love Of A Daughter



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Abriu os olhos lentamente podendo avistar o pequeno aposento com clareza. A decoração intacta desde a última vez, os móveis de madeira seca arrumados de maneira aconchegante. A visão meio embaçada a confundia, quanto mais piscava mais sem sentido era estar ali. O susto lhe apossou quando viu, ali na porta entreaberta, duas garotinhas olhando pela fresta. Se aproximou lentamente com a respiração entrecortada parando atrás das duas figuras. Pelo espaço, viu duas silhuetas discuntindo. O homem gritava insultos atrás de insultos para a mulher que apenas chorava calada.

- O que aconteceu?

A voz da garotinha menor soou em pergunta para a mais velha que virava as costas para a cena.

- Dallas, por que o papai está gritando?

Indagou mais uma vez acompanhando a mais velha ao se sentar na cama. Caminhou para perto das duas mais uma vez observando a interação entre as pequeninas. Uma lágrima escorreu pela face ao se ver ali, tão inocente e confusa. Os olhos de Dallas tremeram com a pergunta da mais nova. Não sabia como explicar para a irmãzinha de quatro anos o que estava acontecendo.

- Nada. - Respondeu fria. - Vamos dormir.

E dito isso se virou na cama se cobrindo completamente com o grosso cobertor. Olhou para a menor que ainda tinha a aparencia confusa estampada no rosto. O barulho de algo quebrando veio do outro lado da porta a fazendo se assustar como a garotinha que se virou rapidamente em direção ao som com os olhos arregalados. "Não!" Tentou avisar para a pequena que andava a passos lentos para a porta, mas o aviso não passou de sussurro em sua própria cabeça. As lágrimas traçavam caminhos contínuos pelo rosto enquanto via a garotinha levar as mãozinhas gordas a maçaneta. "Por favor, fica aqui." Tentou mais uma vez inutilmente. Olhou para a cama que ainda abrigava a mais velha entre as cobertas antes de se seguir para fora do quarto.
Nenhum dos dois parecia ter notado a presença da criança ali encostada na porta fechada. O homem ainda se referia a mulher com adjetivos sujos. O carpete coberto de terra e planta, mais ao lado o motivo do barulho anterior; os cacos do que antes era um vaso esparramados pelo piso frio. Tentou andar até a garotinha que estalava os pulsos nervosamente enquanto parecia prender a respiração, mas suas pernas não obedeciam. Tentou dizer algo, mas som algum saía de sua boca. Cerrou os punhos e os dentes formando uma linha dura em seu maxilar. Queria poder abraçar aquela criança, dizer que tudo ficaria bem, mas seu corpo parecia não existir ali. Não passava de uma mera espectadora.
A garota caminhou com certa hesitação passando com cuidado pelos cacos chegando até ao homem que cambaleava próximo a janela. Fechou os olhos com força sabendo o que iria acontecer depois. Quando os abriu novamente sua versão infantil já puxava o jeans surrado do homem e com um movimento rapido o corpinho foi jogado contra o sofá com o impacto do tapa que recebeu no braço. As lágrimas vinheram mais forte assim como as da criança que se encolheu no estofado. A mulher correu para abraçar a filha.

- Olha só o que você fez! - A mulher gritou em direção ao homem. ­- Vai dormir. Você já fez muitas besteiras por hoje.

O homem riu com escárnio olhando a mulher embalar a pequenina no colo. Andou até o sofá e puxou a menina pelos braços com brutalidade.

- Não chegue perto da minha filha.

O homem rosnou para a mulher antes de se voltar para a criatura que soluçava ao seu lado.

- Está tudo bem Demetria. - Mesmo a distância pode sentir o cheiro do álcool em seu halito. - Não precisa chorar, eu vou cuidar de tudo.

- Como você consegue?

A mulher o cortou com a voz banhada em nojo assim como seus olhos estavam. O homem olhou raivoso para a mulher, seus olhos faíscavam ódio. Ela continuou.

- Você deveria ter vergonha de ainda se referir as suas filhas, depois de tudo o que você nos faz passar.   

- Você não tem o direito de falar de mim. -  Elevou a voz novamente fazendo a garotinha se assustar. -  Conta para ela. - Apontou. - Conta para sua filha o exemplo de mãe que você é. - Gritou.

- Você está louco! - Passou as mãos pelo cabelo.

Avistou o homem atravessar a sala e abrir as gavetas da estante. A garotinha ainda olhava de um para o outro, seu corpinho tremia e os soluços eram audiveis enquanto as lágrimas já secavam por todo o rosto vermelho. A risada do homem a despertou do transe mais uma vez, sentiu os espasmos cada vez mais forte. As mãos tremiam de maneira constante, os ossos pareciam esmagar o coração por dentro do peito não lhe dando condição de respirar. Os olhos da criança ali no meio da sala se arregalaram ao olhar o homem voltar para as duas. Em sua mão jazia um velho revólver. Parou de frente para a mulher segurando o objeto ao lado do corpo. Os soluços da criança engasgaram na garganta com a surpresa. Os lábios ficaram brancos assim como os da mulher. O homem depositou o ferro negro sobre a mesinha de centro e cruzou os braços sobre o peito olhando intensamente para a mulher sentada no sofá.

- Não faz isso. Demi está aqui. - Apontou para a garotinha. - Será que você não tem nenhum amor pela sua filha? Não tem nenhum respeito?

