Já deu pra ter uma ideia do que aconteceu? Então, não vou nem comentar. Na manhã seguinte, acordei no quarto dele e, de novo, ele não estava lá. Em questão de segundos, ele apareceu do banheiro - o quarto dele era uma suíte como todos os outros quartos. Tinha acabado de tomar banho, e logo me disse que iria descer pra tomar café, e pra eu tomar meu banho lá e descer depressa pra comermos juntos.

Tomei meu banho, e, o que eu pensava era que eu mesma ia pedir o Cody em namoro, não ia esperar a decisão dele, e sim lutar pela minha felicidade. De toalha, fui abrir a porta do quarto dele pra ir pro meu, colocar uma roupa limpa, quando me lembrei de um pequeno detalhe. Era sábado! E de sábado a mãe dele vai trabalhar mais tarde! Ou seja, ela provavelmente estava lá embaixo, tomando café com o Cody. O que eu fiz? Fui até a janela, olhei pro rodapé que tinha do lado de fora, que passava pelo meu quarto, e de toalha, tentei colocar um pé pra fora.

- Não! Não vou me matar por causa disso. - talvez essa decisão tivesse sido a mais estúpida que eu já havia tomado. Mas, tudo bem.

Encarei a realidade, e, segurando a toalha pra não aparecer pelada pra mãe dele, abri a porta do quarto, e, de cabeça baixa, fui até o meu. Tentei abrir a porta, mas ele havia trancado na noite anterior! Certamente pelo caso de alguém se atrevesse a abrir a porta.

Voltei ao quarto dele. Logo na escrivaninha vi o meu pompom rosa, e bem pequenininha, embaixo dele, a minha chave.

De novo, saí do quarto e fui pro meu. As minhas mãos estavam tremendo, só de pensar que a mãe dele estaria me vendo. Depois de algumas tentativas, finalmente consegui abrir a porta. Entrei e coloquei logo uma roupa. Tentei me arrumar, mas não deu muito certo. Tinha que descer, ou em alguns minutos a mãe do Cody iria quebrar a porta do meu quarto pra me bater.

Quando saí do meu quarto, vi a cara do Cody. Ele parecia estar se divertindo com isso tudo, apesar de que ele também tinha culpa no cartório. Desci de cabeça baixa, e ao me sentar à mesa, disse um "Bom dia" meio forçado.

Peguei a jarra de suco, e, sem olhar nos olhos da mãe dele, tentei colocar no meu copo, e o Cody, rindo de mim, falou:

- Não se preocupe, ela já sabe de tudo. - safado. Tinha contado tudo antes mesmo de eu chegar.

- C... Com... Como assim tudo? - naquele instante, a jarra escorregou da minha mão e caiu suco de laranja por toda a mesa.

Pequei um pano na cozinha, e enquanto limpava, ele ia me explicando. Mas a minha vontade mesmo era de jogar a jarra na cabeça dele.

- Ela ia mesmo te ver saindo do meu quarto, então resolvi contar. Mas ela não vai brigar com ninguém. Não é, Mãe?

Nessa hora eu saí, pra pegar outro pano seco.

- Claro filho, foi até melhor você ter me contado - até que ela reagiu bem e não quis nem pular no meu pescoço. - Estou tão feliz, o Cody teve a primeira vez dele com você! Logo você, que é uma boa menina e mora aqui em casa, portanto eu...

Voltei e o que eu pude ver era o Cody vermelho dizendo:

- Mãe! Para! Não precisa falar essas coisas - agora quem estava com vergonha era ele.

Não aguentei e comecei a rir. De fato, ele nunca havia me dito que a primeira vez dele foi comigo.

- Foi a sua primeira vez também, Lucy? Como foi? Foi bom?

- MÃE! Para, por favor!

Saí de novo. A mesa já estava limpa e depois de devolver os panos eu finalmente me sentei e comecei a tomar meu café. Não sabia se respondia ou não, então comecei pela primeira.

- Então, ontem não foi a minha primeira vez...

- Como assim não? A sua primeira vez não foi com o meu filho? Você já teve um namorado? Ou lá no Brasil as coisas acontecem rápido? Eu não esperava isso de você... - a mãe dele parecia desapontada comigo, mas, eu não iria entregar o Cody, apenas ficaria em silêncio.

- Então mãe, a primeira vez dela foi comigo. Mas não ontem. Outro dia. - ele não sabia pra onde olhar.

- Mas... Lembra quando você era mais novo? Você disse que quando acontecesse algo importante pra você, você me contaria! - disse a dona Angie (mãe dele). Ela parecia ainda mais desapontada.

- Mãe, eu sei, mas não foi como eu pensava. Quando aconteceu, eu tive vontade de guardar só pra mim, e que seria um segredo. Desculpa se eu te desapontei, não foi a minha intenção.

