Encrenca Shaolin escrita por Metal_Will


Capítulo 129
Capítulo 129




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Capítulo 129 - Dimensões Destorcidas

Desde que Ming entregou o pingente falso para a Meyou Zidan, nossos amigos não sofreram nenhum ataque, o que Mestre Wong achou estranho, já que, naquela altura, eles já deviam ter descoberto a verdade. De qualquer modo, o pingente estava protegido no cofre da família Maiglockhen, graças à boa vontade de Kéfera em ajudar os amigos (e também por sua empolgação em ter a chance de enfrentar oponentes fortes). Lien e André, naquele dia, acabaram se encontrando no caminho para o colégio.

– André? Nossa! Que raro te encontrar no caminho! - disse a chinesinha.

– Ah, oi.

Os dois se beijaram (embora a narração da história não enfatize isso o suficiente, os dois ainda eram namorados) e continuaram a caminhar felizes e de mãos dadas.

– Ai, ainda tô preocupada com aqueles caras - disse Lien - Eles certamente devem estar tramando algo.

– Mas...se não atacaram a Academia..é sinal de que já sabem que o pingente não está lá - comentou André.

– Talvez...eles tenham previsto isso. E estejam nos vigiando de longe - disse a garota, olhando para os lados preocupada - Certamente, eles devem nos vigiar boa parte do tempo.

– Isso é mal - disse André - Temos que ficar sempre precavidos. Nunca se sabe quando alguém pode atacar e..

– MÃOS AO ALTO! - disse uma voz amedrontadora, encostando um dedo bem nas costas de André. O garoto quase morre do coração. O grito do rapaz certamente assustou muitos gatos em volta. Mas a figura em questão não eram ninguém menos que seu velho amigo Alex.

– Alex! - bronqueou Lien, já dando um tapa no pobre coitado - Isso é jeito de chegar?!

– Ué? Vocês não são os artistas marciais? - disse ele - Só fiz isso pra mostrar que é fácil pegar vocês de guarda baixa!

– Alex, que susto! - reclamou André, enquanto se levantava para se recuperar do susto - Mas...ainda bem que é você.

– Bem, eu tenho vigiado o nosso redor todos esses dias. Mas não tenho visto muita coisa - disse ele.

– Ah, sim. Vigiar é com você mesmo, né? - comentou Lien, ironicamente.

– Sei que me acha apenas um fofoqueiro, mas a verdade é que sou um jornalista e paparazzo, capaz de me esgueirar em qualquer canto. Poucas coisas passam desapercebidas pelos meus olhos - disse Alex, obviamente exaltando as próprias qualidades - Mas talvez a Meyou Zidan seja mais esperta do que eu.

– Em resumo. Você também não sabe se estamos sendo vigiados ou não - disse Lien.

– Eles são uma máfia chinesa. Como vou enfrentar algo assim?

– Mas o Ming está bem, Lien? - perguntou André.

– Bom, ele continua ajudando o vovô com tarefas básicas da academia e disse que a família lá da China está tranquila - disse Lien - Mas, sei lá...não sei se ele tem mais coisas para me dizer.

– Como assim? - indagou Alex.

– Ele não nos contou de cara que estava sendo seguido pela Meyou Zidan...talvez ele saiba de mais coisas e não queira nos contar. É o Ming. Ele é cheio de surpresas - disse ela - Mas sempre foi nosso amigo. Certamente irá nos ajudar.

– Espero que ele não dê com a língua nos dentes enquanto vocês estão fora - disse Alex - Vocês não deixam ele sozinho na Academia, deixam?

– O vovô está quase sempre lá - falou Lien - Mas nada impede que alguém da Meyou Zidan o ataque quando estiver na rua comprando pão ou algo assim....

– Então é melhor não deixá-lo sequer sair para comprar pão - completou Alex.

– Pelo amor de Deus. Também não é pra tanto - falou Lien - Precisamos ter um pouco de auto-confiança.

– Mas os dois que atacaram vocês levaram vantagem, não? - perguntou o fotógrafo.

– Nada que um pouco de treino não resolva - disse a chinesa - Só precisaríamos de um pouco de tempo para treinar.

– É...se tivéssemos tempo - lamentou André.

Nisso, os três chegaram no colégio e entraram pelo portão principal. Mas assim que o fizeram, algo muito estranho (muito estranho mesmo) aconteceu. Quando colocaram os pés dentro do colégio o cenário simplesmente mudou. Foi como se tivessem sido teletransportados para o interior do prédio, mesmo havendo uma grande parte do pátio a céu aberto antes que entrassem.

– QUÊ?! - Lien e os meninos caíram para trás de susto - Como...a gente veio parar aqui?