- Você que não tem nenhum respeito. - Cuspiu. - Confessa logo. Será melhor.

O tom ameaçador fez a raiva lhe sucumbir. Tentou mais uma vez ir até aos três, abrir a boca a fim de conseguir proferir algumas palavras. Queria dizer tudo o que estava entalado na garganta. Queria dizer o quanto estava desapontada, queria fazê-lo entender o que aquele tapa lhe proporcionou anos depois. Queria perguntar o porque de sempre dizer que a amava quando só o que fazia era a machucar, a manipular. Flash vinheram a sua mente lembrando de outras brigas semelhantes. Aquela não era a primeira, mas ao que recordava era a última. Os soluços saíam mudos de sua boca entreaberta, queria parar tudo aquilo mas era incapaz de fazer algo. Sentiu um leve afagar no couro cabeludo, mas não sabia de onde vinha.

- Eu não fiz nada. - A mulher respondeu secamente.

- Não me faça de idiota. - A garotinha encolheu os ombrinhos com o grito da voz masculina. - Você está me traíndo, eu já sei de tudo. Das suas fugas, dos seus encontros..

- Você só pode estar louco. - A mulher se levantou caminhando em direção a cozinha. - Demi, vai para a cama.

O homem pegou o armamento e seguiu para a cozinha. Os olhos tremulos da garotinha recaíram sobre o braço vermelho pela força do pai. Sorriu amargamente olhando a criança franzir o cenho, sabia o que estava pensando, lembrava perfeitamente o que tentava entender. A respiração acelerada saía pela boquinha aberta deixando os lábios ressecados. Observou a criança olhar para os cacos e pode ler o que se passava em sua cabeça de quatro anos; Papai estava bêbado. Odiava aquele liquido maldito que sempre trazia aquelas brigas. Mamãe estava traindo papai? Isso era mentira. Mamãe sempre estava comigo e Dallas.
Escutou o som do prato se quebrando na cozinha. A garotinha cerrou os punhos, queria parar aquela briga, eles tinham que escutá-la. Correu em direção ao outro cômodo. "Não faz isso!" Suplicou para a criança que já tinha sumido de suas vistas. Embrenhou os dedos no cabelo em sinal de desespero, os soluços vinham mais fortes agora, além de sentí-los agora começava a ouví-los. Algo invisível afagava seu cabelo. Ouviu um estouro.

Se sentou na cama ofegante, as lágrimas jorrando de seus olhos, o coração acelerado. Umedeceu os lábios secos sentindo o gosto salgado das lágrimas. Aos poucos reconheceu onde estava, a luz do abajur ao lado da cama lhe avisou que estava em seu quarto atual. Um clarão veio da janela junto com outro estouro a fazendo encolher os ombros levemente com o susto.

- É só a chuva lá fora.

A voz macia avisou antes de lhe afagar os cabelos. Era dali que vinha a carícia invisível. Suspirou abaixando a cabeça deixando as lágrimas saírem sem esforço. O cabelo negro pendia sobre os ombros que chacoalhavam sutilmente com os soluços baixos. Sentiu o corpo ser puxado para os braços conhecidos e afundou o rosto no pescoço nu. Aos poucos a respiração foi controlando, os olhos estavam secando e o corpo não tremia mais. O beijo no topo da cabeça a fez se afastar da pele quente e encarar o rosto delicado. Os olhos castanhos eram compreensíveis, os cabelos da mesma cor paravam na altura do pescoço, um sorriso terno brincou nos lábios rosados antes de afastar uma mercha de cabelo negro para longe de seu rosto.

- Pesadelo? - Sussurrou.

- Meu pai. - Abaixou os olhos para o lençol. As lágrimas ameaçaram novamente. - Foi horrivel, Selly.

Uma lágrima teimosa riscou o rosto pálido. Selena a acolheu em seus braços mais uma vez, tentou passar toda a segurança possível atraves do gesto.

- Shh.. Está tudo bem. - A apertou mais contra seu corpo. - Eu estou aqui. Foi só um sonho ruim. Shh..

- Eu sei. - Se afastou limpando o rosto com as costas das mãos. - Mas preferia não ter essas lembranças.

Um riso amargo e abafado saiu da garganta fazendo Selena a olhar com ternura. O quarto clareou momentaneamente antes de outro trovão soar. Demi sentiu o peito inflar com o olhar que a mais velha lhe lançava. Agradeceu em silêncio por tê-la ao seu lado, a única coisa que a torturava era que precisou passar por seis anos sem a companhia da mulher, não sabia como tinha conseguido sobreviver antes de a conhecer. Sorriu antes de levar a mão ao rosto macio de Selena.

- O que foi? - Perguntou divertida.

- Eu te amo. - Declarou para a mais velha que não conteve a felicidade no sorriso.

Apanhou a mão em seu rosto e a beijou carinhosamente antes de levar a própria mão ao rosto de Demi. Os olhos se fecharam com o leve roçar dos dedos em seu queixo. Selena aproximou os rostos a fazendo abrir os olhos e a encarar.

- Eu também te amo, minha pequena. E eu sempre vou estar aqui com você, nunca duvide disso.

Demi assentiu sabendo o quanto aquelas palavras eram verdadeiras segundos antes de Selena avançar para tomar seus lábios. 

 


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Notas finais do capítulo

The end.