- Tudo bem, eu te entendo. É mesmo meio estranho pra um adolescente contar isso pra mãe. - ainda bem que ela entendeu! - mas, não querendo mudar de assunto, hoje vamos ter uma festa de um conhecido do seu pai, Cody. Se arruma bem pra ir tá? E você, Lucy, vai como babá do Tom.

- Tudo bem... - nem estava muito a fim de ir, mas eu trabalhava pra isso.

Depois de ela ter comentado isso, ficou um grande silêncio, e então eu comecei a ficar chateada com ele por ter contado pra mãe sem mim, e mais ainda... Porque naquele dia era meu aniversário. E ele nem sequer havia se lembrado.

Estava quase terminando meu café quando meu Nextel tocou. Era a Anne. Ela sim, me ligou me desejando parabéns. E como eu estava falando de um Nextel, os dois que estavam do meu lado ouviram.

Depois de ter finalmente percebido que dia era aquele, o Cody se levantou pra vir me abraçar, mas eu lhe disse.

- Não precisa, pode ficar. - nesse momento eu desisti da minha ideia de pedi-lo em namoro. Eu tinha falado tantas vezes do meu aniversário... Não com a intenção de forçá-lo a se lembrar, mas porque é uma data muito especial pra mim.

Percebendo meu ar triste, ele se sentou e de cabeça baixa continuou o seu café.

- Não sabia que era hoje o seu aniversário! Que legal! E sabe, eu não comprei nada pra você, e se você quiser, hoje eu vou passar o dia fora. Vou ao salão e depois comprar algumas coisas. Você pode ir comigo e a gente escolhe algumas coisas bem legais pra você o que acha?

- Não sei... Acho que eu vou ficar em casa mesmo. - depois de o Cody ter se esquecido do meu niver, eu queria mesmo era ficar sozinha.

- Vamos! Eu não vou deixar você passar o seu aniversário em casa! Você vai comigo e ponto.

- Então tá. - era melhor mesmo eu não resolver cair em depressão nesse dia que sempre foi tão especial pra mim.

- Saímos em uma hora!

(...)

Depois do café, fui até a cozinha tomar água. O Cody veio logo atrás e me abraçou.

- Você sabia que eu te amo? - fiquei tão chateada com ele que eu tirei os braços dele de mim e continuei pegando a minha água. - O que foi? Por que você está assim?

- Não foi nada. - e ele nem se tocou.  

- Mas... Agora você é a minha namorada, não é? - tudo o que eu queria dizer era sim, mas um "não" foi mais forte e saiu da minha boca. - Lucy, depois de ontem, você ainda não quer namorar comigo?

Realmente, depois do que havia acontecido ontem, eu deveria ser a namorada dele. Mas eu disse tantas vezes que o meu aniversário era pra mim a data mais especial. No que será que ele estava pensando em todas as vezes em que eu disse?

- O que aconteceu ontem não foi amor. Só atração. - nem eu estava acreditando no que estava dizendo.

  - Como assim? Eu pensei... Eu pensei que você me amava... Foi porque eu me esqueci do seu aniversário, não foi? - finalmente ele se tocou.

Fiquei calada e tirei o meu copo do filtro, pois há essa hora já estava transbordando.

- Me desculpa, sério, mas eu nem fazia ideia que o seu aniversário era hoje.

Como assim não fazia ideia?!? Depois dessa, eu não iria mesmo voltar com ele.

- Tudo bem. - tudo bem? Eu estava prestes a matá-lo por fazer aquilo comigo.

- Só me responda uma coisa. Você me ama? - pelo modo que eu estava sendo fria com ele, não duvidava que ele pensasse que eu nem sequer ligava pra ele.

- Não. E nunca amei. Foi só uma atração boba. - falei, mas como eu não sei mentir bem, ele deve ter percebido.

Deixei lá meu copo d'água, pois nessa hora eu nem estava mais com sede. Eu falei tudo aquilo apenas da boca pra fora. Esperava apenas que quando passasse tudo isso, ele ainda quisesse ficar comigo. Mas eu sou teimosa, e eu realmente espero que ele já tenha percebido esse defeito.

Me fechei no meu quarto, e quando ia me enfiar debaixo das cobertas pra pensar um pouco - um costume meu - , a dona Angie bateu à porta.

- Lucy, está pronta? Podemos ir?

- Só um minuto. - tive que sair debaixo das cobertas e abrir a porta.

- Vamos? Hoje o dia promete, você vai ver!

- Eu realmente espero isso. - murmurei.

(...)

[POV - Cody]

Pensei que finalmente tinha me acertado com a Lucy. Achei que ela gostava de mim, mas hoje ela me disse que não. Mas eu tenho certeza que foi da boca pra fora. Eu sei que ela me ama. Agora eu sei. Mas por ter me esquecido do aniversário dela - ela não mente bem, eu sei que ela ficou chateada por conta disso - ela me disse algumas coisas que eu não gostaria de ouvir. Espero que ela me desculpe, e eu tenho certeza que vai. E em breve.