– A gente entrou pelo portão, não? - perguntou Alex, dando um passo para trás e soltando outro grito. No mesmo instante, ele retorna para onde Lien e André estavam atordoado - Sim...nós atravessamos o portão..

– Isso é impossível - comentou André - Não tem como a gente simplesmente vir parar aqui. Estava tudo normal até agora.

Mas a verdade é que isso não aconteceu só com eles.

– Lien Wong! - uma voz nada agradável surgiu revelando alguém menos agradável ainda - Ah, você está no meu sonho!

Mas antes que Álvaro conseguisse abraçar Lien, ele recebe um belo chute no rosto.

– Oh, meu lindo rosto - reclamou o tenista.

– Álvaro! Você sabe o que está havendo? - perguntou André.

– É um sonho, não? - disse ele - Todas as entradas levam a lugares diferentes do colégio. Entrei em uma das salas de aula e acabei saindo na cozinha.

– Isso...não pode ser verdade - disse Lien - Que tipo de mundo bizarro nós entramos?

– Certo, deve ter uma explicação lógica para isso - disse Alex, colocando o queixo no rosto com ar de intelectual - Bem, é uma situação anormal. A causa disso não pode ser natural. A conclusão que posso chegar é que algo ou alguém está gerando essa anomalia no ambiente do colégio.

– Algo ou alguém? Quer dizer...que não estou sonhando? - perguntou Álvaro - Bem que achei estranho. Nos meus sonhos, Lien Wong sempre corresponde ao meu carinho e...

– Só em sonho mesmo! - reclamou ela, não sem antes dar um belo tapa no tenista.

– Onde estão os outros alunos? - perguntou André.

– A grande maioria está correndo por aí em pânico - disse Álvaro - Olha, ali vem um.

Era um aluno comum, seguido por outra garota que não sabiam o que fazer.

– Socorro! Onde a gente tá?! - gritava a menina.

– Eu quero sair daqui! Aaaah! Nem meu celular tá funcionando! - reclamou o outro moleque.

– Opa. Peraí, você disse que seus telefones não estão funcionando? - perguntou Alex.

– É. Está sem sinal. Um monte de gente tá tentando avisar os familiares, mas não adianta nada. E a gente não sabe nem onde a coordenação do colégio está.

– Ah, incrível! - era o diretor do colégio, que apareceu no corredor em estado de êxtase - Não sei que tipo de aluno teve a ideia de redecorar o colégio dessa maneira, mas achei fantástico! Vamos ganhar muitos prêmios se divulgarmos isso!

– Diretor - a secretária Fernanda tentava segui-lo - Não está na cara que é uma situação fora do comum?

– Bobagem. Hoje a tecnologia está muito avançada, deve ser moleza fazer isso. Estou ansioso para ver o responsável.

Obviamente, o diretor do colégio não tinha muita noção de realidade.

– Será que é uma tecnologia tão avançada assim? Não estou muito inteirado dos avanços da ciência - comentou Álvaro.

– Tá na cara que não é tecnologia porcaria nenhuma - falou Lien - Isso é algo além da ciência! Eles nos acharam, André!

– Você acha que...é a Meyou Zidan? - perguntou André - Mas como eles conseguiriam fazer algo do tipo?

– Não sei - respondeu Lien, coçando a cabeça - Mas, dadas as circunstâncias, é a única explicação que me vem à cabeça. Talvez seja um delírio coletivo...ou eles realmente fizeram algo de estranho ao nosso colégio. Tem que ser muito doido ou imbecil para achar que isso é algo comum!

– E ai, galera? - Astolfo foi o próximo que apareceu - O colégio tá meio diferente hoje, né?

– É só isso que você tem a dizer? - disse André - O lugar todo virou uma confusão só! Como é que entramos em uma sala de aula e saímos na quadra?

– Ah, sei lá, cara - disse ele - Mas achei isso maneiro. Queria aprender com quem fez isso.

– Não é? - concordou o diretor, que ainda estava ali acompanhando a situação - É uma tecnologia fantástica!

– Lien! - Kéfera finalmente chegou no corredor. Aparentemente a loira havia acabado de chegar, pois ainda carregava sua mochila - Ufa! Que bom! Até que enfim achei vocês! O que está acontecendo aqui?

– Não sei - respondeu ela - Cheguei agora. Desde quando está assim?

– Desde que chegamos - falou o diretor - Assim que entrei, já dei de cara com essa situação. É uma oportunidade única!

– Oportunidade unica? - ralhou Lien - O senhor tem ideia de que por trás disso pode estar uma pessoa que quer nos matar?

– Você é muito pessimista, Srta. Wong - respondeu o diretor - Devia valorizar mais a bondade natural humana.

– Bondade natural é o..

– Não, não, Lien. Não responda. Não vale a pena tomar uma suspensão por se estressar a toa, né? - disse André, tapando a boca da namorada antes que ela falasse alguma bobagem.

– Vocês conhecem quem deixou a escola toda zoada assim? - perguntou Astolfo.

– Temos suspeitos - respondeu Alex - Mas não temos ideia de onde ela está. Talvez nem esteja nesse colégio.

– Ou talvez esteja - a próxima a chegar foi Amanda.

– Amanda? - disse Lien - Você...

Amanda se dirigiu imediatamente na direção de Lien e olhou bem fundo nos olhos dela.

– Você tem alguma ideia de quem está por trás disso? Vai nos ajudar muito se nos contar - falou a boxeadora, em seu tom sério e maduro usual.

– Oh...não queria meter vocês nisso, mas...

E assim Lien contou tudo desde o início. Sobre os pingentes e a Meyou Zidan.

– Ah, tá. Então tem uma máfia chinesa que não usa armas de fogo, mas consegue utilizar poderes dados por pingentes milenares baseados no horóscopo chinês - repetiu o diretor em tom tranquilo - Agora faz bem mais sentido.

Todos olharam perplexos.

– Nossa, que louco! - disse Astolfo - Agora tá ficando mais divertido! Muito da hora!

Todos olharam perplexos de novo.

– É, é uma situação drástica - disse Kéfera - Mas talvez seja uma chance de enfrentar pessoas fortes!

Amanda já estava cansada de olhar perplexamente.

– Por favor, gente! Vocês tem alguma noção de realidade? - disse a garota - Alguma criatura de grandes poderes está tomando nosso colégio e vocês nem ficam espantados!

– É para isso que temos nossos representantes de defesa escolar - disse o diretor.

– Quem? - perguntou Lien.

– Vocês, alunos artistas marciais - explicou a secretária - O diretor acabou de inventar.

– Tenho certeza de que conseguirão encontrar uma saída. Boa sorte - falou o diretor, com toda a tranquilidade - Vocês tem todo nosso apoio moral.

Lien e Amanda apenas suspiram.

– Eu não entendi - falou Álvaro - A China quer nos dominar e nos fazer voltar a acreditar no horóscopo chinês?

– Álvaro...a gente explica depois, tá? - disse Alex, dando tapinhas nos ombros dele - Mas, vocês tem alguma ideia de como podemos sair dessa situação?

– Bom, primeiro acho melhor tirar os alunos do colégio - falou Lien - Err...galera, saindo por esse corredor vocês voltam para a saída. Digam para os seus pais que...nosso colégio suspendeu as aulas por falta de água. É. É isso.

– Mensalidades tão caras e nem água eles dão conta de resolver - falou Alex.

– Ou digam que foi problema no encanamento - falou Lien - Apenas saiam tá. Fiquem aqui apenas quem quiser enfrentar esse mal.

Boa parte dos alunos saiu, exceto, claro, os alunos lutadores (e o Alex).

– Você não vai querer sair? - perguntou Amanda a Alex.

– E perder a chance de filmar essa aventura? Nem ferrando! - respondeu ele. Os celulares não tinham sinal, mas a câmera ainda funcionava.

– Mas...como vamos começar a procurar? - perguntou André - Essa escola virou um labirinto absurdo!

– Pelo ki - disse Amanda - Foi assim que me guiei até vocês...e já faz um tempo que estou sentindo um ki bem forte, que nunca senti antes.

– Bom, já temos um fio de Ariadne - disse Kéfera.

– Um fio do quê? - perguntou Astolfo.

– Você nunca ouviu essa história? Bem, tudo começou quando um rei construiu um labirinto e..

– Não temos tempo pra história, gente! - reclamou Lien - Vamos atrás desse ki. Se vocês se concentrarem, também conseguem sentir.

– T-Tá - gaguejou André.

E assim, o grupo formado por Lien, André, Alex, Kéfera, Amanda, Astolfo e Álvaro (que iria onde Lien fosse, claro) iniciou sua investigação. Quem estaria por trás desse fenômeno bizarro?

Na verdade, era uma pessoa não muito distante. Na cobertura do colégio, uma garotinha ria consigo mesma, enquanto acariciava seu pingente de coelho.

– Perfeito - disse a menininha animada - Cheguem logo aqui para nossa diversão começar!


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Notas finais do capítulo

Sim, isso não parece nada verídico, mas depois de tantos capítulos você já devia ter se acostumado com coisas absurdas que podem render boas lutas (e é isso que importa)

Até o próximo!



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